Antes que você se case escrita por IsabelaThorntonDarcyMellark


Capítulo 9
Capítulo 9




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Por Katniss

Estou me sentindo mais sozinha do que nunca. Até Buttercup está me fazendo falta, já que minha irmã o levou de volta para o apartamento dela, quando voltou de viagem.

Os dias correm e me ocupo com todos os contratos que tenho que rescindir, em razão do cancelamento do casório.

Estou assoberbada com multas contratuais pela desistência e comprovantes de gastos dos fornecedores, que precisam ser ressarcidos.

No entanto, o que está tirando o meu sono é a falta de notícias de Peeta e de Johanna.

Nem mesmo meu celular foi devolvido pessoalmente por Peeta. Foi Brutus, o segurança de Johanna, quem o entregou à Effie na agência anteontem.

Fito a tela do computador com o olhar perdido, quando minha visão periférica capta a presença de uma pessoa no corredor em frente à minha sala.

— Pensando em alguém especial, desmiolada? – Johanna recosta-se no batente da porta. — Por acaso, esse alguém se chama Peeta Mellark?

— Como?

— Não se faça de desentendida, Katniss.

— Johanna, como você pediu, eu e ele cuidamos da organização do casamento e até fizemos uma aula de dança juntos e... biscoitos na padaria. Mas não passou disso. – Saio de trás da minha mesa e me ponho diante dela.

— Bem que você queria passar disso, né?

— Ah... Eu não... Melhor dizendo...

É tão difícil ocultar o que estou sentindo. Minhas bochechas coradas e minha voz titubeante, sem dúvida, estão me denunciando.

— Pra sua informação, eu e Peeta conversamos bastante e resolvemos dar um tempo.

— Um tempo?

— Sim. Então, nada está definido... O que acontecerá no futuro? Não sabemos. Enquanto isso, estou decidindo quem é o meu preferido, se é o Peeta ou se é o... Cinna. – Ela morde o lábio inferior, enquanto meus olhos se abrem em espanto.

Fico boquiaberta e sem palavras. Eu devo parecer um peixe debaixo d'água.

— Ah, não me olhe assim – diverte-se Johanna.

— Você e Cinna?

— Ele já sabia que não haveria mais casamento. Fui encomendar um vestido para comemorar minha solteirice. Por fim, concordamos que era melhor celebrarmos ali mesmo, sem vestido nenhum, se é que me entende... – Ela sacode a cabeça e abre a bolsa para me entregar um cheque gordo, que cobre todas as despesas com sobra. — Embora não precise mais dos seus serviços, tenho que admitir que você é uma ótima profissional. Não precisei usar o meu machado nenhuma outra vez para me acalmar.

— Isso parece algo mesmo muito bom – alfineto e ela ri.

— Nem quando percebi que Peeta está encantado por você.

— Johanna, garanto que nada aconteceu. E ele não me procurou em momento algum depois que você cancelou tudo.

Pensativa, ela olha para um ponto fixo e murmura, enigmática, antes de sair:

— O amor é estranho.

¸.•*'¨'*•.¸¸.•*'¨'*•.¸¸.•*'¨'*•.¸

A vida segue e, felizmente, muitos casais continuam sonhando com um casamento e buscando nossa agência para concretizá-lo.

Finalizo mais um atendimento e tomo fôlego antes de me dirigir à sala da Effie. A pauta do dia é o anel de brilhantes que ela está exibindo na mão esquerda.

Haymitch fez o grande pedido ontem à noite e, se eu achava que a Johanna era uma noiva difícil, posso classificar a Effie como uma noiva impossível.

Antes de alcançar a porta, o telefone em minha mesa toca. Faço o caminho de volta para tirar o fone do gancho.

— The Wedding Planners. Katniss. Boa tarde.

— Boa tarde. A senhorita uma vez me deu um cartão com esse número e disse para procurá-la, se eu precisasse de alguém para organizar um casamento. Uma companhia para um café também estaria incluída nos serviços?

— Podemos negociar. – Sorrio, reconhecendo a voz grave de quem está do outro lado da linha.

— Estou na cafeteria em frente à agência. Eu entendo, se estiver ocupada, mas... Posso esperar por você?

— Pode sim, Peeta.

Como lidar com a surpresa e com o coração palpitando de alegria e esperança?

Simples: derrubando o telefone num estardalhaço e tropeçando no tapete, ao mesmo tempo em que espicho o braço para pegar minha bolsa e tudo o que está dentro dela cai.

— O que está havendo aqui? – Effie questiona, adentrando a sala com a mão esquerda pousada na testa, deixando seu anel de noivado bem visível.

— Effie, Peeta acabou de me convidar para um café! – explico, ainda abaixada, catando meus pertences.

— E o que você ainda está fazendo aqui? Deixa que eu arrumo isso! – Effie me incentiva, agachando-se à minha frente e soltando o meu cabelo.

— Volto logo pra ajudar você – aviso.

— Voltar logo? Eu quero que você demore bastante! – replica ela, puxando meu braço para me levantar.

¸.•*'¨'*•.¸¸.•*'¨'*•.¸¸.•*'¨'*•.¸

Enquanto caminho em direção ao local do encontro, um filme passa em minha cabeça, com todas as confusões e reviravoltas que aconteceram num prazo tão curto.

Em vez de calma, é o nervosismo que toma conta de mim.

Será que isso é uma boa ideia? É a pergunta que me faço, enquanto caminho diante da fachada da cafeteria.

Por que eu estou aqui mesmo?

Estou aqui, porque não consigo parar de pensar naqueles olhos azuis, naquele sorriso torto e... nele.

Eventualmente, o ar frio ganha sua batalha contra mim e decido que não há nenhum mal em entrar na cafeteria, nem que seja para me aquecer.

Através do vidro da janela, vejo Peeta em uma das mesas do café, de cabeça baixa, manuseando o cartão que dei a ele no dia em que nos conhecemos. Seu olhar está fixo nas letras douradas nele impressas.

Respiro fundo antes de empurrar a porta do estabelecimento, fazendo soar o sino pendurado nela, que anuncia minha chegada.

Peeta percebe minha presença e sua expressão tensa se alivia de imediato.

Ele se levanta e puxa a cadeira para eu me sentar à mesa. Não sei bem como agir ou como devo cumprimentá-lo.

Os olhos de Peeta se fundem nos meus e ficam graciosamente diminutos, quando ele alarga o sorriso.

— Oi, Katniss.

— Oi.

Eu não tenho certeza do que fazer a seguir. Nós dois ainda estamos de pé de frente um para o outro, a conversa pairando no ar.

Eu deveria abraçá-lo? Não, isso seria estranho. Mas preciso fazer alguma coisa.

Estico a mão na direção dele para um aperto de mão.

Quando faço isso, eu me repreendo mentalmente.

Um aperto de mão? Isso não é uma reunião de negócios. Ao menos, é o que espero.

Peeta sorri e imediatamente encaixa a mão na minha, como se entendesse a minha confusão ao cumprimentá-lo.

Minha mão desaparece ao ser envolvida por seus dedos e sua palma quente e, por um segundo, ele esfrega as costas da minha mão com o polegar.

No entanto, com a mesma rapidez, ele a recolhe. Sinto minha própria mão esfriar sem o contato com a pele dele.

— Que bom que pôde vir – agradece Peeta e eu simplesmente me acomodo no assento, aguardando que faça o mesmo.

— Você não deu mais notícias – comento.

— Eu tive uns plantões bem movimentados nessa última semana. Quando surgia um tempinho livre, era um horário inapropriado para ligar pra você. Mas, principalmente, eu estava colocando as ideias no lugar.

— Eu também refleti bastante nos últimos dias.

— Sabe com quem andei conversando? Com a Mags, do asilo. Ela gosta muito de você e me aconselhou bastante.

— Tenho certeza de que ouviu boas histórias...

— Ah, muitas! Mas não só dela. Eu também passei uma manhã inteira, escutando causos e conselhos, no Pike Market, naquela barraca onde comprei aquele estojo com o tordo. Eu trouxe aquele menor pra você também. É um pedido de desculpas pelo modo como agi com você, com a Johanna, enfim...

— Até hoje eu me pergunto o que aquela senhorinha disse a você, quando voltou lá para comprar o primeiro porta-joias.

— Entre uma bronca e outra, ela exigiu que eu desse o estojo de presente a você. Se não, ela não me venderia. E ela fez a mesma exigência para esse aqui.

Peeta me entrega um embrulho, que eu abro para me deparar com a peça antiga, tão linda quanto a que ele me deu semanas atrás.

— Obrigada – agradeço sem jeito, com receio de o presente ser apenas um prêmio de consolação. — E está tudo bem?

— Agora sim.

Será que isso é um galanteio? Ou será que ele está se referindo a algo mais concreto como... ter reatado com a Johanna?

— Que bom.

— E você? – indaga ele.

— Trabalhando bastante. Não sei o que é mais complicado, se é organizar ou cancelar um casamento.

— A boa notícia é que nem todo o seu trabalho foi em vão. Vou aproveitar tudo o que adiantamos para quando marcar meu casamento pela quarta vez.

— Ah... – A notícia é como um soco no estômago, mas não esboço reação alguma. — Você ainda tem esperanças de se casar?

— Nunca vou perder as esperanças de me casar com a mulher que eu amo.

Oh, não. Decepção em nível máximo.

— Sim, claro. Com a mulher que você ama – balbucio, sentindo o golpe de novo, dessa vez mais forte.

Fico me maldizendo por me colocar nessa situação. Dói demais dizer cada uma dessas palavras, reconhecendo que ele ama outra pessoa.

Pressiono minha língua no céu da boca.

Que ironia! Agora estou aqui, usando a antiga tática que ensino às noivas para não chorarem no momento da entrada. Talvez o mais emocionante de suas vidas. A diferença é que as lágrimas que pretendo segurar não são de emoção, e sim da mais profunda tristeza.

No entanto, não posso mais me segurar. Preciso desabafar com ele.

— Eu não entendo! A Johanna pagou pelos serviços da agência e pediu o cancelamento definitivo de tudo o que havia contratado...

— Katniss, calma. Você precisa saber que alguns detalhes importantes mudaram.

Arrasto a cadeira para trás e fico de pé. Ele imita o gesto.

Abaixo a cabeça, fitando a mesa entre nós, não querendo olhar para cima, não querendo reconhecer o que sei que não poderei jamais ter. Olhar para cima significa que eu terei que ver aqueles olhos azuis novamente e eu não suportaria.

— Não, Peeta. Não preciso saber de mais nenhum detalhe. A Johanna deixou claro que não quer mais a minha assistência – disparo para, em seguida, encará-lo, mesmo que isso signifique me perder em seus olhos. — Eu fico feliz por vocês. De verdade. Mesmo assim, não posso seguir com isso. Não posso continuar planejando o seu casamento com a Johanna.

— É bom mesmo, porque em nenhum momento mencionei a Johanna – frisa ele. — Falei apenas sobre a mulher que eu amo. E ela não é a Johanna. A mulher que eu amo é você, Katniss Everdeen.

Peeta me estuda, esperando por minha reação. Um sorriso esperançoso paira em seus lábios.

Fico imóvel, pois meus olhos não querem se perder da visão dos seus.

— S-sou eu?

— É claro que é você, Katniss... Em pouco tempo, você tomou conta dos meus pensamentos, da minha vida. Você me encantou desde o início e conquistou também meu pai, meu irmão e Rue logo de cara... Acho que você tem até a aprovação da Johanna. – Ele ri, porém fica sério novamente. — Mas preciso saber o que você sente por mim... Você me ama. Verdadeiro ou falso?

— Verdadeiro. Eu amo você, Peeta. Muito.

Como pode existir esse elo tão intenso entre duas pessoas que se conheceram há tão pouco tempo?

Quando ele me olha desse jeito, sem demonstrar um pingo de hesitação, ao mesmo tempo em que carrega todos os sentimentos do mundo, as ondas calmas, que há anos eu me obrigava a perpetuar dentro do meu peito, simplesmente se agitam.

O que mais me extasia, porém, é o fato de tudo o que parecia tão complicado ter se tornado tão simples.

Eu nunca imaginei que realmente um dia pudesse estar pronta para abrir meu coração para alguém novamente. Não até conhecer Peeta, o momento no qual eu tive a certeza de que meu coração nunca havia sido de ninguém, não dessa forma.

Eu me aproximo, quando sinto sua mão tocar uma mecha do meu cabelo e brincar nela com seus dedos. Depois que finalmente deixa de encará-la, ele a coloca atrás da minha orelha e dá um passo à frente também.

Uma das mãos dele fica perdida entre meus fios, enquanto ele acaricia meus lábios com as pontas dos dedos da outra.

Minhas mãos migram para sua nuca, segurando-a com firmeza. Ficamos assim: nossos rostos a apenas milímetros de distância. Sua respiração amalgamando-se com a minha.

Ele parece concentrado em todas as mínimas sensações que essa nossa proximidade provoca.

Não sei ao certo como chega o momento em que nossos lábios se mesclam um no outro, apenas sei que é algo único e mágico.

Seus lábios são quentes e macios. Ele me beija com tanta entrega e gentileza, que nada mais importa.

Peeta se move contra mim lentamente, suavemente, deixando-me querendo mais.

Quando inclino a cabeça levemente para o lado, ele aprofunda o beijo. Deslizo as mãos até o seu pescoço e o beijo se torna mais intenso, mais apaixonado.

Peeta encaixa um dos braços em minha cintura e me puxa para si. Em seguida, faz um caminho de carícias pelo meu pescoço.

— Peeta – sussurro, ainda sem fôlego, ainda tentando registrar o que está acontecendo. — Fica comigo.

Ele para o que estava fazendo e ergue o rosto para me encarar, descansando sua testa contra a minha.

— Sempre.

E é, então, que sinto as borboletas em meu estômago e essas, sim, são muito bem-vindas.


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Notas finais do capítulo

❤❤❤❤❤❤

Olá!

Mais uma vez agradeço a quem chegou até aqui e teve paciência para esperar esse momento entre o nosso casal lindo até o último capítulo!

Pois é, pessoal, este é o último capítulo dessa short-fic.

Mas ainda teremos o epílogo, então ainda não acabou!

Acho que não terei condições de publicá-lo na semana que vem e, pra quem não leu a one-shot, ele será feito com várias cenas, bem curtinhas, como aquelas "cenas após os créditos finais" dos filmes.

Então, se alguém tiver alguma ideia de um momento entre Peeta e Katniss, ou entre ela e outros personagens, pode me mandar, que tentarei incluir no epílogo.

No domingo (07/10), vou publicar uma one-shot novinha em folha na coletânea "Tudo e todas as coisas".

Aguardo vocês por lá, para lerem: Vestida para matar

Pra variar, esse banner arrasador foi feito pelas mãos de fada da Belrapunzel.

Eterna gratidão por tudo! ❤

Beijos!

Isabela



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