Um Amor Como o Seu escrita por Lilissantana1


Capítulo 18
Capítulo 18 - A decisão de Liam


Notas iniciais do capítulo

Mais Liam e Mia...



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A porta permanecia fechada e ele ainda segurava o braço feminino com firmeza. Mia o encarava zangada, doída, magoada. Talvez apenas naquele momento ele compreendeu que passara de todos os limites. A mão lentamente se abriu e ele a liberou. Em alguns segundos estava sozinho no cômodo ouvindo os passos femininos a se afastarem pelo hal.

— Conseguiu o que queria?

Rupert entrou perguntando sério vendo os papéis esparramados no chão

— O que é isto? - se abaixou para pegar um deles.

Ignorando o tom incomodado do amigo ele quis saber outra coisa.

— Elas já foram?

— Sim. - sisudo, Rupert recolhia as promissórias e fechava mais e mais o semblante diante do que via. - Esta é sua apólice Liam? O que pretendia?

— Me casar com ela. - anunciou abrindo a cortina a tempo de ver o coche se afastar da casa.

— Vai comprar uma noiva? É isso?

— A maioria dos homens da sua classe não faz isso? Na verdade seria mais correto dizer que os pais vendem suas filhas a quem tiver a melhor posição, ou algo importante a oferecer. Seria um negócio como todos os casamentos burgueses o são.

— Sim, um negócio, e no seu caso a moeda de troca é a dívida do pai dela. Só há um erro nesse plano: alguém como Mia vai odiá-lo por tentar manipulá-la.

— Ela já me odeia. - anunciou com um meio sorriso estampado nos lábios.

— E ainda assim você vai continuar com essa história? Pensei que seus sentimentos eram sinceros!

Liam se sentou lentamente no sofá com o olhar perdido e distante.

— Liam! Você ouviu o que perguntei?

Os olhos escuros se detiveram nos do amigo.

— Não consigo entender como alguém que luta tão bravamente para ver suas proposições cumpridas não se incomode em casar por conveniência...

— Elas são preparadas para isso. - aquilo era normal no mundo de Rupert – Você sabe tão bem quanto eu que a maioria delas só pensa em casamento.

— Não a Mia...

A cabeça ruiva balançou de um lado para o outro como se Rupert estivesse ponderando aquela informação.

— Acho que ela também, só que Mia levou essa pretensão um pouco mais longe. Escolheu quem queria e não aceitou menos do que aquilo. Nem permitirá que alguém atrapalhe aquilo que organizou.

Liam engoliu as palavras do amigo.

— E agora ela me odeia por ter tentado... - e quase imediatamente emendou: - Preciso da sua ajuda.

— Esqueça! Não vou participar dessa história! Você está louco... nem parece o meu velho amigo.

Liam sorriu de leve.

— Você já me tirou de boas. Deveria saber que não sou assim tão tranquilo.

— Eu sei... mas chantagear alguém? Logo você que abomina esse tipo de comportamento! Agora se transformou em um chantagista apenas para dormir com uma mulher.

Não era assim tão simples, apesar disso ele concordou:

— Tem razão... não vale a pena.

Rupert parou de remexer nos papeis para encarar o sócio. Será que finalmente Liam voltara ao seu juízo? Em um salto o rapaz moreno esteve em pé, retirou as promissórias das mãos do amigo, guardou na pasta, fechou e as devolveu a Brooks.

— Entregue ao pai dela.

Sem compreender o que aquilo significava Rupert permaneceu parado e calado.

— Diga que estão pagas. Não as cobrarei. A dívida está liquidada. Amanhã pela manhã enviarei o recibo final.

— Liam.

— Pegue antes que eu volte atrás! - a voz saiu firme e azeda.

Lentamente Rupert retirou a pasta das mãos do amigo.

— Esta é a decisão correta. - disse na tentativa de demonstrar sua aprovação e compreensão.

— Certamente.

— Você não se arrependerá. Assim que voltarmos para casa você esquece o que...

Liam interrompeu o amigo.

— Vou hoje. Deixarei o recibo pronto, você envia ou entrega amanhã. Faça como achar melhor. - deu alguns passos perdidos pelo cômodo - Vou escrever a Mia, me desculpar pelo comportamento, peça que Candence lhe entregue.

Mesmo desejando que o amigo estivesse em seu noivado Rupert não foi capaz de realizar o pedido. Sabia que naquele momento o melhor seria que ele ficasse muito longe da região.

— Estou orgulhoso de você. - Rupert disse batendo com a mão no braço do outro.

— Pois eu estou envergonhado de meu comportamento... peça desculpas a Candence por mim.

Aquela aparente calma depois da tempestade não soava bem aos ouvidos e olhos de Rupert. Liam não tomava decisões racionais com tanta calma, sempre havia muita luta interna.

— O que pretende fazer lá?

— O que sempre faço. Trabalhar.

— Se precisar volto com você hoje mesmo... - Rupert sugeriu.

— Não! Fique! Seu noivado é em poucos dias.

Os rosto sardento o encarava com a preocupação estampada no olhar. Com um gesto ameno ele tentou tranquilizar o amigo.

— Obrigado pela ajuda!

Por que Rupert não sentia que tivesse ajudado? Saber que Liam desistira da loucura que pretendia fazer deveria ter aliviado sua tensão. Mas vê-lo aparentemente sereno o perturbava.

— É melhor que eu vá com você. - disse seguro de que isso era o certo a fazer. - Candence vai compreender. Volto para o noivado.

— Não!

A negativa parecia ser determinante.

— Você fica aqui! Eu volto para casa.

Em passos longos Liam cruzou o cômodo sem dar chance ao amigo para reforçar a sugestão.

— Falo com você antes de ir. Preciso lhe entregar o recibo.

— Passo no hotel em uma hora. - Rupert avisou apertando a pasta entre os dedos. Precisava conversar com Candence e avisar que voltaria com Liam para casa por alguns dias.

Diante do aviso Liam apenas concordou com a cabeça e logo depois saiu definitivamente da casa.

 

*

 

Enquanto o coche transitava pelas ruas Mia chorava. Chorava de dor, de raiva de mágoa. Acreditar no amor não era algo que ela pensara em fazer. Nenhum homem é capaz de amar sinceramente, por isso os casamentos de conveniência existem. Para que nenhuma mulher se una enganada. Para que o contrato seja claro desde o primeiro dia.

Tudo o que Liam sentia por ela era um desejo estúpido de possuir o alvo de seu interesse. Nada mais do que isso! E ela, como uma boba escrevera páginas e páginas sobre ele, sobre seus sentimentos por ele, sobre o quanto ele era especial, sobre como ele a fazia se sentir especial.

Agora, a realidade estava escancarada diante dela, fora jogada sem piedade num buraco escuro e sem ar e mal conseguia respirar.

— Mia... me conte o que aconteceu... eu quero ajudar...

As respostas não vinham. Ela não estava disposta a contar para ninguém. Ao menos não por enquanto.

— Preciso... ir... para casa. - anunciou entre soluços .

— Assim como está? Impossível! Sua mãe fará milhares de perguntas sobre esse rosto inchado.

— Mamãe não... está! Ela... tinha um compromisso... com a Condessa... - as lágrimas deslizaram novamente.

— O que Liam fez desta vez?

— Eu o odeio! O detesto! Gostaria de jamais tê-lo visto em minha vida.

— Por favor me conte... estou me sentindo culpada por ter pedido a você que falasse com ele...

Os olhos inchados e vermelhos se voltaram para o rosto preocupado de Candence.

— Não! Você me fez um favor... só assim descobri quem sir Forster realmente é... e que tipo de sentimentos tem por mim...

— Céus! Estou em cólicas! Me diga!

As palavras estavam travadas dentro dela. No dia seguinte todos saberiam, mas naquele momento ela se concedia o direito de não falar no assunto.

— Já que sua mãe está ausente, ficarei com você. Não posso deixá-la sozinha assim, neste estado...

— Obrigada... mas não é necessário. Preciso de solidão agora... preciso pensar...

Diante da recusa firme Candence acreditou que não deveria insistir. Quando o coche parou diante da residência do visconde Mia desceu rapidamente, cruzou os degraus da entrada e assim que foi atendida correu para o próprio quarto.

Como ela imaginava a mãe estava fora, o pai trancado no escritório. Teria algum tempo para se recompor. Colocar a cabeça no lugar e pensar no que fazer. A única coisa certa naquele momento era a dor latente por ter se enganado tão profundamente com alguém. Por ter se rendido e se entregado diante de alguns beijos e afagos.

Ainda na noite anterior pensara e sonhara com ele. Desejara sua presença e seus beijos. Agora ele se apresentava como um canalha. Um homem da pior espécie. Capaz de recorrer a chantagem como meio de obter o que deseja. Desfigurando o amor que alardeava sentir por ela.

Um falso amor.

Puxou o ar com força tentando respirar e aliviar o peso no meio do peito.

Talvez fosse uma forma do universo se vingar pelas tantas vezes em que involuntariamente fizera outras pessoas sofrerem por ela. Os astros estavam pedindo uma espécie de reparação por seu comportamento desinteressado diante dos sentimentos das outras pessoas.

Cobriu o rosto com uma almofada retendo os soluços contra o tecido macio bordado.

Se assim fosse, o universo ou os astros conseguiram exatamente o que pretendiam.

O que seria de sua vida depois do dia seguinte?


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Notas finais do capítulo

A partir deste ponto o texto poderia tomar dois rumos. Eu me decidi por um deles. Espero que seja o mesmo que vcs escolheriam. BJOOOOOOOOOOOOOO



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