Voltando para a sala de espera, depois de um longo tempo sozinho, para a sua surpresa, Grissom não encontrou apenas Nick o esperando.

Jim, Catherine, Greg e Warrick. Estavam todos ali. E todos vieram em sua direção, contidos e exasperados no mesmo espaço de tempo.

—Como Sara está ?

—Ela perdeu o bebê ?

—Podemos vê-la ?

—Por que não nos contou sobre vocês ?

Era um alarido de perguntas, uma atrás da outra e ele não sabia qual responder primeiro.

Eram seus amigos e portanto, natural que se preocupassem em demasia, mas ele realmente não estava em condições de dar explicações esmiuçadas. Seria simples e direto.

A dor da rejeição continuava ali, ferindo seu coração, parecia insuportável. Ela havia o enxotado de seu lado no momento mais importante de suas vidas. No momento em que mais precisavam um do outro.

Sua expressão devia ser horrível porque de alguma maneira ele conseguiu notar lágrimas nos olhos de Catherine, e a expressão assustada dos demais. Por fim, acabou com o tormento de todos.

—Sara está bem ... e o bebê ... e o nosso bebê ... - Ele voltou atrás. _Também está!

—Você parecia tão estranho ... triste ... que por um momento, eu pensei no pior. - Cath confessou.

~♥~

Sara prometera fazer tudo pelo bem-estar de seu filho e assim seria.

Deitada na cama do hospital, seus pensamentos estavam à mil, tentando colocar sua vida nos eixos. A mudança seria enorme.

Para começar, seus dias seriam bem limitados por um longo período, sem suas frequentes caminhadas. Sem seu trabalho. Sem Grissom!

Inevitavelmente o relacionamento que tiveram, viria à tona.

Como era doloroso usar aquele termo no passado! Mas não tinha cabimento manter uma relação com tamanho abismo, uma traição não imputava entre eles.

Ela apertou os lábios, sentindo seus olhos queimarem. Não podia chorar, não mais. As dúvidas quanto á sua fidelidade estavam lhe corroendo a alma, quebrantando o seu coração.

Como lhe doía saber que tudo que viveram, fora destruído por um deslize dele.

Grissom era um homem correto e traição não fazia parte de seus princípios. Será que estivera tão enganada ?Justo ele que tinha tanto medo de ser trocado por alguém que cruzasse seu caminho ?

Estava tão confusa, mas o que vira, havia sido contundente demais. Sem contar todo o fato em si, não era somente uma quebra de promessa que acontecera ali. A verdade era crua e dolorosa, ele a deixara para estar com Heather. Em seus braços, literalmente.

Ela sabia que em algum momento, teriam que conversar. Talvez quando tivesse doendo menos, se é que aquilo fosse possível!

Mesmo que não compartilhariam mais suas vidas, teriam que compartilhar uma criança e ela jamais privaria seu filho de uma convivência com seu pai.

Sua enfermeira tocou de leve na porta, anunciando sua presença. Ela empurrava um pequeno carrinho com alguns alimentos.

—Olá, querida. Como está se sentindo ?

—Um pouco sonolenta, mas fora isso, estou bem.

—Efeito da medicação. Trouxe o seu jantar, e são ordens médicas para que coma tudinho. - Ela sorriu com simpatia.

Sara retribuiu com um meio sorriso que não alcançou seus olhos. Não estava com fome, mas sabia que a nutrição seria importante para o seu bebê.

Ela se sentou com cuidado no instante em que a enfermeira colocava uma bandeja em seu colo.

—Sabe me dizer se o meu namora ... se há alguém lá fora que esteja aqui por mim ? - Ela se corrigiu.

—Sim, vários na verdade. Você deve ser muito querida.

Desta vez ela conseguiu esboçar um sorriso mais verdadeiro.

Naquele instante algo ocupou sua mente, era bem provável que todos já tinham conhecimento de seu bebê, do pai dele e tudo mais que acercava suas vidas. Dela e do homem que tinha certeza, jamais deixaria de amar.

De repente, uma ideia. Se sentia forte o bastante para aquilo.

—Beatrice, poderia me fazer um favor ?

~Fim do flashback~

~♥~

Será que ela conseguiria dar uma chance a eles ?

Depois de tudo o que aconteceu, já não estava na hora de finalmente se acertarem ?

Seu coração pedia enlouquecidamente que sim, mas esse mesmo coração carregava marcas e algumas delas, muito profundas!

Ela sempre se orgulhou de estar gerando uma vida, mas de modo algum havia sido uma gravidez fácil.

Estarem separados no momento em que mais precisava dele, era tão doloroso quanto o motivo de não estarem mais juntos.

Foram dias e noites de choro, dor e sofrimento.

Tentou de todas as maneiras em vão, arrancá-lo de dentro de si. Mas a verdade era nua e crua, por mais que tentasse, jamais conseguiria deixar de amar o pai de sua filha.

Ela aprendera a conviver com os extremos daquele sentimento.

Vendo que Sara parecia não saber o que dizer diante de sua declaração, Grissom completou.

—Hank também sentiu muito a sua falta! - Percebendo um pequeno sorriso surgir em seus lábios, ele continuou. _Tenho certeza que ele ficará feliz ao vê-la.

—Como ele reagiu à Emma ?

—Muito bem! Ele a adora, são inseparáveis!

Seu sorriso continuou por dois ou três segundos e logo desapareceu.

—Eu quero muito conhecê-la, Grissom. Não vou conseguir esperar ter alta!

Ele olhou em seu relógio, já eram quase seis horas, o dia havia amanhecido e ele mal percebera.

Emma era uma madrugadora e conhecendo sua pequena como a conhecia, a esta hora já devia estar bem acesa.

—Eu vou conversar com os coordenadores do hospital e então irei até em casa buscá-la.

—Casa ? Você se mudou de seu apartamento ?

—As coisas não foram nenhum pouco fáceis sem você, Sara ... - Ele confessou. Depois, olhou pela janela mirando em um ponto qualquer. Naquele momento, por algum motivo, parecia bem mais fácil não olhar em seus olhos, talvez imaginando o quanto ela o acharia um fraco. _Eu tive muito medo no início, tendo que tomar todas as decisões sobre a nossa filha, era tudo tão novo, tão assustador. - Ele suspirou com as lembranças, nunca havia compartilhado nada daquilo com ninguém, mas ela não era qualquer uma, era a mulher que amava, mãe da sua filha. Desta vez, conseguindo olhar dentro de seus olhos, ele continuou. _Fazê-la feliz era a minha única prioridade, se tornou o meu maior objetivo na vida enquanto você não voltava para nós. - Ele sentiu seus olhos arderem e uma única lágrima deslizou por seu rosto, a secando imediatamente. _Tirei licença do laboratório e comecei a me questionar sobre aquele apartamento, achei que ele não seria o mais adequado para ela. Emma merecia todo o conforto que eu pudesse lhe proporcionar, uma casa bonita com um quintal espaçoso para ela e Hank. E assim eu fiz, vendi o apartamento e comprei uma casa no mesmo bairro que Albert.

—Aquele lugar é de alto padrão!

—Como eu disse, a nossa filha merece o melhor.

Sara ficou em silêncio. Nunca duvidou de que Grissom seria um ótimo pai, saber daquilo apenas reforçava suas certezas. E então, uma coisa lhe ocorreu. O que havia acontecido com o seu apartamento ... e seus pertences ? Algumas coisas que guardara por conta de seu valor sentimental.

Grissom notou sua inquietude.

—Deve estar se perguntando o que aconteceu com o seu apartamento ?

Ela o olhou surpresa, ele realmente a conhecia.

—Na verdade estou sim!

—Eu o mantenho com as contas em dias, até que você pudesse decidir qual o melhor destino para ele!

Agora ela o olhou como se ele tivesse duas cabeças!

—Por que o espanto ? Jamais iria me desfazer de suas coisas sem o seu consentimento.

—Sim, mas ...

—Sara, eu sei que não estávamos juntos desde muito antes do acidente acontecer. Mas querida, eu quero muito que fiquemos juntos agora, por favor ... eu te amo! Nossa filha precisa de nós dois.

Um toque na porta e ambos olharam para ela, deixando o assunto permanecer no ar.