Os Descendentes escrita por Sak


Capítulo 3
A escola




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O interior do carro era limpo e de certa forma agradável. Havia um estofado de couro que Sakura percebeu ser de uma qualidade superior a jaqueta que estava usando. Havia também guloseimas, muitas das quais nunca nem tinha visto e os garotos já devoravam todo tipo de comida que havia disponível por ali.

— Aceita Ino? – Kiba lhe ofereceu um doce de boca cheia.

— Não – Ino negou horrorizada. – Açúcar dá espinhas.

Sakura também negou e não era por causa da sua aparência não, ela sabia que nunca devia aceitar algo que não soubesse a procedência. Como filhos de vilões aqueles garotos deviam saber disso. Ela revirou os olhos e tratou de observar pela janela. Viu as casinhas velhas e já bem acabadas da ilha sumirem. O carro seguia em direção ao cais onde Sakura costumava ir passar o tempo e fugir de sua mãe. Ficou surpresa quando uma espécie de ponte dourada surgiu de repente, nunca havia visto algo do tipo antes.

O carro seguia pela ponte com muita tranquilidade, e percebeu o que foi: as ruas esburacadas da ilha haviam ficado para trás e então não havia mais a nuvem cinzenta. A visão era de tirar o fôlego.

— O céu sempre foi azul assim? – Shikamaru perguntou espantado.

— Não mesmo – Sakura murmurou encantada e ofegou quando sentiu uma espécie de energia dentro de si explodir e espalhar por todo o seu corpo de repente.

— Sakura? – Ino ficou preocupada. – Tudo bem?

— Sim – ela tratou de disfarçar, aparentemente fora a única a sentir.

Logo mais a frente havia um continente: Os Reinos Unidos de Konoha. “Tão perto” Sakura se deu conta espantada, não dava para ver estando na ilha, a barreira encobria.

O céu era claro e limpo na cor azul, lhe lembrava os olhos de Ino e olhou para a amiga para comparar, confirmando que o céu era mais claro. As águas do mar eram de um azul mais escuro, muito diferente do tom quase preto na ilha. Tudo aquilo era um novo mundo.

— Oh – Ino murmurou completamente encantada.

— Castelos – Kiba murmurou.

— Quanto verde – Shikamaru reparou.

— Nossa – Sakura murmurou boquiaberta.

Havia uma encosta íngreme cercando um lado do continente formando montanhas rochosas enormes. A ponte dava em outra praia, bem mais limpa do que a da ilha, Sakura não pode deixar de reparar nisso. Aliás, todo o ambiente não era poluído como era na ilha.

O veículo seguiu por uma estrada íngreme, logo subindo por um desfiladeiro. Não demorou muito e chegaram em uma estrada mais limpa, de terra bem clarinha. Mais a frente já podiam ver uma construção em tons dourados.

— Crianças – a voz do homem que dirigia o carro surgiu de repente espantando a todos. Tinham até se esquecido de onde estavam e para onde estavam indo. – A escola de vocês – ele apresentou.

Os garotos do nada começaram a atacar todas as guloseimas como se passassem fome e guardaram um monte delas nos bolsos.

— Devia ter trazido uma mochila como você – Kiba invejou Sakura.

— Guarda pra mim? – Shikamaru estendeu os doces para Sakura.

— Não, nem vem – ela negou fazendo careta.

— Vocês são tão repulsivos – lamentou Ino.

— E você está achando o que? Que é uma princesa? – disse ele cínico.

— Eu sou uma princesa – Ino afirmou empinando o nariz para longe dele.

O carro deu um pequeno solavanco subindo a última rua e logo estavam de frente para o portão da tal escola, estava escrito “Bem-Vindos a Academia Konoha”, Sakura revirou os olhos pela criatividade, mas pôde reparar que havia três pessoas do lado de fora da escola.

Até onde podiam ver a escola era cercada por pinheiros enormes, mas com um amplo espaço até eles. A rua até a entrada da escola era de ladrilhos na cor creme. Havia um chafariz com a estátua da rainha e do rei jorrando água limpa bem na entrada junto a um pequeno jardim; Sakura olhou para aquilo horrorizada pensando em como podem desperdiçar água limpa daquela maneira sendo que na ilha eles viviam regrados e forçados a comprar de humanos imundos. Não fora a única a perceber, pois Shikamaru olhava para aquilo incrédulo.

O carro parou na rua do outro lado do chafariz e estacionou. O motorista veio abrir a porta para que eles pudessem sair. Sakura foi a primeira a descer, já que havia sido a última a entrar e deu de cara com o filho mais novo do rei: ele tinha os cabelos pretos espetados, olhos que pareciam duas jóias escuras, “Ônix”, se lembrou do nome da pedra que procurava, e ele parecia bem saudável; ela achava que o nome dele era Sasuke, pôde perceber que ele parecia contente e levemente nervoso só de olhar. Ao lado do jovem havia uma mulher, mais ou menos na idade do motorista, e uma garota ruiva, mais ou menos da mesma idade que eles.

Ino desceu logo em seguida, muito encantada com tudo e logo depois os dois rapazes caíram com tudo no chão, pareciam brigar por um doce. Aqueles dois lhe davam vergonha.

— Rapazes – a mulher chamou, mas eles não deram bola. Ela respirou fundo e disse mais alto: – RAPAZES! – os dois se assustaram e pararam, se colocando de pé. – Obrigada – disse ela ficando amável. – Eu sou Tsunade, a Fada Madrinha – disse ela se apresentando.

Aquilo definitivamente havia chamado a atenção de Sakura.

A Fada Madrinha? Da Cinderela? Tipo "Bibidi-Bobidi-Bu"? – Sakura perguntou sem se conter.

— Sim, eu mesma – ela confirmou com um aceno de cabeça.

— Sabe, eu sempre imaginei a cara da Cinderela quando você apareceu do nada, com a varinha brilhante, um sorriso amável e "Bibidi-Bobidi-Bu"... com a varinha— Sakura reforçou.

— Oh, obrigada querida, mas isso foi a muito tempo e agora – disse a Fada séria –, como eu sempre digo, foco no presente, pense no futuro – e Sakura teve que se contentar por enquanto.

O príncipe se aproximou deles.

— Sejam muito bem vindos – ele cumprimentou a todos. – Eu sou Sasuke-

— Príncipe Sasuke – a garota ruiva o interrompeu. – Futuro conselheiro real.

— Me ganhou no príncipe – Ino sorriu se derretendo. – Minha mãe é uma Rainha, o que faz de mim uma princesa, muito prazer em conhecê-lo, sou Ino – ela fez uma reverência a ele.

— A Rainha Má não tem status real aqui – a menina ruiva sorriu falsamente. – Logo, você também não.

Ino murchou no mesmo instante e Sakura lançou um olhar mortal para aquela garota, não sabendo quem era, mas já não gostando. “Parece que nem todo mundo vai tentar ser bonzinho” foi o que pensou.

— Essa é Karin – o príncipe apresentou suspirando, “Ela não está nem se esforçando” pensou olhando para garota ruiva com uma leve careta.

— Princesa Karin – ela fez questão de o corrigir. – Namorada dele, né benzinho – pegou a mão dele e sorriu falsamente para todos.

O príncipe sorriu sem graça, estava se sentindo um objeto, mas tentou não deixar transparecer.

Sakura arqueou a sobrancelha.

— Sasuke e Karin irão mostrar tudo a vocês – a Fada Madrinha lhes informou. – Uma espécie de tour, eu diria – ela colocou a mão no queixo pensando. – Vamos Jiraya – ela chamou o motorista. – Temos muito o que fazer.

— Sim Tsunade – ele abriu a porta da limousine para que ela entrasse. – Sejam bem vindos – desejou ele antes de entrar no carro.

— Tão cavalheiro – ela o elogiou. – Espero que se adaptem aqui – ela se dirigiu as crianças da ilha. – Nos vemos amanhã. Ah, a biblioteca só funciona das oito da manhã até ás nove da noite e eu sou bem rígida com horários. Vejo vocês amanhã – ela se despediu.

Logo os dois partiram dali.

— Bem – o príncipe retomou a palavra. – É muito, muito, muito bom, finalmente conhecer todos vocês – começou a cumprimentar cada um com um aperto de mão, começando por Shikamaru que era meio bruto, mas ao mesmo tempo preguiçoso. – Espero que esse dia fique na história – apertou a mão de Kiba que estava suja de chocolate, mas o príncipe não se importou. – O começo de uma nova era – fez questão de beijar a mão de Ino, como que pedindo desculpa pelo comportamento da namorada e ela sorriu agradecida para ele. – O dia que, finalmente, nossos povos começam a se curar – por fim cumprimentou Sakura com um aperto de mão, não deixando de notar alguns calos ali e ele olhou para os olhos dela se perdendo em meio ao verde, não esperava que a filha da Malévola fosse... tão... não tinha palavras para descrever.

— Ou o dia que você mostra a quatro pessoas onde fica o banheiro – Sakura ironizou se soltando do aperto de mão dele. Tinha sentindo uma espécie de formigamento onde ele lhe tocou, será que era porque ele era a primeira pessoa que tocava fora da ilha?

Ele balançou a cabeça e riu achando graça, dificilmente alguém lhe dava respostas zombeteiras.

— Acho que exagerei um pouco – ele comentou.

— Eu diria que um pouco mais do que um pouco – ela tornou a responder.

— Então lá se vai a minha primeira impressão – ele disse se fingindo de decepcionado e Sakura franziu a testa. Nunca ninguém havia entrado em suas brincadeiras. E lá estava aquele príncipe tentando ser legal.

Karin é quem não estava achando nada legal aquela conversinha entre os dois e fez questão de interromper.

— Você é a filha da Malévola, não é? – Sakura desviou a atenção do príncipe para a ruiva e acenou a cabeça a contra gosto. – Sabe, eu não culpo sua mãe por ter tentado matar meus pais, meus avós e todo o meu povo – ela disse. – Ah, minha mãe é a Aurora, a Bela-

— Adormecida – Sakura completou por ela. – É, eu conheço o nome – informou vendo a cara de satisfação da ruiva e não pode deixar de acrescentar: – E sabe, eu não culpo seus avós por terem convidado todo o reino para o batizado da sua querida mãezinha, menos a minha mãe – “Quem sabe assim ela não teria ganhado uma maldição?” completou em pensamento.

— Águas passadas – disse ela cínica.

— Total – Sakura disse, mas não riu quando Karin o fez, deixando a ruiva em uma situação desconfortável.

A filha da Malévola pegou o príncipe lhe avaliando e decidiu brincar, sorriu e piscou para ele ouvindo a filha da Bela Adormecida arquejar incrédula ao seu lado. Sasuke ficou surpreso pela reação espontânea dela e achou divertido.

— Então – Sakura caminhou mais a frente. – Vamos fazer esse tal tour ou só vamos ficar aqui batendo papo o dia inteiro?

— Certo – Sasuke concordou e tomou a frente. – Academia Konoha, construída originalmente há duzentos anos e transformada em escola pelos meus pais quando eles se casaram – ele parou bem em frente ao chafariz e bateu palma duas vezes. As estátuas majestosas do rei e da rainha se transformaram em simples Bela e Fera. Kiba deu um pulo quando isso aconteceu e foi parar no colo do Shikamaru. – Está tudo bem Kiba – Sasuke tentou tranquiliza-lo. – Meus pais colocaram essas estátuas aqui para nos lembrarmos de sermos humildes – se referindo á mãe –, e de que temos o bem e o mal dentro de cada um de nós – se referindo ao pai. – Tudo é possível, só depende de nós.

— O seu pai solta muito pelo? – Sakura perguntou inocentemente para Sasuke.

— Bem, minha mãe não deixa ele subir no sofá – ele disse entrando na brincadeira dela e Sakura riu não esperando pela resposta. O príncipe sorriu minimamente para ela e devolveu a piscada.

Karin se agarrou no braço de Sasuke não gostando nada da interação entre os dois.

Shikamaru jogou Kiba no chão.

— Venham por aqui – ele se soltou de Karin e empurrou a porta da escola para que todos entrassem. – Estes são os corredores, armários, cada aluno tem o seu, e as salas onde estudamos – ele apresentou.

Um garoto pálido surgiu de uma das salas e foi até Sasuke lhe estendendo alguns papéis.

— Aqui estão as grade escolares nos novos alunos – o garoto informou.

— Perfeito, muito obrigado – Sasuke comemorou. – Pessoal, esse é o Sai – ele os apresentou. – Sai, estes são Shikamaru, Kiba, Sakura e Ino – o garoto cumprimentou os dois rapazes com um aperto de mão, mas fez questão de beijar as mãos das garotas. Sakura achou aquilo desnecessário, já Ino se derreteu.

— É um prazer conhecer todos vocês – ele não parecia mentir. – Eu sou filho da Branca de Neve – Ino murchou na mesma hora, completamente desolada.

— Bem, vamos lhes apresentar seus dormitórios – Sasuke seguiu em frente, atravessando um dos prédios, entraram em um que possuía uma escada para cada lado. – É aqui que nos separamos e depois nos encontramos no refeitório.

— Por quê? – Sakura perguntou sem entender.

— Porque desse lado – apontou para o lado onde Karin seguia na frente. – É o dormitório das meninas, e desse outro o dos meninos. Podem ficar nos quartos um do outro só até às oito da noite, depois disso, é estritamente proibido meninos nos dormitórios das meninas e vice-versa.

— Vamos – Karin chamou impaciente no topo da escada.

A filha da Bela Adormecida seguiu em frente até parar no quarto onde possuía o nome das duas. “Que rápido” pensou Sakura ao ler os nomes. O quarto delas era um verdadeiro quartinho de princesa, na opinião da filha da Malévola, mas tinha que admitir que tudo parecia bem limpo e organizado. Ino estava adorando tudo.

— Como nossas malas chegaram aqui tão rápido? – Sakura não pode deixar de reparar.

— A Fada Madrinha – a ruiva respondeu sem paciência.

— Então ela usa a varinha? – perguntou se fazendo de curiosa.

— É claro que não, a varinha só serve para mágicas grandes. Tsunade só fez suas coisas aparecem aqui com a magia que ela tem.

— Então vocês têm magia aqui – Sakura incentivou ela a falar, mas a ruiva só queria sair dali.

— Vamos para o refeitório – a garota saiu do quarto impaciente esperando que as duas a seguissem, detestava ter que fazer cortesia para os outros, ainda mais que aquelas duas vinham da ilha.

Sakura fez nota mental do caminho. Duvidava que alguém lhe ajudasse depois.

 

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