Recomeços escrita por LohRo


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Cá estou eu com um novo capítulo, espero que gostem.
Obrigada pelos reviews e por seguirem acompanhando a fic.
Boa leitura.



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Ele a viu assim que ela pisou os pés no laboratório.

Havia sido uma coincidência ele sair em busca de café no mesmo instante em que ela saía do elevador.

De frente um para o outro, seus olhares se cruzaram. Ele mal conseguia manter um contato visual com ela, talvez fosse sua consciência lhe dando um alerta.

Havia sido um erro ele ir atrás de Heather ? Talvez!

Estava arrependido ? Sinceramente não!

Haviam conversado bastante e ele realmente precisava daquilo. Dada sua natureza introspectiva, não era de se abrir, mas Heather tinha uma facilidade tremenda em fazê-lo despejar tudo para fora. Com ela, ele poderia ser ele mesmo sem correr o risco de ser julgado. Se sentia bem em sua presença.

—Bom retorno, Sara!

—Obrigada!

Ele assentiu e entrou na sala de descanso, Sara fez o mesmo colocando sua bolsa sobre uma cadeira. Da geladeira, ela tirou uma garrafinha de água, sua garganta estava seca.

—Está dobrando o turno ?

Ele a olhou brevemente enquanto enchia sua xícara com um café feito recentemente por alguém. O cheiro era bom, chegou a despertar sua fome.

—Preciso colocar em dia  algumas avaliações ... ordens superiores!

—Hum ... bom, eu preciso ir!

Ela saiu sem esperar por sua resposta, seus olhos a seguiram até virar o corredor.

~♥~

“Alguma vez  duvidou de seu amor por Sara ?”

“Não! Tive muito medo, no começo ... é verdade ... mas, nunca foi uma questão de dúvida!”

“Talvez esse medo, tenha relação com a insegurança dela.”

Cada vez que ele a encarava, parte da conversa que tivera com Heather na noite anterior, o visitava em flashes. Mal conseguia se concentrar no que estava fazendo.

—Grissom ?

Ele se assustou e quase derrubou o pó para impressões que tinha em mãos. Havia se voluntariado para terminar de periciar um carro rebocado para o laboratório. Era o caso de Sara, mas ela por algum motivo apresentou uma pequena reação alérgica ao pó, coisa que nunca havia acontecido.

—O que há com você ? É a terceira vez que eu te chamo! - Sua falta de resposta começou a irritá-la, já havia algum tempo em que tentava chamar a sua atenção, sem sucesso.

—Desculpe, estava distraído. O que foi que você disse ?

—Eu acho que posso assumir daqui, já estou melhor.

—Tem certeza ?

—Sim, obrigada pela ajuda!

Ele repassou todo o material a ela, abriu a boca mas acabou sem saber o que dizer. Em silêncio, se dirigiu para fora, estava a alguns passos da porta quando se virou para ela novamente.

—Sara ?

Ela o encarou e ele ficou mudo.

Sara franziu as sobrancelhas e estranhou ainda mais quando ele simplesmente saiu sem dizer mais nada.

Ela balançou a cabeça, ele era mesmo bastante estranho.

Quando passava em frente a recepção, Grissom ouviu seu nome.

—Dr. Grissom ? Há uma mulher aguardando pelo senhor.

Olhando para a senhora de meia idade, ele não a reconheceu, mas assim que seus olhos pousaram na criança pequena segurando sua mão, ele soube imediatamente de quem se tratava a menina.

—Alisson ? O que ela faz aqui ?

—Podemos conversar, Dr. Grissom ? É urgente! - Ela parecia desesperadamente se controlar para manter a compostura.

—Me acompanhe, por favor. - Olhando para a garotinha que exibia um sorrisinho simpático de que havia o reconhecido, ele a questionou no caminho até sua sala. _Heather está bem ?

—Deus queira que sim!

Ele arqueou uma sobrancelha e abriu a porta de sua sala. Deu passagem para que entrasse e a fechou em seguida.

—O que quer dizer com isso ?

A senhora olhou para a garotinha brevemente antes de lhe responder.

—Encontrei este bilhete na cama da senhora Heather esta manhã. - Ela desembrulhou um papel e lhe estendeu.

—Coloque sobre a mesa, por favor.

Quando ela o fez, Grissom pegou uma caneta e o reposicionou de modo que pudesse ler.

“Você também pode ser o seu submisso, mas é a mim que ela pertence”

—Quando foi a última vez que a viu ?

—Por volta das duas da manhã! Alisson teve um pesadelo e quando conseguimos fazê-la dormir novamente, a senhora Heather voltou para o seu quarto.

—Alguém mais tocou este bilhete ?

—Não, senhor! Eu ... não sei o que fazer, ela sempre se refere ao senhor como um bom amigo, por favor, ajude-a!

Olhando para o bilhete novamente, Grissom sabia que aquelas palavras haviam sido dirigidas a ele. Com toda a certeza, alguém estava vigiando a mansão de Heather, seus passos, sua rotina e viu perfeitamente que ela recebera a sua visita e se sentiu ameaçado. Resolveu atacar.

Sacando seu celular de seu bolso bastante preocupado, ele rapidamente fez uma ligação.

—Jim ? Eu preciso de você!

~♥~

Àquela altura, a notícia já havia se espalhado por todo o laboratório. O sequestro da dominatrix local, amiga íntima do sisudo supervisor do noturno.

O bilhete em si, poucas pessoas tinham conhecimento e dentre elas, Sara. Que havia se inteirado há apenas alguns minutos e se sentiu enojada.

O turno da noite havia se juntado aos que já estavam no caso e quando todos se dispersaram da sala de reuniões para os seus afazeres, Grissom gentilmente segurou Sara pelo braço e a conduziu até sua sala para terem alguma privacidade. O momento era delicado, não precisavam de plateia. Só iria piorar as coisas.

—Eu estive com Heather ontem a noite, Sara ... é verdade, mas ...

—Grissom, não me interessa, você é um homem livre e ... não me deve satisfações!

Embora suas palavras fossem duras, suas expressões diziam o contrário. Ela ficou arrasada ao descobrir que se encontravam e toda aquela dor se transformou em raiva e muita mágoa. Se pudesse, criaria Emma bem longe daquele lugar, mas sabia que Grissom jamais a autorizaria sair do estado com a filha.

—Nós conversamos sobre você o tempo todo! Heather me ajudou a entender que ...

—Para! Será que não percebe o quão patético isso soa ? Eu não tenho estômago para isso! Eu tenho que pensar na minha filha, na minha saúde!

—Eu te amo ...

—Não ... não ama! Você me teve ... e você me perdeu!

 

~Fim do flashback~

~♥~

“Olá, Gil ... estou em Vegas novamente, acabei estendendo a minha estadia na Europa, eu precisava desse tempo, você tinha razão. Só queria saber como você e Emma estão, você me pareceu tão abatido na última vez que nos vimos e ainda assim se preocupou em me ouvir. Se quiser vir até minha mansão, sabe que tem total acesso a ela. Minha neta sempre me pergunta de Emma, ela é adorável e já deve estar tão crescida desde a última vez que a vi. Vai ser muito bom receber vocês dois, aguardo o seu retorno”

O silêncio foi estarrecedor e durou por longos minutos.

Grissom tentava formular alguma frase, mas sua cabeça virou um emaranhado de palavras soltas, sem sentido algum.

—Sara ... - Sua voz soou receosa.

—Essa mulher de alguma forma, sempre vai manter o seu domínio sobre você, mas então eu não me importo. Não quando a única ligação que temos é Emma!

—Você sabe que isso não é verdade! Não somente temos uma filha em comum ... nós nos amamos, Sara!

Ela não lhe deu ouvidos e descarregou todo o seu desgosto.

—Quando estávamos juntos, você sempre teve o controle de tudo. Era você quem decidia quando e onde íamos nos encontrar, você sumia sem dar satisfações alguma. Aparecia em horários mais impróprios, se fechava em seu próprio mundo e me afastava. Mas com Heather era diferente, não é ? Sempre foi muito mais fácil pra você se abrir com essa mulher. Falar com ela sobre coisas que você jamais compartilharia comigo, com a mulher que você diz amar! Era ela quem estava no controle, você só nunca foi capaz de admitir que isso o instigava, Grissom!

—Minha relação com Heather não tem nada a ver com amor, Sara! Éramos íntimos sim, mas em uma escala emocional, somos muito parecidos, não confiamos com facilidade!

—Se sua intenção é fazer com que eu me sinta melhor, por favor ... pare!

—Minha intenção é fazer você entender que ...

—Oh meu Deus! Não me diga que você ... - Sara o interrompeu assim que seus olhos pousaram em Emma. Ela a tomou de seus braços e a envolveu como se estivesse protegendo-a. _Você não tinha o direito de levar a minha filha em seus encontros com essa mulher! Em uma casa promíscua!

—Heather é terapeuta agora. - Grissom se viu corrigindo-a, sem fazer ideia do porque fizera aquilo.

—Não me interessa o que ela seja, você não tinha esse direito, Grissom! - Repetiu.

—Eu não levei Emma para que ela a conhecesse, se é o que está pensando! Nos encontramos por acaso no parque, ela estava com sua neta. Foi apenas isso, uma coincidência!

Emma pareceu sentir a tensão de seus pais e começou a choramingar, se contorcendo inquieta nos braços de sua mãe.

—Shiii ... está tudo bem, princesa. - Sara a balançou, deu uma última olhada para Grissom e saiu do escritório.

—Sara ... volte aqui, ainda não terminamos!

~♥~

Sentada no sofá do quarto de Emma, Sara suspirou melancólica. Seu bebê dormia profundamente aconchegada em seu peito, o que lhe rendeu um sorriso quase tímido. Ela tocou em seus cachos, a bochecha saudável, seu queixo com uma adorável covinha como a de seu pai.

Sua garotinha era incrivelmente linda e perfeita.

—Me desculpe, Emma ... você nunca mais terá que presenciar isso, eu prometo!

Grissom entrou no quarto e bastante receoso também se sentou no sofá, próximo o suficiente para que um pezinho de Emma tocasse sua coxa.

Sara o ignorou completamente e continuou a fazer carinho na filha adormecida.

—Vamos conversar em um outro lugar. - Ele pediu após um tempo de silêncio.

—Já falamos tudo o que tínhamos que falar um para o outro!

—Não, você falou! E não me deu direito algum de resposta.

—Sei que iria visitá-la, mas a questão é ... você levaria Emma junto se eu ainda estivesse em coma ?

—Que diferença isso faz agora ?

Emma se mexeu, quase acordando e Sara se levantou para balançá-la, cantando bem baixinho uma antiga canção. Em poucos segundos, ela voltou a dormir novamente e Sara pôde enfim lhe responder.

—Faz diferença para mim!

Grissom suspirou derrotado.

—Eu nem mesmo iria até ela! - Ele também se levantou, pegou Emma de seus braços e a deitou com cuidado em seu berço. _Vamos para um outro lugar, essa  conversa ainda não acabou. - Sentindo sua hesitação, ele chegou a implorar. _Estou te pedindo, Sara ... por favor!

~♥~

O reflexo das águas da piscina era uma distração e tanto. Na verdade, apenas um artifício para não se encararem por um tempo. Sentados na varanda, fazia um dia muito bonito, porém ofuscado pelas nuvens negras sobre suas cabeças.

Grissom resolveu esclarecer aquela história de uma vez por todas.

—Não tive qualquer contato com Heather em meses quando nos encontramos por acaso. Conversamos, ela soube do seu acidente ... - Ele apertou os lábios ainda que ela não o encarava, agora que tinha começado precisava ir até o fim mesmo que tudo aquilo piorasse a situação. _Ela estava passando por alguns problemas. - Sara arqueou uma sobrancelha. _Eu não tenho segredos com Heather, mas eu quero que entenda que são assuntos dos quais eu não me sinto bem em expor a você porque não são meus. Apenas a ouvi e sugeri que deixasse Vegas por um tempo. Antes disso, a última vez em que eu havia tido contato com Heather foi quando ela se tornou uma vítima para o CSI naquele caso do sequestro!

Sara se virou para ele.

—Isso só demonstra que ela não tem essa importância toda que você atribui a ela em minha vida. Gosto de sua amizade, nada mais que isso! Entende que este é o único motivo que não me fez virar as costas para ela nas vezes em que precisou de mim ? - Ele não soube interpretar sua falta de resposta.

—Você se lembra que certa vez eu te disse que havia crescido em um lar disfuncional e que não iria querer isso para Emma ?

Grissom assentiu, mesmo que ela tivesse mudado completamente de assunto e o deixado sem resposta.

­_Hoje nós brigamos na frente dela! Entende agora o porquê não podemos ficar juntos ? - Seus olhos se encherem de lágrimas. _Estou voltando para o meu apartamento.

Pelo visto, nada do que ele disse havia feito diferença.

—Não, você não vai! - Ele disse firme, provocando a sua revolta. Viu quando ela se levantou e enxugou os olhos com raiva, pronta para rebater, mas ao invés disso, ele quem continuou. _Você só está fugindo! A verdade é que você não está disposta a lutar pela nossa família, você não me ama o suficiente para isso!

—Como pode duvidar do meu amor ?

—E como acha que eu me sinto toda vez que duvida do meu ? - Ele também se levantou, queria estar no mesmo nível de seus olhos para o que estava prestes a revelar. Jamais imaginou que um dia falaria sobre aquilo com ela. _Se eu não te amasse, como acredita que não amo, jamais teria escolhido a sua vida sobre a da minha filha! Emma teria vindo em primeiro lugar!

Sara havia ficado em choque diante daquela revelação, era como se todo o lado esquerdo de seu corpo formigasse. E então, uma dor aguda se concentrou em sua cabeça.

—O que ... você disse ?

—Quando ... o seu médico me fez a pergunta ... quando ... quando ele me pediu ... eu escolhi salvar você! Me doeu, Sara, me doeu como nunca, ter que tomar aquela decisão. Deus sabe que foi a coisa mais difícil e dolorosa que precisei fazer na vida! Eu queria poder trocar de lugar, eu queria poder salvar as duas! - Ele reprimiu um soluço, quanta dor carregava em seu peito, se sentia sufocado.

Foi a vez de Sara vê-lo secar seus olhos úmidos.

Aquela imagem havia sido a última antes de perder completamente os sentidos.

—Oh meu Deus, Sara!!! - Grissom a segurava inerte em seus braços.

Pode um amor sobreviver a tudo ?


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