Antes que você se case escrita por IsabelaThorntonDarcyMellark


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal!

Mais um banner magnífico feito pela Belzinha!

Morro de amores assim...

Obrigada, querida! Estou ficando mal acostumada!



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Por Katniss

— Katniss, por que não me disse que seu tombo foi tão desastroso? – Effie toma meu rosto entre suas mãos assim que entro na agência, na segunda-feira de manhã.

Do jeito que ela fala, dá a entender que estou desfigurada, porém há apenas o curativo em minha testa e alguns arranhões em volta.

— Effie, acho que sua quase queda foi pior. Você está sem saltos!  — reparo na sandália plana que ela está usando.

— Ah, nem me fale! Não sou a mesma sem meus saltos, mas o pé ainda dói muito. – Ela manca até uma cadeira e se joga nela.

— Você devia ficar em casa de repouso – recomendo.

— Nem pensar! Hoje a Johanna virá aqui com o noivo. Haymitch me contou que ela ficou muito satisfeita com sua visita.

— Queria poder dizer o mesmo – murmuro, fazendo uma careta, que logo se transforma em uma expressão alegre, quando pouso os olhos numa pilha de cartões iguais ao que dei ao Dr. Mellark no táxi que dividimos.

Um sorriso me escapa e não passa despercebido pela minha sócia.

— Que sorriso é esse? Você está com a cara tão boa... Apesar de toda arranhada.

— Effie, não foi só você que conheceu um homem maravilhoso nesse fim de semana. O médico bonitão que o Caesar mencionou me levou a um restaurante – revelo.

— Ah! Conta mais! – Effie exige, porém o telefone em minha mesa começa a tocar e ela atende. — Alô? Ah, sim! Só um instante.

Não dá nem um minuto e ela me passa a ligação, com a mão fechada sobre o bocal.

— Noiva surtada. Você é a especialista nisso, Katniss.

Pego o telefone e já escuto os soluços mesclados às reclamações a que estou acostumada. Decifro o significado daqueles sons embolados para pensar numa solução.

— Meu noivo... Ele... Não quer... deixar meu amigo fazer o show de stand up na festa! – choraminga a pessoa do outro lado da linha.

— Ele não deve ter feito isso para aborrecê-la. Tenho certeza.

— Mas o sonho é meu. Planejei cada detalhe. Ele não tem esse direito! – grita a cliente e afasto o aparelho do ouvido para contar até três.

Um, dois, três. Nova tentativa.

— É o sonho dele também. O momento é de vocês dois. E eu sei que ele fez e faz muitas coisas para deixá-la feliz, não é assim? Você precisa fazer isso também. Ele deve ter um bom motivo... Vamos tentar entender. Seu amigo é amigo dele?

— Na verdade, não.

— Quando faz esses shows, seu amigo costuma brincar com o seu noivo?

— Meu amigo implica com ele. E muito.

— Você já se colocou no lugar do seu noivo? Você gostaria de ser ridicularizada no dia do seu casamento? – pergunto e ela faz uma pausa por alguns segundos. Imagino que esteja refletindo.

— Você tem razão, Katniss. Obrigada.

Quando penso que a situação foi contornada, ela me sai com essa:

— Vou sugerir que meu amigo stripper faça uma apresentação, então.

— Acho que é melhor você deixar isso para outra ocasião – alerto para o vazio, pois a futura noiva já havia terminado a ligação.

Antes de colocar o telefone no gancho, ouço Effie falando atrás de mim:

— Você acabou de ouvir a minha sócia em ação. Presenciou o resgate de uma noiva em crise! Só de pensar nisso, sinto vertigem, tontura e palpitações. Mas, nessas horas, Katniss é calma, centrada, serena... Não é, Katniss?

Penso em fingir que ainda há alguém na linha, para evitar me virar no momento em que Effie debulha um sem número de elogios à minha pessoa, mas ela é interrompida por uma voz masculina, logo depois de pronunciar meu nome.

— Katniss? É você?

A ficha cai muito rápido. É ele. É o Dr. Mellark. 

Seu timbre grave é inconfundível. É a voz que ficou ressoando em meus ouvidos... em meus sonhos.

Giro meu corpo depois de abandonar o aparelho de telefone. Sua presença em minha sala compensa todas as horas desperdiçadas pensando nele, fantasiando se iria me ligar, obcecada pelos mínimos detalhes que estava me esforçando para não esquecer.

— Dr. Mellark!

É maravilhoso e inesperado me deparar com ele em pessoa... E que pessoa!

No entanto, a agradável surpresa se transforma numa terrível constatação.

O que ele busca numa agência de casamentos? Um compromisso. Muito sério. Com outra mulher.

Para dissipar de vez o breve sonho que está se transformando em pesadelo, quem assoma pela porta atrás dele é simplesmente Johanna Mason. A noiva que deseja a revoada de borboletas, motivo de chacota numa conversa minha com seu próprio noivo. 

Faço bastante força para não deixar a pressão em minha garganta se transformar em choro. De vergonha, frustração e raiva.

— Katniss, querida, preciso me ausentar para fazer uns telefonemas. É necessário providenciar louça extra para o casamento grego. – Effie se dirige à sala dela, andando com dificuldade, e aponta para seu pé. — Johanna e Peeta, infelizmente estou impossibilitada de dividir as tarefas com minha sócia, mas vocês estão em ótimas mãos... Parece também que já se conhecem, não é, Peeta e Katniss?

— Você conhece a... Katniss? – Johanna pergunta com desdém.

— Eu a atendi no hospital e a levei para conhecer Greasy Sae. Foi no dia em que ela se acidentou. – Dr. Mellark dá um sorriso acanhado. — Quando caiu do céu.

— Caiu do céu? – Johanna inquire, com uma expressão que demonstra a compreensão de que se trata de uma piada interna.

— Ah, sim... Eu posso esclarecer – balbucio.

No entanto, antes que eu possa contextualizar a frase, ela brada:

— Pena que caiu de cara!

Sou obrigada a rir da gracinha infame para não chatear a cliente. Rá, rá, rá. 

Toco o curativo em minha testa e Peeta parece querer evaporar.

— Não começa, Joh! – censura ele, num tom baixo, mas que posso escutar.

— Não resisti à piada pronta! – Johanna ri do próprio sarcasmo, porém se recompõe rapidamente. — E você continua sendo muito engraçadinho com suas pacientes, não é?

— Foi uma brincadeira inocente. – Peeta continua sussurrando. — A Katniss me perguntou se havia morrido e...

— Já basta! Agora preciso falar sério com vocês dois! – Johanna o corta, sem dar chances a explicações.

Ela aponta de mim para Peeta e para mim de volta. Eu gelo por dentro, porém, em vez de sacar um machado escondido, Johanna apenas dá uma risada debochada ao perceber minha tensão.

Respiro aliviada e convido ambos a se sentarem. Depois, eu me acomodo em minha cadeira.

— Sei que vocês não terão problemas para planejar o casamento sozinhos, quando eu for viajar – declara Johanna sem pestanejar.

— Como é que é? – Peeta se irrita.

— É uma temporada na Costa Leste, depois alguns dias no sul. Preciso viabilizar a compra de algumas fábricas.

— Você vai rodar o país enquanto eu cuido do casamento sozinho? – Ele não quer aceitar.

— Serão viagens curtas e, pra ser sincera, não estou tão ansiosa por uma cerimônia enfadonha e uma festa caríssima em que todos vão se divertir, menos eu, que tenho que me manter esplendorosa para as fotos e sóbria para a filmagem.

— Não é bem assim. A noiva e o noivo dão o tom da cerimônia e faço questão de que aproveitem muito o dia do casamento – defendo.

— Vocês da organização, no final das contas, só estão interessadas em saber se as flores combinam com a louça e se as velas da decoração estão acesas na hora certa.

— De qualquer modo, esse é um momento muito importante, Johanna – persisto.

— Eu sei. – Ela repousa a mão sobre a perna do noivo. — É por isso que vocês devem começar já os preparativos. Confio que vão fazer um ótimo trabalho. – Johanna se levanta e ergue o dedo para mim. — Só não abro mão das minhas...

— Borboletas – completo e observo a reação de desconcerto de Peeta ao descobrir que falávamos da noiva dele anteontem no restaurante de Greasy Sae.

Ele acompanha Johanna até a saída e apoio os cotovelos no tampo da mesa, esfregando os olhos úmidos. Apenas escuto seus passos de volta e não me contenho.

— Não acredito no que está acontecendo. Você é noivo e está prestes a se casar! – Espalmo as mãos sobre a mesa quando fico de pé. — E a tarde de sábado?

— Foi só um convite para ir ao restaurante e não significou nada! – retruca ele.

— Eu deveria ter ficado alerta, quando aquelas duas adolescentes eufóricas esbarraram em você na saída do hospital. Você gosta de iludir suas pacientes, Dr. Mellark?

— Eu não tinha intenção de iludir ninguém. Não tenho culpa se você me interpretou mal.

— Interpretar mal? Você me levou para fazer um lanche e me encheu de açúcar e de... e de... Esperança. – Apenas eu escuto a última palavra dita.

— E de quê?

— Não importa.

— Levar você ao restaurante foi um ato de cordialidade, por uma mera coincidência. Eu já disse. Não. Significou. Nada. – A respiração dele se torna pesada e só vejo incerteza e arrependimento em seus olhos. — Katniss, qualquer que seja a ideia que esteja fazendo de mim... Não sou esse tipo de pessoa!

— O que está insinuando? Que tipo de pessoa você pensa que eu sou?

— Entendo que você estava num momento de fragilidade.

— Fragilidade? Eu não sou frágil! Estava muito bem, pronta pra saborear meu biscoito sem graça, e você apareceu com a promessa de uma vida maravilhosa e sem culpa, mesmo me entupindo de uma sobremesa italiana hipercalórica!

— Não sei que conclusões você tirou desse simples fato. Só não quero que isso arruíne meu noivado.

— Já tive a minha cota de noivados arruinados pra toda a vida.

— Isso explica o motivo de tanta amargura.

— Isso explica muita coisa. Especialmente o fato de me blindar para homens sem caráter como...

— Como quem?

— Como muitos por aí.

Cerro os punhos para me controlar e ele estreita os olhos pra mim, puxando as mangas da camisa longa para cima.

Busco sobre a mesa os formulários e informativos de que preciso para, como Johanna disse, começar já.

É o tempo de que preciso para me acalmar minimamente. Com os papéis em mãos, volto a falar como se nada houvesse ocorrido.

— Precisamos identificar locais para o evento, selecionar prestadores de serviços, escolher o tipo de recepção, o estilo da decoração...

Estendo alguns encartes para ele, mas Peeta parece odiar tudo o que está acontecendo e sequer se move para segurar o que tento lhe entregar.

— Eu jamais ia saber que um casamento tem tanta coisa chata para ser discutida. Não posso ficar apenas com a parte de experimentar diferentes sabores de bolo?

Abaixo os braços, sem muita disposição para buscar a paciência que já está me faltando em meio à minha desolação.

— Em vez de ficar me contrariando e deixando claro como detesta o fato de fazer isso comigo, por que não coopera? Assim, podemos finalizar esse suplício com o mínimo de desconforto possível e logo nunca mais vamos nos ver. E ficarei muito grata por isso!

Depois da bronca, o silêncio e a colaboração solicitada.

Ele pega as folhas que apresento e analisa as propostas, expressando sua opinião de modo monossilábico.

Agendo algumas visitas a fornecedores, conciliando com os horários de plantão dele, e concluo a pior reunião da minha vida.

— Acho que terminamos... Por hoje – aviso, suspirando pesadamente.

— Por hoje, não é? Não se preocupe. Vou poupá-la ao máximo de ter que esbarrar com tantos homens sem caráter por aí. Infelizmente, as circunstâncias me fizeram contratar a sua empresa e, mais infelizmente ainda, a sua sócia está impossibilitada de fazer o seu serviço. Então, vou evitar pedir ajuda e farei de tudo para resolver o que estiver ao meu alcance.

Peeta pega o celular dele e arrasta o polegar pelo visor, procurando furiosamente por algum dado importante.

— Aqui está... Terça-feira. Você é dispensável no compromisso de amanhã à noite – afirma sem olhar pra mim e meu sangue ferve ao ouvir a palavra depreciativa. — Só vou precisar que me acompanhe na visita às possíveis locações e aos fornecedores, pois isso precisa ser otimizado. São muitas opções e temos pouco tempo.

— Estarei aqui às oito horas em ponto na quarta-feira, como combinamos.

— Assim espero, Srta. Everdeen. – Ele me estende a mão e eu a aperto.

— A seu dispor, Dr. Mellark.

Custo a aceitar que a pessoa doce que conheci há menos de 48 horas possa ter tanta dureza na voz e no olhar. Mas o que é mais estranho é o fato de a afirmação dele de que a tarde de sábado não significou nada continuar me incomodando tanto.

Peeta ainda está na sala, quando Effie retorna.

— Onde está a Johanna? Você já está indo, Peeta? – pergunta ela sem esperar respostas. — Katniss, eu estava pensando... Talvez ele saiba quem é o médico que você conheceu no hospital! Qual o nome dele mesmo?

— É melhor esquecer isso, Effie. – Dou um riso nasalado, porém não é suficiente para encobrir a tristeza em minha voz.

— Mas como? Não fique envergonhada na frente do Peeta! – Effie faz um movimento com a mão, para dispensar meu comentário. — Horas atrás, ainda havia estrelinhas em seus olhos quando falou do médico que você conheceu, minha querida!

Fico encarando os documentos sobre minha mesa, mas nem por isso deixo de sentir a mirada de Peeta me fulminando.

— Tenho mesmo que ir, Effie. – Ele se prepara para sair.

— Ah, vocês conseguiram agendar tudo, então? Katniss não é um amor, Peeta? Ela não tem uma natureza confrontadora. É um docinho, como me disse o Haymitch... Enquanto eu, cá entre nós, de vez em quando tenho meus atritos com um ou outro cliente.

— Como você bem enfatizou quando eu cheguei, Effie, a Katniss é calma, centrada, serena. Até demais! – Ele me lança um olhar de desagrado e faz uma pequena reverência para Effie. — Obrigado por toda a atenção e... Adeus!

Peeta deixa a agência pisando duro e eu abaixo a cabeça, desanimada.

— Uau! Você sentiu a tensão? Não deve ser fácil ser noivo da Johanna! – Effie divaga distraída e, depois, bate na mesa para que eu erga os olhos em sua direção. — Mas me explica uma coisa... O que houve com o médico bonitão?

— O médico é o noivo. O noivo é o médico. Peeta Mellark. E eu sou a organizadora do casamento dele.

 


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Notas finais do capítulo

❤❤❤❤❤

Oh, dó!



Apesar da animosidade desse encontro inesperado na agência, a química entre os dois vai ressurgir já no próximo capítulo, numa das cenas que eu mais me diverti escrevendo...

Até lá!

Isabela



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