Contos de uma Viajante do Tempo Vol 1 - James Dean escrita por Sofia Casanova


Capítulo 3
Capítulo 3




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O leitor pode estar se perguntando o que tem a ver o gás de cozinha com viajar no tempo?
Quando Olívia serviu ao regimento feminino Inglês na Segunda Guerra Mundial ela descobriu que se tivesse adrenalina em seu sangue ou medo ou stress ela não conseguia voltar no tempo. Quando criança ela tinha uma avó que morria de medo de morrer em uma explosão a gás e ela nunca descobriu o porquê. Sempre que no natal sua mãe cozinhava algo, sua avó gritava: “Estou sentindo cheiro de gás. Veja se não tem gás vazando. Se morrermos será culpa sua.”

       Olívia cresceu com medo que os vizinho deixassem o gás vazando por acidente ou por tentar se suicidar mesmo e acabasse lascando todo mundo ao redor inclusive a ela. Devido a este histórico traumático ela acionou este mecanismo que costumava ser eficaz. Até agora.

 

            Olívia abriu os olhos e viu um teto com equipamentos de luz. Suas mãos tocavam em gramas e ela sentia pinicar em suas costas. Ao seu lado haviam grades e ela teve a impressão de que havia caído no jardim de alguém. Sentou-se na grama e tentou situar-se: Cortinas, painéis pintados de horizontes, escadas, primeiro andar com câmeras, árvores falsas. Um caminho cheio de areia e muros de isopor.  Ela reconheceu que aquilo era um estúdio de cinema. Nem precisa pensar muito pois já sabia que ano era e por causa de quem estava ali. Levantou-se e limpou sua calça jeans. Olhou ao redor e não tinha sinal de pessoas trabalhando, nem barulho algum. Provavelmente ,todos já haviam ido pra casa ou estavam almoçando. Ela não sabia que horas eram mas as luzes do ambiente ainda estavam acesas o que indicava que alguém voltaria. O ambiente era sombrio mas vazio de alguns elementos: haviam portões indicando talvez um jardim, mas faltavam muitas plantas. Haviam carruagens sem cavalos, muros falsos que cercava todo um espaço pequeno., árvores sem folhas. Ela entrou no cenário mas um eco de porta se abrindo a fez voltar e correr na direção da cadeira do diretor, procurando um local escuro para se esconder. Jogou-se atrás das cortinas e evitou expor seus pés.

            Ouviu um homem pedindo para que algumas pessoas trouxessem uma caixa, depois os dispensou. Tudo ficou quieto . Olívia pensou que haviam ido embora e quando se moveu para sair do seu esconderijo ouviu uma voz com um sotaque francês.

— Pegue aquele pé- de- cabra.

            Olívia olhou ao seu redor para ter a certeza que não havia nenhuma ferramenta perto. Ela não viu mas pôde ouvir que o homem se esforçava para abrir a caixa. Um grande estralo e a tampa estava jogada no chão.

— Agora com cuidado, deite a caixa para este lado, estas pedras são pesadas.

— Como vamos rearranjá-las, Bosco?

— Em triângulo.

— São figurantes desta vez?

— Não, são os três principais do filme, mas somente esta pedra da frente será notada as outras não serão importantes mas serão partes do ritual.

— Posso pergunta quando tudo acontecerá?

— Não.

            Eles arrastaram a caixa para o canto do estúdio e foram embora. Olívia ouviu a porta se fechando mas permaneceu escondida para ter a certeza que não havia ninguém. Após alguns minutos, saiu lentamente de detrás das cortinas e percebera as novas arrumações do cenário: eram três túmulos. O cenário seria um cemitério, mas ela não reconhecia que filme era aquele mas sabia que tinha ligações com James Dean. Aproximou-se das pedras e percebeu que elas estavam distantes porém faziam um triângulo. O primeiro túmulo estava escrito Cal Dean, os dois túmulos que ficavam atrás, lado a lado tinha os nomes: Natalie Wood e Sal Mineo. Olívia teve o impulso de pegar seu celular e bater as fotos. Olhou ao redor procurando mais cenários e viu de longe um papel na parede. Andou em sua direção e bateu foto, e fez o mesmo com cada papel na parede: Lista de horários, avisos de não fumar, lista de atores, horários de funcionamento do estúdio em dias de filmagens até que se deparou com o pôster do filme: Rebelde Sem Causa. Olivia retirou o papel da parede e o enrolou. Ela conhecia aquele filme, mas nunca tivera vontade de assistir. A porta fora aberta de novo e estando ela perto de seu esconderijo correu outra vez mas perdera os movimentos da perna e caíra no chão. Em um piscar de olhos, ela estava outra vez jogada no chão do prédio. Ela estava de olhos abertos quando viu tudo mudar como se fosse uma imagem saindo de dentro da outra e seus olhos escureceram e depois conseguiu ver o ambiente. Ela levantou-se e percebeu que tudo voltara ao normal e podia ouvir os pássaros cantando, os carros buzinando e as crianças do 514 rindo. O pôster e o celular estavam em suas mãos. Ela andou em direção ao elevador e enquanto subia, foi enchendo de gente.

            Entrou em seu apartamento e andou rapidamente em direção ao seu quarto. Pegou seu notebook, seu estojo e levou-os para a cozinha. Voltou para o quarto e procurou na prateleira de cima a agenda que correspondia aos anos 50. Ela era bege , capa de couro e de tamanho médio. Ela encomendou cinco iguais em uma loja que fabricava peças de modelos antigos. Olhou para o relógio para ver se dava tempo de escrever e ir ao supermercado antes do anoitecer. Sentou-se e começou a escrever.

3 de junho de 2017 - Charlottesville

 

            Hoje viajei no tempo para os anos 50. Acabei de chegar e não sei exatamente o ano ou o dia em que estive. Estive pesquisando ontem e hoje sobre o ator James Dean e acabei viajando sem querer. Faz muito tempo que isso não acontecia, geralmente vou por que quero. Tive sintomas semelhantes ao da primeira vez: dormência nas pernas, cabeça rodando como se fosse pressão baixa e ausência de som. Tive impacto com a realidade quando sai para a rua após passar horas vendo fotos antigas como se eu literalmente tivesse saltado de 1920 para 2017 e foi aí que acabei indo. O sinal de emergência mental não funcionou desta vez.

 

            Caí em um estúdio de cinema dos anos 50 e bati foto do cenário que pretendo imprimir e colar aqui, além de ter roubado o pôster do filme. Pelo menos acho que era deste filme, nem sei, não deu tempo de saber muito pois voltei logo. Tudo começou porque desconfiei que James Dean havia sido assassinado e não morrido de superdosagem de álcool. Aliás, vou imprimir o ludo da autópsia também. Haviam dois homens lá, enquanto eu me escondia atrás de uma cortina e um deles se chama Bosco e tenho certeza que era francês. Eles estavam arrumando três túmulos que faziam parte do filme e o Bosco disse que os três túmulos faziam parte de um ritual. Eles estavam dispostos em triângulo e haviam nomes neles.

            Olívia fez um esboço rápido dos túmulos e das árvores falsas. O pôster podia ser dobrado e colado na agenda e foi o que ela fez. Conectou o celular no notebook e transferiu as fotos para um pen-drive. Pesquisou a foto do laudo oficial da autópsia e uma foto de James Dean. Ela sempre imprimia as fotos da internet em forma de fotografias em uma máquina de fotos no supermercado. Olhou novamente para o relógio: 15h30min horas . Pegou a lista que estava em seu bolso e tinha a certeza que naquele dia não voltaria no tempo, não enquanto não estudasse o material recolhido.

 


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