Balto IV: O Retorno da Lenda escrita por 2la1n


Capítulo 4
Ato IV




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Seguindo o declive de um morro, o quarteto abandona uma região de planície para adentrar uma com poucas árvores esparçadas, separadas em um bosque pequeno, cujas folhas pareciam ter caído antes do tempo. Miriam olha para cima enquanto seguia, vendo uma folha seca cair de um galho, mas se mantém inerente e focada no caminho. Mica sobe em uma pequena rocha e ergue o focinho contra o vento, deixando Miriam prosseguir com Aleu e Balto, que nota como se fosse uma escolta feita para protege-los de todos os perigos. Miriam passa olhando por debaixo de cada tronco caído e olhava para cima do topo de cada árvore, como se esperasse encontrar diferenças em um ambiente tão homogêneo. Balto encara as árvores e percebe poucas diferenças na diversidade de plantas, mesmo que fosse um pequeno bosque de pinheiros, estavam muito iguais.
Mica para e olha para a esquerda, vendo uma neblina de neve seguindo pelo bosque, não estava rápido e ia cruzar eles de um jeito ou de outro, os pegando pela lateral esquerda. Balto e Aleu abaixam a cabeça contra o vento. Eles seguem andando, procurando por um abrigo e Aleu encontra uma toca.

Aleu: Gente, por aqui, um abrigo.

Elas entram e Balto entra por último. A toca era uma grande caverna, havendo grandes tufos e machos de pelo no chão, de cor bege-marrom. Mica se aproxima desses pelos.

Mica: Pelos de urso-pardo.

Balto ergue as orelhas e Aleu olha para o lado de fora, Miriam encara a única saída.

Miriam: Se algum urso vier, estamos presos, não tem saída.

Ela afirma encarando a saída de olhos arregalados, amedrontada no tom.

Balto: Precisamos sair daqui e encontrar outro abrigo.

Balto anda até a entrada e põe a pata para fora, mas o vento bate bem forte nele e ele recua olhando surpreendido.

Balto: O vento... está muito mais forte do que estava antes.

Mica: Isso está acontecendo em todo lugar.

Ela se aproxima dele.

Miriam: Vamos ter que esperar.

Ela fala do outro lado dele, até que todos ouvem um uivo de lobo bem forte vindo do lado de fora, que envolvia seus ouvidos e parecia vir de todas as direções. Aleu franze o cenho e se aproxima de seu pai.

Aleu: Isso...

Balto recua um pouco, esperando ouvir novamente e o uivo mais uma vez é ouvido, da mesma forma. Mica e Miriam estranham bastante.

Miriam: Quem poderia estar lá fora?

Mica: Você não viu nada, Miriam?

Ela pergunta para ela.

Miriam: Estava procurando sinais de problemas longe, e você por perto!

Ela a chama atenção e o uivo ocorre novamente, durando mais e em um tom mais alto. Era um chamado de socorro. Balto franze a testa, encarando a entrada e Aleu olha para seu pai, reconhecendo o seu olhar e ela pula na frente, correndo para o lado de fora e sumindo na nevasca, o impedindo de prosseguir.

Balto: ALEU!

Ele tenta ir atrás dela, mas Miriam morde a cauda de Balto e o puxa para trás.

Balto: Ergh!

Aleu dispara pelo bosque, procurando resistir ao máximo de frio e batidas de vento violentas que quebravam contra o seu corpo juvenil correndo sem muito sentido. Ela desviava das árvores a apenas 2 metros de colidir com elas e acaba pisando em um ponto morto, em uma pequena caída, ela cai para frente e rola um pouco pelo chão, uivando de dor e bate as costas em um tronco de árvore.

Aleu: AIRGH!

Aleu ergue a cabeça contra o vento frio da tempestade, procurando não abrir os olhos para ser castigada por ele e olha para cima, por trás, vendo os galhos secos da árvore balançarem e começarem a quebrar com o vento. Aleu se ergue e pula para o lado, desviando de um deles e ouve novamente o uivo.

Aleu: Eu reconheço... só pode...

Ela fala para si mesma, abrindo um sorriso de felicidade que a blindava contra o vento da neve. Ela pisa a frente e ergue a cabeça uivando de volta, em sinal de que recebeu a mensagem e estava a caminho. Aleu abaixa a cabeça e segue em frente, como se trotasse contra a neve se formando e vê pegadas levando pra a entrada de uma toca com um enorme tronco preso a ela, localizada abaixo de uma árvore que parecia estar para cair. Aleu arregala os olhos e ouve o uivo de lá, novamente. Aleu empurra uma pedra com dificuldade para perto do tronco, sobe nele e passa seu corpo por de baixo do tronco.
Na toca, Balto perde o equilíbrio e olha de volta, ficando sério.

Balto: Você por acaso ficou maluca? A minha filha saiu nessa nevasca e eu vou atrás dela!

Ele afirma, batendo a perna. Mica fica atrás dele, na entrada da toca. Balto olha para trás, notando o que diante dele parecia ser nada mais do que um jogo irracional para protege-lo de forma autoritária.

Miriam: Desculpa, não enquanto essa nevasca estiver acontecendo.

Mica: Ela tomou a decisão dela, podemos procurar por ela assim que a nevasca passar.

Elas explicam para ele.

Balto: Não vou deixar a minha filha ir nessa sozinha!

Ele reafirma e se aproxima de Mica.

Miriam: Mica...

Ela se mantém firme e ergue o pescoço contra Balto, ficando de frente para ele. Cara a cara. Balto encara ela.

Balto: Mica, eu preciso passar.

Ela não fala nada após Balto ressaltar com ênfase.

Balto: Que droga, Mica! Eu preciso passar por aquela abertura!

Ele fala com raiva, mas ela não se move e não diz nada, apenas o encarando. Balto tenta pular para o lado de Mica, mas ela o fecha e o dá um empurrãozinho para trás, o fazendo dar um pequeno pulo para trás e procura ir pelo outro lado, mas ela se joga contra ele, o fazendo cair para o lado da caverna. Mica cai em pé.

Balto: Grr...

Ele perde a paciência e tenta disparar contra ela, mas Miriam morde a cauda dele novamente e o puxa para trás com tudo. Balto se vira e morde a perna dela, a fazendo soltá-lo e se afasta, correndo até Mica e se dirige até a parede da toca, pulando nela, Mica se joga na frente dele e se joga com tudo pra cima de Balto, caindo com ele na parede da entrada da toca.

Balto: ARGH!

Mica: Você não entende, não podemos arriscar a segurança de vocês!

Ela se levanta enquanto Balto ouve, mas não liga. Seu instinto paterno dizia mais alto. Balto se levanta conforme Mica se afastava.

Miriam: Somos duas lobas de raça e você é só um.

Ela se aproxima e fica do lado de Mica. Mica olha para ele preocupada, parecendo entender. Balto solta um uivo na direção da entrada para Aleu, que procurava levantar o tronco, e o ouve.

Aleu: Pai...

Ela olha para trás e tenta erguer o tronco mais uma vez. Aleu olha ao redor do tronco, vendo a quantidade de galhos que havia e começa a quebrar todos ao seu redor e os remove de cima do tronco. Um vento bate e a árvore acima da caverna é partida no meio para o lado, quase caindo em cima da entrada e ficando torcida para o lado da abertura.

Aleu: É agora ou nunca.

Ela se mexe abaixo do tronco e se ergue em cima da pedra com as duas patas, levantando ele e o lançando para o lado com muita dificuldade. Ela se ergue sobre a entrada e entra. Após 5 minutos, a nevasca volta a ser novamente uma simples neblina sem muito vento e Balto consegue avistar a silhueta de dois lobos se aproximando, um apoiado no outro. Mica e Miriam se afastam da abertura e ficam próximas do fundo, Balto encara e não crê ao ver quem Aleu estava carregando e ajudando: Nava. O antigo líder da atual alcatéia de Aleu.

Balto: Nava!

Ele dá alguns passos para o lado e Aleu o encosta na lateral da toca, o deixando deitar. Balto nota uma marca de corte de garras de urso na lateral do corpo de Nava.

Balto: Nava...

Ele fala bem preocupado, não crendo vê-lo daquela forma e naquela situação.

Nava: Balto...

Ele solta bem fraco e quase falhando, abaixando a cabeça, desmaiando.

Miriam: Quem é ele?

Ela se aproxima para checa-lo, mas Balto se vira rosnando para ela, a assustando.

Aleu: Pai?

Balto: Suas amigas tentaram me impedir de ir atrás de você.

Ele fala furioso, encarando ambas.

Mica: Isso não muda o fato de ter um lobo sangrando dentro do único abrigo que encontramos: Uma toca de urso.

Ela fala olhando para Nava. Balto solta um grunhido de raiva diante da resposta dela.

Aleu: O que? Por que vocês não o deixaram? Eu precisei de ajuda!

Ela fala um pouco irritada, querendo uma resposta rápida para não encarar a situação com irracionalidade. Miriam respira fundo.

Miriam: Não podemos arriscar a sua segurança. Aleu foi imprudente e podia ter morrido, mas Balto não pode.

Ela afirma, um pouco arrependida no tom.

Balto: O quê?

Ele inclina a cabeça ao ouvir isso e a encara.

Aleu: Acho que as nossas chances de sobreviver aumentam quando nos ajudamos.

Ela retruca para Miriam, que ergue o pescoço diante da resposta, para Aleu. Mica olha preocupada.

Balto: Podem deixar, que sabemos nos cuidar. E sou eu quem cuido da minha família. Não se metam mais nisso!

Ele responde dando um ponto final na conversa. Mais tarde, a noite, Nava acorda subitamente, respirando fundo e olha para o lado. Balto já estava dormindo e Aleu estava deitada, acordada, do lado dele. Miriam não estava presente e Mica estava na entrada.

Nava: A-A... Aleu.

Diz parecendo ter revigorado suas forças, Aleu olha para ele e abre um sorriso bem grande.

Aleu: Nava...

Ela fala orgulhosa em vê-lo depois de tantos anos e se senta de frente para ele, parecendo que ambos eram mais íntimos do que apenas conhecidos e antecessor e sucessora, ele tinha sido seu mentor por pouco tempo, havendo uma conexão profunda na forma como Aleu o tratava. Balto acorda e Mica olha levemente para trás.

Nava: Aonde estou?

Aleu: Seguro.

Ela afirma. Nava olha para sua marca de garra nas costas.

Nava: Isso tá muito feio, argh... mas não estou surpreso que está nessa também.

Ele fala realmente não parecendo surpreso, apesar de sorrir ao vê-la.

Nava: É um prazer revê-la e ao seu pai.

Balto se aproxima lentamente.

Balto: Nava. Estou grato também em revê-lo, mas o que faz aqui tão longe do litoral? Eu achava que você e o Niju tinham-

Nava: Nos reencontrado?

Ele se levanta e se senta lentamente. Mica observa tudo de canto.

Nava: De fato, nos reencontramos. Niju é imprevisível e ele fugiu algumas vezes. Estive seguindo seus rastros. Logo depois que recebi o aviso de que o espírito da Grande Loba Branca estava... sendo procurado... eu me apressei para procura-lo e conscientizá-lo do que está por vir.

Aleu: O Niju continua escorregadio como sempre.

Ela fala para seu pai, decepcionada com isso.

Balto: O que importa é que nunca desistiu dele.

Ele fala para Nava, procurando acalmá-lo e consolar sua óbvia solidão no tom.

Nava: É, apesar dos meus conhecimentos, eu sinto que tenho perdido certos dons.

Ele afirma olhando para o chão e arregala as sombrancelhas por um momento, para quebrar o gelo. Mica se aproxima por trás de pai e filha.

Mica: Eu ouvi “Grande Loba”?

Ela pergunta, curiosa. Balto olha para ela, sendo protetor com Nava e encarando de forma quase que irritada, bem sério.

Nava: Ouviu, sim. Vejo que você é de um clã, também.

Ele fala de volta. Aleu olha incomodada para seu mentor.

Mica: Ora, o quanto o senhor a conhece? Toda informação é bem-vinda.

Aleu: Informação?

Ela se vira para Mica.

Aleu: Ele vem com a gente.

Ela afirma.

Mica: O quê?

Ela pergunta, levantando uma sombrancelha.

Nava: Eu conheço ela o bastante. Aniu já aconselhou as grandes alcatéias do passado a seguirem pela Passagem. Eu vi seus sinais quando chegou o tempo.

Ele revela e Mica sorri para ele.

Mica: Eu achava que passaria toda essa jornada até o Santuário de Aledo sem ver nenhum sinal, mas parece que o destino tem outros planos para a gente.

Ela fala grata em tê-lo presente.

Nava: As forças espirituais não são previsíveis. Elas nos escolhem para uma tarefa e temos apenas que responder, mesmo que não hajam muitas respostas.

Ele fala calmamente, deixando Aleu e Balto meio incomodados e acanhados. Ambos se encaram estranhando isso. Nava solta um pequeno grunhido de dor e olha para sua ferida.

Mica: Está ferido, senhor. Creio que não possa nos acompanhar neste estado.

Nava: Eu conheço muitos truques e se a Grande Loba, Aniu, fez o favor de nos reunir aqui hoje, então é por que fazemos parte do Plano e precisamos estar unidos.

Ele fala feliz, sorrindo para ela e fecha os olhos, se concentrando. A sua ferida começa a sumir em um piscar de olhos e conforme ele o faz, ele vai se deitando novamente.

Aleu: Nava...

Mica: Não acredito.

Ela fala olhando para Nava utilizando um de seus muitos conhecimentos ocultos. Ele desmaia.

Mica: Ele é um xamã.

Ela fala impressionada.

Mica: Vocês precisam mesmo falar mais de vocês. Aonde conheceram este xamã?

Balto levanta uma sombrancelha e Aleu revira os olhos, virando a cabeça para ela. Miriam retorna e olha curiosa para eles.

Miriam: O que eu perdi?

Mica: Temos que conversar sobre algo antes de dar uma palavra final.

Ela se levanta e anda até ela. Balto olha para Nava e volta para seu canto da toca, para dormir. Ao longe, havia um lobo negro vigiando Miriam entrar, que some no meio da neblina. Em algum lugar, entre as várias florestas que haviam próximas da planície, Jenna ficava contra o Sol se pondo, do lado de uma depressão que levava para uma pequena praia, de frente pro mar.

Kodi: Mãe, pegou alguma coisa?

Ele pergunta a uns 10 metros dela, separado do outros do grupo.

Jenna: Nada aqui. Eles não devem ter passado muito tempo parados, acho que eles estão passado direto pelos lugares.

Boris: As pegadas da neve levavam até aqui. Eles não devem estar comendo e nem fazendo muitas pausas.

Ele relata e Stella pousa.

Stella: Nada do Balto.

Kodi olha para o lado, chateado.

Jenna: Temos que continuar para onde acreditamos estarem indo.

Stella: Esse caminho leva para o interior do Alasca, para as montanhas mais isoladas.

Boris: Ai, mas esse lobo não para de nos fazer se preocupar desse forma.

Ele bate com a asa na testa e balança a cabeça.

Kodi: Faz sentido, o pai já passou horas correndo por estes terrenos.

Jenna: Seu pai nunca veio por aqui, Kodiak. Estamos em território desconhecido e o clima não está nos favorecendo, mas temos que confiar uns nos outros se quisermos continuar. Sem pausa.

Ela conclui e Kodi acena positivamente para ela, se virando. Jenna olha para o pôr-do-Sol, olhando bem preocupada e se respira fundo.

Jenna: Aonde estão vocês?

Ela fala com muita tristeza e preocupação.


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