O dia estava bonito.

A brisa fresca da floresta, a grama quentinha embaixo do seu corpo.

A árvore de sua mãe fazendo sombra em si.

Era um bom dia.

— Por que não está treinando? – a voz da Fada Madrinha se fez presente.

Lá se ia seu dia bom.

— Qual é Tsu – Sakura debochou sem sequer abrir os olhos. – Não posso descansar um minuto, que você já vem me dando bronca?

Ouviu o suspiro da Fada ao longe, como se buscasse paciência. Sakura quase sorriu.

— Dentro de alguns dias vamos ao palácio te apresentar oficialmente como representante da Floresta Proibida, você precisa focar – a Fada deu bronca. – Principalmente por causa da sua última façanha, aquilo não pode se repetir, em hipótese nenhuma.

Agora Sakura é quem respirou fundo.

Sua última façanha... Que culpa tinha se precisava vingar sua mãe e a si própria por tudo o que o Rei Estefan, o deposto rei do reino de a Bela Adormecida, tinha feito?

Sakura se lembrou do dia que haviam voltado da Ilha, depois de resgatar Sasuke.

.

.

.

Os pais de Sasuke estavam no porto à espera do filho, Itachi também estava lá, Izumi ao lado dele, todos pareciam aflitos.

A Fada Madrinha e alguns dos professores também estavam no porto.

Só respiraram aliviados quando todos saíram da limosine, bem e sem ferimentos graves.

Sakura viu no rosto da Fada Madrinha a careta de decepção com ela, mas Sakura não ligava, precisava tirar toda aquela história a limpo.

Tinha descoberto muita coisa na casa de sua mãe na Ilha, muita coisa escondida no quarto dela.

Primeiro, o Doutor Facilier não era nada mais nada menos do que o próprio Orochimaru, disfarçado de conselheiro e havia ainda alguns outros vilões com ele, como a Gothel e ela tinha a alma de Neji com ela, a mantendo jovem e saudável, como iriam encontrar ela ainda era um mistério.

Segundo, sua origem, quando visse seu pai... Não saberia nem o que dizer.

Era irmã de Konan e a garota sabia desde a infância, por isso havia mudado de uma hora para outra com ela, a filha da Úrsula sabia e tinha raiva de si por ter a atenção do pai, mas o único motivo dele ter interesse nela era porque era a única filha que herdou os poderes dele.

Terceiro, o Rei Estefan do reino de a Bela Adormecida. O canalha precisava pagar por tudo o que havia feito a sua mãe.

Então foi direto para a Fada Madrinha.

— Eu sei que está zangada e pode fazer o que quiser comigo, mas antes eu tenho uma acusação a fazer.

— Você vai ser presa e julgada por seus crimes – disse o rei Fera depois de se certificar que Sasuke estava bem.

— Tudo bem – Sakura aceitou. – Mas antes eu vou fazer uma acusação. Um crime não só contra a Floresta Proibida, mas também contra as Fadas.

A Fada Madrinha viu o olhar no rosto da garota.

— Pois bem, faça sua acusação – concordou.

— Eu acuso o rei Estefan, do reino de a Bela Adormecida, de ter arrancado as asas da minha mãe anos atrás.

A Fada Madrinha arregalou os olhos e deu um passo para trás. Ela não foi a única.

— Isso é uma acusação gravíssima – ela disse completamente surpresa. – Você tem certeza?

— Sim e eu tenho como provar.

A Fada Madrinha tomou toda a responsabilidade pela filha da Malévola e a levou até o reino de a Bela Adormecida.

O lugar era bem bonito e fazia divisa com os limites da Floresta Proibida.

Elas apareceram de surpresa no reino, a família real estava jantando. Sakura olhou para Karin e teve pena da garota, olhou para a avó dela e teve mais pena ainda.

Mas o rei... Sakura tinha muita raiva.

A Fada Madrinha apresentou a acusação que Sakura havia feito.

— O que? – o rei se indignou. – Foi isso que sua mãe disse? Como se não bastasse tudo o que Malévola nos fez passar, vem a filha dela continuar o legado.

Sakura ouviu a Fada Madrinha respirar fundo e aproveitou para tomar a dianteira.

— Não vai se importar se eu procurar então – e bateu o cajado da mãe no chão, estava com ele nas costas, escondido pelo manto que ainda usava da Ilha.

Sakura viu o rosto do rei empalidecer por um momento e depois endurecer.

— Pode ir embora! – ele se levantou e gritou. – Não é bem-vinda aqui e nenhuma escória daquela Ilha imunda! Me admira você Fada Madrinha, ouvir palavras dessa criatura.

Sakura sentiu a raiva borbulhar em si quando o vitral em cima das cadeiras reais se espatifou e dele saiu as asas da mãe vindo direto em sua direção, junto com correntes que se faziam de grilhões.

Mebuki tinha razão quando escreveu no diário que tinha certeza de que o rei Estefan era soberbo o suficiente para guardar a prova de sua conquista em um lugar que ninguém imaginaria.

— Não fez nada, não é – Sakura murmurou ao sentir a textura das asas da mãe, eram macias e lindas na cor preta, Sakura abraçou as asas e chorou, ajoelhando-se no chão.

A vida que poderia ter tido...

E agora nunca mais veria a mãe ou falaria com ela.

— Você acusou minha mãe de atrocidades com o seu reino, quando você é o único que causou tudo isso. Você fez de Malévola, a minha mãe, uma vilã porque queria ser rei.

— Está destituído de ser rei, a menos que queria causar o desequilíbrio – disse a Fada Madrinha, o rosto endurecido.

Mas para Sakura, aquilo não era o suficiente.

— Que você sinta 100 vezes a dor que minha mãe sentiu quando ela descobriu que você a traiu — o amaldiçoou.

O rei caiu no chão imediatamente gritando e se agarrando as costas, logo sangue manchou a camisa de cor clara que ele usava.

— Sakura, pare com isso – a Fada mandou.

— Vai parar logo, não se preocupe.

Sakura olhou para a rainha Leah, para Aurora e então para Karin e saiu do palácio, sem olhar para trás, esperaria a Fada Madrinha na divisa com a Floresta Proibida.

.

.

.

— Não vai se repetir – disse Sakura ao se sentar. – Eu prometo, em nome da minha mãe – colocou a mão no tronco da árvore e a acariciou.

Viu o olhar da Fada Madrinha amolecer.

— Eu devo admitir que você evoluiu bem rápido – ela se aproximou e se sentou ao seu lado.

— Tive um incentivo.

Realmente não havia matado sua mãe. Tinha sido um alívio ao descobrir.

Malévola se sacrificara para passar seus poderes para a filha e agora, Sakura era a criatura mágica mais poderosa existente naquele momento.

A mordida no ombro foi uma forma de passar a magia pela forma de dragão, com isso sua mãe havia passado de uma forma para outra, que era o que acontecia com as fadas. Sua mãe era uma pequena muda quando a viu depois de tudo e havia florescido bem rápido ao receber o cajado e principalmente as asas de volta.

Sakura a havia plantado na clareira que o pai a havia levado da primeira vez, onde havia apenas a Floresta Proibida para se ver.

Depois de amaldiçoar o rei Estefan foi levada de volta a prisão no palácio do reino de a Bela e a Fera, diferente da última vez, não houve público, estavam mais ocupados procurando pelos vilões que ainda estavam à solta e principalmente ao resgate do príncipe Neji, filho de Rapunzel.

Sakura sabia que quem quer que o encontrasse, seria um belo conto de Fadas a contar.

O resgate do príncipe.

Já conseguia até imaginar.

Tinha sido absolvida de seus crimes sob a tutela da Fada Madrinha com a promessa de que quando voltasse, seria condecorada a próxima representante da Floresta Proibida.

Tinha sido a última vez que tinha visto Sasuke e os amigos.

Já se fazia alguns meses desde então.

— Eu conto para os outros sobre minha origem? – Sakura perguntou baixinho.

— Isso é com você – a Fada deu de ombros.

— Você não deveria me dar bons conselhos – a garota fez uma careta.

— Você já é bem grandinha para saber em quem confiar.

Sakura voltou a se deitar.

Sua origem... seu pai tinha sido bem engenhoso.

Ele não era dali das terras dos contos de fadas.

Quando o reino abriu portais entre as dimensões em busca de melhoramentos seu pai aproveitou para sair de seu mundo e acabou ficando ali.

Rumpelstiltskin era mais velho do que a própria Fada Madrinha, aquilo assustava um pouco Sakura, não tinha mais visto o pai, ele não a procurara também.

No quarto de sua mãe achou um diário escrito por Mebuki, a filha da cozinheira da Academia, que tinha sido mandada para a Ilha por ter matado o marido. Não fora ela quem matara diretamente, Rumpelstiltskin tinha conseguido um veneno para ela, em troca, ela seria daria sua barriga emprestada para gerar a criança dele com Malévola e o resultado fora Sakura.

Sakura ainda se emocionava com as palavras que ela havia escrito.

“Espero que um dia leia essas palavras pequena Sakura, eu escolhi esse nome para você porque você era tão linda e pequenina em meu colo. Eu fui a primeira pessoa a segurar você em meus braços. E eu te amo, você é minha filha tanto quanto é de Malévola e de Rumpelstiltskin, e eu espero que seja lá qual for o plano que eles tiverem para você, quero que você siga o próprio caminho e que seja boa de uma forma que esse mundo ou qualquer outro não a mereça.

De sua segunda mãe, Mebuki.”

Havia marca de lágrimas ao longo do papel.

Talvez devesse contar a cozinheira. Um dia...

— Já sabe qual vai ser seu primeiro ato como representante da Floresta Proibida? – a Fada Madrinha perguntou.

— Sim – Sakura respondeu simplesmente.

— E não vai me contar.

— Vai ser surpresa, eu conto quando formos ao palácio – Sakura sorriu sutilmente e sorriu ainda mais ao ouvir o suspiro da Fada Madrinha.

Estava na hora de pagar outra promessa de muito tempo atrás. Vingar a Rainha Má.

.

.

.

Ino estava caminhando pelos corredores da Academia, a próxima aula seria de Princesologia.

Sakura teria colocado um dedo na frente da boca e simulado um vômito.

Ino sorriu triste.

Sentia falta da amiga.

As coisas andavam bastante calmas, mesmo depois que mais quatro jovens da Ilha tinham sido convidados a frequentar a Academia: Konohamaru, Moegi, Suigetsu e Juugo. É claro que os outros os conheciam como: o neto de Lady Tremaine, a neta de Madame Mim, o filho de Yzma e o filho de Narissa.

Suigetsu era o único que causava algum tipo de problema, mas nada que Sasuke não conseguisse resolver, Ino se admirava com a persistência do príncipe, não era todo mundo que tinha paciência com o garoto.

Não se esquecia da cena de quando eles chegaram na Academia pela primeira vez.

“- É tão bonito aqui fora – disse Moegi maravilhada com tudo.

— O céu é da cor dos seus olhos, Ino – Konohamaru a abraçou.

— Nem acredito que a gente está fora da Ilha – disse Juugo.

— Por falar em aqui fora – falou Suigetsu. – A Sakura tá muito brava?

Sasuke olhou triste para o chão. Já fazia um bom tempo que todos eles não viam a amiga.

— Você e a Sakura são muito próximos, não é? – disse Sasuke.

— A gente cresceu junto – Suigetsu deu de ombros.

— Você não disse? – Juugo perguntou para Ino.

— Não – ela negou. – Não cabe a mim contar.

— Contar o quê? – Sai, que estava quieto ao lado de Ino, questionou.

— Somos irmãos – respondeu Juugo.

— Você e a Sakura? – Sasuke perguntou surpreso.

— E o Suigestsu – o filho de Yzma apontou para si próprio. – Não esqueçam do Suigetsu.

— Como? – Sasuke perguntou completamente surpreso.

— Rumpelstiltskin andou bastante ocupado nos últimos anos – Suigetsu deu de ombros.

Ino vendo que Sasuke continuava chocado com a informação disse a eles:

— Bem-vindos a Konoha!”

Ino sentiu os braços de Sai em volta de si.

— Oi – ela o beijou de leve.

— Oi, você parecia triste – ele comentou colocando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha. – No que estava pensando?

— Na Sakura, sinto falta dela, já faz meses e ela não dá uma notícia – Ino bufou.

— Calma, a Fada Madrinha não disse que ela estava bem?

— Ela dizer e eu ver com os meus próprios olhos são duas coisas bem diferentes – Ino desabafou. – É melhor você ir, ou vai se atrasar para Treinamento de Heróis.

— Vejo você mais tarde? – ele beijou a testa dela.

— Sim – Ino apertou a mão dele antes de seguir para a próxima aula.

Assim que virou no corredor sentiu alguém lhe puxar.

— Shiu – uma voz familiar soou em seu ouvido.

— Sakura? – perguntou sem acreditar.

— Sentiu saudades? – a garota de cabelos rosas sorriu travessa.

Ino abraçou a amiga forte.

— Também senti sua falta – Sakura devolveu o abraço. – Fecha os olhos e corre comigo quando eu mandar.

Ino nem questionou.

.

.

.

— Que lugar é esse? – a filha da Rainha Má questionou.

Tinha um castelo em ruínas assim como um pequeno vilarejo, tudo estava tomado por plantas, galhos enormes e raízes, parecia que tinha passado um furacão ali.

— Seu – Sakura respondeu. – Se a natureza te aceitar como herdeira.

— Como assim? – Ino perguntou curiosa e esperançosa.

— Lembra da história da Pele de asno? Ninguém nunca perguntou o que aconteceu depois do suposto final feliz – Sakura disse enquanto tocava nas plantas, fazendo com elas abrissem caminho para as duas. – Ela era sua mãe.

Ino colocou as mãos na boca completamente surpresa.

Sakura lhe estendeu o livro de poções da Rainha Má. Bem em uma página em que tudo estava escrito.

— Sua mãe não conseguiu ter um herdeiro do rei antes que ele viesse a falecer e o quem o herdou foi um parente distante, um homem que não teve piedade e a expulsou – Sakura continuou a história. – Esse é o reino do pai dela, seu avô no caso, provavelmente caiu em ruína assim que todos souberam das intenções dele de se casar com a própria filha.

Ino pode constatar por si própria no que estava escrito.

— O resto é a história que todos conhecemos, o pai da Branca de Neve ficou viúvo muito jovem, com uma menina ainda bebê que iria precisar de uma mãe e então ele conheceu a Rainha Má e se apaixonou por ela.

— Por que não me contou antes? – Ino perguntou. Afinal, Sakura tinha o livro da mãe a meses já.

— Porque eu queria ter a certeza de que você iria herdar o reino – Sakura explicou.

— Eu vou poder herdar? Tudo isso? – apontou para o lugar. – Mas está em ruínas.

— Nada que não podemos ajeitar, vivemos na Ilha, podemos viver em qualquer lugar – disse Sakura sorrindo de leve. – E esse é um lugar bastante estratégico, os limites para a Floresta Proibida ficam logo ali – apontou. – E você ainda vai ter um porto – apontou para o oceano.

— Isso tudo é meu mesmo? – Ino não conseguia acreditar. – Parece um sonho.

— Você está pronta para ser uma rainha? – o tom de voz de Sakura ficou mais sério e formal.

— Sim – respondeu Ino.

— E você promete cuidar do seu reino e todas as pessoas que estiverem nele?

— Sim.

— Então se ajoelhe – disse Sakura puxando...

— Uma varinha?! – Ino ficou surpresa.

— Dá para você seguir com isso direito? Estou tentando ser séria aqui – Sakura reclamou.

— Desculpa – Ino pediu, se ajoelhando em seguida como foi pedido.

— Eu nomeio você, Ino, filha da Rainha Má, como a herdeira dessas terras e a primeira rainha coroada após o rei Itachi – Sakura estendeu a varinha e tocou em seus ombros e em sua cabeça por fim, assim como a Fada Madrinha tinha feito na coroação do mais novo rei de Konoha.

Ino podia jurar que sentiu uma força poderosa passar por todo seu corpo, como se fosse uma reivindicação.

E como mágica, todas as plantas, galhos e raízes sumiram, o lugar ainda estava em ruínas, mas pelo dava para ver.

— Pode se levantar – disse Sakura, guardando a varinha.

— Você tem uma varinha agora – constatou Ino.

— Sim – respondeu Sakura, com o tom de voz cansado, como se esperasse por aquilo.

— Como a Fada Madrinha – continuou Ino.

— Sim.

— Você é uma fada madrinha agora? A minha fada madrinha.

— Não sou uma fada madrinha e nem pretendo ser, se puder manter escondido o fato de que possuo uma varinha vai ser ótimo – Sakura disse. – A varinha é só para me ajudar a controlar melhor meus poderes.

— Tudo bem – concordou Ino. – Vamos precisar de ajuda para arrumar tudo isso – disse depois de um tempo, contemplando o reino que agora era seu.

— Temos tempo – Sakura a abraçou. – Temos muito tempo para fazer isso. Por que não começa vendo o castelo?

— Nem acredito que vou ter meu próprio castelo – Ino derrubou lágrimas de felicidade.

— Ainda vamos ter uma coroação oficial para todos os reinos – disse Sakura. – Mas agora ninguém pode te negar o direito de ser rainha.

— Muito obrigada Sakura – Ino a abraçou. – Muito obrigada mesmo.

— Não tem de quê – Sakura a abraçou de volta.

— Tenho que ver quantos quartos tem no castelo e separar cada um para meus amigos, eu tenho tanta coisa para te contar, acredita que o Kiba e o Kankurou estão namorando?

— Sério? – Sakura ficou surpresa.

E Ino foi contando cada coisa que havia acontecido, Sakura só sabia de algumas dela por causa da Fada Madrinha.

Ficaram a tarde inteira conversando.

— Você devia ir ver o Sasuke – disse Ino quando o sol estava se pondo. – Ele está tão preocupado com você. Mais do que eu, até.

— Eu vou – disse Sakura, a voz serena.

Tinha feito uma promessa ao príncipe que ia vê-lo quando estivesse melhor.

E se sentia bem melhor.

.

.

.