Segunda-feira.

Era o primeiro dia de aula, os corredores estavam lotados de alunos de várias idades diferentes. Sakura se lembrou que detestava multidões. Mas mal os filhos dos vilões apareciam e já era aberto espaço e as conversinhas se tornavam burburinhos.

— Qual a primeira aula? – perguntou para Ino ignorando tudo e todos.

— História Real – a loira respondeu.

Aparentemente as aulas eram separadas por salas e por isso o corredor estava cheio, estavam todos tentando se achar em meio a multidão. Seguiram por onde já conheciam, tendo o espaço aberto a cada passo que davam.

Chegaram na sala com sucesso e se sentaram ao fundo, perto da janela.

O sinal tocou e uma mulher entrou, ela tinha cabelos pretos curtos e olhos negros.

— Bom dia classe, sejam bem vindos – ela desejou. – Para quem não me conhece, meu nome é Shizune. Como puderam ver em seus horários, eu sou professora de História Real e também de Cálculo Real.

Aquela era a mãe da Matsuri e uma velha e boa amiga da Fada Madrinha, Tsunade.

A professora fez uma breve revisão de tudo o que já haviam estudado nos anos anteriores e Sakura achou interessante estudar mais sobre a história de Konoha, bem de como todos os reinos. Havia coisas fascinantes.

A segunda aula era de Cálculo Real, portanto ficaram na mesma sala. Sakura era boa em cálculos, mas não entendia para que a necessidade de tantas fórmulas, ela achava de certa forma inútil.

Na terceira aula tiveram que mudar de sala. Era aula de Feitiçaria, ao que Sakura se empolgou muito. Tsunade, a Fada Madrinha, é quem era professora. Mas a aula foi uma decepção para Sakura, pois a Fada só dizia a história dos feitiços e para que serviam, e não como replicá-los.

Havia um intervalo depois da terceira aula para que todos pudessem almoçar.

Sakura estava sem fome, mas se forçou a comer um pouco.

— Que porre – Sakura reclamou.

— Tem uma aula ou outra interessante – Kiba tentou dizer.

Shikamaru deu um cascudo nele.

— A gente tem uma hora e meia de intervalo – comentou Ino olhando o horário das aulas.

— Ótimo – disse Shikamaru. – Depois disso aqui – apontou para o almoço –, vou para o quarto dormir.

Sakura revirou os olhos para ele. O garoto só sabia pensar em dormir.

Chyo ralhava como sempre, mas não podia negar: a velha sabia cozinhar.

— Olá – a afilhada da Fada Madrinha se aproximou.

— Oi Matsuri – disse Sakura sorrindo falsamente. – Ah, rapazes, essa é a Matsuri e Matsuri, esses são Kiba e Shikamaru – ela os apresentou assim que viu Shikamaru ficar confuso.

— Posso me sentar com vocês? – perguntou ela ansiosa.

— Claro – afirmou Ino. – As roupas ficaram ótimas em você – comentou.

Sakura sabia quando Ino mentia e aquela era uma. Na noite anterior, a afilhada da Fada passou no quarto delas depois do jantar e Ino a ajudou com as roupas assim como Sakura disse que faria. Ino não pôde fazer milagre, mas melhorou um pouco a aparência da garota.

— Então – a afilhada da Fada Madrinha iniciou uma conversa. – Como está sendo o primeiro dia de aula de vocês?

Sakura queria responder um saco, mas ao invés disse com um sorriso falso:

— Demais!

Os amigos simplesmente concordaram.

— Oi Sakura! Oi Ino! – Tenten passou na mesa deles as cumprimentando.

— Oi Tenten – Ino respondeu. Sakura apenas balançou a cabeça.

Assim como havia dito, Tenten trouxera algumas “clientes” para as duas e elas pagaram muito bem por um novo corte de cabelo, sem falar nas dicas de moda que Ino havia passado. A filha da Rainha Má ainda havia ensinado algumas delas a se maquiar e as ajudaram a se vestir, o que rendeu um dinheiro extra. Isso fez Ino ficar muito feliz.

— Nossa Matsuri, se juntando aos inimigos? – Karin se aproximou da mesa dos filhos dos vilões provocando a garota.

Matsuri se encolheu amedrontada. A filha da Bela Adormecida sempre fora horrível com ela e fazia de tudo para sua vida ser um inferno.

Sakura olhou para Karin com desprezo e disse:

— E desde quando a vida dos outros é da sua conta?

O refeitório inteiro ficou em silêncio, pois a voz de Sakura foi ouvida por todos.

— Não estou falando com você e sim com Matsuri – falou a ruiva irritada.

— Você está falando com quem está ouvindo – rebateu Sakura. – E daí se a garota está sentada com a gente? O que é que isso tem de mal? – Sakura se levantou se aproximando de Karin. A filha da Bela Adormecida não recuou.

O olhar de raiva entre as duas era quase palpável. 

Sasuke se levantou de onde estava e se aproximou das duas temendo confusão. Mas parou no lugar quando duas meninas, Tenten e Temari, se levantaram com suas bandejas e foram se sentar junto aos jovens da Ilha.

— É Karin – Temari falou. – Não tem nada demais se sentar com eles, diferentes de você, eles são legais.

Shikamaru analisou a filha do Aladdin e da Jasmine se sentando ao seu lado.

— Isso não vai ficar assim – Karin disse e saiu do refeitório, completamente irritada.

Sakura observou a garota sair.

Vendo que os ânimos haviam se apaziguado, Sasuke voltou para a mesa onde estavam alguns amigos.

— Não vai atrás dela? – Gaara perguntou.

— Melhor não – negou Sasuke.

A filha da Malévola voltou ao seu lugar. Era bom ficar de olho, Karin tentaria algo.

— Ignorem a Karin – Tenten disse. – Principalmente você Matsuri – se dirigiu a garota.

— Você precisa aprender a se impor – acrescentou Sakura.

— Estou indo nessa – o filho do Jafar se levantou e Kiba foi junto, não querendo ficar sozinho entre tantas garotas.

Temari o observou indo até a bancada deixando a bandeja e saindo do refeitório logo em seguida.

— O que ele vai fazer? – perguntou sem se conter.

— Dormir – Ino sorriu para ela percebendo o claro interesse.

— Como é que eu faço para me impor? – Matsuri perguntou a todas presentes na mesa.

Tenten e Temari olharam para as duas garotas da Ilha.

— O que? – Sakura questionou confusa com os olhares.

— Você é bem empoderada – Tenten disse sincera. – Admiro isso, me faz lembrar minha mãe.

— E você é tão segura de si – Temari disse a Ino. – Como fazem? – perguntou curiosa.

Sakura e Ino se olharam e deram de ombros.

— Sempre fomos assim – Sakura deu de ombros.

— É fácil para vocês – lamuriou Matsuri. – Vocês duas são lindas – invejou as duas.

— Não é uma questão de beleza – explicou Ino. – Sabe, na Ilha ninguém se importa muito com isso.

— Temos mais com o que nos preocupar – Sakura deu de ombros, acrescentando em pensamentos “Como não morrer de sede ou fome, por exemplo, ou não perder nosso território para as outras gangues”.

Tenten e Temari não voltaram a perguntar, elas não sabiam como era a ilha, só sabiam que por tantos vilões e pessoas más naquele lugar deveria ser um local horrível para viver. Já Matsuri não se contentou com a resposta, não era justo para ela que as duas garotas vindas da ilha fossem tão bonitas daquele jeito, invejava as duas.

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Depois do intervalo tiveram aula de química, novamente com Tsunade. Sakura achou aquela aula extremamente chata, queira ir logo para a parte de misturar aqueles líquidos todos, mas pelo visto iria demorar até chegarem naquela parte das substâncias.

Logo após, a última aula era de Educação física, com um não, mas dois professores novos, pelo menos os filhos dos vilões ainda não os haviam conhecido.

— Olá a todos, meu nome é Kakashi e esse é o Obito – o de cabelos prateados apresentou.

— Nós somos seus professores de Educação Física – dessa vez o outro, de cabelos escuros, é quem disse. – Agora para o vestiário, quero todo mundo suando.

Sakura não estava a fim de seguir aquele bando de princesas, então se sentou na arquibancada. Seus amigos deram de ombros e a imitaram.

— A gente não devia ir junto com os outros? – Kiba perguntou confuso.

— O que pensam que estão fazendo? – um dos professores se aproximou deles, era o de cabelos escuros. – Para o vestiário, agora!

Sakura olhou para ele e retrucou:

— Não precisamos.

— Ah não? – ironizou.

Sakura estreitou os olhos e depois os fechou se concentrando. Estalou os dedos. Quando os abriu, seus amigos e ela estavam com roupas de fazer exercícios.

— Não, não precisamos, mas obrigada pela preocupação – sorriu falsamente para o professor.

Os alunos voltaram aos poucos. Muitos enrolaram.

O príncipe Sasuke foi até eles.

— Vocês não vieram com a gente – percebeu. – Como trocaram de roupa tão rápido? – perguntou curioso.

— Mágica – Sakura estalou os dedos na frente dele brincando. Sasuke sorriu para ela achando engraçado.

— Vamos lá, façam uma roda – os professores chamaram e começaram a ditar exercícios para os alunos.

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— Odeio suar – reclamou Ino saindo do campo indo em direção aos dormitórios.

— Vai na frente – Sakura disse a ela –, eu vou deixar esses livros no armário – detestava carregar peso por aí.

Antes das aulas oficiais começarem havia desenhado e pintado a porta de seu armário, logo não era difícil encontra-lo em meio a tantos outros.

— Devia considerar levar todo esse talento para a aula de artes – Sakura não percebeu o príncipe se aproximar. Viu a namorada dele olhando ao longe e segurou a vontade de revirar os olhos para ela.

— Aula de artes? – perguntou voltando a atenção para ele.

— Sim, infelizmente só temos aulas de artes oficiais apenas nas quartas e sextas, mas é uma atividade extra curricular e você pode ir sempre que quiser depois das quatro da tarde  – informou Sasuke.

— Nunca tinha pensado nisso – Sakura terminou de guardar os livros e fechou o armário.

— Eu posso te inscrever, se você quiser – ele ofereceu.

— Tá bom – ela deu de ombros. – Nos vemos depois – decidiu piscar para ele antes de se despedir ao ver a namorada dele se aproximar.

Sasuke suspirou sonhador, conversar com Sakura o deixava meio eufórico.

— O que estava conversando com ela? – Karin se aproximou irritada.

— Sobre aulas de artes Karin – Sasuke suspirou. Ultimamente só havia tido discussões entre os dois.

— Ela pode conversar com o professor, por que sempre tem que se dirigir a você? – ela continuou reclamando.

— Agora não Karin – se afastou dela. Sasuke detestava brigas e sabia que a namorada iria fazer uma cena e tanto.

— Está vendo aquele grupo de garotas? – Karin apontou antes que ele se afastasse. Sasuke observou ao longe o grupo conversando bastante animado – Sabia que a filha da Malévola usou magia par deixa-las bonitas?

— O nome dela é Sakura – alertou ele. – E o que isso tem de mais? – perguntou não entendendo. Não via nada de estranho nas garotas, muito pelo contrário, elas pareciam bem felizes na opinião dele.

— O que tem de mais? Tudo! – exclamou ela irritada. – Começa com simples feitiços de beleza e depois o quê? – protestou ela. – Benzinho – a filha da Bela Adormecida amansou a voz. – Eu sei que sua mãe se apaixonou por uma fera que por um acaso era um príncipe. Mas no caso da minha mãe, a fada malvada era só a fada malvada. Ela – se referindo a Sakura –, é igual a mãe.

— Está errada sobre ela – Sasuke defendeu a filha da Malévola. – Sobre todos eles. Dá uma chance – ele pediu e voltou a caminhar em direção aos quartos.

— Você é muito ingênuo! – gritou ela antes que ele virasse o corredor.

Sasuke saiu do prédio e foi direto para o dormitório. Muitos alunos o cumprimentavam no caminho, ele era muito popular além de ser um príncipe.

Chegando ao quarto se jogou em sua cama, divagando sobre os últimos dias e principalmente sobre as mudanças desde que seu pai anunciara que em breve seu irmão seria coroado rei.

— E aí cara? – o amigo com quem dividia o quarto havia saído do banheiro, enxugando a cabeça com uma toalha. – Vi que foi atrás da filha da Malévola – comentou como quem não quer nada.

Sasuke estranhou o comentário. Naruto não era de ficar reparando em seus passos.

— O nome dela é Sakura – disse seco.

— Não desconta em mim não – Naruto se defendeu. – Umas garotas que comentaram para Karin lá no pátio e eu por acaso estava perto, vi que ela saiu furiosa – ele deu de ombros jogando a toalha em cima da cama.

— Ultimamente só temos discutido – desabafou Sasuke.

— Uma pena – tentou consolar o amigo. – Mas você sabe que a minha prima não é nem um pouco compreensível.

Naruto era seu melhor amigo desde a infância, ele era filho da Cinderela e do Príncipe Encantado, era loiro de olhos azuis, havia puxado a característica principal de sua mãe: era extremamente gentil e atencioso, e também havia herdado a determinação do pai. Ser filho da Cinderela fazia dele primo de segundo grau da filha da Bela Adormecida.

— Eu vou tomar um banho – disse Sasuke se levantando. Ele foi até o guarda roupa procurar roupas limpas e pegar uma toalha.

— Tá precisando – zoou Naruto.

Sasuke nem se deu ao trabalho de responder.

Os dois eram amigos desde que se entendiam por gente e Sasuke não se lembrava de nenhuma fase da sua vida em que Naruto não estivesse.

Já Naruto observou o amigo tomar o rumo do banheiro e se sentou na cama para terminar de enxugar os cabelos loiros. Sasuke estava diferente em sua opinião, parecia confuso as vezes e sempre que percebia isso ele estava olhando para a filha da Malévola. Mal podia conter a vontade de falar com a garota e ver o que tanto admirava Sasuke. Aquilo parecia algo bom, Sasuke era muito gentil, as vezes até demais e preferia deixar as coisas acontecerem ao invés de criar confusão e lutar pelo que queria.

Sempre soube que ele não gostava de sua prima de verdade, o amor não funcionava assim, tinha como referência os pais, quando você se apaixona por alguém dá para perceber no seu olhar e aquilo nunca havia acontecido com Sasuke, mas também não havia acontecido consigo, esperava se apaixonar um dia, por alguém que realmente valesse a pena. Esperava viver um amor como o que seus pais tinham, o verdadeiro amor.

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