Muito distante do interior, uma jovem garota estava montando um cavalo branco.

—Por favor, senhorita, volte!

—Você não deve cavalgar sem supervisão!

—Seu pai ficará triste se você se machucar!

—Por favor, senhorita, pare!

A garota estava zangada. Ela finalmente fez quinze anos, mas sua mãe não foi à sua festa de aniversário. Seu pai estava fora “trabalhando”, mas a garota sabia que ele estava traindo. E agora, seu “noivo” fugiu para trabalhar numa fazenda. Ele deveria ter voltado há tempos, mas decidiu ficar como uma punição.

—Por que ele... teve que... se apaixonar por outra garota?!

O cavalo era forte, mas estava ficando cansado. A garota estava tão furiosa. Ela não percebeu que tinha entrado no bosque.

—Espere. Onde eu estou?

Ela olhou ao redor. Então, ela viu um pedaço rasgado de tecido vermelho pendurado num galho. Ela guiou o cavalo para lá e o pegou.

—Alguém passou por aqui? Papai sabe sobre isso?

Ela olhou ao redor mais uma vez. Então, ela ouviu uma canção. O cavalo levantou sua cabeça e olhou um pouco para o sul. Então, começou a andar sozinho.

—Espere! O que você está fazendo? Onde você está indo? E se for um ladrão? Um assassino?

A garota começou a ficar assustada. Mas a canção era cantada tão docemente. Então, o bosque se abriu e ela viu as costas de uma mulher. As roupas dela eram iguais ao pedaço de tecido vermelho. Seu cabelo era tão comprido e da cor de...

—Chocolate?

A mulher continuou a cantar, apesar da voz da garota ter sido tão alta. Então, a canção terminou e a mulher se virou. Um pássaro piou e voou atrás dela. A mulher estava quieta. Ela parecia satisfeita o bastante em apenas encarar a garota.

—Quem é você?

—Eu não tenho um nome.

Uma voz tão doce. Uma alma tão gentil.

—Você ajudou aquele pássaro?

—Sim. O pobrezinho pediu por minha ajuda. Ele não queria morrer pelas garras de um corvo.

—Um corvo?

A garota olhou ao céu. Lá estava. Um grande pássaro preto estava voando alto. Parecia irritado, mas não tentou atacar. A mulher se virou e saiu andando silenciosamente.

—Espere!

—Sim?

—Se eu pedir... Você me ajudará?

—Eu irei. Qual é o seu desejo? Uma vida longa? Juventude eterna? Um amor feliz?

—Não, isso não. Eu quero que meu pai e minha mãe vivam felizes novamente. Ele está traindo–a, eu sei disso. Mamãe está muito triste, tão triste que evita todos os outros. Eu quero consertar isso.

—Então, você quer unir seu pai e sua mãe?

—Sim, eu quero!

—E se eles não quiserem ficar juntos?

—Isso é impossível! Eu sei que eles querem! Eu sou filha deles, afinal!

—Muito bem. Eu realizarei seu desejo.

A mulher se virou e começou a andar. A garota gritou novamente.

—Espere! Você não precisa andar até lá! Monte no cavalo comigo.

—Obrigada.

A mulher subiu no animal e ambas voltaram a casa da garota. As empregadas logo cercaram a garota em preocupação.

—Senhorita, você está machucada?

—Quem é esta mulher?

—Ela é uma visita?

—Ela irá me ajudar. Dê a ela tudo e qualquer coisa que ela possa pedir.

—Sim, senhorita!

As empregadas estavam desconfiadas, mas a mulher não parecia interessada na garota, nos itens valiosos ali ou qualquer outra coisa. Ela somente tinha que realizar o desejo da garota. Ela poderia usar seu charme, mas a felicidade do pai e da mãe não seria certeza.

—Onde está meu pai?

—No escritório, senhorita.

—Ótimo. Por aqui, umm... Irmã mais velha.

A mulher não reagiu ao apelido, apenas seguiu a garota. Ambas entraram no escritório, encontrando um velho homem conversando com uma mulher de negócios.

—Pai, eu preciso falar com o senhor.

—Desculpe, senhorita Kanoe, nós continuaremos essa conversa mais tarde.

—Sim, senhor. Até mais.

A mulher de negócios parou ao lado da linha mulher, olhou para ela com olhos de inveja e atravessou a porta do escritório. A mulher não reagiu.

—Quem é esta moça, Laila?

—Ela é a pessoa que ajudará o senhor e a mamãe.

—Laila, nós já conversamos sobre isso. Sua mãe e eu não nos amamos mais. Você precisa entender isso.

—Você está errado, pai! Amor nunca pode morrer! Eu sei que lá no fundo o senhor e mamãe querem ficar juntos como antes.

—Laila, não levante sua voz a mim.

—Irmã mais velha, por favor, diga a ele! Não deixe meu pai e minha mãe se separarem assim!

A mulher encarou a garota por um segundo e então mudou seus olhos para o velho homem.

—Senhor, ouça seu coração. Lá no fundo, você ainda ama sua esposa, não ama? Você não se importa se ela se machucar por você desejar outra mulher? Ela ainda é fiel a você, não é? Você pretende machucar ela e sua filha?

—N–Não, essa não é minha intenção de jeito nenhum...

—Então, pare com este comportamento. Seja fiel à mulher que jurou a vida dela a você. Peça pelo perdão dela. Recomece sua vida.

—Sim... Sim! Eu farei isso. Muito obrigado por abrir meus olhos!

O velho homem correu pela porta e gritou o nome de uma mulher. A garota estava frenética em sua felicidade, sorrindo largamente.

—Muito, muito obrigada, irmã mais velha! Agora meu pai e minha mãe vão viver felizes como antes! Nós viajaremos juntos e nos divertiremos como uma boa família!

—Eu devo lhe avisar, criança. Isto não será eterno, nem perfeito. Esta foi sua escolha. Não se arrependa.

—O quê...? D–Do que você está falando, irmã mais velha? Como eu poderia me arrepender da decisão que faz meus pais felizes? D–De qualquer maneira, por que você não fica por um tempo? Nós podemos conversar tomando chá e tocar piano juntas!

—Eu não devo me demorar em um lugar por muito tempo. Eu devo partir em breve.

—Mas...! Você não quer ser minha irmã mais velha? Fique comigo, por favor!

—Você tem sua própria família, criança.

—Irmã mais velha!

A mulher se virou e saiu da casa sem olhar uma única vez para a garota frustrada. Alguns meses depois, estava nos jornais...

“Esposa encontrou seu marido na cama tendo um caso ilícito com sua secretária. Num ataque de pura raiva, ela matou os dois e cometeu suicídio logo depois. A testemunha é sua filha de 15 anos de idade. Devido ao choque de ver tal carnificina, a criança foi posta sob cuidados hospitalares e entrou em coma.”