A Bastarda de Lily Potter - LIVRO 1 escrita por thaisdowattpad


Capítulo 32
1x32




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/766825/chapter/32

Capítulo Trinta e Dois
O primeiro.

Depois da descoberta, Tori e Cedrico passaram a andar mais juntos, o que reforçava o disfarce.

Enquanto todos pensavam que estavam perdidamente apaixonados um pelo outro, os dois estavam cada vez mais enfeitiçados por DCAT. O menino bem que tentou não se animar tanto no começo, mas acabou não resistindo e foi envolvido pela mesma empolgação da namorada.

Bangles pareceu ter ficado bem depois de seu retorno. Nunca mais agiu estranho com Tori, nem com ninguém. A empolgação nas aulas secretas acabou por trazer vida às suas aulas teóricas, que voltaram a ser uma das favoritas em toda Hogwarts.

Tori seguiu sem ter contato com suas antigas amigas, que pareciam fazer o mesmo por ela. E por não ser egoísta, havia combinado com os meninos um tempo para compartilhar eles com elas, pois não achava justo a amizade acabar totalmente por culpa dela. Então quando iria sentar com Cedrico na mesa da Lufa-Lufa, os três iam sentar no mesmo lugar de antes.

O clima pacífico seguiu por todo o mês de Abril, logo prosseguindo com a chegada de Maio.

Ao menos aparentemente.

No primeiro sábado de Maio, pela manhã, Tori estava outra vez sentada na mesa da Lufa-Lufa com Cedrico, que tagarelava sobre a aula de Transfiguração do dia anterior, enquanto ela apenas balançava a cabeça e fingia ouvir cada palavra.

Seu olhar estava na mesa da Grifinória, mais especificamente em Fred e Rita que conversavam só os dois faziam alguns minutos. Tori tentava a todo tempo desvendar as expressões deles para saber o que tanto conversavam, por mais que Fred fosse mesmo te contar tudo depois. Mas ambos estavam inexpressivos.

Até que Rita se levantou de maneira bruta, passou pelo banco e seguiu arrasada até a saída, enquanto Fred encarava suas costas e depois trocava olhares com o irmão, dando de ombros e voltando a tomar seu café da manhã.

— Alguma coisa aconteceu... — pensou alto, enquanto passava suas pernas para fora do banco.

— O que disse? — Cedrico a encarou, confuso.

— Cedrico, depois conversamos melhor. Com licença! — dito isso, a menina saiu correndo para a saída do Salão.

Assim que passou pela porta, Tori percebeu que não era mais preciso correr para alcançar Rita, pois a própria estava ali perto, encarando uma parede e com as mãos únicas nas costas.

Resolveu se aproximar devagar, para não surpreende-la. Então parou ao lado dela e a olhou, notando que a menina estava chorando.

— Rita, o que houve? — perguntou Tori, sem cogitar se aproximar um pouco mais.

— Fui uma idiota, para variar. Eu estraguei tudo! — Rita passou as mãos trêmulas pelo rosto e encarou a ex-amiga — Eu não deveria ter te tratado daquele jeito, agora por causa disso perdi nossa amizade e como consequência perdi o Fred também. Eu estou perdendo tudo! — chorou.

— Ele te deixou? — a expressão de Tori foi de lamento para susto — Olha, saiba que não tenho nada a ver com isso, até porque eu sempre falei para ele te conhecer melhor e dar chance. Quando brigamos, até deixei claro que não era justo ele e os meninos não falar mais com as senhoras! — se justificou.

— Eu sei que não tem nada a ver com você. Eu é que criei expectativas demais. Mas doeu e não é justo, ele não me deu muito tempo. Tenta falar com ele de novo, Tori... — se virou e deixou mais algumas lágrimas molharem o rosto.

— Desculpa, mas não vou me meter mais não. — negou.

Rita soltou um soluço de choro e assentiu. Depois se virou e saiu caminhando lentamente dali.

— Olha, Rita, uma coisa que aprendi vivendo em Little Whinging é me conformar com o pouco do amor que eu recebia. Chorar, bater o pé, tentar forçar a pessoa não adianta de nada. Quando deixamos para lá e focamos só no que já temos, o restante do amor acaba vindo para nós de graça! — Tori falou, fazendo a menina parar de andar e se virar para ela outra vez — Olha só: eu só tinha o Harry, a senhora Figg, talvez meus tios mesmo sem demonstração alguma. Depois apareceu o Akin, a Abie, o senhor Dumbledore, os meninos, os Weasley, o Olívio e até o pessoal do Time. Não dá para ficar mendigando amor das pessoas, isso assusta elas... — concluiu.

Rita acabou sorrindo fraco para aquelas palavras e tocou o rosto quando novas lágrimas surgiram. Diante disso, Tori seguiu rapidamente para perto dela e abraçou, passando todo seu consolo por alguns segundos.

— Se a senhora começar secando todas as essas lágrimas, já vai sentir uma diferença enorme! — passou as mangas de sua blusa no rosto da menina.

— Tori, você é mesmo especial, assim como Olívio sempre comenta com a gente quando tem oportunidade... — sorriu, para logo depois ficar séria outra vez — Será que podemos resolver tudo isso um dia? — perguntou.

— Rita, eu não guardo mágoas de ninguém... — Tori mexeu os ombros.

— Isso quer dizer que podemos resolver agora? — Rita abriu um sorrisinho animado.

— Por mim está tudo resolvido, só não me pede para chamar as senhoras de "amigas" outra vez, porque não vou conseguir. Não ainda, mas também não sei dizer quando exatamente. — segurou o pulso em um gesto nervoso.

— Tudo bem, eu te entendo. Também seria estranho tudo voltar ao normal tão rápido depois do que aconteceu. Não é a primeira briga... — ela concordou, mesmo se querendo o contrário.

— Pois é. — abriu um sorrisinho.

O assunto entre as duas chegou ao fim quando as portas do Salão Principal foi aberta e dezenas de alunos começaram a passar por ali. Rita acenou como despedida, antes de desaparecer no turbilhão de alunos.

— Por que está com essa cara de pastel, Tori? — Jorge surgiu ao lado da menina e ficou a encarando.

— Pergunte ao seu irmão! — resmungou e saiu apressada dali, deixando ele e os outros dois com interrogações.

◾ ◾ ◾

Aproveitando que o dia estava instável e a chuva de primavera parecia ter dado uma trégua, a Sala Comunal da Grifinória estava vazia, exceto por Tori e Jeniffer, que estavam sentadas no tapete uma de frente para a outra, enquanto Tori desabafava com a menina os mistérios que a rodearam durante o ano levito.

— Por sua sorte, por gostar tanto de Jornalismo eu tenho um pouco de facilidade investigativa e vou te ajudar a resolver tudo! — Jeniffer falou, enquanto colocava no meio das duas uma pasta cheia de recortes e anotações em pergaminhos.

— Mas como vamos fazer isso sem as pistas? Me roubaram todas! — murmurou Tori, abaixando o olhar.

— Não todas. Acredito que tem alguma coisa na sua memória, certo? — sorriu.

— Isso é. Tudo o que sei é dos bilhetes que se destroem sozinhos, lembro cada mensagem. Também tem o diário do ou da "A. R. L.", que não faço ideia de quem seja. É tudo o que temos. — foi erguendo os dedos para numerar os itens.

— Vamos começar pelos bilhetes. Eles se destruíram, porém você deve se lembrar mais ou menos a caligrafia, certo? — perguntou, pegando um pedaço de pergaminho e colocando perto de sua pena.

— Sim. — concordou.

— Conseguiria reproduzir? — Jeniffer colocou o pergaminho em cima da pasta.

— Não sei. Mas posso tentar, mesmo não lembrando de todos os detalhes... — Tori mexeu os ombros e pegou a pena.

— Já ajuda. Podemos procurar alguém com caligrafia semelhante. Se bem que é possível que a pessoa tenha mudado a caligrafia de propósito para não ser procurada. Ou achou que acharíamos essa ideia tão óbvia que nem usaríamos, então resolveu usar a própria! — cogitou a menina.

— Faz sentido. Vou começar, então. — se abaixou um pouco para perto do pergaminho e começou a rabiscar, enquanto Jeniffer a observava.

Desde que começou a tentar, Tori precisou de mais pedaços de pergaminhos para rabiscar. Por mais que se lembrasse, não conseguia reproduzir com a perfeição que gostaria. Errar poderia comprometer um inocente.

— Eu não consigo! — Tori reclamou após algum tempo — Tenho medo de reproduzir errado e pegar a pessoa errada! — apertou as têmporas e suspirou pesado.

— Tori, nós só precisamos da semelhança, não precisa ser idêntico. Fora que não vamos sair encurralando o suspeito, só vamos observar os passos dele e pegar provas o suficiente para só então entregar ao Dumbledore! — ela tocou o ombro da menina e apertou de leve — Tente. Pense o quando vai ser bom acabar com esse mistério. Pense no alívio! — afastou a mão e juntou todos os pedaços de pergaminho, colocando lado a lado ao lado das duas.

Em silêncio, Tori passou a observar com precisão todos os rabiscos que havia feito, a caligrafia que mudava em poucos detalhes uma da outra. Foi observando cada uma delas, até pegar um dos bilhetes e observar de perto.

— É esse. — falou, enquanto erguia os olhos para Jeniffer — É nesse que vamos nos basear para procurar quem está escrevendo esses bilhetes esquisitos! — falou.

— Começamos a procura na segunda. Se prepare! — Jeniffer juntou os outros bilhetes e guardou dentro de sua pasta.

Tori assentiu e olhou o bilhete outra vez.

◾ ◾ ◾

Depois de passar mais algum tempo com Jeniffer, onde passaram a tentar criar uma lista de nomes conhecidos por elas onde as letras "A. R. L." se encaixavam, Tori se despediu e saiu da Comunal para procurar por Cedrico e conversar um pouco com ele, levando em consideração que havia o deixado falando sozinho mais cedo.

Seguiu direto para o pátio, onde se concentrava boa parte dos alunos àquele dia, e o encontrou lendo um livro no parapeito de uma das aberturas que separava o pátio do corredor dentro do castelo. Seguiu para perto dele e se sentou ao seu lado.

— É sábado e falta horas para nossa aula. Largue esse livro, vamos fazer alguma coisa. — pediu e tentou tocar no livro, que foi desviado.

— O que é mais interessante do que estudar? — Cedrico a encarou brevemente, logo abaixando o olhar para as páginas.

— Tipo, me dar mais atenção quando eu estiver falando. Quer que os outros desconfiem? — reclamou, enquanto cutucava a capa.

Diante disso, Cedrico fechou o livro e o colocou de lado, dando toda sua atenção para a namorada.

— Cade seus outros amigos? Vocês sempre andam tão juntos. — o menino perguntou, enquanto vasculhava o pátio.

— Não faço a mínima ideia. Mas provavelmente estão aprontando por aí! — Tori deu de ombros.

Diante de alguns olhares curiosos, Cedrico agiu e se sentou mais perto da menina, apoiando um braço em volta dos ombros dela.

— Eu já te falei o quanto isso é desconfortável? — ela fez uma caretinha.

— Só umas trezentas vezes! — riu, sendo acompanhado pela namorada.

O clima tranquilo e divertido acabou, quando Tori foi puxada para trás e ficou com as costas alguns centímetros do chão do corredor, sendo segurada pelos braços.

— Oi, Elfo-Doméstico! — os dentes feios de Flint se mostraram em um sorriso maldoso.

— Flint! — Tori grunhiu, irritada — Trate de me erguer de volta! — berrou.

— Não sei se quero... — o garoto ponderou.

Mas para seu completo contragosto, Cedrico segurou e puxou a menina rapidamente de volta ao pátio, a libertando do engraçadinho.

— Suas brincadeiras são sempre tão patéticas, Flint, não consegue perceber sozinho? — perguntou, enquanto encarava o garoto bem mais alto, que passava pela abertura e chegava ao pátio.

— Uh, esqueci que o Elfo está em companhia agora. Mas isso é ótimo, é um menino. Posso fazer com você o que não posso fazer com ela! — dito isso, puxou Cedrico pelo colarinho e o obrigou a ficar na ponta dos pés.

— Solta ele, seu covarde, solta! — Tori segurou o braço do mais velho e começou a chacoalhar.

— Solta ele, Flint! — três vozes conhecidas surgiram ali.

Tori se afastou do garoto e se virou para observar, vendo Lino, Fred e Jorge caminhando apressados até a confusão.

— Que é isso? Revolução dos Duendes? — debochou Flint, destacando o fato de ser mais alto.

— Só solta ele e seguimos tranquilos o restante do nosso sábado. — Lino pediu, mais calmo que os outros dois.

— Solta logo! — a menina tenho avançar de novo, mas foi impedida por Fred que fez um sinal que ela não entendeu bem.

— Talvez... Mas depois de deixar minha marca. — Flint ergueu o punho e se preparou para acertar Cedrico.

— Eu não faria isso se fosse o senhor! — McGonagall o surpreendeu, surgindo de repente por suas costas.

Imediatamente Flint soltou Cedrico, que cambaleou para trás e foi amparado por Tori e Jorge.

— Olha, professora, eu... Bom, eu só... — tentou se explicar, mas foi calado por um único olhar zangado da adulta.

— Eu sei bem o que fez. Me acompanhe até minha sala, por gentileza. Aproveite que estou sendo gentil, senhor Flint! — McGonagall o interrompeu e se virou para sair dali.

Assim que a professora e o encrenqueiro sumiram de vista, Tori se virou para os amigos e abriu um enorme sorriso.

— Foram os senhores? — perguntou.

— Claro. Avistamos a professora logo depois que vimos a confusão aqui. Resolvemos juntar o útil ao agradável! — Jorge respondeu e deu de ombros — Tori, o que foi? — arregalou os olhos.

Para a surpresa e confusão dos quatro meninos, Tori começou a chorar. O estranho era que sorria e chorava ao mesmo tempo.

— Os senhores... — apontou para os três amigos — Estão amadurecendo. Ah, estão crescendo... Meus meninos estão crescendo! — secou algumas lágrimas, sendo surpreendida por mais.

— E o que isso tem a ver? — Fred fez uma careta e mexeu no cabelo.

— Antes, os senhores iriam pular em cima do Flint e socar. Dessa vez preferiram chamar ou atrair algum professor para flagrar ele. Isso é maturidade! — Tori explicou, ainda chorosa.

— Você é doida, Tori! — gargalhou Lino, sendo contagiado pelos outros e recebendo um revirar de olhos da menina.

— Obrigado, pessoal. — Cedrico agradeceu após algum tempo calado.

— Não tem de quê, cara. Você agora é namorado da nossa melhor amiga, meio que faz parte do nosso grupo. E com nosso grupo ninguém mexe e fica por isso mesmo! — disse Jorge, enquanto estendia a mão para o menino e os dois apertavam.

— Pois é. São um casal meio estanho, mas a felicidade é o que importa! — assentiu Fred, também apertando a mão de Cedrico.

— Somos reservados, só isso. — Tori defendeu, enquanto observava o amigo exagerar na força do aperto.

— Reservados ou estão mentindo o namoro para esconder alguma coisa? — o menino continuou a duvidar.

— Mas é claro que não estamos mentindo. Eu quase apanhei para defender ela, quer mais romance que isso? — se defendeu Cedrico, enquanto massageava a mão apertada demais.

— Isso qualquer um pode fazer, não só um namorado. O Olívio já fez, o Fred, o Carlinhos... E nenhum é namorado dela! — até Jorge se envolveu no interrogatório.

— Meninos, parem de graça. Acabei de falar que eram maduros, mas parece que falei cedo demais! — a menina reclamou, tocando o pulso do namorado e o levando embora dali.

Alguns passos e Cedrico soltou seu pulso, sempre tendo de mostrar para a menina como namorados andam de mãos dadas. Ele entrelaçou os dedos e a puxou para voltar a andar.

— Por isso que todos duvidam do nosso namoro. Você sempre quer andar como duas comadres! — reclamou, enquanto começava a rir — Tori, o que foi? — estranhou quando ela travou no lugar.

— Cedrico, me perdoe... — Tori pediu, causando uma expressão confusa no menino.

Logo depois ela soltou sua mão e segurou a cabeça de Cedrico, o puxando para perto e selando os lábios por alguns poucos segundos.

Quando se afastou, o rosto do menino demonstrava choque, além de estar muito vermelho.

— Tori, eu... — tentou falar, mas foi interrompido.

— Me perdoe. — pediu mais uma vez, antes de sair correndo dali.

◾ ◾ ◾

Depois de sua completa loucura, Tori passou a tarde dentro de um box no banheiro da Murta, enquanto ela chorava em um e o fantasma chorava no vizinho. Perdeu todas as refeições do dia, envergonhada e chateada demais para aparecer.

Mais uma vez havia cedido às pressões e feito o contrário do que realmente gostaria. Havia encostado os lábios em alguém que não amava, além de tirar o mesmo direito do menino que pensava exatamente como ela.

Sentia que estava se transformando em alguém que jamais pensou se tornar um dia. O pior era ver isso acontecer e parecer não ter controle nenhum sobre isso.

Mesmo envergonhada, acabou se controlando e conseguiu sair do banheiro logo após o horário de início do jantar. Desceu até a porta do Salão e ficou ali esperando a saída do professor Bangles.

Quando aconteceu, percebeu que ele já estava acompanhado de Cedrico.

— Victória, por onde andou? Te procurei faz algumas horas para avisar sobre nossa aula, que hoje vai ser na Torre de Astronomia. A chuva nos pegou de surpresa, vai ter que ser aula teórica hoje! — Bangles explicou enquanto passava apressado pela menina.

— Estive ocupada, foi por isso que não me encontrou. — explicou Tori, enquanto se virava para seguir o adulto.

— Está tudo bem? Parece que andou chorando... — ele reparou.

— Está tudo bem, professor, não se preocupe! — sorriu para tranquiliza-lo.

Assentindo uma vez, o professor apressou mais ainda os passos e deixou os dois alunos para trás, assim como de costume. Os três serem vistos juntos era um tanto suspeito.

— Você não comeu nada o dia todo. Te trouxe uma maçã para não passar mal! — Cedrico retirou do bolso a fruta e entregou para a menina.

— Obrigada! — ela agradeceu e deu várias mordidas na fruta, deixando a boca completamente cheia.

Entendendo que ela não queria conversa, Cedrico desistiu de tentar e os dois seguiram rumo a Torre de Astronomia em completo silêncio.

Chegaram lá alguns minutos depois do professor, que já começava a montar a estrutura da aula.

— Prometo tentar deixar nossa aula de hoje tão dinâmica quanto seria sendo prática. Vou usar bonecos pequenos para demonstrar, levando em consideração que não temos tanto espaço para usar. — começou Bangles, enquanto montava uma lousa e tinha um pouco de dificuldade nisso, o que parecia irritá-lo muito.

— Tudo bem, professor, sei que vai ser uma ótima aula como sempre. — Tori seguiu para perto dele e o ajudou, fazendo o rosto ficar sereno imediatamente.

— Obrigada. — sorriu e moveu a varinha, começando a delinear linhas e fazer criar formas.

A menina voltou para perto do namorado, cruzando os braços braços e esperando o professor terminar.

— Podemos conversar enquanto ele não termina? Quero conversar sobre aquilo... — Cedrico tentou puxar assunto.

— Professor, que ano o senhor estudou aqui? — o ignorou indo para perto do adulto outra vez.

— De 1971 a 1978. Por quê? — respondeu sem erguer o olhar.

— Nossa, o senhor esteve em Hogwarts no mesmo ano que meus pais. Pode me contar um pouco sobre eles? Por favor! Por favor! — se animou com aquela conversa que começou sem intenção.

— Olha, eu não sei se quero entrar nesse assunto. — Bangles a olhou.

— Por que não? — o sorriso desapareceu.

— Porque não quero acabar contando demais, entende? — começou a revirar sua bolsa.

— E o que o senhor poderia contar de tão grave? Espera, aconteceu alguma coisa séria nesses anos que o senhor esteve aqui? Agora vai ter de me contar. Anda, professor, não seja ruim! — suplicou Tori, segurando o braço dele e o impedindo de continuar.

— Eu não posso, Tori, não é da minha conta. Por favor, entenda! — soltou as mãos dela gentilmente e voltou a se virar.

— Conta logo, professor. Sabe que ele esconde um segredo seu, não é? — Cedrico se intrometeu e foi um pouco mais ousado.

— Espera... Isso é uma chantagem? — perguntou ainda sem se virar.

— Não. O senhor vai nos contar de boa vontade e não vamos precisar usar isso. Por favor, professor. A menina só conhece os pais pelos resumos dos livros. Conte a ela como Lily e Tiago eram de verdade, a versão que os livros não contam. — foi para perto do professor — Anda, Bangles... — esticou a mão para tocar as costas dele.

Poucos centímetros de distância e Bangles se virou muito rápido, agarrando e erguendo o aluno pelos ombros.

— Você não pode me obrigar. Não pode! — estranhamente, ele chorava e estava de olhos fechados — Não mais! — e se virou muito rápido para a ponta da Torre, arrastando o menino consigo.

— Pirou, professor? Me solta! — a voz de Cedrico saiu um pouco trêmula.

O homem seguiu muito rápido para a ponta e encostou as cotas do menino no parapeito, fazendo com que a chuva o molhasse. Cedrico acabou virando um pouco o rosto, olhando a altura lá embaixo. Com isso, ele agarrou as mangas da blusa de Bangles desesperadamente.

— Solte ele em segurança agora! — Tori ordenou, enquanto apontava a varinha para as cotas do professor — Se não soltar, vou te cortar todo sem nem me preocupar em ir para Azkaban! — ameaçou.

Tão rápido quanto os surpreendeu, Bangles puxou Cedrico de volta e o soltou, acabando por cair de joelhos e apertar a própria cabeça.

Tori puxou Cedrico pela mão e o abraçou muito rápido, soltando um suspiro de alívio. Os dois correram para longe dali sem ao menos olhar para trás.

— Duas vezes. — Cedrico ofegou — Duas vezes que tento te defender e quase me ferro! — reclamou da própria sorte.

  ◾ ◾ ◾ ◾ ◾ ◾ 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!