11 Cores em uma escrita por Beatrice Ricci


Capítulo 3
Amarelo




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O retorno para a vila Troll foi feito de maneira silenciosa, ambos incomodados com o ocorrido no burker, entretinham-se com os aspectos da natureza, como árvores, pedras e até os casulos de animais em galhos, qualquer distração transfigurou em uma invasiva perceptível.

Poppy olhou diretamente para as costas de Tronco, com um semblante de adoração, enquanto ele mantinha a mirada em frente. Ela não costumava ficar quieta por tanto tempo, as palavras simplesmente saltavam de sua boca, mas lembrar o acontecimento nutria um sentimento estranho.

O corpo dele sobre o seu pequeno, as mãos agarrando seus pulsos de maneira distinta, determinado a rogar as suas carícias mais íntimas, consequentemente em um efeito extasiante, os olhos azuis fixos nos traços de sou rosto, impedindo de desviar, os lábios em uma linha reta, trazendo o desejo particular de querer provar, saber qual o sabor.

Ela mordeu o lábio ligeiramente, o amigo está adiantando, cria atenção no colete de folhas, em seguida para a região das nádegas, rubidez espalha em suas bochechas em uma cor vermelha, sugerido constrangimento em pensar nele desse modo.

— Poppy.

— EU NÃO ESTAVA OLHANDO! — Perante ao nome pronunciando assustou-se e antes que pudesse ser acusada defendeu-se.

Estando ao lado de Tronco, a rainha vagou a mirada na mesma direção dele, surpreendida com vários trolls, notou as faces em desânimo, como se um furacão tivesse passado por ali, decidida averiguar foi até um grupo, as quatros criaturinhas sentadas na grama direcionam olhares tristes a ela.

Interrogou um deles, esse narrou com ótima destreza de fatos.

Vários trolls de cabelos vermelhos, liderados por uma fêmea, roubaram todos os instrumentos da vila, depois saíram em disparada para a floresta.

Uma linha apareceu entre as sobrancelhas dela, de soslaio suas pupilas encaram os outros amigos, confusão atingi seu interior. Por quê roubariam instrumentos musicais? Existiam outros Trolls? De onde eles vieram? Sabem dançar e cantar? Tais perguntas vagaram sem respostas em sua mente, sendo interrompida pela voz de seu pai, rei Peppy, qual a abraçou.

— Filha está bem? Te machucaram? — indagou preocupado, deixando o aperto, conferindo cada pedacinho rosa da jovem.

A boca dela curvou num sorriso gentil.

— Não se preocupe, veja estou bem. — Apontou para si própria.

Aliviado com a afirmação da filha, suavizou a postura, equilibrando o corpo em sua bengala de madeira, as iris situaram-se nos amigos de Poppy, depois em Tronco, esse reverenciando-o ligeiramente.

— O que faremos agora Poppy? — indagou Bitelo, segurando entre o braço direito o Sr. Dinkles.

— Levaram tudo, até a mesa da Suki. — disse Guy Diamante, de soslaio a viu sentada com as pernas rentes ao próprio peito, balançando-se em um estado de temor.

— Vocês tinham que ver — iniciou Nina com animação, todos olharam para a Troll amarela. — Eram vários com espadas e flechas, a líder deles estava montada em um pássaro! Jamais, vi algo parecido!

— Espera um pouco. — Após escutar essa fala, Tronco colocou-se mais a frente, seu cabelo azul quase atingido a rainha. — Essa líder tinha o cabelo vermelho? E usava uma armadura?

— Exatamente! — assegurou.

— Storm… — sussurrou levemente, esquecendo da presença deles.

— Como sabe o nome dela? — perguntou Poppy desconfiada, com um passo a frente fixou na frente do seu rosto.

Nervosamente recuou, vagou a vista para vários pontos diferentes, pois, o aspecto acusador da amiga causou desconforto, tentou sumir com essa sensação andando rapidamente para o outro lado, todavia ela o acompanhou.

— Nada disso Tronco, pode me contar. — ordenou a alteza.

Sua expressão era desconfiada, sobrancelhas juntas, seu olhar vagando na fisionomia dele.

Os ombros dele arquearam-se de impaciência, e o rosto verde tornou-se agitado, esquivou-se novamente da pergunta, de costas suspirou, havia nele uma aura de dúvida, girou nos calcanhares, enquanto Poppy transpunha em silêncio, a espera de qualquer resposta.

— Vou recuperar os instrumentos, será fácil, só há um caminho pela floresta. — respondeu agora olhando diretamente para ela, o rosto ainda segurando aquela sugestão de expectativa, perdendo sua suavidade usual.

Esquivou da verdade, não sabia o por quê, contundo direcionava todas as inseguranças nos acontecimentos, como se algo lhe chamasse para ir, saber a verdade sobre quem é.

Uma ideia louca contra todas as suas convicções.

O rosto da rainha suavizou, as sobrancelhas levantadas de um jeito que ele não reconheceu, como se estivesse concentrando em algo difícil, intrigante.

— Vou com você. — afirmou em um suspiro curto, travando uma batalha contra a própria desconfiança.

— Irei sozinho. — Ele sentiu uma vaga sensação de tensão.

— Sabe que precisa de mim. — O sorriso de Poppy e os olhos apertados insinuaram a malícia subjacente.

— Tenho escolha? — questionou revirando as pupilas e suspirando.

— Não. — socou levemente o ombro dele, seus lábios formando um sorriso caloroso.

Até o momento os amigos de ambos observavam em silêncio, mas quando ouviram a decisão de irem buscar os instrumentos, decidiram fazer parte da busca, embora Tronco se opusera contra, Poppy o convenceu, a rainha na maioria das vezes conseguia domar seu lado cauteloso.

As criaturinhas coloridas obedeceram à ordem do troll de pele de tez verde, de arrumar uma mochila com coisas necessárias para uma viagem, encontram-se vinte minutos depois.

Formaram uma linha reta, Tronco e Poppy defronte a cada um deles.

— Certo, estão preparados? — questionou, ajeitando as alças da própria bolsa, sua expressão era reservada, sobrancelhas juntas, seu olhar vagando por eles em seguida para a rainha a seu lado.

— Estamos. — disseram em uníssono.

— Espera. — interrompeu Bitelo, esse com Sr. Dinkles no braço esquerdo, o verme permanecia com o olhar vago. — Esqueci a bola de pegar do Sr. Dinkles.

— Isso não é importante. — respondeu.

— Para ele é Tronco. — afirmou Poppy.

— Desculpe, mas se ele por acaso for pego por um pássaro comedor de vermes e for engolido, mastigado, digerido, essa bola não servirá em nada. — Cada palavra saiu em um tom sarcástico, enquanto mantém a vista nela.

— Então — intrometeu-se Guy Diamante, aproximando dos dois, solicitando atenção a sua fisionomia. — Essa mini-Poppy não vai servir para nada?

Estende uma boneca de pano, igual à majestade, no lugar dos olhos botões rosa, a costura contornando os bracinhos e perninhas.

— Olha que fofa, uma pequena Poppy. — manifestou Chenille com enorme ternura, agarrou a bonequinha, analisando cada traço.

— É bonita, embora o péssimo trabalho com a costura. — disse a irmã gêmea, Setim. — Você que fez Guy? — indagou para o troll de gliter.

— Não, Tronco deixou cair da mochila.

Seu nome pronunciado rogou atenção a seu aspecto, sentiu um tremor na ponta do dedo até a espinha, formando um tipo nervosismo crescente, apertou ligeiramente o lábio inferior, contendo a vergonha de encarar a amiga, ela está olhando para ele novamente, sua expressão ainda mais ilegível do que o habitual.

Seu desejo de explicar vacilou por um minuto, escapuliu, enquanto colocava uma distância súbita entre eles, correu até às duas trolls da moda e pegou a boneca de pano.

— Pode levar o que quiser Bitelo, na verdade, todos podem, mais cinco minutos para… Sei lá, ajeitar tudo. — Percebe por sua expressão de inquietação que respondera rápido demais, de joelhos na grama-fina, abriu o zíper da mochila colocando a mini-Poppy dentro da mochila, ficou a metros de distância de todos.

Olhos vidrados no amigo, mantendo um sorriso singelo, acostumou-se com o carinho dele, e ainda que fosse estranho, ama cada pedacinho da sua personalidade paranoica.

Tronco amaldiçoou o deslize de deixar a boneca a amostra, seria difícil explicar para Poppy, já foi complicado esclarecer o porquê de guardar todos os seus convites, decidiu esquecer tal constrangimento.

— Tronco.

Uma voz rouca chamou-lhe, ergueu as íris azuis para o sujeito, vendo que era o rei Peppy levantou-se, arrumou as alças da mochila novamente nas costas.

— Senhor? — o examinou, as linhas de expressões ao redor dos olhos, o cabelo rosa claro com linhas brancas, a pele laranja em um tom quase desbotado, revelando sua idade.

A expressão do homem adulto se transforma em algo que ele não reconheceu a princípio.

— Quero desejar uma ótima viagem, sei que além da vila troll existem inúmeros perigos.

Tronco manteve os olhos fixos no rei, embora ele parecesse mais intrigado com a repentina preocupação dele.

— Fique tranquilo senhor, Poppy ficará bem.

— Sei disso, ela é forte e inteligente. — Levou a bengala para a mão esquerda, apoiando o próprio peso no objeto que o (ajuda) andar. — Estou falando de você jovem. Quando decidiu recuperar os instrumentos roubados, notei algo diferente, somos trolls, poderíamos fazer outros, mas mesmo assim quer arriscar sua vida e ainda tem essa garota, Storm certo? — Tronco ficou em silêncio. — Existe algo a mais nessa história qual precisa descobrir. — O interlocutor abriu a boca para responder, mas foi impedido. — Não precisa explicar, o que estiver tentando encontrar espero que não se machuque.

Os traços de Tronco não se alteraram, mas sua boca apertou-se, ofuscava a razão de querer encontrar novamente Storm, havia nela um mistério, parcialmente revelado no desenho de sua armadura, uma folha. Tais indagações íntimas preenchiam o vazio do seu passado.

— Obrigada rei Peppy, mas se eu ficar jamais saberei quem sou. — As palavras eram ditas em tom calmo, e antes de proceder com a fala aspirou o ar pelas narinas, em seguida soltou. — É melhor me machucar do que conviver com esse questionamento. — acrescentou.

Os olhos de um azul celeste desviaram-se de Peppy e pareceram traspassar a própria alma da rainha que ali se aproximava de olhos erguidos em total inocência, o presenteou com um sorriso, depois abraçou o pai, acompanhou a ação dela com tristeza, o afeto de uma família, um beijo de boa noite de uma a mãe, os conselhos errados de uma pai.

Lembrou-se da avó ensinando os significados das cores, para cada lição e descoberta.

Sorriu ligeiramente, enquanto encarava ambos, se fosse para escolher uma cor naquele instante seria o amarelo, qual simboliza o calor, otimismo e alegria.

— Vamos Tronco?

Ela perguntou, depois de desvencilhar do abraço do rei, sorrindo inclinou a cabeça para a frente, as sardinhas nas bochechas rosas brilhando mais do que o habitual, o cabelo amarrado em um rabo de cavalo balançando com a brisa suave da tarde.

Tronco não podia livrar-se dos sentimentos, dos pensamentos que ficavam no fundo da sua mente, Poppy tornara sua razão de viver, tudo nela o encantava, seja a risada doce, a felicidade, a bondade, o talento e até mesmo a capacidade de irrita-lo

— Vamos. — respondeu, começando a caminhar a seu lado, a viu fazer um sinal de tchau para o pai antes de continuar.

— Preparado para mais uma aventura Tronco? — indagou.

— Claro, mas ainda não concordo com seus amigos, eles deveriam permanecer na vila. — respondeu, manteve a mirada em frente.

— Eles sobreviveram de ser comidos, o que mais de ruim haveria de acontecer? Brachie.

Ele revirou os olhos devido o apelido, contundo sorriu.


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Notas finais do capítulo

Em inglês o nome de Tronco é Branch ( Ramo em português) , na maiorias das fanfics em inglês o apelido dele é Branchie, já que não dá para traduzir isso decidi colocar assim.
Tronco está em um dilema de conhecer mais sobre suas origens.



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