O sentimento ás vezes ocupa tanto espaço que não há como escrevê-lo, caso consiga, a sensação de satisfação não é alcançada. Isso pode incomodar e muito, a essência de escritor vai morrendo devagarinho, a autoestima também. Nem os dias de frio e céu nublado dão tanta inspiração, passa o tempo nem com coisas do futuro e nem com o que deve agora. É triste ter que escrever nos dias de hoje, é triste.
    Ah, o relacionamento. Pode-se comparar essa mais feliz e infeliz situação com a escrita também, só a vontade não garante uma relação firme e só a vontade não firma um texto. Ambos precisam de dedicação e sacrificios. Pensar, se esforçar, fazer o que não quer fazer pra ter o resultado esperado ou chegar perto, ao menos. Uma coisa é certa e necessária: a certeza, certeza que é isso que quer fazer. Desistir no meio do texto e apagar tudo deixa uma sensação vazia depois. Desistir de alguém é mais vazio ainda; desistir de sentimentos e probabilidades.
  Chega uma hora na vida em que as pessoas passam a significar muito, assim como sentimentos e decisões que, quando você tinha 11 anos de idade não tomavam tanto espaço e tempo na sua cabeça. Poderia existir uma importância sim, mas comparado a sensação de agora, é superficial. Correr atrás, conversar consigo mesmo e pagar de otário viraram coisas da rotina. Tudo em troca de sentimentos e pessoas.
    Escrever não era tão importante e intenso naquela época, e agora é uma ansiedade incessante de se esforçar pra funcionar, como se tudo pudesse acabar amanhã.Tem que ser feito imediatamente, se não depois o encanto se perde. Vamos sacrificar em algum momento, por que não agora que se sabe que realmente vai valer a pena ? Interprete tudo como quiser, mas falo dos dois : escrever e se relacionar.
    Tudo em troca de sentimentos e pessoas. Apesar de parecer bonito falar sobre colocar-se em segundo plano por algo, não é assim que tudo funciona. Você nunca conseguirá dar seu esforço para todos ao mesmo tempo, o que significa que alguém (ou alguns)sempre sai desapontado. O encanto de outrora se dissipa, não pelo não-reconhecimento de todo o esforço, mas por conta de uma cabeça que já ficou cheia de mais, ou sem algum motivo aparente. Você mesmo se pega não se importando com mais ninguém e nem mais nada.