O Príncipe Perdido escrita por Florrie


Capítulo 5
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Novo capítulo, espero que gostem e me perdoem qualquer erro que me fugiu.
Eu atualizei algumas coisas na fic. Primeiro, coloquei a lista dos jogadores lá na página de início; segundo, postei um capítulo extra com o cast dos personagens (jogáveis e alguns NPCs), eu lembrava que o Nyah tinha uma ferramente que dava a liberdade de mudar os capítulos de posição, porém não tem mais, então ficou um tanto feio. Espero que vocês não se importem tanto :C



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— Tempos negros se aproximam.

         Arabella levantou o rosto ao ouvir as palavras de Tiberias. O homem estava de pé, parado em frente a grande janela, observando a cidade lá embaixo. Vestia uma túnica preta, sem nenhum adorno ou sinal de cor, o luto absoluto. Não havia feito uma exceção nem mesmo para a cerimônia de posse do regente que acontecera naquela manhã.

         O regente foi empossado com todas as honrarias. Fora abençoado pelo sumo sacerdote, cânticos sagrados foram cantados e então, por fim, recitou o juramento do reino, prometendo proteger a todos os súditos de Umbria até que o verdadeiro herdeiro fosse encontrado. Não houve qualquer citação ao último decreto real, o que colocava Lady Gisa como herdeira do trono na falta de seu irmão. Ela tem que chegar segura em casa, a pobre menina partira quase como uma fugitiva, na calada da noite, levando seu pequeno séquito e seguindo em direção da casa ancestral de sua mãe. Quando a cerimonia por fim chegou ao seu fim, Lorde Hazik se postou orgulhoso diante do trono, com uma armadura reluzente e uma espada longa pendurada em sua cintura, parecia um Rei guerreiro. Apenas lhe falta a coroa definitiva, pensou ela no momento.

         Como o Grão-mago da coroa, Tiberias havia organizado tudo exatamente como o Rei pediu. A fuga de Gisa, as expedições de busca pelo príncipe, ficar de olho do novo regente. Ele se virou e a olhou diretamente nos olhos. Seu mestre tinha algo em torno de quinhentos anos, mas o seu despertar fora aos vinte e oito, o que significava que sua aparência seria para sempre a de um homem jovem. Apesar disso, ela era capaz de identificar o cansaço que apenas alguém que viveu centenas de anos pode carregar.

— O tempo está correndo contra nós. — Disse ele.

— Ele frequentemente está. — Respondeu.

Tiberias caminhou até sua cadeira e sentou. Por vezes se perguntava se aquele era o seu nome de batismo, a maior parte dos magos costumava escolher um outro nome na hora da consagração, algo para simbolizar o início de sua nova vida. Ela não o fez, seus pais a nomearam Arabella e assim continuaria sendo. Contudo, fazia apenas quatro anos de seu despertar e dois desde que fora consagrada e tivera seu nome adicionado no registro dos magos. Talvez as coisas mudassem com o passar dos séculos, depois que sua família e todos aqueles com quem um dia se importou estivessem mortos, mas por hora, permanecia como sempre foi. Será que ele fez o mesmo? Não sabia praticamente nada da vida passada do homem, esse era um tópico que ele tendia a evitar.

         Entretanto, não existia qualquer dúvida de sua devoção a família real. Esse era outro questionamento seu, o poder da sua lealdade para com a realeza.

         Até onde poderia ir?

         E quanto tempo duraria?

         Para sempre?

         — Precisamos nos mover rápido. — Ele disse sério. — O regente está ansioso para o início dessa missão, eu diria que ansioso demais.

         Tiberias deu uma pausa e então continuou:

         — Ele também me transmitiu novamente o seu desejo de que eu não me metesse nisso.

         — Ou seja, que eu não me meta nisso.

         Ele suspirou profundamente e falou:

         — Eu me pergunto se não estou sendo demasiado cruel. — Ela arqueou a sobrancelha esperando que ele continuasse, — eu gostaria de não ter de envolve-la nisso. É tão jovem...

         — Sou poderosa o suficiente para essa missão, você mesmo disse.

         — Sim, eu falei isto.

         — Gostaria que não me subestimasse. — Continuou. — Gisa é ainda mais jovem do que eu e é uma humana.

         — Gisa não tem escolha, já você... — Outro suspiro. — Não estou negando seu poder, Arabella. Você é, decerto, uma das pupilas mais talentosas que já tive e eu não tenho qualquer dúvida de sua competência. Porém, não posso negar que existem lições que apenas os séculos podem ensinar.

         — Mas nós não temos séculos e eu sou sua melhor opção.

         Ele não encontrou nada para lhe contradizer e ela considerou isso uma vitória. As buscas pelo príncipe tinham se mostrando infrutíferas desde que ele e membros de sua comitiva desaparecem dois anos atrás. O próprio Tiberias se envolveu pessoalmente nessa jornada e voltou com nada mais do que pistas e teorias. Antes do seu despertar, Arabella não frequentava a corte, era filha de um mercador de especiarias, sua família tinha posses, mas não era importante o suficiente para estar na morada real. Seu contato com a realeza se deu apenas quando ela chegou ao castelo para se tornar pupila de Tiberias.

         Naquela época, o príncipe era um rapaz de dezessete anos, quase um homem feito. Ele era alto, forte e bonito, tudo o que se poderia esperar de um príncipe. Finn, como era chamado, tinha os cabelos loiros da família do pai e olhos de cores diferentes, um era azul e o outro castanho. Lembrava-se de vê-lo se esgueirando pelos cantos com amigos ou então treinando com a espada no pátio.

         Arabella, contudo, não teve tanto contato com ele, já que poucas semanas depois de chegar ao palácio, ela e Tiberias viajaram para a fortaleza deste que ficava a cinco dias de viagem da capital. Foi lá onde treinou até voltar a capital para a sua cerimônia de consagração. Isso foi apenas meses antes do príncipe e sua comitiva partirem em direção do reino de Krivin.

         — O seu grupo está indo conforme o planejado, certo?

         — Sim.

         Aquela é uma quase verdade.

         A verdade inteira era que seria muito mais fácil se ela pudesse recrutar pessoas dentro do castelo, porém, isso estava fora de cogitação. O primeiro ato do novo regente — antes mesmo de tomar posse — fora de nomear Ajax como o capitão da expedição para trazer o herdeiro de volta. Uma escolha bastante questionável, se alguém lhe perguntasse.

         Ele era um dos magos de Umbria, com quase três séculos de existência. Dividia seu tempo entre a corte e a sua fortaleza, que ficava ao sul do país. Ao botar os olhos nele pela primeira vez, ela sentiu um enorme desconforto, um sinal de que ele não era alguém que ela devia manter por perto. Arabella tinha esse tipo de habilidade, o de ter um tipo de premunição sobre o caráter ou intenções de uma pessoa com apenas um olhar. Não chegava a ser a Visão, mas Tiberias explicou que era algo parecido.

         Ajax tinha a aparência de um homem no início dos seus trinta anos e era um fanfarrão estupido. Fora um guerreiro em sua vida passada, lutando em um esquadrão de defendeu Umbria em uma guerra antiga. Ele tinha marcas de cicatrizes pelo corpo e as exibia como medalhas de honra, eram a prova das muitas batalhas que viveu. Um mago guerreiro, os bardos gostavam de cantar sobre ele, mas ninguém falava das atrocidades que o seu esquadrão cometeu contra inocentes, das vilas queimadas, das vidas ceifadas e das casas saqueadas. Todos os seus pecados foram esquecidos no momento de seu despertar, no início da sua segunda vida.

         Mesmo depois de sua consagração, Ajax não largou sua arma. Mantinha a sua grande espada de lâmina longa pendurada pela bainha em suas costas. Tiberias já tinha verbalizado o seu desgosto sobre o homem, mas no dia em que ela perguntou por que ele era mantido como mago de confiança, recebeu a seguinte resposta:

         — Ajax pode ser um fanfarrão, mas arriscou a própria vida com o intuito de proteger Umbria. Ele pode ter todos os defeitos, mas nunca foi desleal servindo a coroa e sempre cumpriu seu dever de proteger o reino.

         Sendo assim, era preciso aturá-lo, mas escolhê-lo como chefe de uma missão tão importante? Infelizmente, com Ajax no comando, ele podia recrutar os melhores homens do exército e ter total apoio da coroa. Ela precisou buscar por formas mais discretas de recrutamento, procurando pela a cidade pessoas capazes e dispostas de segui-la.

         — Estou com um mau pressentimento. — O homem soltou der repente, mas antes que ela pudesse questioná-lo, alguém bateu na porta e Tiberias elevou a voz. — Pode entrar.

         Lorde Zael entrou, ele era outro mago da corte, um homem agradável e gentil. Arabella o olhou quase com o ar de reverencia, Zael era considerado o mais poderoso dos magos e tinha adquirido grande fama ao derrotar Osric, o Terrível há quase 150 anos. Nos últimos dois anos, tinha estado um tanto afastado dos assuntos da corte e voltara a Porto Azul a pouco mais de dois meses. Tanto ela, quanto seu antigo mestre, levantaram-se para cumprimentar o recém-chegado.

         — Espero que não tenha atrapalhado algo importante.

         — De jeito nenhum. — Tiberias respondeu rapidamente. — Sente-se, o que o traz em minha sala?

         Arabella sentiu o olhar de Zael cair sobre ela, um claro sinal de que ele não esperava ter uma plateia para o que quer que fosse falar. Ela fez surgir um sorriso e educadamente se despediu, do lado de fora, dois guardas estavam a postos. Algo meramente decorativo, considerando que Tiberias poderia defender-se sozinho sem grandes problemas.

         O que não era meramente decorativo era a presença de Lorde Ajax no fim do corredor. Mesmo de longe, foi capaz de ver o cabo da sua espada saindo por detrás do seu ombro esquerdo. Considerou seguir pelo outro lado e assim evitar passar pelo homem, mas pelo modo como a olhava, ela duvidava que essa simples ação o deixaria longe.

         Além disso, poderia dar a falsa impressão que ela estava com medo.

         Não havia outra maneira, ela controlou sua expressão de desgosto e começou a andar na direção de Ajax, torcendo para que ele, talvez, não a importunasse. Infelizmente, como o esperado, o homem o fez.

         — Lady Arabella. — Ele a chamou assim que ela se aproximou.

         Ajax era um homem grande, com um porte intimidador. Tinha olhos azuis tempestuosos e cabelos negros como carvão, um homem considerado bonito, caso a pessoa gostasse de um estilo guerreiro como aquele. Arabella, no entanto, considerava que seus outros defeitos anulavam qualquer beleza física que viesse a ter.

         — Lorde Ajax. — Respondeu.

         — Podemos trocar algumas palavras? — Perguntou sorrindo. — Não irei demorar.

         — Estou um pouco ocupada no momento...

         — É algo importante. — Insistiu. — Vamos até a minha sala...

         — Não é algo que possa ser dito aqui?

         — São questões que dizem respeito ao reino, milady. Devo lembra-la do seu juramento de servir Umbria?

         Ela quis rolar os olhos.

         — Lembro-me, senhor, e eu venho cumprindo meu juramento todos os dias. — Respondeu com a expressão fechada.

         O sorriso dele se alargou, como se aquilo o divertisse.

         — É um assunto que lhe diz respeito, milady. Eu acredito que seremos muito mais eficientes como amigos do que como rivais. — Ele pegou sua mão, — O que me diz?

Escolha para Lady L

A) Aceitar acompanhar Ajax até a sua sala.

B) Recusar o convite e seguir para fora do castelo.

c) Recusar o convite e seguir para os seus aposentos.





Quando o sol atingiu seu ápice, no meio do céu, Raven decidiu fazer uma pausa de suas andanças e descansar. Porto Azul era diferente demais da sua vilazinha, sua querida avó até diria que era superestimada. Ele tinha vindo de uma vila povoada, principalmente, por bruxos. O Coven liderado por sua avó — que com o título também liderava a própria vila — era numeroso e consideravelmente forte. Costumava passar seus dias ajudando no campo e cuidando dos irmãos mais novos, nunca teve muitos amigos e o único que teve acabou em um fim trágico. As pessoas amavam a vila, todo mundo falava como sua avó era capaz de proteger todo mundo e fazê-los prosperar, mas Raven nunca sentiu isso.

         Sua avó era, de fato, uma mulher extraordinária. Porém o sentimento de pertencimento nunca lhe ocorreu, ele sempre olhava para o horizonte perguntando-se onde seria realmente o seu lugar. Quando finalmente decidiu deixar tudo para trás, não foi tão difícil quando imaginou que iria ser. Ainda lembrava das palavras da sua avó na noite em que partiu, ela o olhou como se já soubesse desde o início qual seria sua escolha.

         — Nós não somos tão diferentes de uma alcateia. Um bruxo precisa de sua família.

         — Adeus vovó. — Foi tudo o que respondeu antes de partir.

         Agora ele estava mais longe do que jamais esteve. A capital era tão grande e cheia de gente. Também cheirava a mijo, especialmente nos bairros mais pobres. Raven tinha conseguido se virar bem até o momento, dormia em um quartinho de uma pensão e vinha procurando algum tipo de emprego. Pensou que ao ser um bruxo, não seria tão difícil assim, alguém sempre procurava por ajuda mágica. Até o momento, conseguiu pequenos trabalhos temporários, mas nada que o deixasse satisfeito. A comunidade bruxa de Umbria conseguia ser um tanto esnobe quanto sua avó tinha alertado e os empregos que eles dispunham aos bruxos do interior eram os que ninguém queria.

         Contudo, isso poderia mudar. Havia um serviço em especial que Raven queria muito conseguir. A busca pelo príncipe. Essa era uma história que sempre o interessou, o que haveria acontecido com o herdeiro do trono? Estaria morto ou fora feito prisioneiro? Quem sabe ele não teria fugido? Porém, Raven não entendia por que um príncipe que tinha iria querer fugir.

         De qualquer maneira, o falecido Rei havia prometido uma gorda recompensa para quem trouxesse o seu filho de volta. O homem morreu, mas a recompensa ainda estava valendo. Raven tinha se deparado com diversas pessoas formando grupos para irem atrás do príncipe e ele chegou a se encontrar com algumas delas. A maior parte desses encontros fora um completo fiasco. Primeiro houve um homem truculento que se achava um verdadeiro espadachim, mas não demorou muito para Raven, que treinava desde menino com uma espada, perceber que o homem era apenas um cara grande que achava que força era tudo. Depois deste, veio duas irmãs que definitivamente não serviam para aquele tipo de jornada e então um caçador de recompensas muito pouco confiável.

         Por fim, ele se encontrou com uma maga. Foi a primeira vez que viu um deles pessoalmente. A mulher não parecia ser muito mais velha que ele, mas até onde sabia, magos não envelheciam, então ela poderia ter centenas de anos. Aquele encontro fora produtivo, diferente dos outros, aquela maga tinha um plano e recursos. Também não parecia interessada no ouro, seu principal objetivo era achar os desaparecidos.

         Ele finalmente tinha achado alguém que poderia formar um grupo descente.

         Agora, o que podia fazer era esperar.

         O local que escolheu para descansar foi uma grande praça redonda que ficava no centro de Porto Azul. O lugar estava abarrotado de pessoas, havia vendedores, pedintes, trabalhadores e até uma trupe de artistas. A trupe usava roupas formadas de retalhos coloridos, lá no meio, uma menina dançava ao som de uma flauta. Seu vestido era formado por retalhos azuis, vermelhos e cor-de-rosa. Ela era bonita, com longos cabelos castanhos e olhos esverdeados, e dançava incrivelmente bem. Um grupo de pessoas já havia se formado para assistir a menina e um garotinho, também de retalhos, passava por elas com uma caneca recolhendo moedas.

         Contudo, o que realmente chamou sua atenção naquela garota foi um pequeno detalhe. A ponta de uma varinha que saia da sua bota. Ela é uma bruxa, seria toda a trupe formada por bruxos como se fosse um tipo de coven? Sua avó ficaria horrorizada com essa ideia, mas ele achou interessante. Contudo, a trupe em si não lhe parecia formada por bruxos exibicionistas, ninguém estava usando nenhum tipo de truque magico para atiçar a plateia.

         Talvez aquela garota fosse como ele, uma bruxa desgarrada a procura do seu próprio caminho.

         Ele se levantou e andou até ela disposto a lhe dar uma moeda, entretanto, algo o fez estancar no meio do caminho. Um cheiro podre que fez o seu nariz arder. Raven olhou ao redor, procurando uma possível fonte para o odor, mas não encontrou nada. A maior parte das pessoas continuava a andar tranquilamente, como se não estivessem sentindo nada, outra parte, bem menor, parecia sentir algo. Logo ele notou que a garota da trupe havia parado sua apresentação, ela tapava o nariz com a mão e olhava ao redor com a mesma expressão que ele.

         Isso não pode ser bom.

         Sua mão foi parar no cabo da sua varinha, presa em uma bainha na sua cintura. Um vento gelado soprou e na mesma hora o cheiro ficou ainda pior. Pela a direção do vento, presumiu que vinha de algum lugar ao norte. Uma sensação muito ruim tomou conta dele. Até onde sabia, a única bruxa além dele era a garota da trupe, caso algo acontecesse, poderia ser difícil agir sozinho.

         E havia tantas pessoas inocentes juntas...

         Procurou novamente por algo que pudesse estar errado, mas não achou nada. Talvez devesse ir investigar ou simplesmente ir embora. Balançou a cabeça pensando no que deveria fazer.

Escolha para Alanis Thiele

A) Ir até a dançarina da trupe e perguntar se ela está sentindo o mesmo.

B) Seguir para o norte e tentar descobrir o que estava acontecendo.

C) Ir embora e se afastar de qualquer possível perigo.


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Notas finais do capítulo

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