Recomeços escrita por LohRo


Capítulo 24
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Obrigada à todas que continuam me acompanhando e em especial à Clausantos, Molly, Samy, Ana Camila, Gabi, SMAline, Tinkerhell e Butterfly que deixaram seus review. Com certeza um incentivo e tanto, meninas obrigada.
Espero que gostem do capítulo.
Boa leitura!



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Heather havia sido encontrada algumas horas depois.

Em um trabalho meticuloso orquestrado por Jim Brass, a polícia conseguiu estourar o cativeiro. Mas não havia sinais de seu algoz.

Ela havia sido encaminhada para o hospital com uma leve desidratação e alguns ferimentos superficiais, nada que parecesse muito grave.

Do lado de fora da porta de seu quarto, estava Sara com uma câmera envolta do pescoço, segura em uma mão e seu kit na outra.

Ela suspirou, já não tinha mais certeza se realmente queria estar ali para fazer aquele trabalho. Ainda havia tempo de voltar e outro CSI poderia assumir e coletar as evidências sem maiores problemas.

Não! Ela não era mulher de fugir, sua vida inteira encarou seus percalços de cabeça erguida e não seria diferente daquela vez. Além do mais, ela era altamente profissional, sabia separar muito bem as coisas e no momento, Heather era apenas mais uma vítima e não a mulher que tinha uma capacidade nata de fazê-la se sentir insegura, a única que conseguia desestabilizar o inatingível Gilbert Grissom.

Ela soltou sua câmera por alguns segundos, o suficiente para bater na porta e anunciar sua presença.

—Com licença, sou Sara Sidle da perícia criminal! Fui designada para o seu caso, se importa que eu colete algumas evidências ?

—Pode fazer o que precisa ser feito, Sara.

Ela colocou o seu kit sobre uma mesinha, o abriu e enquanto calçava um par de luvas, comentou.

—Você ... se recusou a fazer um teste de estupro.

—Não havia necessidade.

—Pode ter sido drogada, Heather. E ficado inconsciente a maior parte do tempo.

—Aprecio a sua preocupação, mas ... eu estou bem.

Sara se aproximou com um pequeno envelope e uma espátula.

—Suas mãos. - Assim que foi atendida, raspou debaixo de suas unhas e guardou o material. Depois, pegou sua câmera e começou a tirar fotos de seus ferimentos. Abrasões envolta dos pulsos, muito parecido com uma corda, seus dedos ralados. _Tem ideia de quem possa ter feito isso com você ? - Ela a encarou brevemente, tempo o suficiente para perceber sua hesitação. O flash da câmera iluminava seus rostos.

—Não!

—Alguém a sequestrou na mesma noite em que você recebeu uma ... visita. Um bilhete foi encontrado. - Ela bem que tentou disfarçar, mas sabia que Heather havia notado sua decepção. Ela viu os olhos verdes da mulher, mirarem em sua barriga.

—De quanto tempo está ?

—Como ?

—Sua barriga está enorme, talvez ... umas vinte e cinco, vinte e seis semanas ?

—Não estamos falando sobre mim, Heather.

—Desculpe! Só estou feliz por ... Grissom. - Ela começou a ficar pálida de repente, fechou os olhos tentando controlar o tremor.

—Heather, você está bem ?

Sara se assustou quando Grissom surgiu detrás dela pela porta semiaberta, ficando a centímetros da cama de Heather.

—Checaram a sua glicemia ? Você os comunicou de que era diabética ? - Sem resposta devido a letargia causada pela crise, ele se virou para Sara. _O botão de emergência, ela precisa de cuidados médicos.

No mesmo instante, Sara apertou o botão que estava bem próximo dela.

~♥~

Enquanto a estabilizavam, Grissom e Sara esperavam do lado de fora. Ela podia sentir a preocupação dele.

—Isso acontece com frequência ?

—Não, Heather é bem cuidadosa com a saúde, mas não sabemos a que tipo de situações ela foi submetida.

—Hum ... - Ela se afastou alguns metros, esfregando sua coluna. Havia uma dorzinha chata sim, mas o que ela realmente queria era um pouco de distancia dele. Seria muito mais fácil dissimular o que realmente sentia naquele momento. O melhor mesmo era sair dali e era o que faria, voltou novamente até ele. _Você pode assumir daqui, estou voltando ao laboratório!

—Sara ...

—Ainda falta colher o depoimento dela, ela se recusou a fazer um kit de estupro. A menos que ela te conte a verdade, não saberemos o que realmente aconteceu.

—Sara, pare! - Ele segurou em seu braço, preocupado. _Você está bem ? Nossa filha está bem ?

—Bela maneira de se voltar ao trabalho! - Ela riu sem vontade e se desvencilhou de seu toque. _Eu ... preciso sair daqui!

Grissom pensou em ir atrás, mas o médico abriu a porta do quarto e vinha em sua direção atualizá-lo. Ele olhou novamente para o corredor, mas Sara já havia sumido de suas vistas, suspirou.

~♥~

Eles conseguiram prender o lunático que havia sequestrado Heather. Sua mente desequilibrada tinha verdadeiro fascínio pela dominatrix.

Acharam por bem que nem Grissom ou Sara participassem do interrogatório, mas ambos assistiam a tudo de uma antessala.

O sujeito de nome Christopher, narrou com precisão a rotina de Heather, disse que aprendeu a estudar o seu comportamento e foi assim que há algum tempo descobriu a importância que um homem em especial tinha para a sua deusa, como várias vezes se referia à dominatrix. Contou que se sentiu ameaçado quando esse mesmo homem voltou a rondá-la e que ele não poderia permitir aquilo. Seus humor inconstante, oscilava muito durante suas divagações.

Grissom quis de verdade que Sara não estivesse ali ouvindo nada daquilo. Ele podia sentir o quanto aquilo parecia torturá-la, e o pior, estava acreditando naquela visão totalmente deturpada.

Ele se virou para ela a tempo de vê-la secar discretamente uma lágrima. Seu coração doía naquele momento por ele, por ela, pelos dois.

Quando Warrick entrou na sala de interrogatório anunciando a recente descoberta, o conteúdo caiu como uma bomba explodindo diante de Grissom.

Durante as buscas em sua residência, eles encontraram um segundo bilhete que também seria direcionado a ele, mas que graças aos céus não houve tempo de se concretizar. Eles descobriram que sua intenção era também sequestrar Sara apenas para puni-lo.

 “Fique longe da minha senhora! Tenho alguém que também lhe pertence, tem muito a perder”

Quando foi questionado sobre a existência desse segundo bilhete, Christopher apenas riu.

Se o pior tivesse acontecido, ele teria perdido ela e sua filha de uma só vez. Nada poderia vir de bom de alguém tão desequilibrado como aquele sujeito.

Deus! Ele não saberia o que fazer, não queria nem pensar naquela possibilidade, mas estava apavorado com o quão próximo aquilo havia chegado de se tornar real.

Ele mal conseguiu prestar atenção no restante do interrogatório, sua desatenção era tanta que não percebeu o momento em que Sara deixara a sala. Só foi se dar conta quando se virou para o lado e ela já não estava mais ali.

Entre estar naquela sala e na sala de seu próprio apartamento, um tempo razoável havia se passado. Com o caso finalizado, ele só queria a solidão de seu refúgio.

Não tivera mais contato algum com Heather após sua alta hospitalar, era melhor assim.

Sara não havia atendido a nenhuma de suas ligações, claramente se recusando a ter qualquer tipo de contato com ele depois de tudo.

Ela precisava de um tempo e, para ser bem sincero, ele também.

 

~Fim do flashback~

~♥~

Nem sempre as coisas saem como planejado e tamanhas consequências não podem simplesmente serem ignoradas, principalmente quando é a felicidade que está em jogo. Lutamos, sorrimos, choramos. São reações adversas que acontecem quando sentimentos estão envolvidos, fazem parte da existência do ser humano. Ninguém é capaz de não sentir!

Sentado na cama, velando o sono da mulher que amava, Grissom estava em um turbilhão de sentimentos. Naquele momento, além do relacionamento deles, a saúde de Sara também era motivo de preocupação para ele.

Estava profundamente arrependido das coisas que disse, e pensar que ele havia planejado um final de tarde em família. Talvez pudessem aproveitar um pouco a piscina, fazia calor, o dia estava bastante abafado. E logo mais à noite, eles poderiam jantar em qualquer restaurante de escolha dela. Emma iria adorar e ele também!

Entretanto, uma mensagem havia mudado tudo e jogado seus planos ao vento. E no meio de uma conversa nada amistosa veio a confissão.

Ele deveria tê-la preparado melhor, usado termos mais brandos e gentis e não simplesmente descarregar, mesmo que em outras palavras, que a filha deles poderia não mais existir. A revelação havia sido impactante demais para alguém como Sara que até algumas semanas atrás estava em coma. Seu corpo não aguentou suas emoções sendo testadas ao máximo.

Ele suspirou com tamanha angústia e estendeu a mão. Com o indicador, ele tocou em sua sobrancelha bem feita e com o dorso dos dedos, desceu pela maçã de seu rosto em uma suave carícia, deslizando para cima e para baixo por alguns segundos. Tocou seus lábios por mais um tempo e abaixou a cabeça se sentindo derrotado.

Praticamente no mesmo segundo, Sara abriu os olhos lentamente ainda com a sensação de toques gentis em seu rosto. A imagem de um Grissom cabisbaixo, diminuído tomou totalmente a sua atenção.

—Grissom ?

Ele levantou a cabeça imediatamente e tentou sorrir. Havia uma tristeza quase palpável em seus olhos e ele soube que não poderia esconder.

—Nunca mais me assuste desse jeito. - Ele colocou sua mão sobre a dela, pressionando-a de leve.

Sara levou a mão livre até sua cabeça pesada.

—O que aconteceu ?

—Você desmaiou.

Ela pareceu surpresa, tentou se sentar, mas ele a impediu.

—Não! A doutora Shelly pediu para que ficasse de repouso o resto do dia.

—Eu só ia me sentar. - Ele a ajudou, ajeitando alguns travesseiros para que ficasse mais confortável. _Ela esteve aqui ?

—Pedi para que viesse, eu não tinha com quem deixar Emma. - Ele pegou sua mão novamente, a beijou com carinho e a segurou entre as dele, se sentindo muito mais aliviado agora em poder falar com ela. _Está tudo bem ... agora. Sem situações que possam estressar o seu cérebro, o seu desmaio foi uma forma dele se proteger.

—Me lembro de ter sentido uma dor muito forte na cabeça. - Ela ainda parecia um pouco letárgica, tentando se lembrar de mais detalhes. Sua cabeça ainda estava um tanto dolorida, mas não disse nada a ele. Não queria preocupá-lo. _Por quanto tempo eu apaguei ?

—Pouco mais de duas horas! Seus sinais vitais eram bons, mas ... você não reagia. A sua médica me acalmou, embora tenha me dado uma bronca! - Ele sorriu de lado, bem menino.

Sara esboçou um pequeno sorriso e abaixou a cabeça por um instante, olhando para suas mãos unidas e então, voltou a encará-lo.

—Onde está a nossa filha ?

—No cercadinho ... Tânia está com ela.

—Poderia trazê-la até aqui ?

—Tudo bem, eu já volto.

Grissom estava de volta em poucos minutos com a filha nos braços. Emma estava agarrada a um porquinho rosa de borracha, mordendo-o com entusiasmo.

Ele a colocou sentada na cama entre eles.

—Olá bonita!

A criança pequena sorriu e lhe estendeu o seu brinquedo. Seu rosto se iluminou para aquilo.

Sara a trouxe para se sentar em seu colo, de olhos fechados aspirou o seu cheirinho de bebê e beijou sua vasta cabeleira castanha. Como a amava! Não imaginava mais sua vida sem ela.

Quando abriu os olhos novamente, encontrou Grissom admirando-a. Havia tanto amor em seus olhos, ele parecia venerá-la.

—Gil ?

—Sim, querida!

—Não te julgo pela decisão que tomou! Antes de perder os sentidos eu ... foi como se eu pudesse ver o seu desespero, eu senti a dor que sentiu, foi ... insuportável!

—Eu não sei o que deu em mim, me perdoa! Não devia ter dito nada daquilo, ainda mais da forma como eu disse! Fui um inconsequente, nunca me perdoaria se algo de mais grave tivesse acontecido a você.

Uma lágrima solitária deslizou pelo rosto dela e ele a secou com carinho, ouvindo-a murmurar um pedido de desculpas que o comoveu. Se aproximou o suficiente para envolver sua cintura com um braço e trazê-la para si.

Emma foi movida no processo, mas não pareceu se importar com qualquer outra coisa que não fosse mastigar o seu brinquedo.

—Pelo quê está me pedindo desculpas ?

Desta vez, ela mesma secou novas lágrimas que deslizavam em seu rosto magro.

—Sara ...

Ela não respondeu, apenas continuou chorando baixinho agarrada à sua camisa.

Ele deitou a cabeça dela em seu peito, sentindo o cheiro gostoso de seu shampoo. Como era possível amar tanto uma mulher ? Aquele sentimento havia sobrevivido a tantos obstáculos, passado por tantas provações ao longo dos anos. Não havia a menor dúvida de que eles se pertenciam.

Novos caminhos seriam trilhados, uma nova história seria escrita no livro da vida.

Emma teria um pai e uma mãe que sempre estariam ali para ela, que a protegeria e a amaria incondicionalmente.

As batidas de seu coração pareciam acalmá-la e ele pacientemente esperou que a crise passasse.

Após alguns minutos, tentou mais uma vez.

—Honey ... fale comigo.

—Eu te amo, Gil! - Ela disse chorosa. _Te amo muito!

Ele sorriu e beijou seus cabelos.

Querendo olhar dentro de seus olhos, gentilmente segurou em seu queixo e a fez olhar para ele com seus olhos avermelhados e úmidos.

—Eu também te amo muito, meu amor!


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