Recomeços escrita por LohRo


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Não, vocês não estão tendo uma miragem! kkkkkk
Olá pessoas, como estão ?
Bem, antes de mais nada, eu quero pedir desculpas pelo sumiço. 2019 foi um ano bem intenso pra mim profissionalmente ( o que agradeço muito e que 2020 seja igualmente). Portanto não tive tempo pra muita coisa, incluindo escrever fanfics. Mas como ''Recomeços" é uma das minhas queridinhas, ela merece ser terminada e vocês merecem saber o final. Achei melhor dar continuidade de onde parei ao invés de repostá-la já que demandaria muito tempo. Embora obviamente muitos de vocês (na verdade acredito que todos vocês kkkk) terão que fazer a releitura dos capítulos pra se lembrar da fic.
Torço de verdade para que estejam comigo em 2020. Que tenhamos um ano maravilhoso em todos os sentidos.
FELIZ ANO NOVO!!!!


E boa leitura ...



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Mais uma semana chegava ao fim, depois de mais um susto, as coisas caminhavam bem.

Grissom depositou os presentes da filha sobre a bicama que escolheram para o quarto dela. A centopeia e a joaninha trazidas em ambas as mãos eram engraçadinhas.

Havia passado por acaso naquele quarteirão e sorriu feito bobo quando viu aqueles ursinhos expostos na vitrine.

Encostada à porta, de braços cruzados, Sara disfarçou um pequeno sorriso. Aqueles brinquedos eram mesmo a cara dele.

Ele se virou para encontrá-la parada ali o observando.

—Gosta ?

—Não são muito convencionais, mas até que são bonitinhas!

Ele sorriu de lado e apontou em sua direção um tanto receoso.

—Você pode estar em pé ?

—Eram somente dois dias de restrição absoluta. - Caminhando até à bicama, ela se sentou com a centopeia colorida em seu colo, analisando-a, depois se virou para ele novamente. _Estou tomando bastante cuidado, não se preocupe.

Ele assentiu, seus dedos coçavam para tocar sua barriga naquele momento e poder sentir sua filha mais uma vez.

—Você já chegou a pensar em um nome para ela ?

—Alguns ... - Ela admitiu.

—Mesmo ? Pode me dizer ? - Ele se sentou ao seu lado bastante interessado.

—Alicia, Isis, Emma ...

—Emma ? - Ele pareceu surpreso.

—Sim, não gosta ?

—Não é isso ...

—Então, o quê ? - Ela perguntou curiosa, bem menina.

Grissom olhou além dela antes de começar.

—Quando eu tinha sete para oito anos, minha mãe engravidou novamente.

Sara realmente se viu surpresa diante de tal declaração. Era uma parte de seu passado que ele estava compartilhando com ela. Algo lhe dizia que ninguém mais tinha conhecimento de um assunto tão íntimo como aquele.

—Mais tarde descobrimos que seria uma menina, meus pais estavam radiantes, eu também fiquei feliz ...

—Ela iria se chamar Emma ?

Ele a encarou novamente.

—Sim, fui eu quem escolheu o nome.

—Você ?

Ele balançou a cabeça confirmando.

—Não tenho uma explicação, mas sempre gostei muito desse nome.

—O que aconteceu ?

—Minha mãe a perdeu uma semana depois. Os médicos não souberam explicar muito bem o que houve, naquela época não haviam muitos recursos como hoje. Até então estava tudo bem com a gravidez, disseram que foi um aborto espontâneo.

—Sinto muito ...

Ele esboçou um pequeno sorriso.

—Tudo bem.

—Eu tenho que confessar uma coisa.

—O quê ?

—Emma foi o nome que mais me agradou. - Ela realmente parecia estar confessando um segredo, sua voz soou baixa e misteriosa. Grissom riu. _E você, tem alguma sugestão ?

—Quer a minha opinião ?

—Por que a surpresa ? Você é o pai dela!

Grissom pareceu pensativo e feliz por ser incluído em tudo que diz respeito a filha. Sara era realmente uma mulher incrível, sabia separar muito bem as coisas.

Ele não precisou de muito tempo, estava seguro em afirmar.

—Nenhum outro nome será tão perfeito quanto Emma!

Após alguns segundos, Sara chegou à mesma conclusão.

—Tem razão, é lindo e forte! Perfeito para a nossa filha. - Ela tocou sua barriga com carinho, sentindo seus olhos sobre ela. _O que acha, meu amorzinho ? Gostou do seu nome ?

De repente uma mão pousou sobre a sua, ela sentiu o calor e uma leve pressão na medida exata para saber que não estava sozinha, que ele estaria presente sempre que ela permitisse uma aproximação.

Seus olhos se encontraram e ela viu a tempo, ele se ajoelhar diante dela, sem perder o contato de suas mãos.

Ele levou a outra mão até sua barriga, acariciando com tanto carinho que chegava a ser comovente. E então, um movimento sob a pele esticada aconteceu, iluminando seu rosto.

—Oi, Emma. O papai está tão ansioso para conhecer a garotinha dele.

Uma vontade quase incontrolável de beijar aquele volume lindo tomou conta dele. Não conseguindo mais resistir, ele se entregou ao momento. Se inclinou o suficiente para que seus lábios a tocasse.

Sara assistia a tudo com os olhos úmidos, embora seu corpo involuntariamente se retraiu diante de seu toque como se a proteger seu coração, não poderia realmente tirar isso dele. Assim como era importante para ela se conectar com a filha, para Grissom não seria diferente.

Ele parecia tão envolvido com aquele momento, que nada desviaria sua atenção.

Ela sentiu seu beijo em um outro lugar e para a surpresa de ambos, a filha acompanhou com um novo movimento.

—Não acredito! Ela te acompanhou.

Grissom riu com uma alegria contagiante, querendo acreditar que sua filha estava se ligando à sua voz. Ser pai àquela altura de sua vida, estava lhe dando uma nova visão.

O momento foi interrompido com o toque de seu telefone em seu bolso. Ainda de joelhos, ele sacou seu celular e o atendeu um tanto contrariado por interromperem o momento.

—Grissom! - Ele escutou por alguns segundos e finalizou. _Eu já estou indo, preserve toda a cena, vamos levar tudo para a nossa garagem!

Assim que guardou o celular novamente, beijou pela última vez a barriga de Sara e se levantou.

—Um corpo foi encontrado dentro de um baú em uma trilha, infestado de insetos. Eu ... tenho que ir!

Sara assentiu.

Em sua recente coragem, ele segurou seu rosto com ambas as mãos e depositou um beijo casto em sua testa.

—Se cuida.

Sem dizer mais nada, se dirigiu para fora do quarto.

 

~Fim do flashback~

~♥~

Grissom olhou para o relógio sobre a mesinha de cabeceira e suspirou. Ainda era madrugada e mais uma vez se viu sem sono. Tantas e tantas vezes que aquilo acontecera que já estava mais do que acostumado.

Ele se sentou na cama por apenas alguns segundos, depois caminhou lentamente até a poltrona e alcançou seu roupão aveludado decidido a checar Emma. Ele pretendia fazer o mesmo com Sara, com sorte sem que ela acordasse.

Com muito cuidado entrou no quarto de sua garotinha guiado pela luminosidade tênue do abajur. Assim que se aproximou do berço e apoiou ambas as mãos nele, um pequeno sorriso se formou no canto de sua boca ao ver que ela estava em sono profundo, praticamente na mesma posição em que havia a colocado. Estava tentado a tocar em seus cachinhos castanhos, mas não queria correr o risco de acordá-la. Um outro sorriso brincou em seus lábios ao se lembrar o quanto ela adorava quando ele mexia em seus cabelos, assim como sua mãe. Sara costumava dormir em seus braços com seus carinhos, era sempre o mesmo ritual. Geralmente após um caso difícil, ela se achegava até ele de mansinho, no sofá ou na cama, sempre em silêncio e deitava a cabeça em seu colo em um pedido mudo para que a confortasse. Ele adorava quando ela fazia aquilo, se sentia poderoso.

Grissom roçou seu polegar suavemente no rosto angelical de sua filha, admirando-a. Era imensurável o amor que sentia por ela, faria qualquer coisa por sua garotinha de cachinhos adoráveis.

Alguns minutos depois, assim que ajeitou melhor seu cobertor, ele deixou o quarto para entrar no outro imediatamente ao lado. Para a sua surpresa, a cama estava vazia, apenas os lençóis remexidos, mas nada que indicasse onde Sara poderia estar. A porta da suíte estava fechada, mesmo tão inseguro, ele a tocou de leve. Sem resposta, resolveu chamar por ela.

—Sara ?

Silêncio. Onde ela estaria ?

Saiu novamente do quarto, apoiou ambas as mãos no corrimão da escada e inclinou seu corpo para frente tentando enxergá-la no piso inferior. Sem muito sucesso, ele resolveu descer e depois de uma rápida análise pela sala, ele a encontrou na cozinha, sentada no balcão de costas para ele. Os cotovelos sobre o mármore, as mãos apoiando sua cabeça, havia um copo com água à sua frente.

—Sara ?

Ela levantou a cabeça assustada e ele se postou ao seu lado.

—Me desculpe, não quis te assustar.

—Tudo bem, eu estava distraída.

—O que faz aqui a essa hora ?

—Perdi o sono.

—Está se sentindo bem ?

—Sim, não se preocupe.

Ele a encarou, alguma coisa nos olhos dela parecia contar uma história diferente.

Sara se sentiu desconfortável pela maneira com que ele a encarava.

—Me acompanha em um chocolate quente ? - Ele sugeriu, sabendo o quanto ela adorava aquela bebida, principalmente quando era ele quem fazia. Segundo ela, a dele era muito mais saborosa.

—Acho que é uma boa ideia.

Grissom deu um pequeno sorriso e com agilidade reuniu os ingredientes dando início ao preparo.

Sara o observava em silêncio, rememorando a conversa que tivera com Catherine. O motivo de sua insônia.

—Gostou de estar com nossos amigos ? - Ele se virou para ela, sem deixar de mexer a panela no fogo.

—Sim, claro. Estou feliz por eles e ... - Ela se calou, despertando sua curiosidade.

—E ?

—Me conforta saber o apoio que você e nossa filha receberam.

Grissom se virou de frente para o fogão novamente com um novo sorriso, sem que ela percebesse. Ele dividiu a bebida em duas generosas xícaras e estendeu uma a ela.

—Obrigada. - Sara sorveu um pequeno gole e voltou a xícara para o balcão, passando o dedo na borda como costumava fazer.

Aquilo sempre o encantou, ela parecia uma menina quando o fazia.

Seus olhares se encontraram quando ambos provaram um pouco mais do chocolate. Estavam de frente um para o outro, ela ainda sentada e ele em pé, do outro lado do balcão.

—Ficou bom ?

—Está ótimo!

Ele assentiu feliz. Era bom estarem juntos novamente, conversando, fazendo coisas simples como dividir um chocolate quente no meio da madrugada, ainda que não fossem um casal. Era fato que haviam tido uma conversa bastante difícil, que ambos haviam saído machucados dentro de suas razões, mas nada que não tivesse reparo ou pudesse ser cicatrizado. Não podiam forçar uma aproximação, as coisas tinham que acontecer naturalmente. O tempo ajudaria, e a convivência também.

Eles terminaram a bebida lentamente e bastante prático, Grissom arrumou a cozinha.

—Não quer mesmo ajuda ?

—Não tem necessidade.

Não havia muito o que fazer e em poucos minutos, tudo estava novamente limpo e organizado. Continuavam sem sono e voltar para seus respectivos quartos não lhes parecia muito tentador.

Sara se levantou do balcão para ter um pouco mais de conforto no espaçoso sofá da sala de estar, indicando que ela não pretendia subir tão logo para o quarto. Grissom entendeu perfeitamente e a acompanhou, mesmo se sentindo tão deslocado em sua própria casa, diante da mulher que mais amara em toda a sua existência.

Sentados em extremidades diferentes do sofá, eles apenas se encaravam. De novo aquele olhar, o mesmo que vira quando a encontrou sozinha na cozinha. Ele desfez o contato de seus olhos quando abaixou a cabeça, havia perdido sua confiança, ela não iria dizer o que a incomodava tanto.

—Grissom ? Eu não te culpo pelo que aconteceu!

Imediatamente seus olhos pousaram nela novamente.

—Você não tem nada a ver com o meu acidente. Eu preciso ter a certeza de que você saiba disso, a culpa não foi sua!

—Como posso não ter nada a ver ? Eu fiz você sair de um caso para te colocar em um outro que quase a matou!

—Não tinha como você saber que aquilo aconteceria!

—Eu só queria proteger você e a nossa filha, o seu caso havia tomado novas proporções, bem mais perigosas, eu tinha que fazer alguma coisa. Deus, Sara eu quase a matei! Me perdoe, querida. - Ele se levantou do sofá para cair ajoelhado diante dela, agarrado à sua cintura com a cabeça em seu colo.

Naquele momento, ele parecia apenas um garoto assustado que molhava o seu robe acetinado com suas lágrimas de dor. O mesmo desespero que Cath havia lhe dito ter presenciado, estava ali diante dela.

O homem que por muito tempo havia amado em silêncio, que após anos de espera, abaixou a guarda e se deixou ser amado.

O homem que havia partido o seu coração, mas que lhe dera uma filha linda.

O homem que para todo o sempre amaria, estava mortificado pela culpa, e só queria o seu perdão.

—Gil ? - Ela carinhosamente segurou seu rosto com ambas as mãos, obrigando-o a olhar dentro de seus olhos tão úmidos quanto os dele. _Não há nada para ser perdoado.

—Mas ...

—Por favor, acredite em mim quando eu digo que a culpa não foi sua. Acidentes acontecem, apenas tinha que ser assim.

—Sara ?

—Sim ?

—Eu te amo!


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