Recomeços escrita por LohRo


Capítulo 6
Capítulo 6




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Munida da autorização de seu médico, ela esperava um pouco apreensiva pelo toque na porta.

Era o mínimo que podia fazer, recebê-los, mesmo que somente por alguns minutos. O que incluía seu “ex” namorado. Teria que se manter impassível à sua presença, não o queria ali, todavia, não seria certo deixá-lo de fora. Afinal, ele era o pai de seu filho!

Se portaria como se estivesse tudo bem entre eles, ao menos na frente de seus amigos manteria a fachada.

No meio daquilo tudo, ela se lembrou de que ainda teriam um turno a cumprir. Sua mente confabulou um verdadeiro caos que deveria estar no laboratório com uma equipe inteira ausente, incluindo seu supervisor. Se Ecklie estivesse na cidade, estaria possesso, ela conseguiu rir com aquele pensamento.

Ainda sorria quando finalmente o toque na porta aconteceu.

E então, um a um foi entrando, seus olhos passearam entre os rostos conhecidos antes de encarar certos olhos azuis, imediatamente desfez o contato. Mas naqueles breves segundos, ela pôde mensurar a profundidade da tristeza que a todo custo ele tentava esconder.

Um clima pesado pareceu se instalar naquele quarto, ou talvez fosse apenas fruto de sua imaginação.

—Eu só ... queria agradecê-los ... por estarem ... aqui e ... e ... dizer que ... estou bem ... - Ela começou a gaguejar com todos aqueles pares de olhos a encarando.

O que Sara não sabia era que assim que foram informados de que ela queria vê-los, Grissom havia os proibido terminantemente de fazerem certas perguntas, principalmente sobre eles e o ocorrido. Ela não precisava daquele estresse. Foi então que se perguntou se seria prudente ele adentrar seu quarto acompanhado aos demais. Sua presença havia lhe afetado tanto negativamente!

Tudo o que mais queria era resolver a situação entre eles. Poder entender os seus motivos, dentre eles, o que quase lhes custaram a vida de seu filho.

Ele permaneceu em silêncio, em um canto, apenas observando, suas reações, seu desconforto. Mas também, o quanto ela estava aliviada que tudo não havia passado de um susto, dos grandes, mas havia sido apenas isso, um susto. Naquele momento ele percebeu o quanto ela desejava aquele bebê, o quanto estava feliz em carregar o seu filho.

No meio de tanta turbulência, aquela certeza lhe proporcionou um sopro de paz.

—Não tem que nos agradecer, família é para isso, ficamos felizes em saber que seremos tios! - Greg respondeu com seriedade.

Ele sempre fora considerado carinhosamente como um garoto imaturo, vivia sendo alvo de gracinhas. Mas agora estava ali, expondo algo que concordavam veementemente.

Sara lhe agradeceu com um sorriso terno e então se voltou para Nick.

—Obrigada pelo que fez por mim.

—Faria tudo, outra vez! Você sabe disso.

Na verdade, não tinham muito o que fazer ali, a não ser constatar de que ela realmente estivesse bem. Havia uma certa tensão no ar que ia muito além da descoberta de um relacionamento secreto, algo parecia fora dos trilhos. A equipe inteira notou nitidamente que havia um distanciamento entre o casal. Grissom não estava próximo à Sara, aliás, o tempo todo ela mal lhe dirigiu o olhar.

Logo estavam todos se despedindo, precisavam assumir seus postos no trabalho e Sara, descansar.

Foi então que uma nova onda de coragem se abateu sobre ela, ainda doía, muito, mas talvez fosse melhor resolver aquilo o quanto antes. Desde que sentisse não estar prejudicando o bebê.

—Grissom, você poderia ficar ?

 

~Fim do flashback~

~♥~

Era sua médica acompanhada de uma enfermeira.

—Sinto muito, mas é preciso fazer uma nova checagem de seus sinais vitais, Sara. Prometo ser rápida!

—Tudo bem.

Ela olhou para Grissom sentindo o manguito comprimir seu braço. Viu quando ele lhe deu um sorriso tranquilizador que por algum motivo ela não conseguira devolver.

—Sentiu tontura ou a visão ficar turva ? - Dra. Shelly chamou sua atenção.

—Não!

—Dor de cabeça ?

—Também não!

—Ótimo! - Mais alguns instantes e ela arrancou o aparelho de seu braço. _Sua pressão está normal! Alguma dificuldade para respirar ?

Outra negativa.

—Perfeito! Então apenas vou auscultar seu coração e já termino.

Grissom esperou pacientemente, sem deixar de admirar Sara por um segundo sequer. Ela estava visivelmente mais magra, os cabelos maiores, mas fora isso, parecia a mesma mulher de um ano atrás, a mesma mulher que tanto amava. Jamais diria que ela acabara de acordar de um coma, tinha tanto que agradecer por aquilo!

Por outro lado, tinha tanto medo de como seriam as coisas dali para frente. Verdade seja dita, não sabia até que ponto ela o amava e o queria em sua vida. Se é que ela ainda o amava e o queria. Deixara explícito o seu amor e o desejo de estarem juntos, mas ficara sem resposta.

—Pronto! Estou muito satisfeita com os resultados, Sara. Todos eles, de uma maneira geral!

—Isso significa que vou sair daqui o quanto antes, Dra ? Preciso cuidar da minha filha!

De alguma maneira, aquela resposta provocou um desconforto em Grissom. Então era isso ? Ela não pretendia inclui-lo em sua vida ? Iria tirar Emma dele ?

Deus, como ele ficaria sem a sua doce garotinha ?

Ele tentou controlar a sua respiração ou logo deixaria transparecer tamanho pânico que sentia por dentro.

—Em outras palavras é o que significa sim! - A médica sorriu, olhou para a enfermeira e então de volta para a sua paciente. _Sara, esta é Madeleine, ela vai auxiliá-la enquanto permanecer aqui conosco.

—Eu gostaria de tomar um banho agora ... hum ... Grissom, acha que pode trazer Emma enquanto isso ?

—Eu vou falar com a direção, estarei de volta assim que possível!

Ele mal esperou por sua resposta e saiu, se encostando na parede do lado de fora. Tinha a sensação que iria desmoronar a qualquer momento.

De olhos fechados, chegou a imaginar eles se acertando, vivendo como uma família americana feliz e com sorte, daqui a um tempo, eles poderiam até mesmo dar um irmãozinho à  Emma.

Ele chegou a esboçar um pequeno sorriso com tal pensamento. Abriu seus olhos que quase instantaneamente se anuviaram, seu sorriso morreu para dar lugar à amargura.

Não os viam brigando na justiça pela custódia da filha, ambos mereciam tê-la. Além do mais, ele queria as duas, não apenas uma!

Tantas coisas passavam por sua cabeça naquele momento, mas havia algo que lhe corroía a alma, tirava a sua paz.

Se as coisas não saíssem como gostaria e eles permanecessem separados, ele teria mesmo coragem de lhe entregar Emma ?

Abriria mão de sua filha em prol da felicidade dela ?

Como ele mesmo se privaria do convívio com sua garotinha ?


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo finalmente eu vou trazer a Emma para a estória, o encontro de mãe e filha se aproxima, espero que gostem.
E então, o que acharam do capítulo ?
Bjs e até o próximo!



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