Era uma vez, uma linda princesa de enormes cabelos rosados e apaixonantes olhos verdes. A princesa já tinha perdido quantas primaveras tinha passado desde que nasceu, mas ela sabia que só se sentia viva, desde que o conheceu.

Lembrava que desde criança, sonhava em ter um Príncipe Encantado, assim como as princesas das histórias que lia. E agora, anos e anos depois, ela finalmente encontrou seu Príncipe. Só lhe restava encontrar sua família, que estava desaparecida.

“ Milady, não vá tão longe do acampamento.” Virou-se para o dono de seus pensamentos, aquele vampiro-caçador. “ Milorde, não seja tão desagradável. Só vim dar uma volta.” Apesar de sentir algo por ele, não quer dizer que ela se dava bem com o mesmo.

“ Estamos em guerra.” Disse ele calmamente, mas intensificava seu olhar gélido em cada palavra. “ Você foi despertada para auxiliar em nossa vitória, espero que não seja um estorvo.” Apesar de sentir algo por ele, sentia vontade de matá-lo a cada palavra que saia de sua boca. “Não se perturbe com preocupações desnecessárias Milorde. Cumpra sua parte, e cumprirei a minha.”

—Presente-

Me sentia esgotada. Parecia que um batalhão de soldados tinha passado por cima de mim. Mas, por mais estranho que fosse, me sentia, ao mesmo tempo, animada e ansiosa, muito ansiosa. E essa ambiguidade toda, estava me irritando muito.

Não tinha idéia do que Sasuke era, mas meu coração queria a todo momento me convencer que Sasuke era Madara. E era isso que me esgotava as forças, eu não tinha a mínima idéia de como encarar meu marido depois de tanto tempo.

Madara às vezes era tão imprevisível. “Sakura? Vamos?” Tão imprevisível quanto o cara que é igual a ele.

Assenti, antes que Sasuke desistisse do jantar.

Sorri, enquanto caminhava ao seu lado, em direção ao restaurante na quadra de trás da livraria. Ainda não senti qualquer mudança em sua essência, mas não me importei com isso no momento. Estar ao lado de Sasuke, embora seja completamente diferente, me lembrava de meu marido, e isso aquecia meu coração de uma forma que já havia me esquecido.

O Uchiha, logo depois da aula me convidou para jantar consigo, me comprovando que o ‘fica para a próxima’, era realmente um encontro.

Ao chegar, escolhemos uma mesa que ficava encostada na vidraça do restaurante, nos privilegiando com a visão do movimento calmo do lado de fora. Uma garçonete veio nos atender, lançando olhares para o homem em minha frente. Tsc.

Sasuke ignorou os olhares, pedindo Sukiyaki para si e depois me encarou esperando meu pedido. Eu estava indecisa sobre o que comer; Sushi ou Sukiyaki? Percebi a garçonete me olhar irritada, mas quando ela viu que eu percebi, tentou disfarçar. No fim, optei por Tempura. Para acompanhar o jantar, pedimos Sake.

Ao ficarmos a sós, nos encaramos e sorrimos. “Então, como está lidando com a descoberta?”. O perguntei por mensagem, fazendo conforme seu pedido de dois dias atrás.

“É estranho saber que estou jantando com alguém de mais de mil anos.” Ele riu levemente ao responder. Senti meu coração acelerar e meu rosto corar. Que risada maravilhosa. Puta que pariu!

“Legal me chamar de idosa, muito obrigada Uchiha-san.” Dessa vez ele só deu um sorriso. “Pode me chamar pelo meu nome, Sakura.” Concordei sorrindo.

oOo

“Você participou da Guerra dos Cem Anos?!” Sasuke exclamou com os olhos arregalados. Ri ao ver sua expressão, ele estava muito surpreso; apesar de não deixar transparecer muito tal sentimento.

“Sim, Joana D´Arc era maravilhosa. Fiquei muito chateada com sua morte, ela merecia viver muito mais.” O Uchiha balançou a cabeça concordando comigo, e bebeu mais um copo de sua bebida.

Tinha descoberto a paixão do Uchiha pela História; ele contou que seu sonho era ser um arqueólogo, mas no fim acabou sendo o delegado da cidade. Quando o perguntei o por que, ele só disse que sua sede por justiça falou mais alto que sua vontade de descobrir mais sobre os segredos do passado.

“Isso é muita loucura” ele murmurou para si, “E seus pais? São Autores também?”. Me debrucei sobre a mesa e comecei fitar a garrafa de sake, o líquido já estava no final. “Se não quiser responder…”

Me levantei encostando na cadeira, peguei a garrafa e coloquei o restante do álcool no meu copo. Há quanto tempo eu não pensava mais no meu pai? Não consigo nem me lembrar de seu rosto.

“Meu pai era um feiticeiro” o respondi em Libras; durante nossa conversa, Sasuke pediu para conversarmos assim, já que o mesmo queria praticar mais sobre tal Linguagem.

“Sinto muito” disse quando percebeu que meu pai não está mais nesse mundo. “E seus pais?” o perguntei me lembrando das informações que descobri.

“Ambos mortos.” Então é verdadeira a informação, se bem que ele pode estar mentindo. Sasuke é muito difícil de se ler.

“Sinto muito os atrapalhar, mas estamos fechando.” Encarei surpresa a garçonete loira, a mesma que tinha dado em cima de Sasuke. Já estão fechando? Nem faz muito tempo que estamos conversando. Fiquei mais surpresa ao ver as horas, já eram meia-noite e dez, nós chegamos às dez e meia!

Na hora de pagar, tive que brigar com Sasuke para dividirmos a conta, só que não teve jeito, ele pagou sozinho. Sasuke é muito teimoso!

“Eu te convidei, eu pago” foi seu argumento. Hunf. Fiquei emburrada o caminho todo até minha casa. Eu fui obrigada a sair da hospedaria, segundo Shion era inaceitável que eu continuasse num lugar tão simples como aquele. 

Como discutir com Shion era perca de tempo, eu só me mudei, pagando a mais para Chyo-san, já que eu saí antes do prometido, e também fiquei com dó da senhorinha.

Sasuke já sabia o caminho para a mansão, que segundo ele todos em Konoha conheciam, então eu fiquei só observando a paisagem, e admirando a visão do Uchiha dirigindo.

Ele é muito gostoso! Não tem como não ficar encarando. Era meu único argumento para convencer a mim mesma que eu não sou pervertida.

Mas até uma freira que jurou castidade até a morte desistiria de seu voto só de olhar para ele. Sasuke era muito sexy, ele tinha os cabelos negros até os ombros, que no momento estavam amarrados em um coque desleixado, seu corpo era todo trabalhado, o que sugere boas horas na academia, ou era só seu treinamento por ser o delegado.

Também tinha uma tatuagem no pescoço, que não dava para saber o que era, e tinha um dragão no braço direito. Ele também tinha uma cicatriz na bochecha esquerda, ela era pequena, e não lhe tirava a beleza. Em suma, Sasuke era aquele homem que exala masculinidade, e te faz pensar como é ter aquelas mãos grandes passando por seu corpo.

“Sakura?” Levei um susto com seu chamado, e acabei batendo meu cotovelo na porta do carro. Merda.

Ouvi uma risadinha baixa, e quando o olhei, o mesmo me encarava divertido. Ele reparou que eu estava o secando? Merda.

“Nós chegamos” disse se encostando no volante, me observando com os olhos negros brilhando. Tsc, esse olhos sempre parecem estar zombando de mim.

Suspirei fundo e me encostei no banco do carro. Não queria sair de perto dele, com ele parecia que não existia guerra, não existia mortes, não existia poderes, não existia meu lado ruim.

Com ele as coisas pareciam simples, como se eu só fosse uma mulher do exterior que estava se apaixonando pelo cara mais sexy do interior. Mas não era isso, e tudo era muito mais complexo que isso.

“Você está bem?” despertei com sua voz preocupada. Quando o olhei, ainda vi os negros brilhando em diversão, mas o mais estranho foi que, pela primeira vez, não vi Madara ali, eu vi o Sasuke. Pela primeira vez, meu coração não gritou dizendo que Sasuke era Madara. Sasuke era Sasuke.

    Ofeguei ao perceber que todo esse tempo eu estava atrás de um fantasma. Sasuke não era nem um pouco parecido com Madara. Meu marido não tinha esses olhos brincalhões, não tinha essa leveza na alma, e principalmente, ele não era amável como Sasuke. 

Porque sim, Sasuke é amável, ele só é na dele. Ele é aquelas pessoas calmas, que parece que você nunca irá conseguir irritá-la. Totalmente diferente de Madara.

“Estou” sinalizei a ele. Dei um tchau e sai do carro, sendo recebida pelo vento gélido. Subi rapidamente os degraus da escada, não ouvindo o barulho do carro indo embora. 

Me virei vendo o carro ainda ali, e Sasuke debruçado sobre o volante me observando. Ficamos ali nos encarando por um tempo, e então, o vi pegar o celular e escrever algo. Depois, ligou o carro e foi embora. 

Senti meu celular no bolso vibrar, e quando o peguei para olhar, era uma mensagem dele. “Posso estar me apaixonando por você” era o que dizia a mensagem. 

Mordi meu lábio inferior, tentando conter o sorriso que queria surgir. Uma alegria começou a tomar conta de meu ser, e as famosas borboletas estavam lá, voando pelo meu estômago. 

Entrei em casa, e não vi ninguém por perto, apesar de sentir suas essências. Subi as escadas para o segundo andar, e corri pelo corredor, onde ficavam os quartos. Quando cheguei no meu, abri a porta e ainda correndo, me joguei na enorme cama.

Senti vontade de gargalhar, mas só saiam grunhidos. Comecei a rolar pela cama sorrindo igual a uma idiota.

Me lembrei que não tinha o respondido, então peguei meu celular para o fazê-lo. Mas então, o que escrever?

Digo que também sinto o mesmo, ou que já estava apaixonada? Porque ele disse que está se apaixonando.

“Sakura” Matsuri e Temari entraram no meu quarto animadas, muito animadas. “Conte tudo sobre o encontro.”

Sorri, também animada, e contei tudinho a elas. Meu coração acelerava ao me lembrar dele, e dos seus olhos que sempre estavam brilhando.

“Ai que lindo!” Matsuri exclamou com os olhos brilhando em emoção. Temari só observava com aquela cara maliciosa dela. “Não rolou nem um beijo? Um mísero beijo?”

Neguei com a cabeça, a vendo bufar entediada. “Você é estranha” a loira falou enquanto deitava, se apoiando no travesseiro.

“Depois que eu os conheci, esse negócio de amor verdadeiro começou a parecer tão magnífico, que fico pensando se um dia terei isso.” Matsuri falou sonhadora.

A abracei depois de sua fala. “É claro que vai ter, o Amor Verdadeiro aparece no momento certo, que serve como lição para você valoriza-lo.” Ela sorriu tristezinha, concordando comigo.

Comecei a fazer cócegas nela, que gargalhou alto, com os olhos lagrimejando. Temari levantou dizendo que ia pegar bebidas e chocolates para nós.

“Agora só preciso saber o vou responder” falei enquanto deitava na barriga da morena. “Diga assim: ' também acho que que estou me apaixonando por você’. Ai que fofo.”

Mandei a mensagem como ela tinha dito, e vi que ele visualizou. Senti meu coração querer sair pela boca, e aumentei meu sorriso. Fazia tanto tempo que não me sentia assim, essa emoção por estar apaixonada e amando alguém.

Não deixei minhas desconfianças se apagarem, Sasuke estava escondendo algo, assim como essa cidade.

Ainda me sentia estranha por não imaginar que Sasuke é o meu marido. Ainda não sei o que ele é, mas estou certa que um não é o outro.

Ouvi Matsuri soltar um suspiro sonhador, e mesmo não sabendo ler mentes, eu sabia o que ela pensava.

Kakashi a encontrou três séculos atrás, jogada a morte numa floresta, que cercava um pequeno vilarejo. Ele se compadeceu dela, que estava nos seus últimos suspiros e implorava para o albino matá-la rápido; ela não aguentava mais a dor.

Kakashi não fez como ela pediu, e a mordeu, transferindo a magia dele para ela; sendo assim, transformada em lobisomem.

Ela odiou o meu lobinho por um tempo, mas Kakashi estava convencido de que mostraria a ela que vale a pena viver. 

Eu a conheci depois de alguns anos, uns quatro anos, mais ou menos. E assim como Kakashi tinha feito, eu também a aceitei como parte da família.

Descobrimos seu passado, ela tinha sido vendida a uns bandidos pelos próprios pais, para os mesmos pagarem uma dívida que tinham. Ela se tornou a meretriz do chefe dos bandidos, mas depois de um tempo, ele se enjoou dela, decidindo deixá-la para morrer.

Nos primeiros anos, ela era arisca em relação a nós, mas conforme o tempo ia passando, ela deixou suas feridas no passado. Agora, só tinha o sonho de amar verdadeiramente, como poucos têm a sorte.

Senti meu celular vibrando, e vi que era outra mensagem do Uchiha. “Quer almoçar comigo amanhã?” Nem pensei muito na resposta, não tinha outra além do 'sim’.

Demos boa noite um ao outro, e me preparei mentalmente para as gracinhas de Tenten. Eu ouvi, através da minha audição aguçada, que ela e Temari estavam chegando, Shion também estava com elas. Só espero que tenham trazido vinho, eu estou feliz demais para tomar outra coisa além de vinho.

oOo

Era uma vez, uma linda princesa de cabelos rosados, assim como as cerejeiras, e de olhos tão verdes quanto a esmeralda.

O conto desse princesa foi se tornando uma lenda conforme o tempo passava, até que um dia, a Princesa Rosada, não passava de um mito.

Ela sempre viveu nas sombras, talvez por isso suas aventuras não ficaram tão conhecidas. Ou talvez, por ser uma Princesa com um poder desconhecido, as pessoas para se sentirem seguras, não comentavam sobre ela e sobre seus feitos.

Apesar de não comentarem, todos sabiam que a Princesa dos Uchihas, era o ser mais mortal que existia, e o ser mais belo também.

A Princesa usava a sua beleza e a sua voz, para hipnotizar a todos. Ela parecia algo divino, e os pequenos mortais, feitos do barro, somente a serviam e a agradavam para serem agraciados por sua presença e atenção.

Um dia, saiu a notícia que a Princesa dos Uchihas tinha matado seu marido, o senhor daquelas terras.

Todos ficaram surpresos, pois era nítido que o casal, apesar de viverem brigando, se amavam intensamente.

Aquela notícia foi como um selo para todos temerem a Princesa Mortal, que foi como a denominaram.

As mães, quando seus filhos bagunçavam, diziam que a Princesa viria pegá-los e comê-los. Um tempo depois, inventaram o conto de João e Maria.

Depois da morte de Madara Uchiha, o senhor do fogo, nunca mais viram a Princesa. Alguns diziam que a mesma se matou, depois de matar o marido. Outros, que ela tinha voltado ao céus. 

Mas todos sabiam de algo, a Peste Negra foi o castigo do mundo por terem irritado a Princesa Rosada.