Esposa Sem Querer - CEO escrita por Sra Mellark


Capítulo 4
Capitulo 4


Notas iniciais do capítulo

Mais capitulo fresqunho hehehe
Boa leitura!



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Depois de uma noite longa sem dormir e uma demorada conversa com Annie enquanto elas iam de carro pela costa de Long Island, Katniss observava sua amiga exami­nando uma bandeja de moedas de prata disformes em uma loja de antiguidades à beira-mar.

— Nunca pensei que iria dizer isso. — Annie selecio­nou um item enrolado em plástico e leu à proveniência, digitada cuidadosamente no cartão. — Mas, como sua ad­vogada, recomendo fortemente que você não durma com seu marido.

— Eu não estou dormindo com meu marido — Katniss reforçou.

— Ele está jogando com você — disse Annie, deixando cair a primeira moeda, pegando outra e lendo-a.

— Nós não queríamos que isso acontecesse — Katniss afirmou.

— Tem certeza disso?

— Tenho certeza.

— E o que você estava fazendo antes de beijá-lo? — Annie desistiu das moedas e começou a caminhar pela loja.

Katniss a seguiu, prestando pouca atenção às mercado­rias. Fora Annie que sugerira irem até a praia visitar lojas de antiguidades.

— Nós estávamos no convés — disse Katniss.

— Vocês estavam comendo? Bebendo? Olhando as estrelas?

— Discutindo arte versus arquitetura. Ele queria ver meus projetos.

— Eu entrego o caso. — Annie ficou na frente de uma caixa de vidro que exibia mais algumas moedas de ouro. — Ahá! Era isso o que eu estava procurando.

— Qual caso? — perguntou Katniss.

— O caso contra Peeta. — Então ela apontou para o vidro em resposta ao olhar de uma vendedora. — Eu gostaria de ver esta.

— Não compreendo. — Katniss meneou a cabeça.

— A moeda é do Blue Glacier.

— Sim, é — a vendedora confirmou, abrindo a caixa e tirando uma moeda de ouro coberta por um plástico.

Annie examinou a moeda de um lado e de outro, à luz do sol.

— Você estava discutindo com Peeta sobre arte versus arquitetura. De que lado você estava, a propósito?

— Peeta teme que meus projetos, de reforma sejam im­praticáveis — explicou Katniss. — Eu disse a ele que a ar­quitetura podia ser tão bonita quanto funcional. Ele só se importa com a funcionalidade.

— Isso é fácil de deduzir, vendo o Edifício Mellark. — Annie colocou a moeda sob uma grande lente que esta­va na bancada.

— Desde quando você se interessa por moedas? — perguntou Katniss.

— Vocês dois estavam discutindo — continuou Annie, enquanto examinava a moeda. — Suponho que você es­tivesse ganhando, uma vez que, além de ter todos os trunfos, ainda estava certa. Então, de repente... ele a está beijando. Não acha que pode ter sido uma tentativa de distraí-la? Não acha que, talvez, desesperado para assu­mir o controle do projeto, seu marido pode estar tentando manipulá-la emocionalmente?

Katniss piscou. Manipular?

— Sabe... Se você assumisse o fato de que o acha atraente...

— Eu nunca falei que ele era atraente.

— Há outras maneiras de se denunciar além de falar. - Katniss percebeu que ela provavelmente tinha se denun­ciado.

Mas o que dizer de Peeta? Ele não sentira nada? Será que tinha se aproveitado da oportunidade? Ela se sentiu humilhada. Annie estava certa.

— Droga — Katniss sussurrou. — Ele estava fingindo!

— Essa é minha opinião. - Katniss fechou os olhos.

— Vou levar está aqui — Annie informou à vendedora, então abraçou a amiga, em apoio. — Sério, Kat. Quais são as chances de ele estar apaixonado?

Como pôde ter sido tão ingênua? Então Katniss abriu os olhos e afirmou:

— Você está certa.

— Desculpe.

— Não se preocupe. Estou bem. — Katniss suspirou. Vis­lumbrou o alto preço da moeda e aproveitou para desviar a, atenção de si. — Sabia que isso custa 2 mil dólares?

— É uma pechincha — disse a vendedora, apertando as teclas da caixa registradora.

Mas Annie não se distrairia tão facilmente.

— Acho que ele está encurralado. Em pânico. E acho que pensa que você ficará mais flexível caso se apaixone por ele.

— Há quanto tempo você se interessa por moedas an­tigas? — Katniss repetiu. Além de seu desejo de mudar de assunto, aquilo realmente era muito caro.

— Não estou interessada em moedas — respondeu Annie. — Meu interesse é por piratas.

Ah, aquilo era demais.

— Você está interessada em Finnick Odair?

— Não. Estou interessada em Caldwell Odair. Quero provar que Finnick, aquele presunçoso, de fato, deve sua riqueza aos ganhos ilícitos de seu antepassado pirata.

— O Blue Glacier foi afundado por piratas — afirmou a vendedora, pegando o cartão de crédito de Annie para pagar a compra.

— Pelo Black Fern — Annie confirmou, em um tom significativo. — Capitaneado por nosso querido Caldwell Odair.

A vendedora colocou cuidadosamente a moeda em uma bolsinha de veludo.

— O capitão do Blue Glacier tentou afundar o navio contra um recife em vez de desistir de sua carga. Mas os piratas pegaram a maior parte dela. Algumas das moedas foram recuperadas dos destroços, em 1976. — A vendedo­ra entregou a bolsinha a Annie. — Você fez uma ótima compra.

Quando elas saíram da loja, Annie mostrou a bolsi­nha para Katniss:

— Prova A.

Katniss examinou a expressão da amiga.

— Você tem de voltar aos tribunais.

— Nós não estávamos falando de você... — perguntou Annie — ...beijando seu marido?

— Acho que não. — Katniss pensaria nisso sozinha. Annie guardou a moeda na bolsa.

— Não quero que você se machuque nessa história, Kat.

— Não vou me machucar. Eu apenas o beijei. — Essa era, certamente, a maior mentira do século.

— Ele só quer uma coisa — declarou Annie, com au­toridade.

— E nem é o de sempre.

Annie deu outro abraço em Katniss.

— Só não deixe seu coração ser atingido no fogo cru­zado.

— Meu coração está perfeitamente seguro. Estou lutan­do por minha carreira. — Katniss não tropeçaria de novo.

Finnick discordou, afastando-se da mesa de Peeta, em seu escritório.

— Eu não vou roubar segredos corporativos para você.

Peeta disse, frustrado:

— São meus segredos corporativos. Você não os estaria roubando, porque são meus.

— Esse é o estilo da família Mellark — Finnick desdenhou. — E não dos Odair.

— Você pode, por favor, sair de seu pedestal moral?

Tudo bem Finnick querer proteger o nome de sua famí­lia, mas isso tinha saído do controle nas últimas semanas.

— Eu tenho princípios. Processe-me então.

— Eu lhe dou a chave de meu carro. — Peeta ignorou os protestos de Finnick e começou a traçar um plano simples e direto.

Finnick cruzou os braços desafiadoramente.

— Quer dizer que eu posso arrombar até encontrá-los.

— Você pode desbloqueá-los. Não é necessário arrom­bar nada.

— E roubar o notebook de Katniss.

— A pasta dela provavelmente é a melhor aposta — Peeta sugeriu. — Suspeito de que o notebook tenha uma senha. Você tira copia dos projetos e os coloca de volta. Tranca meu porta-malas e pronto.

— É roubo, Peeta. Pura e simplesmente.

— É copiar, Finnick. Mesmo a advogada pit bull de Katniss...

— Annie.

— Mesmo Annie teria de admitir que a propriedade intelectual criada por Katniss, enquanto ela estiver na fo­lha de pagamento da Mellark Transportes, pertence à em­presa. E a empresa pertence a mim.

— E a ela.

— De que lado você está?

— Isso não está certo.

— Preciso ter certeza de que ela não vai me arruinar, Finnick. Nós sabemos que ela quer vingança. E se ela só estivesse preocupada com nossa divergência sobre a estética da reforma, me mostraria os projetos. Ela está tramando algo.

— Algo? Tipo o quê?

— Tipo colocar a Mellark Transportes em um buraco do qual não poderemos sair.

— Você acha que ela...

— Eu não sei o que ela faria. Essa é a questão. Não sei nada sobre essa mulher, exceto que ela me culpa por tudo o que há de errado em sua vida — disse Peeta. — Se fosse com você, se alguém estivesse atrás de você, eu mentiria, enganaria e roubaria para salvá-lo.

— Isso não é justo.

Como não é justo?

— Você mentiria, enganaria e roubaria sem dificuldades.

— Isso é porque eu sou um pirata de coração.

— E eu não sou.

— Mas vamos trabalhar nisso.

— Dê-me as chaves de seu maldito carro — resmungou. — E você fica me devendo uma.

Peeta tirou a cópia de sua chave do bolso e a entregou a Finnick.

— Pagarei a dívida quando você quiser. Estaremos em Boondocks em uma hora. O estacionamento com manobrista é perto da rua 44.

Com Finnick ao lado, Peeta cancelou seus compromissos da noite e saiu do escritório, indo para o terceiro andar.

Ele chegou a seu escritório quando Katniss fechava a porta, no fim do dia de trabalho. Ela estava com seu notebook e uma pasta de couro vinho.

— Você tem compromissos para o jantar? — ele pergun­tou sem preâmbulos.

Ela virou-se de surpresa.

— Por quê? — A desconfiança era clara em sua voz.

— Irei a um evento de negócios — ele disse.

— Em seu iate?

Peeta tentou interpretar a expressão dela. Essas pala­vras eram uma repreensão ou uma piada? Ela estaria ner­vosa com a ideia de ficar a sós com ele de novo? Se assim fosse, seria porque ainda sentia atração por ele?

Eles se comprometeram a manter suas mãos longe um do outro, mas Katniss poderia estar insegura. Ele estava definitivamente inseguro. Peeta vacilou assim que essas palavras saíram de sua boca:

— Em Boondocks — respondeu ele, esquecendo seu de­sejo por um momento. — Pensei que você gostaria de co­nhecer Ray Lambert.

Ela arregalou os olhos cinzas. Ah, agora ele conseguira a atenção dela.

Ray Lambert era presidente da Associação de Arquitetura de Nova York. Peeta pesquisara. Ele havia planejado apresentá-los, tornando impossível para Katniss negar o convite.

— Você vai se encontrar com Ray Lambert? — ela per­guntou com cautela.

— Para jantar. Ele e sua esposa.

Agora a voz dela era definitivamente cautelosa en­quanto tentava avaliar os motivos dele. E você está disposto a me levar junto? Peeta deu de ombros.

— Se você não quiser...

— Não, eu quero. Só estou tentando descobrir seu objetivo.

Ele não podia deixar de admirar a maneira como o cé­rebro dela estava funcionando nisso. Katniss era inteligente. Mas ele era mais. Pelo menos, nesse caso. Se não fosse Ray Lambert, o plano provavelmente falharia.

 — Meu objetivo é satisfazer suas condições para que minha empresa volte a ser minha — disse Peeta. Isso era verdade. Não era toda a verdade, mas parte dela. — Se você quer uma carreira nesta cidade, Ray é uma boa pessoa para se conhecer.

— Sem segundas intenções?

O olhar de Peeta automaticamente foi para os deliciosos lábios dela, então seu instinto primitivo entrou em funcionamento.

— Que segundas intenções você tem em mente?

— Você prometeu. — Ela o lembrou.

— Você também.

— Não estou fazendo nada.

— Eu também não. É sua imaginação que está agindo.

— Você está olhando para mim. — Katniss o acusou

— Você está olhando de volta. — Ele respondeu.

— Peeta...

— Kat. — Foi uma ação estúpida e que não combinava com seus grandes planos para essa noite, mas ele pegou a mão dela. Foi um toque sutil, mas teve o impacto de um raio.

Obviamente o raio a atingiu também. E ele não podia deter a onda de satisfação masculina que tomava seu corpo.

A face dela ficou sem cor. Sua voz ficou abafada.

— Isso não será um encontro.

— Você não confia em si? — Ele provocou.

— Não confio em você.

— Boa resposta — ele admitiu.

Peeta sabia que a Mellark Transportes tinha de ser sua principal preocupação e que ele precisava conseguir os projetos dela por meios corretos ou incorretos. Sua empresa, seus funcionários, o legado de sua família, tudo dependia disso.

— Você está tentando me fazer dizer não? — ela perguntou-lhe.

— Eu honestamente não sei o que estou tentando fazer.

A confissão saiu antes que ele pudesse censurá-la.

Peeta se forçou a recuar, colocando espaço entre eles.

— Ray Lambert? — ela confirmou, aparentemente dis­posta a concordar com Peeta com relação ao encontro com Ray.

Ele assentiu. Apesar da inconveniente atração de um pelo outro, seu plano funcionara. Como ele imaginava. A avaliação intelectual das emoções de outra pessoa era unia ferramenta surpreendentemente eficaz para manipu­lação. E, pelo visto, era um dom que ele tinha.

A expressão dela ficou levemente tranquila, causando uma pontada de remorso nele.

— Ou você é mais agradável do que eu pensava. — Disse ela. — Ou mais esperto do que eu possa imaginar.

— Sou muito mais agradável do que você pensa. — Mentiu Peeta.

— Você pode me pegar em casa?

Peeta sabia que, se ela fosse para casa, deixaria a pasta por lá. Isso não fazia parte do plano. Então ele olhou convenientemente para seu relógio.

— Não há tempo para isso. Teremos de sair daqui mesmo. A hesitação de Katniss ficou evidente em seus lábios.

— Eu posso buscá-la no ponto de ônibus de novo. — Ele ofereceu, sabendo que eliminaria uma de suas hesitações.

Foi a vez dela de olhar para o relógio.

— Cinco minutos?

Ele concordou. Então Peeta a assistiu entrar no elevador. Ele também não iria arriscar que ela deixasse a pasta no escritório dela.

No opulento restaurante Boondocks, Katniss e Peeta se sentaram com Ray Lambert e sua esposa, Susan. O restaurante tinha dois níveis, o superior com vista para o átrio, que servia como entrada e como salão. Havia palmeiras e plantas exóticas nos dois pavimentos, e jarros pendiam das paredes.

Katniss usara a caminhada até o ponto de ônibus para ligar para Annie e recuperar seu equilíbrio. Graças a Deus, alguma aparência de sanidade a impediu de beijar Peeta ali mesmo, nos corredores do prédio da Mellark.

Ela, por pouco, não se jogou nos braços dele de novo e caiu completamente sob seu feitiço sensual. Era uma tola, uma tola indisciplinada.

Desesperada, Katniss se confessou a Annie e pediu uma conversa com ela, para que a ajudasse a colocar al­guma armadura emocional que a protegesse antes de o jantar começar. Como sempre, Annie a trouxera de vol­ta à realidade e depois usou seu humor para colocá-la em equilíbrio novamente.

— Será que já nos conhecemos? — Ray perguntou a Katniss enquanto apertavam as mãos.

Peeta tinha se sentado ao lado de Susan, enquanto Ray estava na frente de Katniss.

— Uma vez — ela respondeu a Ray. — Três anos atrás, na conferência do AANY. Eu fui uma das seiscentas pessoas que foram falar com você.

Ele achou graça da brincadeira.

— Deve ter sido isso. Eu sou muito bom com rostos.

Katniss esperava que ele não se lembrasse de sua ver­gonhosa demissão da Hutton Quinn. Se Ray lembrou, não deixou transparecer.

— O que acham de um Esme Cabernet 97? — Susan apontou para a carta de vinhos aberta à sua frente. Katniss agradeceu pela mudança de tópico.

— Um de seus favoritos — Ray explicou com um sor­riso benevolente para sua esposa. — Vocês não vão ficar desapontados.

Peeta olhou para Katniss, vendo sua reação.

Ela balançou a cabeça concordando, orgulhosa de como mantinha seus hormônios sob controle. Aquele era um jan­tar de negócios, nada mais. E continuaria assim.

— Eu adoraria experimentá-lo. — Disse ela à Susan. Susan sorriu e fechou a carta de vinhos.

Um garçom imediatamente apareceu ao lado de sua mesa.

Enquanto Ray pedia o vinho, a atenção de Katniss foi atraída por um casal atravessando o salão abaixo. Eles estavam indo para a escadaria, e mesmo à distância, ela pôde reconhecer Annie e Finnick.

Ela se ajeitou para vê-los melhor à medida que eles subiam os degraus. O que eles poderiam estar fazendo ali?

Katniss não pôde deixar de notar o rosto vermelho de Annie. Sua amiga estava furiosa.

— Que diabos... — Embora Katniss tivesse interrompido a exclamação pouco elegante, Peeta virou-se para olhar para ela.

Então ele seguiu a direção de seu olhar.

Annie e Finnick chegaram ao topo da escadaria e vie­ram até a mesa. Peeta se ajeitou em alerta, vendo a fúria no rosto de Annie.

O garçom saiu com o pedido dos vinhos assim que Annie e Finnick chegaram. Eles se apresentaram, e o olhar rápido de Annie percebeu Ray e Susan. Ela tentou aplacar sua expressão.

— Sinto muito interromper. — Annie sorriu para Katniss e olhou significativamente para a pasta que segu­rava, movimentando-a para chamar a atenção para ela.

Cor de vinho.

Era a pasta de Katniss.

O que Annie estava fazendo com sua pasta?

— Nós só queríamos dar um "oi" — Annie continuou, com a voz cheia de alegria forçada. — Encontrei Finnick na garagem.

Katniss sentiu Peeta endurecer ao lado dela, enquanto Finnick corava.

Finnick? A garagem? Sua pasta? Ela ficou de boca aberta.

— Nós vamos conseguir uma mesa agora — Annie anunciou suavemente, apertando suavemente o ombro de Katniss. — Aproveite seu jantar. Podemos conversar mais tarde? — Deu o braço a Finnick e o prendeu a seu lado.

Katniss não se conteve e se virou para Peeta, espantada. Sua pasta estava no porta-malas dele. Como Annie esta­va com ela? E onde Finnick entrava nisso?

O rosto de Peeta permaneceu impassível enquanto ele falava para Finnick:

— Conversaremos mais tarde.

Annie se dirigiu a Ray e Susan:

— Desculpem por termos interrompido. Espero que te­nham um bom jantar. — Então ela deu um olhar preocu­pante para Katniss antes de levar Finnick mais para dentro do restaurante.

A reação imediata de Katniss foi segui-los. Mas, antes que ela pudesse se levantar de sua cadeira, a mão de Peeta em sua coxa forçou-a firmemente a ficar no lugar.

A ação foi chocante, a sensação, elétrica.

— Aquele é Finnick Odair — ele informou suavemente a Ray e Susan. — Da Astral Air.

Katniss tentou remover a mão de Peeta sem fazer alarde, mas sua força não era páreo para a dele.

— Eu conheci o pai dele — Ray comentou. Se havia per­cebido algo estranho na conversa, fora muito profissional para deixar transparecer.

— Finnick e eu crescemos juntos — Peeta disse, preen­chendo o silêncio, enquanto Katniss tentava libertar sua perna.

— Ah, aqui está o vinho — Susan anunciou, parecendo satisfeita com a chegada do maitre.

Assim que Ray e Susan se distraíram com a abertura do vinho, Peeta inclinou-se e sussurrou ao ouvido de Katniss:

— Fique quieta.

— O que você fez? — Katniss perguntou em voz baixa.

— Conversaremos mais tarde — disse ele com raiva.

— Nós descobrimos este pela primeira vez em Marselha — disse Ray, levantando a taça com um floreio para a de­gustação cerimonial.

Katniss rapidamente redirecionou sua atenção. Tentou não lutar contra o aperto de Peeta. Sua mão era seca e quente, ligeiramente calejada; ela não sentia dor, mas não conseguia ignorar.

Ela não estava usando meia-calça, e a mão dele estava em sua perna desnuda. Seu dedo mínimo tinha vindo um pouco acima da bainha de sua saia, no meio da coxa. E as pontas de seus dedos curvados estavam na sensível parte interna da coxa.

Agora que sua raiva tinha se acalmado, uma nova sen­sação surgia dentro dela.

O toque da mão de Peeta a estava excitando.

Ray balançou a cabeça, aprovando o vinho, e o maitre encheu as outras três taças antes de completar a de Ray.

Ray levantou sua taça para brindar.

— É um prazer conhecê-la, Katniss. Parabéns por seu contrato com a Mellark Transportes. É um edifício im­portante.

— Temos sorte em tê-la — Peeta respondeu com cortesia.

Katniss agradeceu a ambos, tocou com sua taça a dos outros três, evitando contato visual com Peeta, e então deu um bom gole. Era incrivelmente delicioso. E continha ál­cool suficiente para diminuir a frustração dela.

Outro garçom chegou com quatro grandes cardápios, que entregou aos ocupantes da mesa.

Peeta pegou o seu com uma das mãos, ainda mantendo a outra em Katniss.

Ela abriu seu cardápio, tentando se concentrar nos pratos e descrições à sua frente, mas as letras se embaralhavam.

A mão dele havia se movido?

Tinha subido?

Leve e muito lentamente, mas sem a menor sombra de dúvida, as pontas dos dedos dele estavam se aproximando do interior de sua coxa.

Seus músculos se contraíram, em reação. Ela podia sentir a pele esquentar e a respiração se aprofundar.

— Sopa de abóbora para começar? — ele perguntou-lhe, com voz baixa e completamente casual em seu ouvido.

Ela abriu a boca, mas não conseguiu dizer nenhuma pa­lavra. Mal conseguia ficar parada. Seus dedos agarravam firmemente o cardápio.

— Talvez a salada de rúcula? — continuou.

Como ele conseguia fazer isso? Como conseguia se comportar como se tudo estivesse normal, quando ela es­tava praticamente fora de si?

— Vou querer o atum albacora — Susan disse feliz.

Ray e Susan olharam para Katniss, como que per­guntando.

A mão de Peeta subiu mais, e ela quase gemeu.

— Katniss? — ele indagou.

Ela sabia que devia afastar a mão dele. Deveria falar ali mesmo sobre seu comportamento inaceitável. Peeta merecia.

Ele ficaria constrangido na frente de Ray Lambert. Mas ela também ficaria. Ficaria mortificada se Ray, se qualquer pessoa, soubesse o que Peeta estava fazendo por baixo da mesa.

— Rúcula — ela deixou escapar.

— O risoto é delicioso — Susan sugeriu.

Katniss tentou sorrir, agradecendo. Mas ela não tinha certeza se conseguira, pois estava rangendo os dentes contra o ataque sensual de Peeta.

Ela equilibrou o pesado cardápio contra o tampo da mesa, segurando-o com uma das mãos. Então deixou cair a outra em seu colo, cobrindo a mão de Peeta.

— Pare — ela sussurrou. — Por favor. — Sua voz soou de­sesperada.

A mão dele parou. Mas então ele encontrou a dela, e seu polegar começou uma carícia lenta na palma da mão de Katniss.

Uma nova onda de desejo a assolou.

Katniss poderia se afastar a qualquer momento. Mas não queria. Que o Senhor a ajudasse, ela queria saborear a sensação, sentir a energia que passava por seu corpo. E quando a mão dele se virou e as carícias recomeçaram em sua coxa, ela não reclamou.

— O salmão — disse ele decididamente, fechando seu cardápio e colocando-o de lado.

Susan comentou:

— O molho de endro é fantástico.

Ray fez um leve carinho no ombro de sua esposa.

— Não sei como Susan não pesa 150 quilos.

— Eu tenho um ótimo metabolismo. — E Susan acres­centou com uma risada autodepreciativa: — Não faço exer­cício suficientes para merecer todas aquelas sobremesas.

Peeta virou-se para Katniss, as pontas de seus dedos ain­da fazendo mágica enquanto ele falava.

— E o que você quer?

O duplo sentido ficou evidente para ambos. O olhar dela foi atraído para a profundidade dos olhos dele, sabendo que não havia como disfarçar seu desejo.

— Risoto — ela conseguiu dizer.

— E para a sobremesa? — Peeta pressionou mais firme­mente contra o interior de sua coxa, a palma da mão desli­zando corajosamente contra a pele sensibilizada.

— Decidirei mais tarde.

Ele deu um sorriso lento e satisfeito, e um brilho de atra­ção transformou seus olhos.

À medida que ela ia caindo completa e irremediavel­mente sob sua magia, as palavras de Annie voltaram para assombrá-la. Você acha que pode ter sido uma tenta­tiva de distraí-la?

Ah, não.

Ele estava fazendo isso mais uma vez.

E ela se deixava levar, de bom grado, mais uma vez.

Humilhação era como água gelada para seus hormô­nios, e esfriou seu desejo, fazendo a raiva substituir sua luxúria.

— Sem sobremesa — ela disse a ele severamente, deixan­do sua mão cair na coxa e firmemente removendo a dele.

Creme brülée — afirmou Susan. — Sem dúvida, créme brülée para mim.

Peeta olhou para Katniss por uma fração de segundo. E então ele obviamente decidiu desistir. A distração não funcionaria para ele desta vez. Seu comportamento era repreensível, e a falta de julgamento dela era totalmente antiprofissional. Quando ela aprenderia?

Felizmente, Susan começou a contar uma história sobre uma recente viagem de negócios para a Grécia.

Katniss se forçou a ouvir, respondendo com o que ela esperava que fossem respostas amigáveis e inteligentes às perguntas de Ray e Susan, e então perguntou sobre a viagem deles a Londres e sobre seu novo chalé de esqui em Banff, enquanto os aperitivos, o jantar e a sobremesa eram servidos.

Peeta não tornou a tocá-la, felizmente para ele. Porque, quando o creme brülée acabou, a conta chegou e Ray e Susan se despediram, o humor de Katniss tinha mudado para a raiva total.

Quando o garçom retirou o último dos pratos, arrumando a toalha de linho branca, Annie e Finnick apareceram.

Annie colocou-se ao lado de Peeta, com a pasta entre eles, enquanto Finnick sentava-se, relutante, na frente de Katniss.

— Eles roubaram sua pasta — Annie informou, sem preâmbulos. — Eles roubaram sua pasta.

Katniss já havia presumido isso. Ela imediatamente lançou um olhar acusador sobre Peeta. Não havia necessidade de fazer a pergunta, então ela esperou silenciosamente pela explicação.

— Estava em meu porta-malas — ele ressaltou, em sua própria defesa. — Meu porta-malas.

Annie abriu a boca, mas Finnick pulou antes que ela pudesse falar. Seus olhos azuis faiscavam para Peeta.

— Parece que há alguns pontos mais delicados da lei que você pode não ter levado em conta aqui.

— São meus projetos — afirmou Peeta.

O garçom reapareceu, e a conversa cessou.

— Posso lhes oferecer um café?

— Com um pouco de conhaque no meu — pediu Annie.

— Para todos — acrescentou Peeta bruscamente, fazendo um movimento circular com o dedo indicador.

Katniss não queria discutir.

— São meus projetos. — As palavras dela para Peeta fo­ram duras.

Eu paguei a você para que os fizesse — ele respondeu.

Vocês dois pagaram para que ela os fizesse — Annie observou em um tom imperioso.

— Eu não discutiria com ela — Finnick murmurou som­briamente.

Annie lançou lhe um olhar de advertência.

Ele não parecia nem um pouco intimidado pelo com­portamento professoral dela.

— Eu tive uma professora de matemática como você uma vez.

— Parece que não o ajudou em nada — ela respondeu.

— Você roubou minha pasta! — Katniss se sentia com­pelida a trazer todos de volta ao ponto principal. — Este jantar foi um ardil?

Ela balançou a cabeça, deduzindo:

— Claro que foi um ardil. Você é desprezível, Peeta. Se eu não tivesse dito a Annie que você me convidou para este lugar, e se ela não fosse tão desconfiada...

— Uma desconfiança fundamentada — Annie reforçou.

— ...você teria fugido com minha pasta.

— Eu ia devolvê-la — Finnick defendeu.

— Preciso ver os projetos — disse Peeta, sem sinal de arrependimento em sua voz. — Minha empresa, sua em­presa, finja o que quiser, mas eu sou a pessoa que assina o cheque. E eu sou o cara que vai recolher os pedaços quando o seu jogo tiver acabado.

— Esse jogo, por acaso, é a minha vida. — Katniss não estava brincando. Se ela não resolvesse sua carreira, não teria um emprego. Se ela não tivesse um emprego, não ha­via ninguém para pagar o aluguel, ninguém para comprar sua comida.

— E quando a poeira baixar, tudo o que restar, por aca­so, será meu. — Peeta disse.

Enojada com a competição de poder, Katniss desistiu. Ela acenou com a mão em direção à sua pasta.

— Tudo bem. Vá em frente. Não há nada que você possa fazer para mudá-los, de qualquer maneira. Você não gosta deles, reclame o quanto quiser. Eu vou ignorá-lo.

Peeta imediatamente pegou a pasta, que estava na ca­deira entre ele e Annie, abriu-a e tirou os projetos. E desajeitadamente espalhou-os na mesa redonda.

Então o garçom chegou e procurou um lugar para co­locar o café.

Peeta o ignorou, e o homem fez sinal para trazerem uma bandeja dobrável.

Katniss aceitou um café. Ela pegou sua xícara, beberi­cando enquanto esperava pela reação de Peeta.

Suspeitava que ele ficaria nervoso. Seus projetos exi­giam algumas mudanças bastante radicais e caras em seu prédio. Mas algo nela esperava que ele a surpreendesse.

Talvez ele tivesse um gosto melhor do que ela imagina­va. Talvez ele reconhecesse seu gênio. Talvez ele...

— Você está louca?! — Seus olhos azuis brilhavam de raiva.


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Notas finais do capítulo

Esses dois hehehehe
E ai? O que acharam?



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