A Bastarda de Lily Potter - LIVRO 1 escrita por thaisdowattpad


Capítulo 15
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Capítulo Quinze
Olívio Wood.

O Corujal estava silencioso. Algumas corujas cochilavam, outras comiam, outras simplesmente moviam a cabeça e um lado para outro olhando algo que não se podia saber o que era.

Tori estava em um canto dando comida para Kiki. Estava amuada, mas naquela vez estava decidida a tentar não chorar. Ao menos naquele segundo.

Ergueu o rosto apenas quando ouviu alguém entrar ali, vendo Dumbledore caminhar despreocupado com as mãos cruzadas nas costas.

— Eu posso não ser boa nisso... — murmurou para o diretor antes mesmo que ele dissesse alguma coisa.

— Está tudo bem, Victória. — Dumbledore se aproximou — Olá, Kiki! — coçou a cabeça da coruja. 

— Não, não está! — Tori fungou e coçou os olhos — Parece que todos esperam muito de mim, eu mesma espero muito de mim, e eu não consigo superar nem 1% das expectativas. Talvez a senhora Skeeter tenha mesmo razão, eu sou só um rascunho que não herdou as melhores coisas! — muitas lágrimas molharam o rosto da menina.

— Não diga isso. Cada um é especial à sua maneira. Você e nem ninguém tem que esperar que seja como alguém já foi. Você é você. Já disse que é única! — o diretor deu uns tapinhas nas costas da menina — Anda, se anime. É seu primeiro mês. Muitas coisas irão acontecer ainda! — avisou.

— Minha mãe também teve problemas com vassoura? — insistiu a menina.

— Victória... — suspirou.

— Eu só preciso de algum consolo por ser tão ruim, já que meu pai tinha tanta facilidade. Eu preciso entender, só isso! — ela falou em tom de súplica e encarou o adulto nos olhos. 

— Esta foi sua primeira aula, é totalmente natural não ir tão bem. Você vai conseguir! — Dumbledore deixou claro que o assunto acabava ali e foi para perto de uma outra coruja.

— Tudo bem. — passou a manga da camisa pelo rosto, mas dessa vez tomando cuidado para não tira-la no lugar.

— Conheço uma pessoa que adoraria te ajudar, caso queira. Ele tem muita aptidão com vassoura! — o diretor deu uns petiscos para alguma aves.

— Isso seria muito bom, senhor Dumbledore! — enfim conseguiu sorrir.

◾ ◾ ◾

Mesmo se tratando de seu defensor contra Flint, Tori se sentiu insegura enquanto observava o garoto de longe. Algumas meninas, inclusive mais velhas, o rodeavam e soltavam risinhos por alguma coisa engraçada que ele dizia.

Precisou respirar fundo algumas vezes, antes de caminhar em direção ao grupo. As garotas a encararam com sorriso reprimido e então se voltaram para o garoto outra vez.

— Olívio Wood? — Tori perguntou o óbvio.

— Sim. Como vão as coisas? O imbecil do Flint te deixou em paz? — o garoto, Olívio, perguntou.

— Estão bem, mas acho que longe de terminar... — segurou o pulso — Mas não foi para isso que te procurei. É uma outra coisa. E é secreto! — olhou desconfortável para as outras meninas.

— Ah, ok. Meninas, nos falamos depois, sim? Desculpe! — Olívio falou após as garotas saírem dali um pouco irritadas.

— Não se preocupem, meu interesse não é físico! — Tori falou para elas, mesmo sendo ignorada.

Olívio riu.

— O que houve, Tori? — ele se encostou na parede e cruzou os braços.

— Alguém me disse que o senhor tem muita aptidão com vassoura... — começou ela, mas não tendo coragem de ir direto ao assunto.

— Disse, é? — sorriu sem esconder seu orgulho — E o que mais? —esperou.

— E eu não tenho aptidão com vassoura. — sussurrou para ele e depois continuou em tom normal — O senhor Dumbledore me disse que o senhor poderia me ajudar. Sabe... sem público para ver minha desgraça. — abaixou o olhar.

— Eu aceito. — concordou na mesma hora — Mas pare de me chamar de "senhor". Eu não sou tão mais velho que você! — ele riu.

— Acredite, eu faria se conseguisse. — lamentou e riu — E muito obrigada por tentar fazer alguma coisa por mim outro dia. Só resolveu por hora, mas valeu a tentativa... — sorriu.

— Não se preocupe. Vamos abaixar a prepotência desses Sonserinos quando a Grifinória derrotar eles não só no Quadribol, como na Taça das Casas. Vai ficar tudo bem para você! — deu uns tapinhas nos ombros dela.

— Não deveria cantar vitória antes da hora. Já vi gente se dando mal por isso! — deu de ombros — Enfim, obrigada pela ajuda, Olívio. Agora vou ir, está bem? Depois combinamos os horários para "aquilo". — Tori tentou ser discreta, mas recebeu o olhar estranho de alguns alunos que estavam ali por perto.

◾ ◾ ◾

Algum tempo depois |

Outubro não tardou a chegar. Com ele, Tori já havia melhorado muito com a vassoura e conseguia ficar muito mais que dois minutos em cima, antes de começar a dar sinais de que era hora de voltar para o chão.

Ela e Olívio se tornaram grandes amigos e os encontros nos fins de semana, para as aulas de vôo, se tornaram muito aguardados. Quando ele não estava falando sem parar sobre Quadribol, tinha um papo agradável.

— Foram os dias mais esquisitos da minha vida. Primeiro a amnésia da senhora Breslin, depois Abie passando mal logo após me irritar, o detalhe do zelador novo que desapareceu logo após ter um papo estranho comigo, por último a piscina assassina! — explicou Tori enquanto caminhava para o salão principal — Estou super ansiosa para encontrar o Akin e ter mais informações sobre o que pode ter acontecido. Quero logo que o tal Ministério resolva isso e as pessoas do meu bairro voltem a viver em segurança! — suspirou.

— Essa é a coisa mais bizarra do mundo. Por que alguém iria querer machucar de alguma forma quem tenta te fazer mal? Que injustiça que isso não aconteça aqui, pois muita gente ia se ferrar! — Olívio comentou, lançando olhares raivosos para Flint enquanto passavam perto da mesa da Sonserina.

— Eu não desejaria mal para uma pessoa... — encolheu os ombros.

— Nem desejaria o que elas merecem? — o garoto se sentou em um lugar vago da mesa da Grifinória.

— Não sei o que elas podem merecer, então não. — se sentou ao lado dele.

— Você é inacreditável, Tori! — riu.

— Acha que eu não sei? — gabou-se e jogou o cabelo para trás, brincalhona.

— Oi, Tori. Você não vem? — Fred, que estava passando por ali, perguntou.

— Ah, oi. Chame os meninos, venham se sentar aqui comigo e com o Olívio. Aproveitam e vão se conhecendo, já que pretendem entrar para o time de Quadribol ano vem! — sugeriu Tori, encarando o amigo e sorrindo.

— Não vai dar. Estamos eu, Jorge, Lino, Angelina, Alicia, Rita, Jennifer e Laura. Aqui não tem espaço! — o menino negou.

— Nós damos um jeito, oras! — deu de ombros.

— Não, fica para uma próxima! — dito isso, se virou e saiu andando.

— O que deu nele? — resmungou a menina — Mas vou ver se está tudo bem. Vai que ele está passando por algum problema... — girou as pernas para fora do banco.

— Ciúmes... — Olívio cantarolou e encarou os dedos de sua mão.

— Ciúmes? Por que estaria? Ele sabe que, mesmo sendo cedo, ele se tornou meu melhor amigo na ausência do Harry, e ninguém tira esse lugar dele! — apoiou o braço na mesa e suspirou.

— Coisa de macho, você não entenderia... — o garoto deu de ombros.

— Os senhores são uma raça estranha! — comentou Tori, enquanto forçava o corpo para se levantar.

Mas algo a fez se sentar de novo com uma mão sobre as costelas. Uma careta de dor percorreu brevemente seu rosto, antes que ela respirasse fundo e voltava a agir naturalmente.

— O que foi isso? — o recente amigo a encarou de sobrancelhas erguidas.

— Gases! — falou a primeira coisa que veio à mente e saiu apressada dali.

◾ ◾ ◾

Bem melhor do que no momento que deixou o salão principal, Tori seguiu para o local indicado para a aula de DCAT àquele dia. Encontrou alguns alunos de sua turma seguindo para a mesma direção, mas nenhum era quem esperava cruzar.

Os alunos chegaram até o campo de Quadribol, onde alguns alunos da Sonserina foram vistos. O professor, Gary Bangles, um homem aparentemente jovem, mas com corte de cabelo um pouco mal feito e que o envelhecia, conversava com alguns deles.

Tori se aproximou da turma um pouco desanimada, mas logo conseguiu se animar um pouco ao perceber que seus amigos estavam ali. Foi imediatamente para perto deles, mas não sem antes ouvir algumas gracinhas de algum aluno da Sonserina. Ela tentou ignorar e parou perto de Fred.

— Oi, gente. — cumprimentou todos os conhecidos.

— Oi, Tori. Quanto tempo! — ironizou Jorge.

— Por onde anda? Quase não estamos te vendo fora do horário das aulas! — Lino comentou.

— Desculpa... Eu ando estudando muito por ter vindo para cá sem saber nem que meu pai foi um "astro" do Quadribol por aqui. Fora as atividades dos professores. Eu sinto muito, pessoal, não queria deixar ninguém de lado! — lamentou, suspirando.

— Relaxa, estamos brincando! — riu Jorge, dando uma pequena cotovelada nas costelas dela.

Com o contato, Tori apertou os lábios e sentiu os olhos involuntariamente ficarem repletos de lágrimas. Ela tentou disfarçar, mas falhou em primeiro momento.

— Dramática, nem doeu! — reclamou o menino.

— Eu estava brincando e o senhor acreditou... — ela respirou fundo e soltou um riso estranho.

— Depois eu que sou o engraçadinho! — ele riu.

— Bom dia, turma! — o professor cumprimentou todos.

Só então Tori reparou em um outro espaço do campo haviam linhas. Uma central, uma mais ao fundo do lado esquerdo e outra para o fundo do lado direito. Ela não entendeu muito para que serviria aquilo, mas esperou pelas explicações do professor.

— Sei que isso parece confuso para vocês... — foi para perto das linhas — Mas vou explicar já. Primeiro, quero que cada turma fique em um lado da linha central. — falou.

— Desculpe o atraso, professor! — uma voz conhecida surgiu ali.

— Sem problemas, Wood. Agradeço muito por ter vindo me ajudar! — Bangles sorriu para o aluno — Muito bem, turma, hoje vocês irão praticar a DCAT em uma situação de, digamos, ação e pouco tempo para pensar. Acredito que alguns nascidos-trouxas ou que vivem em mundo trouxa devam conhecer um jogo chamado "Queimada". Hoje vocês irão jogar uma versão adaptada para o mundo bruxo e, para a revisão do conteúdo do mês anterior. — explicou.

Todos encaravam o professor atentamente, outros com muita confusão na expressão.

— O jogo consiste em eliminar o maior número de pessoas do time rival. No mundo trouxa é utilizado uma bola, uma espécie de Goles, mas aqui vocês utilizarão a varinha, atacando o adversário com os feitiços aprendidos nas aulas. O adversário terá de ser rápido para impedir seu ataque com um novo feitiço. Se for atingido e permanecer enfeitiçado por mais de cinco segundos, está fora. Antes disso, o grupo terá o mesmo tempo para o contra-feitiço. Sendo assim, dificultem e usem feitiços mais potentes para segurar o adversário mais tempo ao chão! Para não facilitar o jogo, os que forem eliminados ficarão atrás dessa segunda linha, sendo Sonserina atrás da linha da Grifinória e vice-versa, e atacarão também, mas sempre após o ataque de seu grupo, que funcionará como se um jogador passasse a Goles para outro. Nunca ataquem as duas linhas de uma só vez, pois acarretará a eliminação do jogador que ainda ainda estava em jogo. Olívio veio justamente para me ajudar a ficar de olho nas regras, enquanto eu presto a atenção em cada um, se aprenderam os feitiços corretamente e o que precisam melhorar. — Bangles se afastou do espaço das linhas — Pode parecer um jogo bobo, mas quero desde já mostrar à vocês que quando for o momento de se defender ou de atacar, não terão muito tempo para pensar. Quero que se defendam como se suas vidas dependessem disso, quero que ataquem como se fosse sua única escolha na situação. Por favor, cada sala em um lado da linha central! — apontou para os lugares.

As duas turmas seguiram para os espaços indicados. O professor e seu ajudante deram alguns passos para trás.

— Professor, o que o time vencedor ganha? — Alicia perguntou.

— Aprendizado, oras! — ele riu — Tudo bem... serão 30 pontos para o aluno que sobrar! — confessou, causando sorrisos animados nos alunos.

— Que legal, Fred, o senhor poderá recuperar seus 30 pontos! — Tori sussurrou para o amigo, animada, mas o mesmo não retribuiu.

— Vou ficar de olho caso apenas alguns estejam defendendo o grupo. Quero todo mundo envolvido, ok? — encarou todos.

— Professor, será que eu podia só assistir dessa vez? Estou me sentindo mal desde a hora que acordei... — suspirou Tori, abaixando o olhar.

— Está certo, Tori, mas sua turma já começará com um a menos. — o professor avisou.

— Vai ser mais fácil do que eu imaginava! — ouviu um Sonserino debochar.

— Então eu fico. Não estou tão mal assim a ponto de deixar a turma na mão. Eu aguento! — abriu um sorriso não muito verdadeiro.

— Muito bem. Levando em consideração que a Grifinória já está com 30 pontos a menos, começa a jogada quem está em vantagem. Sonserina, se preparem para atacar, escolham o alvo. Grifinória, fiquem atentos para se proteger. O jogo começa... Agora! — deu uns passos para trás.

Os alunos da Sonserina ficaram em posição de ataque. Os da Grifinória nem piscavam, temendo ter o primeiro integrante eliminado. Um dos alunos ergueu o braço enquanto encarava um alvo, mas acabou girando o braço e focando em atacar um outro, ataque cujo fora bem rápido.

— Estupefaça! — pronunciou mirando em um Grifinório.

— Protego! — no mesmo instante Angelina usou um feitiço protegendo o aluno, que estava ao seu lado — Preste atenção na próxima! Foco, pessoal! — reclamou.

— Estupefaça! — um aluno falou em meio a reclamação da menina, conseguindo acertar um dos oponentes.

Os minutos seguiram com muita determinação de ambos os grupos, que estavam quase empatados. Alguns alunos já estavam atrás das linhas extras, onde o jogo havia chegado a um nível mais difícil, sendo cada um alvo de dois lados e tendo de redobrar a atenção.

Tori estava muito suada e os cabelos estavam presos em um coque um pouco descabelado no topo de sua cabeça. Por ser pequena, era ágil. Mesmo quando não estava em perfeito estado de bem-estar.

Junto a ela ainda estavam Fred, Jorge, Angelina e Alicia, que estavam levando a situação extremamente a sério, contra mais cinco alunos da Sonserina. Um empate que estava deixando a todos muito tensos.

— Estupefaça! — um Sonserino da primeira linha gritou.

— Protego! — Fred se protegeu do ataque.

— Estupefaça! — o da linha extra atacou logo em seguida.

— Carpe Retractum! — Tori pronunciou, apontando para o amigo.

Mas diferente do que esperava do feitiço, que era mover o menino do lugar para não ser atingido, ela quem foi atraída direto para ele. Os dois se tombaram e caíram no chão, onde um grito super alto da menina foi ouvido em seguida.

Tori gritou mais uma vez e começou a chorar, enquanto as mãos tremulas tocavam a região de suas costelas. Fred a encarou, assustado, e o professor correu até ali.

— O que houve? — Bangles se abaixou para encarar os dois alunos.

— Nós só nos trombamos e caímos, professor, e foi ela que caiu em cima de mim, não ao contrário! — Fred se explicou, muito assustado em ter machucado a menina.

— Victória, fale comigo!? — o professor pediu, tentando tocar a aluna.

Tori agora estava com o rosto vermelho, como se sofresse um grande esforço. Ela não mais gritava, mas ainda chorava e tinha as mãos no mesmo lugar.

Preocupado, Bangles puxou as mãos do lugar e ergueu a camisa o suficiente para ver a região das costelas da menina, onde um grande hematoma estava presente e um dos ossos estava afundado para dentro.

— Santo Deus! — o professor arregalou os olhos — Estão dispensados por hoje. Eu vou levar a aluna para a Ala Hospitalar. Se comportem no caminho de volta ao castelo, pois Olívio me passará tudo! — dito isso, ergueu Tori para o colo e saiu apressado dali.

◾ ◾ ◾

— Victória, eu preciso que seja sincera comigo. Só tem nós duas aqui e te juro que esta conversa não sairá daqui. — Pomfrey perguntou, de pé ao lado do leito de Tori — Tem alguém te machucando? Porque acho bem impossível alguém fraturar duas costelas levando uma queda simples. A não ser que esteja com problemas graves de cálcio nos ossos! — a encarou.

— Devo ter isso aí mesmo, porque fiz eu simplesmente caí. Essa é a mais pura verdade! — Tori respondeu tocando de leve seu ferimento.

— Tudo bem se não quer dizer nada. É um direito seu. Mais sabe que enquanto você não contar, isso não vai parar, não é? — a curandeira suspirou.

— Isso o que? Senhora Pomfrey, será que posso descansar um pouco? Suas poções me deixam um pouco mole... — mudou o rumo da conversa.

— Está bem, Victória. — assentiu Pomfrey, cobrindo sua paciente até a altura dos ombros — Fique bem! — e se afastou.

Tori fechou os olhos e suspirou de leve, ainda temendo que a dor que sentiu minutos atrás voltasse. Ela cobriu o rosto na altura dos olhos e se permitiu chorar. Estava esgotada psicologicamente, coisa que nunca chegou a acontecer em Little Whinging.

Talvez sua tia tivesse mesmo razão: o mundo bruxo iria mata-la. Só não imaginava que fosse acontecer tão rápido. Não imaginava que não fosse aguentar todos os anos que sua mãe aguentou, antes de morrer como uma heroína.

A quem ela queria enganar? Sentia que nunca chegaria a 1% do nível dos seus pais. 1% do que um dia eles foram.

Seus devaneios foram interrompidos quando ouviu uma pequena discussão na porta da Ala Hospitalar. Tori abriu os olhos e virou o rosto, a tempo de ver um vulto ruivo surgir correndo e Pomfrey super irritada logo atrás.

— Tori, você está bem! — Fred chegou até a cama.

Mal encostou e foi puxado para trás por uma força invisível. Pomfrey empunhava sua varinha e usava algum feitiço para afastar o menino dali.

— Eu só quero ter uma palavrinha com ela, por favor! — o menino protestou, chateado.

— Por favor, senhora Pomfrey, deixe ele! — Tori suplicou.

— Não. Você disse e realmente precisa descansar. Terá tempo de sobra quando sair daqui! — negou a curandeira, agora guiando o menino até a porta.

— O que está acontecendo aqui? — Bangles surgiu junto com Olívio.

— Eu só queria ver como a Tori estava... — murmurou Fred.

— E viu, passando por cima das minhas ordens de que não poderia entrar! — grunhiu Pomfrey.

— Agora você tem aula de Poções. Vá para lá e mais tarde juro que te trago aqui para vê-la. — o professor prometeu.

— Espera... Ele vai entrar agora? — o menino apontou para Olívio.

— Ele está comigo. Viemos rápido, mas já vamos embora! — se explicou.

— E vai deixa-lo entrar e eu não? — agora cobrou explicações de Pomfrey.

— Exato. — ela abriu um sorriso perverso.

— Tori, você quer ver ele ou quer descansar? — agora chamou a atenção da amiga, que prestava atenção na confusão.

— Bom, eu... Não seria educado recusar uma visita. — coçou a testa e encarou amigo de volta.

— Quer saber? Esquece! — dito isso, Fred sumiu de vista.

— Fred, volta aqui! — Tori se desesperou e quase levantou da cama, sendo impedida por um novo feitiço de Pomfrey.

— Está tendo piorar seus ferimentos, menina? — resmungou.

— Não se preocupe, Fred só está com aquele mesmo problema que te falei. Logo passa! — Olívio foi para perto do leito de Tori, enquanto os dois adultos se afastaram para um outro canto da Ala.

— Eu não sei. Faz tanto tempo que não tem sido divertido entre nós dois. Aliás, eu nem estou tendo tempo para meus amigos. Olívio, acho melhor darmos um tempo... — suspirou, tristonha.

— O quê? Está terminando comigo? — o garoto usou um tom inconformado, mas depois riu — Tudo bem, vamos das um tempo das aulas. Aliás, você já melhorou muito. Quando estiver pronta, voltamos. É uma boa aluna, tenho certeza que logo poderá entrar para o Quadribol! — foi sincero.

— O senhor está sendo gentil, pois sou péssima! — até ela acabou rindo — Obrigada, Olívio. Ainda poderá ser meu amigo, caso queira... — abaixou o olhar outra vez.

— Mas é claro que quero. Você é legal, mesmo me tratando como vovô com esse "senhor". — Olívio assentiu e tocou um ombro da menina — Não liga para Sonserina. Uma hora eles também vão perceber que você é diferente do que aquela porcaria de jornal diz. Seus agressores vão até pedir desculpas! — tentou ser positivo, mesmo não acreditando muito nisso.

— Agressores? O senhor também com essa história? — Tori revirou os olhos e tocou a cabeça.

— Desculpe, mas eu não acredito que você caiu. Você tem noção do quanto eu caí até me tornar muito bom com vassoura? E eu nunca visitei tanto a Ala Hospitalar como você está visitando em tão pouco tempo aqui! — cruzou os braços e tentou recuperar o olhar da menina.

— Esquece isso... — ela pediu como se aquele fosse o assunto mais dolorido do mundo.

— Não tem como. E se uma hora alguém consegue te matar sem querer? O que vai ser do Harry? Você não pensa nele? Eu jurava que sim! — continuou insistindo.

— E o que quer que eu faça? Olhe só para mim... Como quer que eu brigue com alguém? Eu não sou forte o suficiente e também é uma regra minha não agir como uma selvagem... — os olhos de Tori ficaram repletos de lágrimas.

— E por causa de uma regra vai aceitar que te machuquem? Isso não está certo! Você tem que contar para a McGonagall! — o garoto apoiou as mãos no leito.

— Não! Nem pensar! — ela negou, desesperada — Olívio, o senhor é a primeira pessoa que eu confesso que não estou me machucando sozinha. Nem tente contar a ninguém, ou vou desmentir tudo! — ameaçou.

— Tudo bem, você quem sabe. Mas acho que deveria contar para seus amigos, eles estão preocupados de verdade... — mesmo contrariado, Olívio assentiu.

— Nem pensar. Quanto menos pessoas souberem, melhor. Nós dois apenas, ok? Eu invento alguma desculpa para os meninos... — tocou o pulso e manteve a mão ali.

— Mas você me disse que odiava mentir, mocinha. — ele riu e cruzou os braços. 

— Confesso que às vezes pode ser necessário... — sorriu amarelo.

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