Recomeços escrita por LohRo


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Finalmente atualizada! Me desculpem, a intenção era postar mais cedo, mas fui inventar de corrigir o capítulo e senti que ele não me agradava. O duro foi esperar a bendita inspiração voltar, mas enfim, consegui.
Não posso deixar de agradecer mais uma vez por todo o carinho que tenho recebido através dos reviews, muito obrigada mesmo.
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/765594/chapter/9

Grissom tentava se concentrar no conteúdo do documento que analisava, mas não estava tendo muito êxito. O que Sara lhe dissera mais cedo, não saía de sua cabeça. A possibilidade de acontecer uma reconciliação entre eles, estava cada vez menor. Suas esperanças, quase inexistentes.

Tinha medo que o que mais temia se concretizasse, ela adquirir repulsa por ele. Preferia a morte que aquilo!

Um toque à sua porta e ele imediatamente levantou os olhos do papel.

—Entre!

—Gil ? Está muito ocupado ?

—Não, Cath!

Ela se sentou de frente para ele e o encarou em uma minuciosa inspeção como se estivesse diante de uma importante evidência que solucionaria um crime quase perfeito.

Ele arqueou suas sobrancelhas.

—Algum problema ?

Catherine resolveu ir direto ao assunto.

—Como estão as coisas entre você e a Sara ?

Grissom jogou seu corpo mais para trás no encosto da cadeira e suspirou. Aquele pesadelo vinha se arrastando há semanas. Talvez falar com ela o ajudasse, não de uma maneira física, como se ela fosse tomar as rédeas para agir em prol dele, e sim de uma maneira emocional. O peso que carregava em seu peito estava cada vez mais insuportável.

—Não muito diferentes! Sara coíbe minhas tentativas de aproximação, ela continua irredutível!

Catherine se sentiu penalizada pelo amigo, havia uma enorme tristeza em seus olhos. Era de se comover. De alguma forma queria ajudá-lo e o fato dele tê-la respondido já era um passo. Decidiu seguir em frente.

—Não me interprete mal, Gil! Sei que nada disso é da minha conta, mas o seu erro foi muito grave ? Não há meios de repará-lo ?

Para a sua surpresa, ele disparou sem rodeios.

—Sara acredita que eu a traí!

Catherine estava boquiaberta e não conseguira disfarçar tamanho espanto. Depois de alguns segundos, ela pôde finalmente reagir.

—Jamais imaginei que o motivo ... - Ela parou no meio da frase e então afirmou com convicção. _Você não fez isso!

—Claro que não! Mas Sara não pensa assim ... - Ele resolveu contar tudo de uma vez, desde o momento da ligação de Heather pedindo sua ajuda, depois a descoberta da gravidez de Sara, seu quase aborto, seguido dela colocando um ponto final na relação. Cath ouvia atentamente em completo silêncio, e por fim ele concluiu. _Eu não gosto da ideia dela sozinha naquele apartamento, mas ela não vai aceitar que eu interfira em sua vida. Tenho a permissão para compartilhar as futuras decisões sobre o nosso filho e nada mais! Essas são as regras!

—Regras ? Gil, isso não é um jogo! É a vida de vocês dois, ou melhor, de vocês três! Há um bebê que tem que ser levado em consideração!

—E acha que eu não sei ? - Ele disse amargurado, depois sentiu o quanto havia sido rude. Ela só queria ajudá-lo. _Me desculpe, Cath!

—Eu posso entender ... olha, se quer um conselho, apenas dê um tempo para Sara. Ela está ferida e eu devo admitir que com razão, Gil! Eu mesma tenho minhas dificuldades em aceitar essa sua amizade com esta mulher, imagine Sara! Mesmo sem ter ideia de que vocês eram um casal, não só eu, mas os meninos também, já havíamos notado o quanto ela parecia mudar quando Heather estava em causa. Talvez isso acontecesse bem antes até de vocês ficarem juntos! Mulheres são assim, também ficamos inseguras. Agora junte tudo isso com todos os hormônios da gravidez, é quase uma bomba relógio! Você vai ver que quan ...

—Grissom ? Que história é essa de que a Sara espera um filho seu ?

Ecklie os interrompeu, ele estivera fora durante todo o mês. Seus olhos o fuzilava, exigindo uma explicação!

—Esqueceu os bons modos, Conrad ?

—Não me venha com essa, não estou dando a mínima para isso!

—Cath, poderia nos deixar a sós ?

—Sim, claro! Nos falamos depois.

Eles esperaram ela fechar a porta e voltaram a se encarar novamente.

—Estou esperando!

—O que mais quer saber ? Sim, é verdade. Sara está grávida!

—Você é mesmo um irresponsável, Grissom! Não pesou as consequências ?

—Agora sou eu quem não dá a mínima para o que pensa!

—Onde Sara está ? Esta conversa tem que acontecer com os dois presentes!

Ao que parece, Ecklie estava tomando as coisas para o lado pessoal. Talvez por ter sido “enganado” debaixo de seu nariz. Afinal de contas, ninguém jamais suspeitara de qualquer envolvimento entre Sara e ele que não fosse puramente profissional.

Uma coisa era certa, ou ambos se acalmassem, ou as coisas sairiam completamente do controle.

Grissom suspirou e decidiu partir dele, o ramo de oliveira.

Não se preocupava por ele, sua preocupação era toda voltada para Sara, no quanto aquele tipo de estresse afetaria sua saúde e consequentemente a de seu filho. Sem contar que não sabia até que ponto Ecklie seria capaz de ir para prejudicar sua carreira ainda em ascensão, diferentemente da dele há anos consolidada.

Sara era o elo mais frágil, o que não significava que também seria o mais desprotegido. Independente da situação deles, jamais a deixaria sem a sua proteção.

—Sara entrou em licença por complicações de saúde, se tudo ocorrer como esperamos, ela volta a partir do segundo trimestre da gravidez. Além do mais, eu jamais permitiria que ela fizesse parte desta conversa! Ela não precisa desse estresse, Conrad.

O próprio Ecklie também resolveu maneirar o seu tom. Mesmo que não admitisse publicamente, Grissom de longe, era o seu melhor supervisor e não via vantagem alguma em bater de frente com ele. Muito pelo contrário, o CSI sênior era bastante influente, colecionava admiradores e dentre eles, o prefeito. O homem simplesmente o idolatrava e o “seu” laboratório ganhava com aquilo. Além do mais, poderia até ser considerado um carrasco, mas não ao ponto de ser insensível com a condição de Sara.

—Existem regras internas da política do laboratório, regras essas que vocês quebraram.

—Estávamos cientes de tudo isso! Se quiser fazer uma varredura em todas as minhas avaliações sobre o desempenho de Sara, vá em frente. Não tenho o que temer, nunca a favoreci aqui dentro, isso é fato!

Ecklie sabia da veracidade daquela afirmação, mas não daria o braço a torcer.

—De qualquer forma, Sara terá que mudar de turno. Ela não pode mais se reportar à você!

—Isso é fácil de resolver! Catherine poderá supervisioná-la, ela é altamente capaz para tamanha responsabilidade!

 

~Fim do flashback~

~♥~

Grissom tirou a bolsa pendurada em seu ombro e a colocou sobre uma pequena mesa bem próxima à porta, depois se aproximou da cama de Sara.

Ela tentou se levantar, mas a emoção de estar diante de sua filha pela primeira vez, tornaram suas pernas instáveis. Seus olhos, sempre tão expressivos, refletiam a ternura de um momento tão aguardado. Um momento que outrora precisou ser adiado, o atraso era enorme, um ano.

Havia um misto de sentimentos que ela achou que não poderia suportar. Sentia raiva de um outro alguém que nem mesmo conhecia e muito menos sabia se havia sobrevivido. Na verdade, não era bem raiva e sim uma profunda indignação por um motorista bêbado ter provocado aquele acidente. Seu coração de mãe batia dolorido pelo tempo perdido, pelo tempo que tiraram dela. Mas em meio a toda aquela dor, havia uma enorme gratidão. Ela era grata pelo milagre da vida. Sua filha estava ali, perfeita, saudável e, lhe foi concedida a chance de poder conhecê-la. De poder amá-la como ela merecia, de protegê-la, enfim ... de poder ser sua mãe!

E ela tinha certeza que Emma lhe ensinaria a ser sua mãe. 

Sara podia jurar que seus braços criaram vida própria e se esticaram na direção de sua pequena. Queria tocá-la, sentir a maciez de sua pele rosada, sentir o seu cheirinho de bebê.

Grissom entregou Emma para os seus braços estendidos e prendeu a respiração sem saber ao certo do porquê. Talvez, fosse por estar diante da realização de um de seus sonhos. O primeiro contato real das duas pessoas mais importantes de sua vida!

Sara a segurou em pé com os pezinhos sobre suas coxas e aspirou profundamente. Ela cheirava como o céu.

—Oi Emma, eu sou a sua mamãe ... - Sua voz estava embargada, toda a emoção daquele contato transbordou em seus olhos. Ela começou a sentir lágrimas deslizando em seu rosto, lágrimas essas que em nada significavam tristeza!

Emma levou um dedinho à boca e olhou para o lado analisando o lugar com curiosidade, alguns segundos apenas e então voltou a encará-la com um sorrisinho lindo, repleto de inocência.

Sara sorriu, seu coração parecia transbordar amor. Ela trouxe seu bebê de encontro à seu corpo e a abraçou como se sua vida dependesse daquilo. Havia um cuidado, uma preocupação com o corpinho delicado que comoveu Grissom. O amor estava ali, em sua forma mais doce e plena.

Ele se sentou em uma cadeira, em completo silêncio e se deliciou com aquela cena.

—Eu te amo tanto, Emma! Desculpa a mamãe não ter estado com você durante todo esse tempo. - Ela estava tremendo muito, não conseguia parar de chorar.

Grissom sentiu seus próprios olhos umedecerem, seu coração fora atingido em cheio pelas palavras dela. Ele quis se juntar à elas, abraçá-las, dizer alguma coisa, mas reprimiu tais desejos. Era um momento apenas delas, tinha que respeitar aquilo.

Emma fez um biquinho choroso, um pouco assustada com as reações de Sara. Sua cabecinha virou com dificuldade buscando por seu porto seguro, seu pai.

Percebendo que a assustava, Sara conseguiu se controlar e a sentou em seu colo. Depois, passou a mão em seus cabelinhos finos, seus dedos desceram pela sobrancelha bem feita, a bochecha rosada. Ela sorriu quando tocou suas covinhas, eram exatamente iguais as de seu pai!

Emma pareceu gostar de seu toque e segurou seu dedo, levando-o até sua boca em seu hábito de bebê.

Ela era mesmo perfeita e incrivelmente linda!

—Ela é um sonho, Grissom! Tão doce, apaixonante ... - Sara disse sem deixar de admirar a filha, que herdara traços de ambos. Estava completamente encantada por aquela coisinha que haviam concebido. 

—Espere até vê-la com fome, ela se transforma! - Ele sorriu, bem menino.

Sara se virou para ele, também sorrindo, mas de repente sua expressão mudara totalmente. Precisava de mais detalhes, na verdade, ainda tinha tanta coisa que queria saber.

—O que foi ? - Grissom percebeu.

—Ela teve complicações ? Você sabe, ainda faltavam algumas semanas para ela nascer.

—Não! Ela nasceu menor como todo prematuro e Dr. Grant a colocou no oxigênio por algumas horas, mas fora apenas isso.

—Obrigada por ter escolhido a vida dela sobre a minha!

Grissom não conseguira responder, não havia sido bem assim!

Um silêncio se instalou no quarto, que fora quebrado por Emma instantes depois quando começara a balbuciar.

—O que ela está dizendo ?

—Ainda estou trabalhando nisso! - Ele brincou, nunca entendia muita coisa que sua filha dizia, mas quando se tratava em atender suas necessidades, ele era perfeito! A conhecia como a palma de sua mão. _Ela adora conversar!

Sara beijou a testa de sua garotinha, um sorriso brincava em seus lábios. Não via a hora de sair daquele lugar e poder dar todo o amor e carinho que sua pequena merecia. Mas para ser sincera, não tinha ideia de como as coisas funcionariam.

Ela precisava de ajuda, era mais que fato, ainda levaria um tempo para se recuperar completamente. No entanto, ela conseguiria viver sob o mesmo teto que Grissom enquanto isso ? E o quê, depois ? Levaria Emma para morar com ela ? Teria mesmo coragem de separá-la do pai que ela tanto amava ?

Durante toda a gravidez, pai e filha não tiveram muito contato e ela não tinha ninguém a quem culpar senão ela mesma. Não era sempre que permitia Grissom tocá-la, ou melhor, tocar em sua barriga. E mais raro ainda foram os momentos em que ele conseguira sentir os movimentos agitados que aconteciam sob sua pele esticada. Não que lhe boicotasse, é que ele quase nunca estava presente quando a filha se mexia. Consequência de vidas separadas. Mas agora era completamente diferente, ninguém no mundo quebraria a forte ligação que eles tinham, nem mesmo ela se quisesse, como não era o caso ... e jamais seria!

—Está com fome, joaninha ?

Grissom a tirou de seus pensamentos com sua maneira carinhosa de falar com a filha, foi então que notou Emma resmungando em seu colo.

Ela viu ele se levantar de sua cadeira, fuçar a bolsa da filha e retornar com uma mamadeira.

—Quer fazer as honras ?

—Com todo o prazer!

Ela ajeitou a filha da melhor maneira que considerou e aceitou a mamadeira que ele lhe estendia.

Emma colocou as duas mãozinhas sobre a fonte de seu alimento, ajudando-a a segurar.

Sara sorriu para aquilo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Recomeços" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.