Balto IV: O Retorno da Lenda escrita por 2la1n


Capítulo 6
Ato VI




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Steele: Imagino que tenha perdido muito desde que deixei Nome.

Jenna: Steele?

Ela olha para ele, para cada parte de seu corpo rapidamente, não acreditando ser real ele estar ali presente, em carne e osso.

Steele: Jenna... já se passou muito tempo. 6, 4 anos?

Ele abre conversa, como se fossem próximos. Jenna quase se leva por esse caminho e franze o cenho, revelando um olhar sério para ele.

Jenna: O que está fazendo aqui?

Ela pergunta, desconfiada.

Jenna: Como veio parar aqui?

Ela lança sem que percebesse, vindo do fundo de seu coração, aonde sentia uma leve preocupação. Steele desmancha o seu sorriso e revela uma expressão melancólica, olhando para baixo, mas se recompondo para lhe explicar a sua súbita presença.

Steele: Não foi fácil, sabe? Depois da epidemia e... todo o resto com Balto, sabe que em um dia estava e no outro, não e-

Ele balança a cabeça negativamente até que eles ouvem um uivo verdadeiro de lobo, vindo de trás deles. Steele vira a cabeça em alerta.

Steele: Rápido, temos que sair daqui antes que mais Leie apareçam!

Ele os alerta, se posicionando lateralmente ao grupo.

Kodi: Antes que mais o quê?

Steele: Caçadores de recompensa. Contratados por Terry, pelo que ouvi bem. Vamos, não temos muito tempo até que Ian os reporte!

Boris, Stella, Muk e Luk começam a segui-lo, com a liderança de Kodi contudo Jenna permanece firme, fazendo Kodi parar.

Kodi: Mãe, vamos!

Ela encara Steele quase correndo para longe dali e então segue seu filho. O grupo segue em passo rápido até a floresta, Steele começa a correr em passos finos, mas a ponto que os outros seguissem o seu passo pelos troncos e desvios. Steele os leva até um monte de trepadeiras em cima de uma estrutura coberta por ela. Steele simplesmente atravessa a trepadeira, com Boris indo logo em diante sem pestanejar.

Muk: Tio Boris, espera!

Por último, Jenna avalia a retaguarda e entra. No interior, havia uma fogueira com gravetos reunidos em espiral, pequena e carnes retalhadas esticadas próximas do fogo.

Steele: Querem se servir? Está fresca.

Luk extende a pata para um dos pedaços enormes, mas Boris lhe dá um tapa na pata.

Boris: Você precisa se recuperar, não comer!

Ele emburra a cara e a vira pro lado.

Stella: Nossa, mas que cheiro de carniça, afinal, quem é ele??

Ela procura se localizar.

Steele: Hmm, vejo que a família também aumentou. Meu nome é Steele, madame.

Ele se apresenta formalmente. Kodi olha para cima, pensativo.

Boris: “Madame”?

Ele fecha os olhos e se vira com as asas fechadas, em sinal de desconfiança e desgosto.

Steele: Se precisarem deitar, comer ou beber, não se preocupem, podem se acomodar, mas de água... eu providencio.

Ele explica para eles e Luk começa a se deitar. Jenna dá um passo a frente.

Jenna: Peraí, mas que tipo de cortesia é essa, Steele? Por onde você andou!?

Ela desabafa conforme pergunta. Cada coisa que ele fazia e dizia era uma renúncia a quem realmente se lembrava antes de ir embora, aquele cão invejoso, com olhos egoístas, cínico com qualquer que lhe diminuía ou crescia em cima, completamente desvaído de qualquer humildade, apesar de ser um competidor nato. Steele se senta de costas para o fogo, virado para eles.

Steele: Bom, pode parecer um insulto, sem explicações. Como eu estava dizendo, logo depois de sair de Nome, eu rodei de cidade em cidade, mas sempre que tentava me destacar como um cão-puxador, eu era vaiado e afastado, por acharem que eu era um cão de rua, tanto homens quanto animais. Por isso, eu passei a viver aqui e-

Boris estava se segurando de tanto rir, mantendo as asas pressionadas contra o bico e chorando.

Stella: Boris!

Ela o chama atenção e ele arfa, afastando as asas.

Boris: Foi mal, é que... ai... pode continuar.

Steele: Enfim...

Ele revira os olhos.

Steele: Os cães das cidades eram muito reservados e decidi viver por conta própria. Eu sabia que naquela época, o que eu mais queria, era me manter no topo, mas não podia fazer tal em Nome, depois de tudo, então decidi tentar a sorte com a natureza e eu consegui. Aprendi com a floresta. Pensei muito a respeito do que houve, solitário e... não sou mais aquele cão.

Ele explica calmamente para todos eles, deixando Jenna e Boris desconfiados, ambos se olham e o encaram de volta.

Steele: Ok, vocês conhecem aquele Steele, mas eu sou um novo Steele.

Ele se ergue em um pulo, abrindo um sorriso e se mostrando elegante de certo ponto de vista.

Jenna: Resolveu tirar a sorte na natureza só para ser melhor que o Balto, eu suponho.

Steele arregala os olhos ao ouvir isso, que não havia revelado, mas estava explícito. Ele se senta.

Steele: É... acho, acho que sim.

Boris: Você acha?

Ele expreme os olhos em desdém.

Steele: Não podia ser melhor que ele na corrida, resolvi ser melhor que ele sendo um lobo.

Ele dá de ombros, falando com certo desprezo disso.

Boris: Eu achava que você era mais do tipo plateia, mas também, bem feito, você merecia.

Kodi: Boris...

Stella e Muk o encaram surpresos.

Boris: Opa, pera lá! Ele arriscou matar o Balto e todas as crianças doentes em Nome só para manter a própria reputação, é o mínimo que podia acontecer com ele.

Ele explica sua opnião, de sombrancelha erguida, para a surpresa de Stella e Kodi. Para a surpresa de Boris, Steele acenou positivamente com a cabeça.

Steele: Precisou eu me afastar de tudo, para realmente perceber o quanto era carente. Essa vida dá trabalho, então eu não tenho mais tanto tempo para pensar nessa melancolia.

Ele recupera sua atividade e positividade, aparentemente, e se ergue, andando até o outro lado da fogueira.

Jenna: Como que você conseguiu sobreviver?

Ela dá a volta pelo outro lado, se encontrando com ele de frente, conforme o resto se aproximava e se acomodava.

Steele: Aprendi com os lobos.

Ele risca a parede a caverna com as garras.

Jenna: Não estou vendo nenhuma alcateia aqui.

Ela fala com postura séria e rígida, obviamente ainda na desconfiança.

Steele: Eu aprendi observando e depois fazendo. Só um ou outro que realmente bati um papo.

Jenna olha confusa, como que os lobos os ajudariam.

Steele: Nunca fiz parte de nenhuma alcateia, afinal eu sou um cão. Só que agora, um cão selvagem.

Ele fala orgulhoso.

Jenna: Mesmo assim, eles não deixaram passar?

Steele: Claro que não, nem todos levavam a sério territorialidade e etc..., eles mantém mais por tradição.

Steele se vira e rasga um pedaço de carne ao meio, o mastigando com selvageria por alguns segundos e engolindo. Jenna gostaria de contra-argumentar, mas nem mesmo Balto sabia muito sobre como funcionava a dinâmica interna de uma alcateia.

Steele: Se sirva.

Ele empurra o resto da carne para ela.

Steele: Vocês andaram bastante. Precisam se recuperar do ataque.

Jenna olha para a carne com receio e se abaixa, petiscando um pouquinho na carne e arregalando os olhos, em sabor.

Kodi: Então. Steele, né?

Ele fala de boca cheia.

Kodi: Já ouvi falar de você.

Steele olha pro chão e solta apenas um gemido como resposta.

Steele: Mas então, o que você e o resto da... família... do Balto estão fazendo aqui, no interior do Alasca? O Balto e você...?

Ele fala contornando a fogueira, olhando para Kodi e ficando a uns 2 metros dele.

Jenna: Sim. Nós estamos juntos.

Ela revela com alegria e orgulho para ele, trocando olhares entre ele e Kodi. Steele relança para Kodi e este sorri para Steele com prazer.

Kodi: Prazer, eu sou Kodiak, mas pode me chamar de Kodi. Sou filho do Balto e da minha mãe, Jenna.

Ele fala com orgulho, não desconfiando nem um pouco dele, como Jenna estava de olho.

Steele: Imaginei, heh.

Ele olha para Jenna com um sorriso.

Kodi: Ouvi falar das suas, posso dizer proezas, antes de todo o ocorrido? Você era um corredor formidável em Nome e de fato um campeão, portanto você ainda se lembra de algumas práticas?

Steele: Mhm. Pode, sim... e, já faz tempo, por quê?

Ele começa a prolongar a conversa, quando Jenna intervém.

Jenna: Olha, a gente passou muito tempo sem dormir e estamos cansados, ainda mais pela aventura que tivemos hoje, heheh.

Ela fala um pouco acanhada para Steele, conforme conduz Kodi um pouco para trás.

Steele: Ora, tudo bem. Os aposentos ficam no fundo das cavernas.

Ele diz formalmente.

Jenna: Obrigada.

Ela leva Kodi até o fundo da caverna.

Jenna: O que acha que está fazendo?

Kodi: Ué? Eu estou conhecendo o antigo rival do meu pai. Ele não parece ser aquele cão que costumava ser.

Jenna: Mesmo assim, fica de focinho calado, você não sabe pelo que ele passou nestes últimos anos!

Ela o adverte.

Kodi: Ele pode me ensinar uma coisa ou outra, ele treinava desde pequeno, pelo que eu sei...

Jenna: Me escuta. Seu pai e eu pensamos que ele estivesse morto, por isso contamos. Você sabe que nessas competições, sempre há uma disputa em que um quer derrubar o outro, meu filho.

Kodi se vira para a parede e anda até ela conforme Jenna falava, procurando a sua compreensão.

Kodi: Sei disso, mas pelo que eu estou vendo, nestes últimos anos, toda a vida que você e o papai queriam montar mudou. Aleu teve que responder a um destino da sua parte lobo e eu fiquei em Nome para dar continuidade nas corridas de trenó, mas sempre que tem relação com o papai, nós temos que mover céus e terra para manter o nosso mundo vivo, mas acabamos sofrendo mudanças no processo.

Ele fala decepcionado com isso e se senta.

Jenna: O que está insinuando, Kodi?

Kodi: Eu quero o meu legado, eu seja capaz de construir. Uma vida sem ter que largar tudo para sair em aventuras Alasca afora, tendo que salvar todos os lobos.

Ele explica para ela, frustrado. Jenna se aproxima e apoia a cabeça em seu ombro.

Jenna: É por isso que seu pai faz isso, Kodi. Eu passei muitas vezes querendo acompanhá-lo para mantê-lo seguro, sendo que ele já estava fazendo isso me mantendo em Nome.

Ela fala com proximidade para ele, explicando seu ponto de vista.

Kodi: É, somos cães e nunca vamos entender.

Ele fala com sagacidade e sua mãe dá uma risadinha.
Ao descer toda a encosta, o fundo daquela enorme ravina que cortava o seu ponto final era ermo, deserto, com várias rochas, um certo tipo de areia, como se ali fosse o leito de um rio seco, havendo ainda umidade em certos pontos, como poças d’água, com algumas árvores mortas e secas. Sem tempo para explorar muito, as duas irmãs andaram livremente até o outro lado, não temendo nada.

Aleu: Estamos muito a mostra.

Estando alguns metros atrás delas, a meia-loba adverte enquanto ficava e observava com cautela, estando Balto e Nava atrás dela.

Mica: Não tem o que temer.

Ela diz de maneira pragmática e segue sua irmã. Aleu olha curiosa com tanta confiança e cruza até o outro lado, alerta.

Balto: Não foi a melhor decisão. No final, vamos ter que acabar cuidando de nós mesmos.

Diz ele, se referindo a ela e Nava. Miriam encontra uma passagem de caverna, com aberturas para o lado de fora da ravina, que levava para cima.

Miriam: Essa caverna é irregular, mas vai nos levar até lá.

Nava sente um calafrio conforme andava e mantém o olhar fixo para o seu lado esquerdo.

Nava: Nós vamos ter que nos apressar, estamos mesmo muito expostos.

Mica recua um pouco e olha para eles.

Mica: Miriam, temos que subir rápido.

Miriam: Está acontecendo?

Ela sinaliza com a cabeça que sim, Miriam uiva para todos eles em alerta e começa a entrar na caverna.

Mica: Todos, pra caverna!

Aleu e Balto correm até Mica, porém Nava andava rapidamente, dando pequenos impulsos na direção deles.

Aleu: Nava?

Balto: Ele não vai conseguir correr.

Eles ouvem um som de escoo bem alto e uma enchente se dirigia até eles pela esquerda da descida ao fundo da ravina.

Aleu: Eu vou ajuda-lo.

Ela dá um passo a frente e Balto pisa na frente dela.

Balto: Já fez a sua parte antes!

Ele fala com jogo de cintura e começa a andar na direção de Nava, enquanto olhava para Aleu.

Aleu: Papai...

Balto: Me obedece, Aleu!

Ele ordena com um tom paterno enquanto corre até Nava, se posicionando ao lado dele e o apoiando pela lateral.

Balto: Vou te dar alguns impulsos.

Ele o faz, dando pequenos empurrões em Nava e o fazendo impactar o chão mais rápido. Mica se dirige até Aleu e circula correndo na frente dela, para lhe chamar atenção.

Mica: Aleu, vem!

Aleu a acompanha. Nava recebe outro impulso, mas cai cambaleando um pouco.

Nava: Isso não é muito eficaz, Balto.

Diz ele, continuando a andar até a entrada da caverna.

Balto: Não podemos desistir!

Ele afirma.

Nava: Quem foi que disse em desistir?

Ele abre um sorriso para Balto e aponta com a cabeça para um pedaço de casca de madeira, na areia molhada, a sua frente. A ideia simplesmente brotou na cabeça de Balto, focando completamente no que tinha que fazer, sem até mesmo se procupar com a iminente enchente que seguia para devorar ambos. Portanto, sem dúvidas, Balto disparava algum tempo depois na direção da entrada da caverna, com a casca de árvore na boca, pulando para dentro logo na hora em que a água varria a superfície da ravina, o fazendo correr um pouquinho mais para cima, evitando a própria água. Ao subir por mais 5 metros, ele põe a casca no chão devagar e Nava se levanta dela, uma metamorfose ocorrendo na sua frente enquanto ele se desemergia da madeira úmida. Aleu, Mica e Miriam testemunham o ocorrido e Aleu sorri com esta transformação nostálgica. As irmãs ficam boquiabertas, entendendo, mas também não entendendo.

Nava: Ah, isso não será mais recorrente, infelizmente.

Ele olha para a madeira.

Balto: Imagino que a idade seja um fator limitante.

Disse com uma certa graça.

Nava: E é.

Ele responde de forma séria, não achando muito engraçado.

Aleu: Está perdendo os poderes.

Ela solta ao se aproximar dele, mas de uma forma bem preocupada, nem notando que disse isso em voz alta.

Nava: Tem o tempo de tudo, Aleu; Outros aprendem...

Mica: Como. Foi. Que. Você fez isso!?

Ela pergunta impressionada, soltando em voz alta a sua enorme surpresa de ver algo impossível de ser admirado.

Nava: Eu apenas me juntei com a madeira, como um só.

Mica: Mas você é um lobo e a madeira... madeira.

Ela levanta uma sombrancelha.

Nava: É complicado demais para ser explicado, mas essa é uma das formas mais próximas de como posso transmitir a minha visão sobre tal.

Ele explica com uma certa entonação e emoção, sorrindo para ela, diante do mistério.

Miriam: Foi impressionante, mesmo. Com essas habilidades, o senhor pode realizar muitos feitos durante a nossa viagem.

Ela expressa sinceridade e Nava respira fundo.

Nava: Será a vontade de Aniu, se assim ela quiser.

Ele sorri para ela e Aleu contrai a cabeça, olhando chateada para o chão.

Miriam: Vamos, ainda temos um bom caminho pela frente.

Miriam toma novamente a dianteira do grupo e Nava conscientemente se aproxima de Aleu conforme eles seguiam em frente.

Aleu: Foi um belo plano.

Ela o elogia com um sorriso e Nava mantém uma expressão séria e olha para ela, apenas acenando com a cabeça.

Aleu: Nava...

Ela respira fundo após a seriedade de seu ex-mentor fazer sua alegria empática cair por terra.

Nava: Eu sei, Aleu...

Ele olha para frente e ela arregala as orelhas em choque, disparando olhares em algumas direções aleatórias ao procurar manter-se fixa com sua informação, pelo menos mentalmente.

Aleu: M-Mas como... eu nem...

Ela se perde nas palavras quando tenta falar qualquer coisa relacionada a sua alcateia, que uma vez também fora de Nava, literalmente massacrada depois do ataque. A sua alcateia devia estar protegida e em segurança no momento em que se reunisse com Nava, se é que um dia isso sequer fosse acontecer. Em detrimento disto, Nava estava respondendo.

Nava: Não precisa responder. Eu imaginei, como você estaria com seu pai sem ao menos estar acompanhada de algum lobo da nossa alcateia?

Ele fala normalmente, sem decepção e nem olha para ela.

Aleu: Bom...

Ela olha para o lado, vendo o óbvio brotar bem no seu focinho.

Nava: É a responsabilidade de um alfa cuidar dos seus próximos? É sim. Contudo, devido aos fatos que se sucederam, esta foi a pior notícia, mas compreensível.

Aleu o encara sem falar nada.

Aleu: Não está... bravo?

Ela pergunta sem entender seus sentimentos atuais.

Nava: Não. Embora não esteja nem um pouco feliz pelo acontecido, ainda mais pelas possibilidades desta ocorrência ser baixíssima, pelo fato de você ter literalmente cruzado o oceano, vejo com mais clareza o tamanho da ameaça que estamos enfrentando. Isso é triste, solitário e muito desesperador para os lobos.

Ele se expressa da sua melhor forma. Tristeza e decepção, contudo não por Aleu.

Aleu: Eu devia ter protegido eles. Eu devia ter me esforçado.

Ela olha para o chão e fala com afinco e em voz alta, chamando atenção de Balto, em um claro tom de arrependimento profundo, o que também tocava na alma de Nava.

Aleu: Se eu tivesse focado em proteger a todos, eles estariam juntos e seguros.

Ela solta uma pequena lágrima e se encolhe.

Nava: Não sei se estariam. Você podia ter dado tudo de si, e atualmente se encontrariam sem um líder e talvez sendo caçados pelo que está afetando o nosso mundo.

O fala, procurando conselho para sua sucessora. Ela levanta a cabeça e sorri para Nava.

Aleu: Talvez esteja certo...

Ele sorri para ela ao ver que ela havia extravasado a sua pressão.

Nava: Eu já perdi irmãos em batalha e para a fome. Isso é recorrente. Ainda há muito o que aprender.

Ambos trocando sorrisos, Balto também compartilha desta emoção e segue em frente, apesar de ouvir indiretamente sobre o grande esforço que terminou em fracasso a tarefa de sua filha, ele senti orgulho por ela, a sua alcateia precisa, está precisando e ainda vai precisar dela e sua única opção agora era seguir em frente.
Na caverna, era mais ou menos fim de tarde e Steele põe o focinho para fora dela, primeiramente nas folhas, e logo mais extende a perna para abrir caminho.

Steele: Devem estar quilômetros longe da gente a essa altura.

Muk pula para fora e anda vagarosamente. Luk o segue, contudo cambaleando um pouco, ainda ferido. Todos saem lentamente e Steele os segue.

Kodi: Não sei, e agora, mãe?

Ele pergunta, se virando para ela.

Jenna: Bom... vamos voltar e pensar em outra forma de procurar o seu pai.

Ela fala pensativa e de forma bem aberta.

Stella: Qual será o plano? Quanto mais esperamos e não nos decidimos, mais seu marido está longe, e mais me convenço que teria sido melhor ter ficado em casa. Pelo menos o caminho de Nome nós sabemos.

Ela explica com certo estresse, querendo praticamente uma resposta para ontem. Jenna olha para todos eles e vê o quanto Stella estava prestes a ceder, Boris já estava cansado desde o primeiro metro que andou fora de Nome, Muk não estava nada contente pela óbvia situação de seu irmão e Kodi estava perdido, assim como ela. Jenna não fala nada e abaixa os olhos, em sinal de incerteza. Steele lê a sua expressão com uma certa frieza e olha para os demais, se permitindo revirar os olhos e respirar fundo.

Steele: Se me permitem perguntar, para onde estão indo?

Kodi: Não sabemos.

Steele franze o cenho para ele.

Steele: Como assim vocês não sabem!? Saíram de Nome e nem fazem idéia de para onde estão indo?

Ele pergunta bem surpreso com esta resposta, afinal Balto havia encontrado ele e os cães-puxadores quando saiu de Nome e muito provavelmente nem sabia o caminho.

Boris: Isso não é da sua conta, com todo o respeito.

Ele acena com a cabeça para Steele, procurando manter distância dele o máximo possível.

Steele: Ganso, eu-

Fala em um tom mais alto, aborrecido.

Kodi: Podem parar? Chegamos até aqui seguindo sinais e os perdemos, tudo bem? Mas, não temos tempo para deixar as diferenças e nem o passado falar mais alto.

Procurando estabelecer a ordem, Jenna não diz nada, mantendo sua cabeça baixa. Kodi olha para sua mãe e dirige-se para Steele, que estava sentado e olhando para ele de cima, com certa magnitude no olhar.

Kodi: Não deve saber muito, mas... eu não fui o único filho do meu pai...

Steele presta atenção em cada palavra que ele diz, explicando a situação da família e o desespero que foi para Jenna arrastar todo mundo até o gelo e a neve, procurando Balto e Aleu, principalmente a sua filha, que simplesmente sumiu da sua vida. Ela havia deixado tudo para trás. Rosy para trás, para ver sua filha novamente. Explicado tudo, Steele a olhava com pena e engole seco.

Steele: Não sei aonde Balto possa ter ido parar... mas eu sei como ler estes rastros.

Ele responde com empatia e honestidade.

Steele: Eu vou ajudar vocês o máximo que eu conseguir.

Jenna olha para ele, procurando entender. Isso sim era a atitude de um cão completamente diferente de Steele. Ele de fato havia mudado, mas ela não sabe o quanto e o observa curiosa.

Steele: Me mostrem o caminho e eu faço o resto da mágica.

Boris: Sério?

Jenna: Ele é a nossa única chance.

Ela fala mais emocionada para todos eles.

Boris: Eu prefiro voltar para casa.

Ele se vira e Stella o puxa de volta pela asa.

Stella: Você não vai voltar a pé, sozinho, neste clima estranho, nesta terra cheia de predadores, ah, mas não vai mesmo!

Ela contra o seu peito e aproxima a sua cara da dele, o fazendo se inclinar para trás e quase impinar.

Boris: Tudo bem.

Ele fala baixo e dá um sorriso forçado, ela sorri também dessa forma, mas com malícia e recua o corpo. Steele sorri para eles.
Na Planície de Alebo, ao cair da tarde, enorme floresta verdejante com pinheiros mais juntos que o normal, o grupo seguia junto, sentindo os aromas da floresta úmida e quente, sem qualquer sinal de neve.

Nava: As coisas aqui estão muito diferentes do exterior.

Ele olha impressionado. Mica se aproxima dele.

Mica: Não sabemos muito sobre essa floresta...

Ela olha pensativa para a copa das árvores.

Miriam: Uma vez eu ouvi uma história de uma alcateia nômade, que contou para a nossa de que a vida selvagem daqui era avançada e diferente das demais do Alasca, sendo que comparada só se encontrava em locais isolados ou de difícil acesso.

Balto: Não há muita complexidade aqui, além de uma mata densa.

Aleu: Deviam se referir apenas as plantas, então. Não vi nenhum animal aqui. Nem sinal de qualquer coisa.

Mica: Sim...

Ela puxa a palavra. Eles estavam parados em um pequeno círculo de árvores, investigando as matas ao seu redor.

Miriam: Vambora, sem prestar muita atenção aos detalhes da floresta. Se não encontramos nada, então é bom não forçarmos a barra. Quem procura, acha.

Ela fala rapidamente, com pressa e certa inquietude.

Nava: Hmmm, não ouçam ela, fiquem atentos a qualquer coisa na floresta. Desatenção pode também fazer com que encontremos coisas indesejadas.

Ele fala somente para Balto e Aleu, ambos concordando com a sua resposta. O grupo seguiu até o pé da montanha e resolveu circundar ela por um instante, até que encontraram uma entrada com pequenos veios de cristais encrustados em suas paredes e teto, refletindo a luz do Sol. Um pouco mais afundo, havia apenas sombras e escuridão. Miriam fica logo na frente dela.

Miriam: É aqui. O espírito da Grande Loba é dito residir no interior da montanha.

Nava: Não sinto mudanças nos ares desta região.

Ele comenta para eles.

Miriam: Hmmm... e o que isso quer dizer?

Ela levanta uma sombrancelha.

Nava: O espírito de Aniu costuma se fazer presente.

Ele explica e Aleu olha pensativa, sentindo muita estranheza nisso.

Mica: Se é aqui que ela está, então que nos encontremos logo com ele.

Ela dá o passo a frente e adentra a caverna, seguida por sua irmã. Balto fica ao lado de Nava.

Balto: Ela está aqui?

Nava: Talvez.

Ele não dá nenhum sinal de resposta clara para qualquer lado, positivo ou negativo, em seu modo de falar.

Balto: Ai...

Ele arfa e segue logo atrás dele. Aleu fica ao lado de seu pai.

Aleu: Tem alguma chance, então? Sem ela, como vamos reverter as mudanças climáticas?

Ela pergunta sem idéia de como isso iria terminar.

Balto: Eu não sei. A última vez que eu a vi foi anos atrás e nem os sonhos revelam muita coisa, algo está muito errado se temos mesmo que encontra-la para resolver tamanho problema.

Ele responde de uma maneira séria para Aleu, aquilo era diferente de tudo e qualquer coisa que eles já ouviram falar ou enfrentaram antes. O destino parecia ser incerto para cada um deles.
Seguindo pela escuridão, eles vêem uma espécie de luz ao final da caverna e a seguem.
Ao sair, eles dão de cara com uma enorme câmara de gelo e cristal, iluminada pela luz do Sol através de uma película de gelo no topo. Era um paraíso encantado pelos tons e azul e branco, com uma série de caminhos e passagens para outras cavernas. Todos eles arregalam os olhos, vendo tudo de uma forma inesperada e surpresa. O Santuário de Aledo.

Mica: Só pode ser...

Miriam: É aqui.

Elas falam surpresas. Nava de repente para e arregala os olhos.

Nava: Ela está aqui! A sua força... é indescritível.

Ele fala com igual surpresa pelo local. Todo mundo escuta um uivo vindo de algum canto da câmara e então um vento branco se mostra vindo de trás de uma rocha, quase no teto, descendo em 2 círculos grandes dados acima deles e parando acima de uma pequena subida de gelo. A extraordinária forma como o vento se mexia dava a eles sensações de arrepios, sentindo a presença do grande espírito guia de todos os lobos do Alasca. Era uma sensação de coragem e ousadia.
O vento se esvai. No morro, A Grande Loba se revela de trás a encosta até ficar de corpo inteiro para eles. Ela uiva bem alto e Aleu se aproxima um pouco, uivando de volta, assim como Mica, Miriam e Nava. Balto olha expressando incerteza, mas por instinto, uivou junto com eles. Ela cessa o uivo e assim eles.

Mica: Eu não creio. ELA É MESMO REAL!

Ela fala em um tom de desespero por ver ela, finalmente, com verdadeira muita felicidade.

Miriam: Cumprimos a nossa missão...

Ela balança a cabeça negativamente, não acreditando que chegaram ali, finalmente.

Miriam: Com ela, o clima do Alasca vai se reverter, com a existência dela sendo um fato, vai tudo se resolver.

Ela fala animada para todos eles, comemorando com Mica.

Mica: Isso!

Fala de forma pragmática. Balto sorri para elas, mas sente um profundo vazio logo em seguida, e veio a pergunta: “Se ela está mesmo ali, como sempre esteve, então por que não reverteu logo estes eventos?”. Ele sabia que aquela pergunta pairava no ar desde que saíram de Nome e que havia mencionado tal fato para elas, eles vieram descobrir os motivos de tal, mas a resposta parecia ser muito mais chocante e aterradora do que qualquer coisa. Afinal, era o espírito guardião dos lobos.

Nava: A Grande Loba Branca, que seu espírito nos guie e nos proteja...

Ele abaixa a cabeça, em reverência. Aleu olha para ela.

Aleu: Então... ela continua aqui. Minha avó é, ou melhor era... assim?

Ela se aproxima alguns passos, olhando com calma.

Balto: Eu me lembro que era algo relacionado...

Responde de uma maneira íntima.

Aleu: São tantas perguntas...

Aniu: A sua missão...

Ela fala em uma voz clara e altiva, chamando sua atenção.

Aniu: ... está apenas começando!

Mica franze o cenho em confusão.

Aniu: Muito mais os aguardam. Vocês sabem, de todo mal e bem, muito pouco a respeito deste novo projeto.

Ela afirma, para a confusão de todos, o que aquelas palavras significavam fora interpretada de maneiras únicas e individuais para cada um deles. Balto se aproxima alguns passos e o espírito da Grande Loba desce em um piscar de olhos com o vento, ficando pouco mais de 5 metros dele. Ainda sim, ela era imensa para uma loba fêmea. Balto sorri para ela.

Balto: Bem... eu não esperava um ar de mistérios como uma corte de boas-vindas ao seu filho.

Ele sorri para ela, quebrando um pouco do gelo enigmático que havia soltado. Ela não responde.

Mica: Aniu, a Grande Loba Branca, o que a senhora quis dizer com “apenas começando”?

Aniu: Irei procurar responder suas perguntas de forma sintética.

Diz ela, com um certo eco antes de falar, sua voz reverberava antes que pudesse dizer qualquer coisa, como a de um espírito, mas era quase imperceptível, somente notando naquele momento de silêncio.

Aniu: Como havia dito, vocês pouco sabem deste projeto, pois a sua missão de fato, não era confirmar se minha existência precedia.

Balto: “Precedia”?                                        

Miriam: Contudo, todos sentiram e falaram sobre, da sua inexistência, da falta de uma guia. Nos tempos de caça, os lobos acreditavam ser época de migração para novos territórios, outras alcatéias pouparam alimento e a fome veio, como exemplo. O nosso mundo esteve descontrolado há algumas estações.

Ela abaixa a cabeça, quase a reverenciando.

Miriam: O clima está mudando abruptamente fora destas matas. Neve e gelo caem sobre o verão. Sentimos a sua ausência.

Ela olha para Aniu, com um olhar quase que implorador para que ela revelasse os motivos de tal.

Aniu: Eu sei, meus irmãos e irmãs. A minha ausência é clara, não estive revelando muitos sinais e estas mudanças são o indício disso. Pois algo está causando estas mudanças, tanto no mundo físico, quanto espiritual, perturbando as energias que anteriormente mantinham o equilíbrio do Alasca, como o conhecemos.

Nava: Eu pressenti que algo maior pudesse estar agindo sobre os lobos e o clima. Ouvi falar também, dos corvos e carcajus, que a sua percepção do mundo ao nosso redor também se encontra pouco exata.

Aleu: O que está mesmo acontecendo?

Ela pergunta diretamente para Aniu, bastante preocupada com tudo aquilo. Aniu olha para uma das entradas.

Aniu: Receio que não estamos sozinhos.

Todos se viram naquela direção. Eles podiam ver sombras de lobos se aproximando.

Balto: Ah, vamos, temos que-

Ele fala alerta, até que é interrompido por si mesmo ao ouvir uma voz conhecida.

Steele: Por aqui.

Balto arregala os olhos e iça as orelhas ao se virar completamente para trás e ver aquele que menos provavelmente daria as caras naquela situação, Steele. Ele havia entrado rápido na caverna. Em seguida de Steele, estava Jenna, Kodi e Boris. Não houve tempo deles reagirem, ao certo.

Boris: Balto!

Este dispara em linha reta até Balto e se joga em suas pernas.

Boris: Ai...

Ele afaga o rosto entre as penas e puxa Balto pro chão.

Balto: Ei, Boris!

Aleu e sua mãe trocam olhares e simplesmente se aproximam a passos largos, Jenna a envolve com a sua cauda e encosta o queixo sobre a cabeça de sua filha.

Jenna: Aleu...

Aleu: Mãe... mas o que estão fazendo aqui!?

Ela solta a sua cabeça e a pergunta com seriedade. Muk e Luk caem matando em cima de Balto para um abraço, mas Aleu se mantinha firme, se afastando um pouco.

Jenna: Eu não podia simplesmente te deixar ir, de novo.

Ela responde de maneira íntima e bem forte, o que Aleu não via fazia uma vida. Ela retorna para o abraço quente de sua mãe. Balto se afasta dos 3 com dor nas costas, ele se senta e encosta a pata nas costas, se inclinando para trás.

Balto: Ao, eu já não sou mais aquele lobo, Boris.

Boris: Teria sido um abraço simples, se os estabanados não agissem conforme as emoções a cada centímetro desta viagem.

Ele cruza as asas e fala sério para ambos.

Muk: Pega leve, Tio Boris. O Luk é sensível e estas objeções não estão fazendo ele melhorar.

Balto percebe as feridas em Luk e inclina a cabeça.

Balto: Okay, vocês tem muito o que me atualizar, a começar por me falando por que motivos o Steele está aqui? O que aconteceu??

Stella pousa do lado de Boris e este engole seco.

Boris: Bem, ergh... ora, pergunte para a sua mulher.

Jenna e Aleu se aproximam deles e Kodi pula para um abraço em seu pai, o levando novamente ao chão.

Balto: Opa!

Kodi: Pai. Eu senti a sua falta, não vai mais me sair de fininho desse jeito!

Balto: Epa! Eu tenho que me preparar para a próxima vez, pros abraços e para as broncas.

Ele dá uma risadinha e ambos se levantam. Steele se aproxima deles devagar e Balto mantém seus olhos fixos nele.

Jenna: Balto, é... uma longa história.

Ela respira fundo.

Kodi: Pra resumir, encontramos ele e ele nos ajudou a te encontrar, logo depois que saímos preocupados com você e a Aleu.

Jenna: Nem tanto assim.

Ela encara o chão e respira fundo. Balto revira os olhos e Steele se aproxima.

Steele: Balto, quero que saiba, por mais estranho que seja, que é bom vê-lo depois de... tanto tempo.

Ele fala com certa precaução, pausando um pouco entre as palavras.

Balto: Acho que temos maiores preocupações, no entanto, estou agradecido por... tê-los ajudado.

Ele acena positivamente com a cabeça para Steele, ainda deixando a estranheza no ar, contudo aquela não era a melhor hora. Balto se vira para Aniu e Aleu olha estranhando para Steele, que assim o faz para ela.

Balto: O que está acontecendo? O que está causando isto?

Faz ele, a pergunta suprema. Aniu fica em pé e o vento se forma na frente deles, revelando a forma de um lobo.

Aniu: Um dia, um lobo perdido, assim como você foi, procurou uma grande fonte de poder no Extremo Norte. Além das nossas fronteiras, ele adquiriu dos espíritos antigos, anteriores até o próprio espírito do Grande Lobo, o Amuleto do Wendigo. Um misterioso e obscuro talismã com o poder de mudar o próprio vento e a neve, para quem acredita.

Ela revela a figura de um lobo branco entalhado em um objeto de madeira, parecido com um talismã ao controlar o vento. Logo, Jenna e os demais que acabaram de chegar encaram meio confusos e perplexos ao verem a magia acontecer diante de seus olhos, desconhecendo do que se tratava aquela conversa.

Aniu: O nome deste lobo é Terry.

Steele arfa um pouco ao ouvir este nome, o que chama atenção de Jenna e Kodi.

Kodi: “Terry”? Mas o que é tudo isso?

Aniu: O seu desafio é encontrar uma forma de impedir que o espírito do Wendigo comandado por ele seja pleno em todo o Alasca.

Ele se volta para todos eles em uma voz imperativa, cujas palavras dela revelaram muita informação para processar em tão pouco tempo. Todos eles iriam ter que se unir para encontrar este lobo em específico e parar esta mudança climática.


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