Juventude Imortal escrita por Myahko


Capítulo 1
Primeiro Encontro




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Há uma antiga lenda que fala sobre uma mulher que é muito linda, fadada a ser jovem para sempre. Quem quer que beba uma gota de seu sangue viverá por mais uma centena de anos. Sua voz pode reviver e curar toda e cada ferida. Sua beleza pode seduzir toda e cada pessoa. Mesmo agora, milhares de anos depois da origem da lenda, há pessoas procurando por ela. Para viver mais, para ficar rico... Os desejos são tantos quanto o número de estrelas no céu. Mas a linda mulher nunca foi encontrada. Um dia, perturbando o calmo silêncio da floresta, uma tropa estava transportando uma grande caixa de madeira. Os rurais pensaram que ela continha um corpo dentro, então rezaram pela alma. De repente, outra diferente tropa de soldados atacou a primeira. A caixa de madeira caiu e rolou pela montanha. Ninguém percebeu quando isso aconteceu. Alcançando o pé da montanha, a forte caixa de madeira estava muito arranhada, mas inteira. Bem ao seu lado estava um grande lago. Os animais dali ficaram curiosos e lentamente se aproximaram da caixa. Havia uma fresta na madeira e um pássaro espiou para dentro. Ele piou alegremente e os outros animais comemoraram. Um grupo de três criancinhas vieram correndo e assustaram a vida selvagem.

—Vão embora! Não é um brinquedo!

—Não perturbem os mortos!

—Caramba... Eles tão lutando lá em cima. O que eles tão fazendo?

—Não sei.

—Talvez transportando essa coisa de madeira?

—E foram atacados? Que diabos?

—Não faz sentido!

—Ei, mamãe não está olhando. Quer checar o corpo?

—Tem certeza?

—Eu estou curioso! Quero ver! É feio?

—Aposto que cheira como peixe.

—Mas eu não sinto cheiro de nada.

—Porque está fechado!

—Ei, que diabos vocês três tão fazendo aí?

—Irmãozão! Olha, olha!

—O que tem essa coisa de madeira?

—Tem um corpo morto dentro!

—Abre pra gente, irmãozão!

—É! A gente quer ver!

—Quê?! De jeito nenhum! Agora voltem pra dentro. É perigoso aqui fora.

—Mas~!

—Sem “mas”. Dentro. Agora.

—Tá~.

—Chato.

—Irmãozão não é divertido!

As três crianças saíram andando relutantemente. O jovem olhou desconfiado para a caixa de madeira.

—“Há um corpo morto dentro”, huh? Eu deveria provavelmente enterrar ele...

Ele foi ao porão e pegou um pé de cabra e uma pá. Ele abriu a caixa de madeira e estava surpreso por ver uma linda mulher dentro dela. Ela estava usando roupas estrangeiras de aparência cara. O jovem olhou mais de perto. Ela não parecia morta, mas adormecida. A mulher era muito jovem, com cabelos cor de chocolate, que era muito longo. Ele queria ver seus olhos. Eles eram marrons? Pretos? Ou um tom estrangeiro? Então, ela se moveu. Apenas um pouquinho, quase nada, mas se moveu. Sua cabeça não estava na mesma posição que antes.

—Mas... Tão linda...

O jovem estava maravilhado. A mulher estava praticamente brilhando. Ele tentou tocá-la, mas se lembrou de que ela estava morta. Ele não deveria incomodar os mortos.

—Espere, mas ela se moveu... Nah, deve ter sido por causa da gravidade ou alguma merda assim.

O jovem foi para dentro da casa para pegar um cobertor para envolver o corpo.

—Filho, o que tu tá fazendo com isso?

—Tem um cadáver perto do lago. Eu vou enterrar ele agora, então não deixe as crianças saírem.

—Que Deus proteja essa alma.

O jovem voltou à caixa de madeira, mas a mulher não estava mais lá. O cobertor caiu de suas mãos e ficou sujo na terra.

—Pra onde ela foi?!

Ele olhou ao redor em pânico. Havia alguém de pé ao lago, encarando a água brilhante.

—Ela não estava morta? Mas ela caiu do topo da montanha...!

O jovem lentamente se aproximou da mulher. Ela parecia estar num transe. E então, a mulher começou a cantar. Era uma linda canção com uma voz melódica. A área pareceu ficar mais tranquila e brilhar mais forte. Bem quando a canção terminou, a mulher caiu de costas e parou de se mover.

—Meu Deus, ela está morta agora?! Ei!!

O jovem correu até ela e caiu de joelhos. Ela ainda estava respirando.

—Ufa... Ela está viva. Eu achei mesmo que ela era algum tipo de cadáver andante.

—Irmãozão, o que tu tá fazendo?

—Deus! Tu me assustaste, Tom. O que tu tá fazendo aqui? Eu disse pra mãe não te deixar sair.

—Mas eu tô curioso! Uau, ela é tão bonita! Está brilhando!

O jovem suspirou.

—Bem, ela não está morta, então acho que tu podes. Eu vou trazer ela pra dentro. Pega aquele cobertor ali.

—Tá bom!

Ambos voltaram para dentro de sua grande casa. A velha até chamou seu marido lá no campo.

—Ela não é bonita? E tu achou que ela estava morta?

—Bem, é. Digo, qualquer um estaria morto se caíssem daquilo!

—Certo pra caramba.

—E, bem, ela levantou e saiu da madeira quando eu fui pegar o cobertor. Me assustou. Eu achei que aqueles filmes de cadáveres andantes fossem de verdade.

—Ela levantou?

—É. E cantou uma canção.

—Uma canção? Eu não ouvi nada!

—Quê, sério? O que há com isso...?

—Tu podes tá cansado, filho. Vá pra cama. Durma muito.

—Mas eu tenho que ajudar o pai com o campo.

—Ele pode trabalhar sozinho por um dia. Tu salvaste uma mulher, então tu mereces. Vá dormir.

—É, obrigado.

O jovem adormeceu em sua cama, mas não pôde tirar a imagem da mulher cantando de sua cabeça. Na manhã seguinte, ela tinha sumido. Ele procurou freneticamente ao redor da casa como um homem louco, mas não pôde a encontrar.

—Foi um sonho, afinal?

—Irmãozão! Por que tu tá triste?

—Eu não estou. O que tu queres agora, Miri?

—Mamãe tá perguntando se a mulher já falou contigo.

—O quê?! Ela ainda está aqui?

—Está. Ela tentou ir embora, mas mamãe falou pra ela pra dizer “obrigada” pra tu, então ela tá esperando no lago.

—Sério?! Obrigado!

—Sem problema!

O jovem correu para o lago, cujo era próximo da casa. Lá estava ela, encarando a água como no dia anterior. O jovem temeu que ela iria começar a cantar e, então, desmaiar novamente. Mas quando ela ouviu seus passos, virou–se com um rosto “Eu sou num transe”.

—Obrigada.

—Hmm, o quê?

—A mulher me disse para fazer isso, já que você me salvou. Eu sou grata. Como agradecimento, diga–me seu desejo.

—Meu desejo? Por quê?

—Eu irei realizá-lo. O que você quer? Uma vida longa? Juventude eterna? Uma amante?

—Espera, espera! Por que tu estás fazendo isso?

A mulher inclinou sua cabeça em confusão.

—Porque você me salvou, eu devo lhe garantir um presente. Ou você não o quer?

O jovem hesitou. Ele tinha um desejo que queria que fosse realizado.

—Você realmente vai realizá-lo?

—Sim, eu vou.

—Então, fique comigo. Case–se comigo.

Seu rosto estava vermelho, mas a mulher não se emocionou.

—Isso não pode ser feito. Eu não devo permanecer muito tempo em um mesmo lugar. Peça outra coisa.

—O quê...! Mas você disse “uma amante”!

—Eu não me referi a mim mesma. Eu nunca devo me apegar a alguém. Peça outra coisa. Ou não peça. Eu devo partir em breve.

O jovem estava de coração partido, mas não quis desistir.

—Eu quero você!

—Eu não me repetirei.

—...Tá! Então, desapareça daqui! Nunca mais volte!

A mulher não disse nada. Ela apenas se virou e se afastou do lago. O jovem encarou o chão o tempo inteiro. Suas lágrimas caíram na terra e foram absorvidas pelas raízes. Ele nunca a viu novamente.


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