Balto IV: O Retorno da Lenda escrita por 2la1n


Capítulo 5
Ato V


Notas iniciais do capítulo

Mais uma lenda retorna.



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Era de manhã e o bosque havia sido varrido pela neve, não havia nenhuma folha sequer nas árvores. Estavam todas imersas ou na superfície gelada e fria da neve funda que soterrou boa parte do solo durante a mini-nevasca do dia anterior. Nada se parecia com aquela paisagem, uma nevasca que arrancasse as folhas dos pinheiros, como se fosse Outono. A manhã era calma e silenciosa para o grupo de lobos e meio-lobos, para o gosto de Balto, que não ouviu nenhum diálogo entre as irmãs e Nava, que havia se recuperado milagrosamente no momento em que despertou do longo descanso, porém ele se levantou e devagou em seus movimentos dentro da caverna antes de Aleu também acordar. Miriam havia chegado correndo, com uma corrida lembrando o instinto de um caçador.

Miriam: Acho que teremos que passar outra manhã sem comida.

Diz ela sem muita preocupação.

Mica: Temos outros assuntos a tratar, então.

Disse perfeitamente equilibrada, como se não estivesse preocupada também. Era como se, depois de terem conhecido Balto e Nome, o objetivo da missão fosse a coisa mais importante, até mais do que suas vidas. Mica relança os olhos para Nava, que permanece firme, de peito estufado e em uma postura dominante, como se ainda fosse alfa, esperando ela dizer o óbvio.

Mica: Mesmo tendo, aparentemente se recuperado da noite para o dia, não parece estar apto a nos acompanhar.

Ela fala em alto e bom som, para todo mundo.

Miriam: Ele não está mais impotente.

Mica: Ainda deve estar se recuperando...

Ela fala para Miriam, dizendo o que seria um fato, se ele não fosse capaz de certas habilidades espirituais e físicas.

Aleu: Já decidimos. Ele vem ou eu não vou a lugar algum.

Ela dá um passo a frente.

Mica: O caminho é perigoso. Quanto menos lobos se ferindo, melhor.

Miriam se aproxima de Nava e olha para ele com um certo olhar de dúvida.

Miriam: Você consegue nos acompanhar?

Ela pergunta diretamente.

Nava: Ainda sou capaz de andar.

Ele fala em um tom sério, porém não ignorante.

Nava: Eu tenho o meu passo, mas creio que o passo da alcatéia vá me auxiliar.

Ele fala com calma.

Aleu: Como assim?

Ela se aproxima dele, sabendo que havia mais por trás dessas palavras.

Nava: Você começou há pouco tempo, minha querida. Porém, deve ter percebido que uma das morais da alcatéia não estão somente nos uivos de um alfa. Está na companhia de outros lobos.

Ele explica melhor para ela, de forma aberta.

Aleu: Nuc e Sumac me disseram sobre o quanto um lobo solitário é-

Ela chaqualha a cabeça e se interrompe.

Aleu: Enfim, podemos ir, agora?

Ela pergunta com ousadia para as irmãs, que demoraram em resposta até acenarem com leveza com suas cabeças para ela.

Balto: É melhor tomarem a dianteira, se souberem como andar por neve funda.

Ele sugere para elas.

Mica: Claro, que sabemos.

Diz com uma certa rudez. Nava joga um olhar escurecido e avaliador para Aleu. Ela repara seu encarar certamente rígido, mas duvidoso para ela, antes de seguir logo atrás de Balto e as irmãs. Saindo daquele bosque, mas ainda andando pela neve funda, Balto olhava para sua filha e Nava, franzindo o cenho. Balto estava encasquetado com apenas um ponto, não sabia o motivo de ninguém ter comentado que eles não eram uma alcatéia formada, de fato, Aleu esteve para dizer algo, Nava se manteve e as irmãs, provavelmente aceitaram o termo, mesmo sabendo que aquela relação era temporária. Um clã improvisado de duas lobas escolhidas pelo destino, dois meio-lobos com conexão espiritual poderosa e um velho xamã praticamente sem clã.

Balto: Hmmm, por que não?

Ele fala em tom baixo, para si mesmo e continua em frente, revirando os olhos frente a uma inquietação que respondeu com sagacidade. Eles andaram entre bosques e aglomerados de árvores, cujo solo se encontrava na mesma situação que o último bosque, por mais duas horas, até chegarem na beira de um precipício. Abaixo deles, havia um abismo enorme e do outro lado, uma floresta intocada que ainda representava o verão, com as montanhas enormes e logo atrás dela.

Mica: A Planície de Aledo. Logo estaremos lá.

Ela respira fundo e solta o ar, com um alívio.

Miriam: Vai dar um certo trabalho cruzar esse desfiladeiro.

Ela olha para alguns troncos caídos ao lado deles.

Nava: A ousadia não é um bom caminho, não nestas situações.

Ele aconselha.

Miriam: A Mica quem gosta de testar essas hipóteses. Ela sabe que o melhor caminho aqui, sempre é pelo próprio abismo.

Ela olha para baixo.

Balto: Qual o problema com cortar caminho?

Mica respira fundo.

Mica: O vento aqui sopra muito, é imprevisível. Muitos já se perderam dessa forma, lobos, carcajus, raposas...

Ela fala entediada e arrastando as palavras.

Miriam: Com o Alasca inteiro dessa forma, ficaria impossível passar...

Eles apanham um vento bem forte, que dura até 10 segundos.

Miriam: Vamos descer.

Balto: Ok. Espero que lá em baixo não tenha a mesma dose de aventura.

Ele fala sendo sarcástico.

Miriam: Nem chega a ser, é bem sem graça lá.

Ela fala rindo, seguindo pela direita, na borda do precipício e encontra um declive que lembrava a abertura de uma caverna. Miriam vai na frente, com Mica logo atrás e praticamente do lado, Aleu seguia atrás dela, com Balto atrás e Nava em seguida.

Estava mais ou menos nublado com o resto da família em um pequeno morro nevado, havendo uma neblina em uma floresta à sua esquerda, logo abaixo. O grupo seguia a liderança de Jenna, permanecendo mais unidos por segurança e também para não apanhar muito do frio que soprava do Leste. Kodi mantinha a cabeça um pouco baixa e vagueava, cansado.

Kodi: Mãe, nós estamos precisando descansar, passamos a noite inteira andando por esta região. Não temos progresso há dias.

Ele fala bem cansado, para e boceja.

Jenna: Eu tenho certeza de que eles foram nessa direção.

Ela para também, dando tempo dos outros chegarem.

Boris: E do que mais você tem certeza?

Ele coça a cabeça e Jenna vira a cabeça para frente, olhando com lamentação para baixo.

Boris: Oh, ora. Não me diga que sabe a direção, mas que perdeu o rastro deles.

Ele arrepia as penas da cauda ao dizer tal, e cruza as asas.

Kodi: Mãe, eu não sinto o faro deles já fazem umas 5 horas, acho que temos que voltar.

Ele fala com ela com sinceridade.

Jenna: Não tenho certeza.

Ela se vira.

Jenna: Acho melhor mesmo nós darmos meia volta e repensarmos o caminho, lá aonde o rastro deles ainda está pouco morno.

Muk: Sei, e vamos passar um tempinho a mais só vendo aonde o rastro deles estava, se é que ainda está mesmo. Estamos perdidos.

Ele explica, frustrado com essa revelação.

Boris: Eu concordo com o pequeno, por mais surpreendente que possa ser. Temos que ser precisos e ousados na nossa próxima decisão.

Boris aconselha com afirmação.

Kodi: Se ao menos a gente tivesse um trenó e um outro lobo corredor.

Ele olha para cima, pensativo.

Stella: Sem jeito, então?

Ela pousa e se senta, deitando as costas na neve.

Stella: Finalmente, uma pausa.

Ela leva a asa até a testa e a esfrega com drama.

Stella: Oh, mas como eu passei horas batendo minhas asinhas, sem ao menos ver algum sinal sequer do Balto e da Aleu. Eu não aguentaria voar mais, preciso de um transporte.

Diz ela sendo dramática, para irritar a paciência de Muk. Jenna chega próxima para se juntar a pequena pausa, quando então, a calma neblina de neve na floresta abaixo se lança para cima, para o morro, em sua direção. Parecendo quase como uma criatura viva engolindo a sua presa, todos tem pouco tempo de reação, a não ser pela expressão de medo ou surpresa. O morro cede sobre as suas patas conforme sentiam o vento aumentar, os fazendo deslizar ou cair morro abaixo violentamente.
Jenna acorda e abre os seus olhos rapidamente, encarando neve em cima de seu focinho e patas. Ela estava coberta no meio da neblina. Ela se levanta e se sacode, se virando rapidamente para reconhecer o terreno, mas via apenas a neblina. Jenna pula para um lado e vê algumas rochas com a neve, grama e terra, como se tivesse ocorrido um desabamento de terra na sua confusão para entender tudo.

Jenna: Mas o que houve?

Ela se pergunta bem frustrada, em movimentos desesperados pela névoa, quando sente um cheiro. Ela fecha os olhos e se concentra no faro, dando 2 passos para trás. Jenna olha para aquela direção com a cabeça inclina e um olhar curioso, em uma mistura de compreensão com dúvida.

Jenna: Não pode ser... mas como??

Ela ergue a cabeça e segue em frente. Enterrado e de pernas para fora, lutando para tentar sair, Boris é removido da neve por Luk.

Boris: Seu saco de batata, eu estava sufocando há um minuto lá em baixo, aonde você estava!?

Ele fala reclamando enquanto Luk o descia para o chão.

Muk: Depois que tudo aconteceu, nos perdemos do senhor. De todos. A gente estava preso na neve também e tivemos que cavar bastante para sair.

Ele fala dando satisfações, procurando organizar bem as suas palavras de uma forma rápida, em auxílio com um sorriso de Luk.

Boris: Bom trabalho fazendo isso. Eu podia ouvir o maior barulho de garra na neve.

Ele reclama virando a cabeça para o lado.

Boris: Ei, aonde está a Stella?

Ele olha ao redor, falando com medo e se aproximando deles. Eles ficam diante de vários vultos passando nas laterais, no topo do que era aquele morro, gerando sombras sobre eles e avistam a silhueta de um lobo, distante, mas gerando uma sombra grande sobre eles. Este era musculoso, um pouco massivo. Luk e Muk ficam bem próximos, só encarando e congelados em silêncio, olhando com medo.

Muk: Aquele não é o Balto.

Ele fala em tom baixo para eles, mas ele não estava sozinho, haviam mais lobos andando por ali.

Boris: Silêncio...

Uma sombra enorme de um lobo fica sobre eles e se aproxima cada vez mais. Cercado por neve, Kodi levanta e respira profundamente, procurando ar depois de cavar para fora da neve e sob a luz semi-translucida do Sol no meio da neve erguida pelo desabamento de terra, ele fica em pé.

Kodi: Mãe. Tio Boris!?

Sem resposta, ele se vira lentamente enquanto sondava o local e procura farejar algo, mas encolhe rapidamente as orelhas e se afasta um pouco, era um faro muito ácido, azedo no ar, selvagem.

Kodi: Isso não é bom.

Disse entoado em seriedade. Kodi se misturou com a paisagem, se movendo rapidamente e fazendo pequenas pausas para observar o seu redor, e novamente seguir. Seguindo nesse ritmo por 5 minutos na direção da onde deveriam estar Luk, Muk e Boris, ele avista um pequeno movimento súbito no monte de terra e neve e o chiado de medo de Boris. Ele agacha e se movimenta lentamente até uma subida, olhando de cima para 2 lobos brancos que cercavam e levavam Luk, Muk e Boris para a sua esquerda. Kodi cerrou um rosto de aceitação daquele desafio, com alta disposição e ousadia, quando seu próximo movimento foi apenas um salto para frente, dado por um baque bem forte na sua traseira. Kodi cai para frente, rolando um pouco e caindo de bruços do lado de seus primos e tio adotivos, com consciência intacta, um lobo cinzento mais ou menos da sua estatura desceu rapidamente o monte de terra em que estava em um salto, pisando logo do lado dele. Kodi olhou para cima e notou se tratar de uma fêmea, que o encarou seriamente e depois abriu um sorriso falso e malicioso.

?: Esse daqui é meu.

Ela fala com bastante confiança e malícia. Kodi se levanta rapidamente, crescendo e ficando maior do que ela, a encarando da mesma forma e com um sorriso que mantinha para não ceder nem um pelo para os lobos selvagens.

Boris: Vocês acharam que estávamos sozinhos?

Ele franze o cenho para um dos lobos cinzentos e fecha as asas na sua cintura, e logo mais se vira pressionando as suas penas contra o lado interno de suas bochechas, assobiando bem forte para Luk, que em um piscar de olhos, de lançou contra ele e atingiu o lobo branco no processo.

Muk: Vamos brincar de pega-pega.

Ele dá risada do movimento súbito de seu irmão, apenas para cair em medo quando o outro lobo rosnou em sua orelha esquerda.

Muk: AAHHHH!

Ele começa a correr enquanto é perseguido. A loba rosnou e se inclinou para Kodi, o fazendo mudar seu tom para o mesmo dela, espelhando a sua testa franzida e dentes cerrados. A loba se lança em Kodi, o fazendo capotar para a direita, rapidamente a dando um contra-ataque com uma patada no meio da cara depois de se desprender dela com um recuo forte, Kodi aproveita a distração e se levanta em um pulo e investe contra ela de cabeça abaixada, a levantando com a sua garupa e a empurrando para frente, a fazendo rolar pela neve. Ela realiza o mesmo movimento, porém com maior agilidade, pula em um acúmulo de terra do lado dele e se lança novamente para cima de Kodi, mantendo seu peso acima dele.

Kodi: Ah!

Boris levanta a cabeça, atordoado e a segura de asas bambas, sendo lançado ao ar pelo levantar do lobo branco.

Boris: Sua bola de pelo furiosa!

Ele havia pousado em sua cabeça. Boris cai duro de cara na neve com as asas abertas, fazendo um buraco com formato de ganso amedrontado a medida que Luk caia próximo do lobo branco, tremulando o solo com o seu peso. O lobo se afasta um pouco e Luk o encara, mantendo sua expressão de sempre com um sorriso brincalhão. O lobo se afasta lentamente, se misturando na névoa e Luk o segue em disparado.
Kodi rolou pro lado, deitando a loba na neve, que se rola e se levanta novamente, assim como ele.

Kodi: Posso fazer isso o dia todo.

Ele sorri para ela, espelhando a sua malícia. Ela passa por cima disso e corta para mordê-lo na perna, ele desvia e morde na nuca dela, pulando para o lado para se afastar, como se desse uma bicuda.

Kodi: Não quero lhe machucar!

Ambos se opõem e andam em direções contrárias, a loba abre um sorriso para ele.

?: Você tem cara de malamute, não vou mentir.

Ela fala curiosa, mas ainda mantendo a distância.

Kodi:  Por que? É a pelagem?

Ele fala como se fosse óbvio.

?: Legal. Contudo, eu não vou deixar um cão doméstico me abater.

Ela desce se com tudo e dá uma rasteira com as duas pernas nele, usando o peso do seu ventro para derrubá-lo, ela vira novamente e se joga em cima dele, prendendo as pernas dele com as suas.

Kodi: Argh...

?: A brincadeira acabou!

Muk é jogado na frente dele pelo lobo branco enorme, Boris é jogado pelo outro lobo branco e Luk cai de joelhos ao lado dele, com seu pelo arrepiado e com marcas de garras, caindo de frente quando o lobo branco se revelou a partir da névoa com Boris em sua boca, para a enorme surpresa de Kodi, que dessa vez o fez sentir medo. Muk se joga para o lado de Luk, consolando o seu irmão ferido e procurando erguê-lo.

?: Devia ter pensado melhor. Cão.

Diz com certa esperteza e malandragem para Kodi. Ela se levanta, mordendo ele pela nuca e o erguendo com força, Kodi se posiciona entre os dois lobos, se mostrando resiliente.

?: Vamos levar todos eles para o Terry. Os outros já devem estar se reunindo com o quem encontraram.

??: E estamos.

Um lobo cinza de olhos azuis claros com uma voz rouca, se revela, um pouco maior que Kodi, lança para frente, entre eles, Stella.

Boris: Meu amor!

Ele a ajuda a se levantar. Stella estava com as penas amassadas na região abdominal, pela presa na boca do lobo, mas não haviam feridas.

??: Parece haver um grupo inteiro aqui, Tosica.

Tosica: O metido a lobão aqui me fez perceber, Ian.

Ela aponta com a cabeça para Kodi.

Kodi: Disse a loba que mal reconhece um husky siberiano.

Ele olha para cima e abre um sorriso, ela se vira para ele de testa franzida.

Tosica: Eu reconheço um cão há quilômetros!

Diz com impulsividade e uma moral pessoal, para a satisfação de Kodi.

Ian: Chega. Se posicione e prepare-se para empacotar, nós temos o que precisamos.

Ele fala, como se ordenasse, fazendo Tosica se posicionar atrás de Luke e Muk.

Tosica: Dois ursos polares, huh? Isso vai virar o jogo.

Ela uiva para, sendo que 3 outros uivos vinham de direções diferentes à sua frente.

Tosica: Mexam-se.

Ela fala com frieza. Muk não consegue levantar Luk. Kodi se posiciona e o ergue com a ajuda de suas costas, o ajudando a se apoiar nele.

Kodi: Vamos, pessoal.

Ele quase mastiga as palavras, sabendo que estava indo contra seu instinto de espírito lutador, mas ao custo de sua família. Boris e Stella apenas se encararam de leve antes de seguirem, com Boris a ajudando a se manter de pé, seguindo até a entrada de um pequeno desfiladeiro naquele amontoado de terra e neve que havia se formado. Eles não haviam andado muito, quando ouviram um uivo muito estranho, não parecia ser natural de um lobo.

Tosica: Parem!

Todos param de andar e a névoa se condensava na frente deles. Um monte de neve caiu sobre o lobo branco à esquerda de Kodi, chamando a atenção de todo mundo.

Kodi: Temos que recuar!

Boris e Stella começam a se afastar de volta, sendo impedidos pelo lobo branco. Kodi se solta de Luk e se joga contra o lobo, Tosica se vira em um rosnado.

Tosica: Parados!

Uma avalanche de neve surge a um palmo de distância dela e sem reação, ela, Muk e Luk são atingidos pela enxurrada. Kodi pula para a subida do morro direito de neve e terra, deixando o lobo branco para trás e Stella puxa Boris para o lado com um vôo, desviando da neve e caindo no chão em cima dele. Kodi olha para baixo, vendo que o caminho havia sido bloqueado pela neve e sobe o morro. Ian se aproxima da enxurrada e avista Kodi, se lançando até o morro e subindo rapidamente. Kodi se afasta e é recebido com uma investida e uma dentada na base do focinho, sendo lançado para trás e caindo no chão.

Ian: Eu vi tudo! Deixou meus lobos serem soterrados!

Ele fala com ódio e raiva.

Kodi: Não tenho nada haver com isso!

Exprime o seu ponto, apenas para gastar tempo falando quando podia reagir de uma mordida na cauda.

Kodi: AAAAHHH!

Ian gira com ele e o arremessa por um metro, o fazendo cair de barriga na neve.

Ian: Agora, apenas 3 de vocês irão me servir. Contudo, Terry terá que aceitar você em pedaços.

Kodi: Quem... é Terry?

Pergunta ele apoiando uma pata para se levantar, com um pouco de dificuldade pelo impacto. Ian dá uma patada em sua perna e ele perde o equilíbrio. Então, Ian se lança em seu pescoço, mordendo com força na nuca de Kodi, o fazendo ganir de dor. Ian começa a chaqualhar Kodi, o machucando ainda mais. Passado alguns segundos, alguma coisa negra-acinzentada acerta a traseira de Ian vorazmente e rapidamente, percebendo-se apenas o seu vulto quando Kodi olha para trás, lançando Ian de pinote para o chão.

Ian: Oh!

Kodi se ergue e fica em posição de defesa na neblina ainda constante. Lá em baixo, Boris dá uma risadinha e Stella se ergue, o puxando para cima.

Stella: Era você quem devia ter me defendido, sou eu quem estou machucada!

Ela reclama com ele e segura a asa esquerda, na região escapular, com pressão e Boris passa a asa na nuca com vergonha.

Boris: Desculpe-me, querida. Eu não vôo há séculos.

Ele se explica e ela se torna para ele, indignada.

Stella: Estamos em uma missão suicida e você ainda não aprendeu a voar, francamente Goosenov.

Boris: Epa, eu nunca disse que nunca aprendi a voar!

Ele retruca quando ela martela em cima de seu orgulho. Conforme eles discutem, Muk e Luk botavam a cabeça para fora da neve, cavando para fora.

Jenna: Gente.

Boris: Aoh!

Eles são surpreendidos pela chegada inesperada de Jenna.

Stella: Jenna?

Boris: Oi.

Ele diz acanhado.

Jenna: O que aconteceu aqui?

Ela olha para os ursos polares saindo da neve e as várias pegadas de lobos na superfície.

Jenna: Aonde está Kodi?

Ela olha para Boris, preocupada.

Boris: Foi tudo tão rápido, lobos selvagens nos atacaram, ficamos à mercê deles.

Ele fala se segurando na perna dela, com um tom dramático.

Muk: Tentamos o nosso melhor.

Jenna olha para Luk, ainda parecendo mal pelos ferimentos.

Jenna: Vamos dar uma pausa e cuidar disso.

Ela olha para o estado dele, o coitado estava lutando para se manter em pé depois de sair da neve. No morro, Kodi, ao ouvir as voz de sua mãe, se dirige até a borda e desce ela deslizando. Jenna solta Boris da sua perna e se aproxima.

Jenna: Kodi, você está-

Kodi se aproxima e rapidamente envolve-se em baixo de seu peito, se confortando no calor do corpo de sua mãe, ela o faz de volta.

Kodi: Mãe, você estava certa. Eu estive com o pai aqui fora e um grupo de cães-puxadores, mas não é nada comparado as tomar decisões que você e o pai tiveram quando saíram juntos, da primeira vez. Não achei que fosse terminar daquela forma...

Ele fala de forma como se culpasse pelo que tinha acontecido, com certo remorso. Jenna se aproxima e olha para ele.

Jenna: Tomar a dianteira não acontece da noite para o dia quando o assunto é fazer o certo, mas se tomam apenas as decisões e se espera o resultado chegar, para então pensar no que fazer depois.

Ela fala o consolando, olhando para ele de uma forma que ele apenas podia reconhecer como orgulho, pela sua honestidade em admitir os erros primordiais da liderança, que tanto sonhava em atingir como cão-puxador.
Mas naquela hora, eles ouviram mais uma vez o uivo estranho, vindo de cima do morro em que Kodiak havia descido. Eles testemunham a silhueta de Ian se erguendo e correndo dali em disparado, conforme outra assumia o lugar e se revelava. A neblina estava se tornando rarefeita ali em cima, até o ponto em que seu pelo esbranquiçado, corpo volumoso, mas não tanto quanto o de Ian, de pelagem escura no peito e costas, de cauda e pescoço eretos, sendo revelados nessa ordem. A cabeça se abaixou e revelou sua expressão séria que podia ser vista como maligna de certo ângulo, com orelhas pontiagudas e olhos azul-cobalto, lembrando muito uma mistura de cérbero com pastor-alemão. Ali jazia, olhando firmamente para baixo, o desaparecido e antigamente famoso malamute alasquense, Steele.
Jenna dá 2 passos à frente, de boca aberta e tentando raciocinar tudo que havia acontecido ali e mais um pouco. Boris curva as costas e decai as asas, ficando de queixo caído.

Stella: Certo, e quem é esse?

Ela levanta uma sombrancelha, esperando Boris responder, mas ele se mantinha parado como uma estátua.

Stella: Está prestando atenção?

Muk: Não pode ser...

Ele franze a testa e coça a cabeça.

Muk: Pode??

O malamute pula e desliza morro abaixo, andando com cabeça erguida até eles, mantendo uma pose de liderança e para de frente para Jenna, inclinando a cabeça para o lado e sorrindo para ela de uma forma social. Kodi se aproxima de sua mãe.

Kodi: Mãe? Quem é esse cão?

Ele olha para ele, estranhando. Steele apenas olha para os dois e dá uma risada, sua voz continuando a mesma de sempre.

Steele: Imagino que tenha perdido muito desde que deixei Nome.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo, teremos revelações sobre a história.



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