Heikousen escrita por hina dono


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Nesse cap teremos um sasuke mais emo que o normal, não se assustem :)



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Ele estava apaixonado, não haviam dúvidas quanto a isso. A verdadeira questão ali era: como deixou isso acontecer?

 Houve um tempo - quando seus pais ainda eram vivos e a vida ainda possuía cor - que Sasuke interessou-se sobre esse tal de amor. Um dia, a fim de satisfazer sua curiosidade infantil, perguntou à sua mãe se o amor era algo tão estúpido quanto todas aquelas garotas que diziam-se apaixonadas por ele faziam parecer. 

A reação de Mikoto Uchiha foi rir - uma risada sonora, tão bela que até mesmo o fez esquecer de zangar-se com ela por estar rindo dele. Após a mulher acalmar-se e limpar as lágrimas causadas pelo riso, ela explicou, da forma mais simples que conseguiu, que os sentimentos daquelas garotas não deveriam ser confundidos com amor. Segundo ela, aquilo era apenas admiração. Elas o enxergavam como alguém forte, hábil, e por isso tinham vontade de conhecê-lo melhor. 

 Ao ouvir aquilo, Sasuke teve certeza: garotas eram malucas. Por qual outro motivo uma pessoa iria dizer amar alguém quando na verdade não passava de uma "fã"?

 - Mas então o que é o amor? - questionou-a. 

 Mikoto olhou para o filho com as sobrancelhas arqueadas. Ele estava surpreendentemente falante naquela tarde. E parecia realmente curioso a respeito do assunto. Presumiu que o fato dele não ter entendido facilmente o estava incomodando - Sasuke não gostava de falhar em coisa alguma. 

Assim, acariciando a bochecha esquerda dele, respondeu: 

 - Existem vários tipos de amor, Sasuke. O amor fraterno, por exemplo. Eu amo você e seu irmão, Itachi te ama e me ama: esse é o amor familiar.

 - E você e o papai? - perguntou, as bochechas coradas. Instintivamente, sabia que o amor deles era de um tipo diferente. Teve certeza disso quando sua mãe sorriu mais largamente. 

 - Seu pai e eu também nos amamos como família, mas... - hesitou, como se estivesse escolhendo as palavras certas - é um pouco diferente para nós. 

 - Como assim?

 - Digamos que alguns adultos têm a sorte não apenas de amar como também de se apaixonar.

 Na época, não entendeu o que ela quis dizer. Mas agora entendia. Amar alguém e estar apaixonado por alguém eram duas coisas diferentes. 

 Eu entendo agora, mãe. A senhora só estava errada sobre uma coisa...

 Enquanto erguia-se para ficar de pé no galho da árvore em que esteve sentado por mais de quatro horas seguidas, Sasuke finalmente admitia para si mesmo que toda a sua irritação nos últimos tempos não passava de um mecanismo de defesa para proteger seus sentimentos do resto do mundo, principalmente... dela.

Sua mãe tinha razão quando disse que ele compreenderia a diferença entre amar e estar apaixonado quando passasse por isso - embora duvidasse que Dona Mikoto achasse que ele demoraria tanto tempo para chegar a tal conclusão. A única parte sobre a qual ela errou foi dizer que aquilo era algo que acometia os adultos somente, afinal de contas, Sasuke tinha apenas dezesseis anos e já estava apaixonado. E o objeto de sua afeição não era outro senão Hinata Hyuuga, sua ex-companheira de equipe.

 Como deixou aquilo acontecer? 

Vinha se perguntando isso desde que Itachi o visitou em seu sono durante aquela madrugada. Em sua mente, repassou os últimos dois anos, tentando descobrir qual foi o momento em que tudo mudou, todavia, não obteve resultado. Talvez porque sua paixão por Hinata não tivesse iniciado-se por um motivo específico, mas devido a um amontoado deles. 

Lembrou-se da primeira semana, quando ficaram trancados na biblioteca da Vila, lendo e organizando pilhas e mais pilhas de documentos. Em um primeiro momento, pensou que ela seria um estorvo, por isso surpreendeu-se positivamente ao vê-la trabalhar com afinco sem incomodá-lo. 

 Talvez tenha sido ali que a semente foi plantada.

 Lembrou-se, então, da primeira missão em campo que receberam. Mais precisamente, da volta dela. Quando chegaram à Vila e descobriram - pela boca de uma escandalosa Sakura - que Naruto havia partido sem sequer se despedir, ambos sofreram. Por mais que tenham - cada um pelo seu motivo - tentado ocultar o que sentiam, bastou um olhar cruzado acidentalmente, para que soubessem o que o outro tentava esconder.

 Sasuke podia não saber a data exata em que passou a nutrir sentimentos românticos por sua parceira, mas tinha certeza que foi ali, com aquela olhar, que o primeiro nó foi dado. Eles haviam sido conectados por uma das emoções mais fortes que existem: a dor.

 Depois daquele dia, as coisas começaram a mudar lentamente. Naruto não estava mais na Vila, o que significava que o posto de "melhor amigo de Sasuke Uchiha" tinha ficado livre. Sakura até tentou ocupá-lo, mas ele a afastou, como sempre fazia. Uma dessas cenas nada agradáveis de ver foi presenciada pela Hokage que, indignada pela forma como Sakura agia, resolveu manter a garota ocupada, tomando-a como pupila.

Felizmente para Sasuke, os treinos que a Godaime impunha eram tão severos que Sakura raramente tinha tempo de vê-lo, quem dirá correr atrás dele. Por outro lado, saber que tanto ela quanto Naruto agora eram alunos de Sábios Lendários o fez sentir-se preterido. 

 Iria ficar para trás.

 Decidido a não permitir que isso acontecesse, cobrou a promessa de Kakashi - o homem havia prometido ensiná-lo tudo o que sabia caso Sasuke não se aliasse à Orochimaru - e passou a treinar com ele durante as folgas entre as missões. Kakashi podia não ser um dos Três Sábios, mas entendia o que era possuir um sharingan - e apenas isso - em sua vida. 

 Dividido entre treinar e sair em missões, não demorou muito para que sofresse um colapso devido a exaustão. Ele provavelmente teria morrido se estivesse sozinho - quem ajudaria um Uchiha caído no meio de uma floresta? Bem, Hinata ajudou. Por uma semana inteira - tempo em que ficou desacordado - foi cuidado e protegido por ela, até que estivesse em condições de partir. Nem sequer lhe agradeceu quando acordou, afinal, ela tinha feito porque quis. No entanto, apesar de sua recusa em ser minimamente educado, aquela atitude da Hyuuga foi a responsável por atar o segundo nó na relação deles.

 Lembrava-se bem que, depois deste incidente, Hinata passou  a ser muito atenciosa com ele. Talvez tê-lo visto em um momento de fragilidade tivesse feito o medo e constrangimento que ela sentia por ele desaparecer, pois do nada começou a enviar-lhe obentous para o almoço e janta - segundo ela, comer tomates todos os dias não era tão saudável quanto parecia. Logo também passou a acompanhar seus treinos, escondida no início, mas após ser notada por Kakashi e ser convidada por ele, juntou-se aos dois. Seu ninjutsu era básico e seu genjutsu horrível, mas seu taijutsu... Fez Sasuke finalmente enxergá-la como uma ninja.

 Talvez tenha sido em um desses treinos, em meio ao suor e golpes violentos trocados um com o outro, que se apaixonou por ela. Ou talvez não. A verdade era que não importava mais os como's e porquê's, o leite já havia sido derramado. A pergunta que deveria estar se fazendo - e de fato o estava - era a seguinte: o que faria com essa informação? 

 O pesadelo com Itachi foi bem direto: Hinata era seu laço mais forte, portanto, seu ponto mais fraco. Como lidaria com isso?

 Desde que acordou gritando em seu quarto, horas antes, uma linha de raciocínio assustadora vinha tentando encontrar caminho até seus pensamentos. Foi preciso uma força de vontade descomunal de sua parte para evitar pensar nisso. Entretanto, um momento de descuido foi o suficiente para que aquela hipótese sombria começasse a ganhar forma em sua mente, podia sentir as garras fincando em si. Felizmente, não houve tempo para a criatura dar o bote. Antes que aquela terrível ideia ganhasse forma completa, uma voz foi ouvida abaixo de onde ele estava:

 - Sasuke! 

 Agradecido pela interrupção, Sasuke nem sequer importou-se muito com o fato de estar sendo interrompido por Shino, companheiro de Hinata.

 - O que foi? - perguntou com descaso. 

 Será que ele estaria ali para cobrar o pedido de desculpas que Sasuke devia à Hinata por tê-la ofendido?

 Ele preferia que fosse isso. Preferia mil vezes que Shino estivesse ali para atacá-lo do que para dizer o que disse a seguir:

 - Hinata está no hospital. É grave.  


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