Esposa Sem Querer - CEO escrita por Sra Mellark


Capítulo 3
Capitulo 3


Notas iniciais do capítulo

Gente to contente que vcs comentaram na fic e todas disserem que estão gostando. Ler isso dá mais vontade de escrever hehehehe
Boa leitura!



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Na semana seguinte, Katniss e Annie se dirigiram para o terraço do edifício da Mellark Transportes. O edifício parecia se adequar perfeitamente às redondezas.

O teto era quadrado, fechado de um lado pelo andar de serviço e pela escada. Anos de chuva o haviam manchado, mas a cor inspirava uma certa nobreza.

A mãe de Katniss morrera quando ela nasceu. Seu pai era "desconhecido", não havia nem mesmo o nome dele na certidão de nascimento. Se Clara Everdeen, aos 19 anos, ti­nha parentes em algum lugar, ninguém nunca os encontrou. Tudo o que Katniss possuía de herança era uma única foto desgastada e borrada de sua mãe, e o endereço da casa de cômodos onde Clara vivera antes do nascimento de Katniss.

Embora a raiva e a frustração com relação à Peeta diminuíssem com o passar do tempo, Katniss não conseguia combater o ressentimento que surgia quando pensava na herança dele. Peeta tivera uma educação tão segura e privilegiada! Enquanto Katniss estava na luta, ele era envolvido pelo abraço amoroso de sua família rica, experimentando o melhor que a vida tinha para oferecer.

— Explique-me novamente por que nós não fomos dire­to para o Randall’s almoçar — pediu Annie.

— Vê isso? — Katniss virou-se, afastando os pensamentos negativos e apontando em direção ao rio Hudson. — Se eu conseguir uma licença para acrescentar três andares, a vista vai ser incrível.

— Isso será caro? — perguntou Annie.

— Muito.

Annie abriu um grande sorriso.

— Essa é a minha garota. Não que Mellark vá perceber. O homem tem mais dinheiro que Deus. Andei pesquisando. Sabia que tudo isso começou com piratas?

— O que começou com piratas?

— A riqueza da família Mellark — disse Annie. — "Ho, ho, ho, e uma garrafa de rum." Piratas.

— Tenho certeza de que isso é apenas um boato.

Nova York estava cheia de histórias fantasiosas sobre as diversas famílias fundadoras da cidade. A maioria de­las era inventada pelas próprias famílias para acrescentar prestígio social e impressionar os amigos. Os Mellark po­deriam muito bem ter sido ex-plantadores de batatas que chegaram à cidade vindos de Idaho, em 1910. Talvez eles tivessem vendido algo tão banal quanto terras cultiváveis e suas colheitas para comprar seu primeiro barco, e assim começaram a Mellark Transportes.

— É claro que é um boato — Annie ressaltou. — Acon­teceu há trezentos anos. Eles não tinham vídeo.

— Está sugerindo que eu herdei dinheiro sujo?

— Estou sugerindo que o homem que você está chantageando descende de ladrões e assassinos.

— Isso assusta você?

— Claro que não — Annie garantiu. — Só estou dizendo que você deve ter cuidado com a espada dele.

Katniss apontou para Annie, desaprovando.

— Que piada horrível... Annie olhou-a mais de perto.

— Você está ficando vermelha?

— Não — Katniss respondeu balançando a cabeça, des­viando a atenção para a barcaça de aço no rio.

Annie se inclinou para ver melhor o rosto da amiga.

— Você está corando. O que aconteceu?

— Nada. Eu não o vejo há quase três dias.

Está certo, ela o vira de longe, mais do que algumas ve­zes. E Peeta parecia bem, a distância, um rosto tranquilo, calmo. Seu coração acelerava. Sua pele se aquecia. E ela perdia sua linha de raciocínio.

— Está apaixonada por ele? — Annie quis saber. Katniss não conseguia mentir para Annie.

— Eu o estou admirando de longe. Eu e metade da cidade.

Peeta era um homem inegavelmente atraente. Tinha educação e berço, além de muita prática em namoro e se­dução. Se conseguisse esquecer o fato de que ele tentara arruinar sua vida, Katniss quase poderia acreditar que ele era um homem decente.

— Ele seria um pirata atraente — Annie concordou com um sorriso atrevido.

"Atraente" definitivamente descrevia a forma como ele estava em sua cobertura, sem gravata, mangas arre­gaçadas, barba por fazer escurecendo seu queixo. Peeta se parecia em cada detalhe com os libertinos piratas, seus antepassados. E isso era mais do que sexy.

Annie a estava observando de perto.

— Prometa-me que não vai perder o controle.

Katniss ajeitou o cabelo firmemente atrás das orelhas.

— Estou totalmente no controle.

Não haveria uma repetição de Vegas. Katniss cometera um deslize naquela noite. Ela baixara a guarda, e Peeta partira para o ataque.

Aparentemente convencida, Annie ficou observando os táxis, ônibus e caminhões de entrega que passavam lá embaixo.

— Então já começou a desfazer sua mudança? — inda­gou Annie.

— Não. Vou aproveitar que tirei tudo do apartamento para limpar os carpetes e pintar as paredes.

— Criando raízes?

— Sim, estou. — Quando Katniss se deu tempo para pensar sobre continuar em Nova York, sentiu uma onda de alívio.

Ela se sentara em sua cadeira perto da janela, na noite anterior, com um copo de chocolate, simplesmente obser­vando, por uma hora, a agitação do bairro.

— Você merece um ótimo lugar para chamar de lar — disse Annie carinhosamente.

Katniss sorriu, concordando.

— Eu posso construir um lar. - Annie pegou-a pelo braço.

— Você já fez de sua casa um verdadeiro lar.

Katniss não concordava. Mas como poderia ela saber o que era um lar? Nos últimos anos de sua infância, a maior parte dos locais onde morara fora em instalações de grupo, e não famílias. Os funcionários eram bondosos, em sua maioria, mas eles trabalhavam em turnos e frequentemente mudavam de emprego, sendo substituídos por novas pessoas, que também eram agradáveis, mas eram funcionários, e não uma família.

Annie chegou mais perto, percebendo que Katniss es­tava ficando emocionada.

— Você está pronta para o almoço?

— Pode apostar. — Não havia nenhum sentido em revi­ver o passado. Ela estava em Nova York, e isso era ótimo.

Com um último olhar ao redor, Katniss seguiu Annie, que entrava. Elas trancaram a porta do terraço e pegaram o elevador de volta para o pequeno escritório de Katniss.

— Aí está você. — A saudação de Peeta de dentro do es­critório soou vagamente acusatória.

— O que você está fazendo aqui? — A guarda de Katniss se ergueu no mesmo instante.

Ela olhou rapidamente todo o escritório, verificando se algo havia sido modificado. Katniss tinha colocado uma senha em seu notebook e estava mantendo os projetos preli­minares da reforma guardados a sete chaves.

Ela fez Peeta prometer lhe dar carta branca no projeto, mas ainda temia que, caso fosse dada a ele meia chance, Peeta tentaria ter algum controle sobre o projeto. Ela não planejava dar a ele nem meia chance para isso.

— Eu tenho algo para lhe mostrar — ele anunciou, atrás da prancheta dela.

Katniss viu que ele desenrolara alguns desenhos de pro­jetos. Ela se aproximou para ter uma visão melhor.

— Esses projetos não são meus.

— Eles são algo que Hugo Rosche reuniu — Peeta res­pondeu.

Katniss ficou entre a mesa e a prancheta, enquanto Annie esperava na porta do escritório apertado. Katniss ficou ombro a ombro com Peeta, e ele se aproximou da parede.

— Qual é a diferença de como está agora? — ela per­guntou, folheando os projetos, notando que algumas paredes haviam sido mudadas, a entrada estava ligeiramente ampliada, e novas janelas foram esboçadas no primeiro andar.

— Nós também vamos pintar de novo, mudar o carpete e conseguir um decorador — disse Peeta.

Ela olhou para ele, observando sua expressão.

— Isso é uma piada? Porque, se for uma piada, ha, ha! — Katniss deixou cair as páginas de volta no lugar. — Você não está sugerindo que eu realmente use esses projetos, está?

— Nós não precisamos fazer grandes modificações para melhorar o edifício — disse Peeta.

— Eu não sou uma decoradora, Peeta. Sou uma arquiteta.

— Ser uma arquiteta não significa que você precisa der­rubar paredes simplesmente por derrubar paredes. E eu pensei que você, pelo menos, pensaria na possibilidade.

— Eu acabei de pensar. E não gostei.

— Muito obrigado por manter a mente aberta.

— Muito obrigada por me trazer um fato consumado.

— Eu paguei um bom dinheiro por esses projetos. — Ele começou a enrolá-los. Sua voz se alterou, a ofensa fican­do clara em seu tom: — E eu paguei um bom dinheiro por seus projetos originais. E agora estou pagando uma tercei­ra vez pelo mesmo trabalho.

Annie avançou, entrando no escritório.

— Será que você prefere demitir Katniss e nos encontrar no tribunal?

O olhar de aço de Peeta a fuzilou. Ele olhou para ela brevemente, depois voltou sua aten­ção para Katniss.

— Eu pensei que você pudesse usá-los como ponto de partida.

Katniss encolheu os ombros.

— Tudo bem. — disse ela facilmente.

As mãos de Peeta pararam. Ele recuou, os olhos mos­trando suspeita. Então decidiu perguntar:

— Você vai usá-los?

Ela encolheu os ombros de novo.

— Uma vez que eles são praticamente idênticos ao edi­fício existente, eu já os usei como ponto de partida.

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— É o meu plano B — disse Peeta a Finnick.

Era tarde de domingo, e os dois iam de carro para uma partida dos Mets.

Finnick meneou a cabeça.

— Pelos meus cálculos, é o plano C, Peeta. O plano A era comprá-la. O plano B era fazê-la concordar com os projetos de Hugo Rosche. Aliás, este último tem grandes chances de não dar certo. E agora o plano C é encontrar um novo emprego para ela?

— Ela mesma disse — ele explicou — que seu objetivo a longo prazo é conseguir um bom emprego. Katniss quer colocar sua carreira de volta nos trilhos. E eu não a culpo. Mas meu edifício pode ficar fora disso. Qualquer edifício serviria.

— Ela quer permanecer em Nova York — Finnick con­cordou.

— Nova York é um lugar muito grande. Há muitos edi­fícios precisando de reforma.

— Então você a convidou para o jogo porque...

— Porque ela estava vestindo uma camiseta dos Mets naquele dia em seu apartamento. Ela é fã deles.

— E há uma grande chance de que ela nunca tenha as­sistido a um jogo em um camarote VIP — Finnick concluiu.

— Aposto que não. Essa estratégia funciona muito bem com os executivos da lista dos 500 Mais Ricos. Além dis­so, meu projeto é temporário. Se eu puder encontrar para Katniss uma oferta sólida em uma boa empresa, então ela terá algo permanente.

— E, a fim de aceitar a oferta, ela vai ter de sair de seu projeto.

— Exatamente.

— Boa sorte.

— Lá está ela — Peeta anunciou em voz alta, lançando um olhar de advertência rápida a Finnick.

A estratégia era perfeitamente razoável. Mas necessi­taria de sutileza. Ele não falaria com Katniss sobre a ideia de um novo emprego imediatamente. Hoje ele só queria facilitar o caminho, ficar um pouco mais próximo dela. Na próxima semana ele daria alguns telefonemas, conversaria com alguns associados, procuraria oportunidades para ela.

Katniss desceu as escadas rolantes, indo em direção a eles. Estava vestindo uma confortável camiseta branca, jeans desbotado, tênis brancos desgastados e um boné azul e laranja dos Mets, com um rabo de cavalo. Peeta nunca gostara de garotas simples, preferindo o brilho e glamour nas mulheres. Mas não parecia importar o que Katniss usava. Ele fantasiaria com ela mesmo em um rou­pão de banho.

Maldição! Ele tinha de esquecer essa imagem agora mesmo.

Sua amiga Annie estava um pouco atrás. Ela usava um jeans preto com uma blusa branca sem mangas.

Eles pararam.

— Finnick — disse Peeta, resistindo à vontade de tocar Katniss — Esta é Katniss Everdeen, e esta, Annie Cresta.

— A linda noiva — Finnick provocou Katniss, e Peeta ficou tenso com a piada.

— O pirata — Annie reagiu, apertando sua mão.

— Peeta é o pirata — Finnick informou-lhe, um sorriso en­saiado mascarando sua irritação com o que ele considerou uma classificação pejorativa.

— Venho estudando a história da família de Peeta — Annie reagiu. — E me deparei também com a sua.

— Por que não vamos por ali? — Peeta fez um gesto em direção ao elevador. Não queria que uma discussão estra­gasse o dia.

Katniss o seguiu, ficando a seu lado.

— Um pirata? — ela perguntou, com uma voz que soou provocativa.

Isso era encorajador.

— Assim me contaram — ele admitiu.

— Bem, isso explica muita coisa.

Antes que Peeta pedisse que ela desenvolvesse seu pen­samento, a voz de Annie o interrompeu:

— Parece que Caldwell Odair causou muita destruição no Caribe, pilhando ouro, munição e rum.

Peeta tinha de admitir que gostava um pouco da audácia de Annie.

— Você não pode confiar em tudo o que lê na internet — Finnick respondeu, seco.

Katniss falou para Peeta, baixando a voz:

— Isso vai acabar mal?

— Depende — respondeu ele, esperando o próximo ataque.

— Eu li isso na Enciclopédia Histórica de Oxford, na Biblioteca da Universidade de Nova York.

— Sim, isso pode acabar mal — reconheceu Peeta.

Enquanto ele reconhecera havia muito tempo que a ri­queza de sua família tinha raízes em alguns personagens bastante desagradáveis, Finnick sempre preferiu fingir que seu ancestral lutara contra o pirata Lyndall Mellark, e do lado da justiça.

Os dois homens tinham ziguezagueado pelo Atlântico durante anos, arremessando balas de canhão um no outro. Eles lutaram, isso era verdade. Mas nenhum deles estava do lado da lei.

Entraram no elevador.

— Caldwell tinha Cartas de Autorização do rei George — Finnick afirmou, olhando os botões vermelhos.

— Falsificadas e pré-datadas em 1804 — Annie res­pondeu sem dó.

— Você já viu os originais? — Finnick quis, saber. — Porque eu já os vi.

Katniss simplesmente sorriu para Peeta, debaixo de seu boné.

— Aposto dez dólares em Annie. — Ela estendeu a mão para selar o acordo.

Peeta apertou sua mão pequena e macia.

— Certo.

O elevador parou, e eles foram para o luxuoso camaro­te. Durante muitos anos, os Mellark e os Odair comparti­lharam um camarote corporativo para os jogos dos Mets. O pai de Finnick usava-o com mais frequência, mas o camarote se mostrara uma ferramenta corporativa valiosa para seduzir os clientes mais desafiadores.

— Uau! — Katniss exclamou assim que atravessou a en­trada em arco para a enorme sala com varanda: vinte pes­soas caberiam confortavelmente ali.

Um garçom colocava petiscos na bancada, próximo a um balde de gelo cheio de cervejas importadas e um par de garrafas de vinho fino.

— Olhe só para isso...

Feliz em deixar Finnick e Annie entregues a seu debate crescente, Peeta seguiu Katniss.

— Então é assim que vivem os ricos — disse Katniss.

— Isto aqui funciona muito bem para entreter os clien­tes. — Peeta sentiu um tom de desculpas em sua voz. — Sente-se. Vou trazer uma cerveja. Você quer batatas fritas ou algo do tipo?

— Cachorro-quente — ela pediu.

— Saindo um cachorro-quente.

Perto dali Finnick explicava a Annie algum dos pon­tos mais sutis das Cartas de Autorização do rei George, enquanto o garçom preparava o cachorro-quente e apa­nhava a cerveja.

Rapidamente Peeta se acomodou junto de Katniss, e o jogo começou.

Enquanto os Mets iniciavam a partida, eles comiam seus grandes cachorros-quentes. Entre uma mordida e ou­tra, ela, sem perceber, urrava de alegria com os acertos e resmungava com os erros.

Quando acabou seu sanduíche, Katniss lambeu um pou­co de mostarda que havia ficado em seu polegar. O gesto foi subconsciente e sexy. De alguma forma, parecia muito com um beijo.

— Estava delicioso — disse ela. — Obrigada.

Peeta tentou se lembrar da última vez em que tivera um encontro com uma mulher que desfrutasse de um prazer simples como um cachorro-quente.

— Então... por que você me convidou?

Ele fingiu inocência.

— Como assim?

Ela fez um gesto, mostrando a opulência em volta deles.

— O camarote. O jogo de beisebol. Cerveja importada. Por que isso?

— Estamos trabalhando juntos.

— E? — Ela esperou.

— E eu pensei que devíamos nos conhecer melhor.

Claro que ele tinha outro objetivo. As reformas leva­riam meses. Eles ainda conviveriam por algum tempo.

— Não vou assinar os papéis do divórcio — alertou ela.

— Eu lhe pedi isso?

— E também não vou mudar os projetos da reforma.

— Você poderia, ao menos, me mostrar seus projetos.

— De jeito nenhum — ela afirmou com determinação. Ele tentou fingir indiferença.

— Certo. Então vamos falar sobre você. Quais são seus planos? Quero dizer, a longo prazo. Não apenas esse úni­co projeto.

O barulho de um bastão contra a bola ressoou através da estádio, e ela virou o rosto para ver.

— Isso não é segredo -— respondeu Katniss, olhando para o jogo. — Uma carreira bem-sucedida como arquiteta. Em Nova York.

Ele tomou um gole da cerveja gelada, concentrando-se em manter bem a conversa.

— Eu gostaria de ajudá-la.

— Você está ajudando. Relutantemente, é verdade. Mas está ajudando.

— Quero dizer, além do projeto de reforma da Mellark. Eu conheço algumas pessoas. Tenho contatos.

— Tenho certeza de que sim. — Ela manteve a atenção no jogo.

— Deixe-me usar esses contatos — ofereceu Peeta.

— Usar seus contatos? Para me ajudar?

— Sim.

Ela ponderou por alguns minutos enquanto o arremessador se aquecia.

— Eu soube que você irá ao jantar da Câmara de Comércio na próxima sexta-feira — ela finalmente se aventurou.

— O ressurgimento do comércio global no norte da Europa — ele confirmou.

Peeta fora chamado para discursar. Ele preferia sen­tar-se na plateia e beber seu uísque, mas aparecer nessas ocasiões era sempre bom para os negócios.

— Você me levaria?

Peeta se virou. Uma onda de excitação passou por seu corpo enquanto ele estudava o perfil de Katniss.

— Está me convidando para um encontro?

— Estou lhe pedindo que me leve, Peeta, não que dance comigo. Você disse que queria me ajudar. E lá estarão pes­soas importantes para minha carreira.

— Certo. — Ele se ajeitou em seu assento, dizendo a si mesmo que não estava desapontado.

— E, por favor, conte a algumas pessoas que você me contratou de novo. Pessoas influentes. Seria ótimo, para mim, se alguns soubessem disso — disse ela.

Peeta não tinha direito de estar desapontado. Isso era uma questão profissional para ela. Para ele também. Apre­sentá-la no jantar da câmara era bom para o plano C. Ha­veria pessoas influentes lá. Se ele tivesse muita sorte, ela encontraria um emprego ali mesmo.

Ainda assim, Peeta lutava para manter a voz neutra quando disse a ela:

— Claro. Sem problemas.

— Você se ofereceu para ajudar. Está aborrecido?

— Estou sendo chantageado — lembrou ele.

— Todo casamento tem suas complicações. — E Katniss esboçou um sorriso irreverente.

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O jantar da câmara era a realização de um sonho para Katniss. As pessoas que encontrou eram amigáveis e pro­fissionais, e ela saiu de lá sentindo como se tivesse co­nhecido os indivíduos mais importantes do mundo dos negócios de Manhattan. Peeta a apresentou a dezenas de contatos potenciais.

Era quase meia-noite quando eles finalmente subiram a bordo do iate dele para voltar a Manhattan.

O jantar da câmara tinha sido realizado na marina de unia ilha próxima à costa sul de Manhattan. Peeta viera em seu próprio transporte.

— Este é um passeio agradável — ela reconheceu mais uma vez, enquanto eles se instalavam em confortáveis sofás.

O piloto ligou o motor e deslizou suavemente pela baía.

— Conte-me mais sobre os piratas, Peeta. — Katniss não conhecera ninguém com uma história familiar tão divertida.

— Você quer uma bebida ou alguma outra coisa? — Per­guntou ele.

Ela negou, balançando a cabeça, e tirou seus sapatos.

— Mais uma taça de champanhe e eu vou começar a cantar karaokê.

— Um champanhe então.

— Não se atreva. Confie em mim. Você não vai querer me ver cantando. Voltando aos piratas, é tudo verdade?

— Depende do que você ouviu.

— Ouvi dizer que seu antepassado era um pirata, arqui-inimigo do ancestral de Finnick, e os dois fizeram uma trégua quase trezentos anos atrás no que hoje é Serenity Island. Ouvi dizer que sua fortuna veio de um tesouro roubado.

— Bem, é tudo verdade. Pelo menos, até onde sabemos. Mas Finnick nega. Ele quer fingir que sua família era pura de coração. Acho que ele deve ter mais escrúpulos do que eu.

Peeta mudou de assunto:

— Então o que você decidiu?

— Sobre o quê?

Havia algo pendente no acordo deles? Ela achava que ambos tinham sido bastante claros nesse ponto.

— Sobre meu prédio. Você está trabalhando nele há duas semanas. O que tem em mente?

Katniss instantaneamente entendeu seu estratagema. Não era de admirar que ele viesse se comportando tão bem essa noite.

— Ah, não. Não estou disposta a brigar com você sobre os detalhes.

Ele se levantou também.

— Você vai precisar de minha intervenção em algum momento.

— Nada disso. Sem intervenções. É meu projeto. Ele se afirmou:

— Eu vou ter de aprovar o projeto final.

As ondas cresceram, e ela se apoiou contra a grade.

— Qual parte de "carta branca" você não entendeu?

— A parte onde eu assino o cheque.

— Onde nós assinamos o cheque.

Ele chegou mais perto, e agora era intimidação pura.

— Certo. E seria melhor se "nós" ficássemos felizes, tanto com os projetos quanto com os custos.

— Não há limite no orçamento deste projeto.

Ele parou, colocando a mão na grade, quase a encur­ralando.

— Não vou deixar você levar minha empresa à falência.

Ela lutou para não reagir à proximidade dele.

— Como se eu pudesse fazer a Mellark Transportes falir! Você está me dando muito crédito.

— Você quer ver os balancetes?

— Quero ver um novo horizonte de Manhattan.

— É esse tipo de conversa que me assusta, Katniss.

A expressão intensa dele fez o coração dela bater mais rápido.

Os braços dele estavam a apenas alguns centímetros de distância dela. Peeta poderia alcançá-la a qualquer mo­mento, beijá-la, devastá-la.

A qualquer momento, ela se jogaria nos braços dele.

— Eu estava planejando mais luz. — Sua voz saiu sexy, rouca, e ela não conseguiu evitar. — Mais vidro. Um sa­guão maior. Escritórios mais amplos.

Ele tinha se aproximado?

— Escritórios mais amplos significam menos escritórios. Você sabe quanto vale o espaço no centro de Ma­nhattan? — A repreensão dele soou como uma carícia.

— Você sabe quanto vale impressionar futuros clientes? - Ela devolveu, seu cérebro lutando para manter os pensa­mentos coerentes.

Será que ela se aproximara?

— Acha que os fabricantes de peças para tratores e aparelhos de cozinha se importam com a aparência de meu saguão? — indagou ele, próximo a ela.

— Sim.

Eles se entreolharam em silêncio.

Algo perigoso faiscava nos olhos azuis de Peeta.

O corpo dela respondia com uma onda de calor e um surto de desejo.

— Aqueles que fazem peças para tratores também têm ingressos para o Lincoln Center. Eles se importam com seu saguão.

— É um edifício, não uma obra de arte.

O iate deu uma guinada, e a mão dele roçou a dela. Katniss quase gemeu em voz alta.

Ela cedeu a seu desejo e se inclinou de leve para a fren­te. A boca de Peeta se apressou em direção à dela. O braço livre dele a envolvia, pressionando suas costas, apertando-a enquanto o iate balançava.

Ela se encostou contra ele, os braços entrelaçados em torno de seu pescoço. Os lábios dela suavizaram-se, abriram-se. Ele murmurou o nome dela. A língua dele a invadiu, e seu gosto, combinado com o cheiro de ar salgado, a ondulação do iate e o calor das mãos dele, a fez gemer.

Ele se moveu, suas costas contra a grade. A mão livre acariciou seu rosto, seu cabelo, foi para o pescoço, para o ombro dela. Peeta empurrou a alça de seu vestido, e então seus lábios sentiram a pele nua, sensível.

Seus beijos e sua paixão fizeram-na engasgar. Katniss passou os dedos pelo cabelo de Peeta, pressionando o corpo firmemente contra o dele, movendo suas coxas enquanto a perna dele ficava entre as dela. A mão dele segurou seu seio por cima do leve tecido de seu vestido, enquanto os lábios encontraram os dela novamente, e ela se curvou para trás com a pressão de seu beijo.

O iate tornou a balançar, e eles perderam o equilíbrio, tropeçando.

Peeta rapidamente a segurou, apertando-a com força, os lábios junto ao ouvido dela.

— Você está bem? — A voz dele soou profunda.

— Eu... — ela murmurou, trêmula.

— Está pensando no que estou pensando?

— Que nós ficamos loucos? - Ele riu baixinho.

— Quase isso.

— Nós não podemos fazer tal coisa.

— Jura? — ironizou ele.

— Você precisa me soltar.

— Eu sei. — Ele não se moveu.

— Estou chantageando você, Peeta. Você está tentando me enganar e passar por cima de mim o tempo todo. E estamos nos divorciando.

— Contanto que sejamos claros durante o processo.

O frio na barriga de Katniss dizia que havia muito mais do que isso. Mas ela precisava lutar contra esses senti­mentos. Não podia se sentir atraída por aquele homem.

Eles eram adversários, e essa era a única chance de recomeçar sua vida. E ela não podia deixar que nenhum desejo sexual atrapalhasse isso.

— Você precisa me soltar, Peeta.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.



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