11 Cores em uma escrita por Beatrice Ricci


Capítulo 2
Verde


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todos que comentaram o primeiro capítulo, estava ocupada atualizando outras fanfics, por isso a demora de postar, estou me organizando ainda.

Feliz Ano novo



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/765831/chapter/2

Olhos azuis encontram-se com as pupilas negras das aranhas, Tronco analisa por breves segundos as caraterísticas de uma: enormes pernas, o cabelo verde arrepiado, o corpo coberto de pelugem rosa e por fim a boca com presas afiadas.

Recuou um passo, tropeçando na desconhecida, considera meios para escapar dali, não era a primeira vez lutando contra elas, ainda assim possuí a desvantagem.

Utiliza o próprio cabelo para atingir os insetos, igual a um chicote, essa ação durou até o instante qual agarrou a garota troll, a colocou no ombro e correu em disparada.

Teve a ideia de se camuflar atrás de um arbusto, transformando as mechas azuis em verde musgo.

Pela fresta do cabelo, observou os animais desistirem, agradeceu mentalmente.

Saindo da posição, deixando a troll na grama, inclinou o ouvido no peito da mesma, em seguida checou o pulso, um sentimento de alívio refletiu por um momento nas suas feições, adquirido depois atenção na aparência da estranha.

Estranhou a pele cinza escuro, similar a ele antes de descobrir suas verdadeiras cores, o cabelo em uma trança lateral, considera um penteado ousado, poucos habitantes da vila Troll usariam, em razão de poder quebrar os cabelos. A cor vermelha assemelha ao sangue.

Uma cicatriz no olho esquerdo, lhe provoca desconforto, é um corte de dois centímetros, quis sentir a textura, todavia tende a olhar para a veste, consiste em uma armadura de metal cobrindo todo o corpo, nas mãos luvas pretas.

Logo após analisa o desenho de uma folha localizada no metal da armadura, precisamente no ombro direito, a imagem é incomoda para si, ligeira dor de cabeça e perda da consciência resultam na cena de uma Troll segurando um bebê.

Tronco cambaleou, levou a mão sobre a testa, abriu as pálpebras, perturbado, olhou ao redor, apenas árvores e arbustos, tranquilizou o próprio espírito, considerou ser uma miragem, recupera a consciência no momento que ela acorda.

Tomado de uma aflição nervosa, os músculos não respondendo a ação de recuar, as palavras sufocadas na garganta, permanece ali. Pensara em fazer algo, porém, a estranha o derrubou através de uma rasteira e por fim o imobilizou com uma espada, cravando a ponta na sua garganta.

A obscuridade dela transmitia o olhar duvidoso sobre si.

— Quem é você?

Piscou repetidamente processando sua fala.

— Tronco. — respondeu, assustado.

— O que fazia comigo? — Pressionou mais a espada.

— Nada, você estava desacordada no meio da floresta — começou tossindo ligeiramente, recusando respirar mais do que necessário. — Aranhas queriam te devorar! Consegui escapar com você.

De súbito, a afirmação pareceu recordar a garota troll qualquer coisa e trazê-la claramente à imaginação… Por isso estremeceu, sentiu os nervos acalmarem, suspirou, lembrando o ocorrido, pôs a espada em uma proteção de couro atrás das costas.

— Valeu por isso é.. Torto? — murmurou esquecendo o nome do seu interlocutor.

— Tronco. — respondeu em tom seco, revirou o olhar.

— Tanto faz. — repetiu seu gesto. — Agora quero que fique de boca fechada, se disser a alguém que me viu arranco sua pele. — ameaçou.

— O quê? Espera um pouco, você me atacou com uma espada, eu que deveria estar com raiva. — Indignado ergueu o corpo em uma postura reta.

— Fique a vontade. — Com sarcasmo girou nos calcanhares, todavia retrocedeu com singular atenção, vagueia os olhos no cabelo de Tronco, franzido as sobrancelhas. — Seu cabelo é azul. — disse em um fio de voz.

Ele desviou a vista brevemente para seus fios.

— E daí? — comentou, suspeitando do questionamento.

O silêncio surgiu por instantes, ela pensou em dizer, mas contrariando o comentário do jovem troll, agradeceu por ele ter a salvo, decidida a sair dali, Tronco correu de modo a questionar, um assobio por dela trouxera um enorme pássaro negro.

Olhos dourados o encaram, recua assustado, percebeu o sorriso de diversão da desconhecida, essa montando no animal.

— Espera! Qual é seu nome? — gritou, enquanto ela se prepara para voar, ele caia de joelhos devido a ventania, causada pelo bater das asas do pássaro.

— Storm! — respondeu, desaparecendo em meio às árvores da floresta.

***

Estando Tronco novamente em seu burker, precisamente no quarto, sentando sobre a cama, respirou profundamente, passou as mãos pelo próprio cabelo, olhou à sua volta.

Paredes de barro enfeitadas por vários retratos, fotos com seus amigos, riu ligeiramente, cada um deles o forçando a sorrir, concentrou a atenção em particular na figura de Poppy, qual o abraçava por trás, aspecto feliz contrariando o seu, de irritação.

Recordou o momento que vira o símbolo da folha na armadura de Storm, tristeza o comoveu e afligiu, a imagem daquela mulher em um tipo de flashback talvez uma alucinação, recusa a sumir da sua mente.

Desviou o olhar para a penteadeira ao lado da cama, abriu a gaveta de madeira, alcançando um retrato, com delicadeza e carinho, passou os dedos sobre a moldura, depois na fotografia, contemplou a fisionomia da avó.

Transparece nos lábios de Tronco um sorriso real e sentimental, uma lágrima solitária contornou a sua bochecha até cair na foto, remorso e culpa o atormenta todos os dias, considera o culpado pela morte dela.

Uma mão no ombro do troll o acordou do devaneio, presenciou a amiga Poppy acomodasse ao lado, guardou o retrato novamente na gaveta.

Silêncio. Cada vez que ele parecia falar a mirava com olhos sem expressão, estava cansado de todo aquele mês de tristeza solitária e de sombria expectativa, por isso ansiava por estar com a rainha, o refúgio de si próprio.

Ela o presenteou com um abraço, suficiente para curar qualquer dor e mágoa, uma ligação íntima e saudável.

Com o queixo sobre o ombro dela, exala a fragrância natural, uma mistura de morango e melancia, suspirou suavemente, amando a maneira qual ela se encaixa perfeitamente em seus braços.

Relutante a deixar o aperto permanece por mais tempo do que necessário, então a libera, mantendo a mão unida.

— Você está bem?

Ele sorriu apesar da sua tristeza.

— Estou, mas tudo bem não estar bem o tempo todo.

Deu de ombros, soltando a mão rosa da amiga, desviando o olhar para os próprios pés.

— Quer conversar?

Tais perguntas se tornariam incômodas, odiava falar dos seus sentimentos, por isso escrevia poesia, as palavras escritas são mais fáceis.

— Tive um tipo de lembrança, visão, não sei direito. — O lindo rosto rosado, muito bem pintado, delicadamente em uma textura natural, lhe distraía. — Eu acho que vi minha mãe, mas é impossível, ela morreu quando nasci.

Apesar de sua aflição em contar qual seus tormentos, suportou, nunca foi imune à dor.

Poppy sentira o desejo de lhe abraçar mais uma vez e outra, talvez várias vezes, compartilha a sua angustia.

— Se ela estiver viva Tronco? Se o que você tivera foi uma memória bloqueada? Poderíamos falar com meu pai.

Ele a interrompeu abruptamente.

— Agradeço pela oferta Poppy, contundo deve ser outra paranoia minha.

Escutara o sarcasmo na voz do amigo.

— Ei, na última vez que teve uma suposta “paranoia” — fizera o sinal de aspas com os dedos — estava certo, os bergens nos atacaram.

Vislumbrou a mirada radiante da rainha, pôs-se a levantar da cama, sustentando o olhar em outro ponto qualquer.

— Às vezes queria saber quem sou.

A tristeza repentina a fez querer anima-lo.

— Bem, você terá muito tempo para descobrir, estarei ao seu lado para ajudar a tornar azul em verde.

Colocou-se na frente do amigo, deu uma leve batida em seu braço.

— Azul em verde? — Ele olhou de maneira estranha para ela.

— Sim! — exaltou-se. — “ Exite uma cor em cada um de nós…”

A rainha começou a cantar.

Brilhavam entre cílios, com as íris estriadas e circundadas de um rosa forte, fascinado-o.

— Oh não, sem música dessa vez, sei que você ama cantar, mas precisa ser em todo momento? É sério isso? Agora?

— É o melhor remédio para seus problemas. — As sardinhas nas bochechas de Poppy brilhando igual glitter. — Não é verdade?

A distância mantida no rosto do amigo não a incomoda, ele revirou as pupilas, tendo simpatia com ela.

— Que tal um sorriso hem? — a jovem cutucou repetidamente a barriga dele, gosta da maneira que é fofa e gorducha, diferente dos outros trolls, macia.

— Para Poppy! — ordenou em risadas, sentindo cócegas.

Incentivada pelas gargalhadas continuou a fazer os mesmos gestos, em uma ação rápida e precisa foi derrubada para a cama dele, teve os pulsos pressionados contra o colchão de pele animal e folhas, uma risada alta e graciosa chegou nos tímpanos do Tronco, o som o fez extasiado.

O ambiente converter-se em silêncio, olharam-se sem desvios, por um instante esqueceram a posição qual se encontram, ele por cima e ela por baixo do seu corpo, a rainha engoliu em seco, percebendo os músculos contra o seu, certamente todos os anos de trabalho duro o fizeram bem.

O hálito de menta do amigo criara uma sensação boa nos lábios rosados, quisera permanecer, mas ele a liberou vagos amente e sem jeito, sentou-se na cama, vendo-o olhar em outra direção, pudera notar as bochechas em um tom mais escuro, ele estava envergonhado? Questionou mentalmente.

— Então é melhor irmos. — disse e antes que a rainha falasse qualquer coisa, saiu da presença.

Sozinha e confusa, apertou o travesseiro contra o rosto, sufocando um gritinho.

♪♪♪

Em um reino, o conselho achava-se sentando na enorme mesa, acima de uma escadaria, presenciam o treinamento de soldados, quais utilizam espadas, escudos e o próprio cabelo, apenas homens trolls podiam fazer parte.

— Mantenha a postura combate! — gritou o Troll mais velho, de pele e cabelo verde musgo, olhos tão azuis quanto o céu.

Dois soldados seguiram a mirada para ele, entreolhando-se em seguida, o troll violeta-claro tentou acertar o outro com a espada, qual se esquivou e usando o cabelo amarelo o derrubou.

A banda musical toca instrumentos e cantam para enfatizar a batalha dos guerreiros, em certo momento enquanto está quase terminando, um grito de socorro ecoa por todo local, um troll corre na direção do conselho, que consiste em quatro homens.

— Senhor, senhor, ele está aqui! — desesperou ofegante indo ao encontro do troll mais velho, esse mantendo o jovem em pé.

— Quem está aí?

Quisera responder, mas outra voz o fez.

— Que recepção mais calorosa, diga para seus guardas reforçaram mais a segurança.

A música parou, paralisaram-se todos.

O príncipe renegado banido a tanto tempo voltara.

— O que faz aqui Orchid?! — gritou o troll, empunhando a espada.

Observou a aparência física, pele branca, igual o cabelo, destacando nas pontas as mechas vermelhas, igual os olhos.

— É assim que me recebe depois de tanto tempo Rain? Estou profundamente ferido. — sarcasmo eminente em sua voz irritou o troll chamado Rain.

— Você não é bem-vindo aqui, foi exilado a vinte cinco anos. — Ergueu a cabeça em uma postura de superioridade.

— E a vinte cinco anos planejei ter de volta o que é meu. — pausou a voz e continuou: — O meu trono!

— Quando seus pais o expulsaram de Whistlemen, fizeram o que estava correto, e vou honrar ambos.

— Como quiser. — comentou.

Foi a impressão do príncipe Orchid provocara estranheza, ainda assim tirou atrás das costas um bandolim, dedilhou duas vezes, criando um acorde, o som prorrogou em uma fonte de energia verde, a luz intensa iluminou todo a floresta, acertando-o em cheio, esse apoiando um dos joelhos no chão de pedras.

— Vejamos se a música é tão forte assim.

Apertou uma pedra azul-celeste em forma de colar, iluminou-se e dali surgiu um ser negro, apenas os olhos vermelhos visíveis, avançou em Rain.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Chegamos no fim desse capítulo, vou dar algumas explicações.
Orchid era o príncipe da cidade de Whistlemen ( Literalmente quer dizer homem assobio, decidi colocar esse nome, porque a maioria dos instrumentos usados é de sopro), mas diferente dos outros trolls ele detesta música, por isso quando descobriu o poder da pedra celeste tornou-se mau, seus pais o baniram.
A maioria dos nomes que irei colocar nos trolls tem significados, como o da Troll que atacou Tronco ( Storm- Tempestade), o líder do Conselho ( Rain- Chuva), (Orchid- Orquídea), tive essa ideia, porque percebi no filme que a maioria deles tem nomes da natureza.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "11 Cores em uma" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.