Recomeços escrita por LohRo


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Sei que ando bastante relapsa em minhas atualizações, confesso que andei pensando bastante em deixar a fic em hiatus por um tempo pra eu limpar a cabeça e me organizar. Mas no momento acredito que esta não seja a melhor opção, por isso estou aqui novamente com um novo capítulo.
Quero aproveitar para agradecer à Ana Camila GSR, CarOli, Butterfly, Tinkerhell, SMAline, Gabi Caskett e ro_dollores pelos comentários do capítulo anterior. Meninas obrigada!
Obrigada a quem está me acompanhando mesmo sem deixar o seu review. (Não precisam ser tímidos viu, como sempre digo, eu sou um amorzinho - eu acho kkk)
Segue mais um capítulo, espero que gostem.



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Grissom entrou no quarto com uma toalha enrolada em sua cintura, uma outra esfregava em seus cabelos, não tinha muito tempo que chegara em seu apartamento, havia acabado de sair do banho e chegou a suspirar descontente quando ouviu seu celular tocar sobre a cômoda. Não se sentia disposto o suficiente para um chamado de seu trabalho.

O que ele não esperava era ver o nome de Sara no visor, durante todos esses meses de separação, ela havia lhe telefonado apenas duas vezes!

Estiveram juntos há pouco mais de uma hora, hoje era a folga dela e assim que saiu do laboratório, ele havia passado em seu apartamento com a desculpa de ter comprado algumas coisas para a filha.

Estavam montando o quarto do bebê e ele estava mais do que agradecido dela não ter lhe privado desse momento.

A verdade era que ela estava mais maleável nas últimas semanas, ou simplesmente estava cumprindo sua palavra de não ter a intenção de separá-lo da filha, sabendo o quanto momentos como aquele eram importantes na vida de um homem. Que seja, o que realmente importava era que estava aproveitando cada momento e de fato se sentia como um pai.

 _Oi, Sara ... - Sua voz era mansa, quase como uma carícia.

Ele apenas escutou o seu choro e entrou em desespero!

—Querida, o que houve ?

—Estou ... sentindo contrações ... e comecei a sangrar!

Ela chorava muito, ele mal conseguiu lhe entender. Mas a palavra sangrar lhe desestabilizou completamente.

—Eu ... estou a caminho, fique calma!

A distância entre os dois apartamentos era de aproximadamente vinte minutos, ele conseguiu fazer com um terço do tempo. Sem tempo a perder com o elevador, subiu as escadas de seu prédio o mais rápido que suas pernas conseguiam.

A porta já estava destrancada, ele a encontrou sentada no sofá visivelmente em dor e entrou em ação, pegou-a no colo com muito cuidado.

Depois de meses, ela se deixou estar em seus braços novamente. Aquele não era o momento para orgulho, precisava de sua ajuda para salvar a filha deles.

—Vai ficar tudo bem, eu vou te levar para o hospital.

—Eu não quero perdê-la. - Suplicou.

—E você não vai ... eu não vou deixar!

~♥~

Grissom olhou no relógio pela terceira vez no último minuto e suspirou, ainda não havia nenhuma notícia de Sara. Seu médico havia sido chamado e chegou poucos minutos depois.

Ele não aguentava mais esperar, ninguém aparecia ali para salvá-lo daquele tormento. Se negava a acreditar que sua filha corria perigo.

De novo o relógio!

—Por Deus, acho que vou enlouquecer!

Quando ele viu Dr. Grant surgir na sala de espera, praticamente correu ao seu encontro perguntando em desespero.

—Como elas estão, Dr. ?

—Fique calmo, Dr. Grissom, mãe e filha passam bem.

O supervisor levou a mão ao coração e suspirou em alívio. Ele sentiu toda a carga de adrenalina deixando o seu corpo e suas pernas perderem a força como consequência.

—O que houve ? Por que as contrações e o sangramento ?

—Sara apresentou um descolamento prematuro da placenta.

—Sem motivo algum ? Ela me disse não ter feito nada.

—Ninguém sabe com certeza o que leva à essa condição, Dr. Grissom ... mas é mais comum por exemplo em mulheres que tiveram sangramento prévio na gestação, como é o caso de Sara. - Ele fez uma pequena pausa antes de continuar. _Este quadro é mais comum no terceiro trimestre, embora possa aparecer em qualquer período da gravidez depois de vinte semanas.

—Existe a possibilidade dela vir a ter um parto prematuro, Dr. Grant ? - Grissom tinha medo da resposta, mentalmente calculava quantas semanas ainda faltavam para a chegada de sua filha, pouco mais de doze com ela nascendo no tempo certo.

—Em quase vinte e cinco por cento dos casos o descolamento leva sim a um parto prematuro, mas Sara teve uma pequena área afetada. Medicamentos somados à repouso absoluto e então, não temos com o que nos preocupar.

—Muito obrigado, Dr. Grant ... por tudo!

Gratidão lhe resumia naquele momento e o bom médico sorriu.

—Apenas fiz o meu trabalho, hum ... gostaria de estar com ela ?

—Com toda a certeza!

—Então me acompanhe.

Quando ele abriu a porta de seu quarto, encontrou-a deitada de lado acariciando a enorme barriga.

—Oi ... - Ele se aproximou de sua cama.

—Oi ... - Seus olhos umedeceram.

—Está tudo bem, já passou. - Ele se sentou na beirada da cama e entrelaçou seus dedos, suas mãos apoiadas sobre a barriga linda. Talvez por ainda se sentir fragilizada, ela permitiu tal contato. _Foi só um susto ...

—Foi só um susto ... - Ela repetiu chorosa, como se assim pudesse acreditar. De repente o bebê se mexeu, arrancando-lhe um pequeno sorriso, ela desfez o contato de suas mãos para deixar a dele por baixo e guiá-la até onde o movimento acontecia. Imaginou que assim como ela, ele também precisasse daquela certeza de que a filha estava bem. _Sinta isso ...

Quando Grissom sentiu a agitação sob a pele esticada, ele riu com uma alegria contagiante. Aquela era a primeira vez que sentia sua filha, seus olhos brilharam maravilhados com a sensação.

—Oi filha, o papai sabe que está ai!

Ela parecia bastante agitada como se quisesse chamar a sua atenção. Uma verdadeira garotinha do papai!

Sara parecia estar gostando daquela interação, em nenhum momento passou pela sua cabeça o fim do relacionamento deles e o motivo de estarem separados. Depois do que havia acontecido naquele par de horas, aquilo era o que menos importava.

Viu ele beijar sua barriga com carinho, e então quase em câmera lenta, se inclinar para fazer o mesmo com os seus lábios. Se assustou com a sua aproximação.

—Não ... - Ela sussurrou.

—Por favor ... - Ele implorou no mesmo tom.

À milímetros de sua boca, alguém tocou à porta interrompendo o momento.

Dr. Grant entrou acompanhado de uma enfermeira com uma bandeja em mãos.

—Seus remédios ...

Sara aceitou os comprimidos e o copo com água que lhe foi estendido, tudo sob os olhares atentos de Grissom e seu médico que pacientemente lhe esperou se medicar.

A enfermeira recolheu o copo e se despediu educadamente.

—Já assinei a sua alta, Sara ... você tem alguma dúvida sobre o que conversamos  ?

—Não, Dr. Grant ... nenhuma! Ficou tudo muito claro, não se preocupe.

—Então eu te vejo daqui a algumas semanas, minha querida. Vocês têm o meu telefone pessoal, podem me ligar a qualquer momento.

—Obrigada!

Grissom também reiterou seu agradecimento, o médico logo se despediu e se viram sozinhos novamente.

Embora aliviado dela estar indo para casa, ele não conseguiu disfarçar tamanha decepção por terem sido interrompidos.

Em um acordo silencioso ambos resolveram não tocar no assunto do quase beijo, era como se aquele momento jamais existira.

Menos de uma hora depois, Sara se acomodava confortavelmente em sua própria cama.

Grissom permaneceu em seu apartamento por mais algumas horas, mesmo ela já tendo pego no sono. Contudo, o seu turno começaria dentro de pouco tempo, o que o obrigava a estar em seu próprio apartamento se não quisesse se atrasar. Mesmo relutante, ele precisou deixar o local, em mãos tinha os documentos médicos que a atestavam em seu novo afastamento do trabalho.

Ecklie havia torcido um pouco o nariz quando se inteirou, fazendo com que o supervisor sênior fechasse a cara em uma carranca amedrontadora.

Sua equipe havia lhe bombardeado sobre notícias de Sara, sua preocupação com a gravidez dela era tanta que ele mal conseguira se concentrar naquela noite. Por ironia, especialmente aquele turno exigiu muito dele, teve que lidar com um sociopata que o desgastou em demasia.

 

~Fim do flashback~

~♥~

Quando a campainha tocou naquela tarde, eles tiveram a grata surpresa ao receber seus amigos. Todos sem exceção estavam ali, eufóricos, com seus sorrisos radiantes.

Tânia deu passagem para que entrassem após ser cumprimentada com muito carinho por todos, sempre fora muito bem tratada pelos amigos de seu patrão.

Grissom se levantou do chão para recepcioná-los devidamente, notando os olhares divertidos lançados em sua direção. Estava em um momento de descontração com a filha, nem de longe parecia o cientista brilhante e chefe exigente. Descalço, com uma bermuda clara e camiseta cinza com o bordão da universidade da Califórnia. Alcançou o par de chinelos de couro ao lado do sofá, deixados ali por ele quando mais cedo e calçou-os antes de se aproximar.

Hank, antes esparramado no chão assistindo a interação de seus donos, correu até a porta para recepcionar os rostos conhecidos e foi recompensado com carinhos em sua cabeça avelã.

Emma acompanhava tudo em meio às mordidas em seu urso polar de borracha. Estavam sobre o tapete macio “montando” um castelo de lego, enquanto esperavam um bolo de nozes que Tânia prometera para o lanche. A garotinha olhou com curiosidade para os recém-chegados, soltou o brinquedo e tentou ir atrás de seu pai, engatinhando em sua direção.

—Estávamos nas redondezas e resolvemos passar por aqui. - Jim brincou, arrancando um pequeno sorriso do ex supervisor. Eles se cumprimentaram com um aperto de mãos. Depois foi a vez de Nick, Warrick e Greg.

Cath o beijou no rosto e prontamente foi até sua afilhada, pegando-a no colo e a enchendo de beijos como sempre fazia.

—A tia Cath estava com saudades de você, meu amor! Onde está a mamãe ?

—Sara!!! - Greg berrou assim que a viu surgir da cozinha e caminhar na direção deles. O jovem perito quase a esmagou em um abraço de urso. _Meu Deus, quanta saudade eu senti de você! - Seus olhos umedeceram e ele deu um sorriso bobo por quase chorar de emoção.

—Oh Greg! - Assim que se separaram, Sara tocou seu rosto de menino, comovida com a reação do amigo. _Eu também estava com saudades sua.

—E de nós, não estava com saudades não ? - Nick se aproximou com seu sorriso enorme e em poucos segundos seus braços estavam a rodeando em um abraço carinhoso.

—Por Deus, é claro que sim! Eu queria muito ver todos vocês! - Seus olhos se tornaram úmidos e ela sentiu que a qualquer momento desceriam lágrimas deles.

Com igual emoção, abraçou Warrick, Cath com sua filha nos braços e por último, Jim. O capitão lhe confidenciou, apenas para os seus ouvidos, o quanto estava feliz com a recuperação de sua filha postiça.

Uma lágrima tímida escapou e ela imediatamente a enxugou, depois sorriu. Se sentia bem e feliz por tê-los ali.

Mais ao canto, Grissom observava em silêncio toda a interação de Sara com seus amigos. Haviam se falado muito pouco ao longo daquele dia, a conversa que tiveram na noite anterior de certa forma havia os afastado um pouco. Ambos precisavam de tempo e discernimento para absorver cada palavra que havia sido dita. O amor continuava ali, era mais do que fato, mas feridas também estavam. Havia muito o que se trabalhar no relacionamento deles, não desistiria de sua família e com toda a certeza Sara mantinha o mesmo propósito.

—Não estamos atrapalhando nada, não é ? Estávamos loucos para ver a Sara!

Grissom logo tratou de tranquilizá-lo.

—Não se preocupe, Nick! Serão sempre bem vindos e estão com sorte, Tânia nos prometeu um bolo de nozes.

—Oba! - Greg comemorou notando várias peças encaixáveis esparramadas sobre o tapete. _Hey! O que estão montando ?

—Um castelo medieval!

—Parece um big castelo! - Warrick analisou.

—Grissom quer colocá-lo sob a escada.

—A intenção é aproveitar o espaço, fazer um cantinho seguro e confortável para Emma com alguns brinquedos. - Ele compartilhou.

Sara tinha certeza que o resultado final ficaria lindo, havia gostado daquela ideia. Pouco se falaram ao longo daquele dia, mas a troca de olhares constantes, falava volumes. Havia muito sentimento envolvido e o que mais queriam, era o bem-estar da filha.

~♥~

Sara achou por bem, levar Emma para o piso superior e trocar suas roupas. A temperatura havia caído um pouco, precisava agasalhar melhor sua pequena.

Cath quis acompanhá-la deixando os homens sozinhos por um instante. Ela segurava a afilhada enquanto Sara procurava algo em seu guarda-roupa.

—Sara ?

—Hum ? - Ela estava distraída, passando algumas das roupas penduradas. Parou assim que viu um macacãozinho verde água com o rosto de um leãozinho bordado na frente, retirou do cabide e se virou de frente para a amiga novamente. _Acho que esse ficaria melhor.

—É uma boa escolha. - Ela lhe entregou Emma e em silêncio observou o vestidinho florido sendo retirado por sobre a cabeça cuidadosamente, depois o mesmo cuidado ao vestir a outra peça. _Vocês se acertaram ?

Sara parou por alguns segundos e só então, retomou o que fazia.

—Nós ... conversamos.

—Mas o que isso quer dizer ? - Havia sido uma resposta evasiva e ela não conseguira ler nas entrelinhas.

—Quer dizer que precisamos trabalhar algumas coisas, se vamos ficar juntos ou não, só o tempo dirá, Cath.

—Vocês se amam, sei que terão um final feliz ao lado dessa coisinha gostosa que a tia Cath morre de amores! - Ela pegou uma mãozinha com furinhos fofos e a beijou.

Sara sorriu e resolveu interpelar Cath, queria saber sob a perspectiva dela, como haviam sido as coisas para Grissom.

—Eu estava com ele no momento em que o médico lhe pediu para tomar a decisão sobre quem ele deveria salvar. - Cath a olhou com pesar rememorando toda a situação. _Nunca vou esquecer o seu rosto, Sara. Havia tanta angústia, tanta dor, que eu achei que meu amigo não fosse suportar.

Algumas lágrimas tímidas deslizaram nos rostos das duas mulheres.

—E então, ele começou a falar que a culpa era dele, que havia sido ele quem te enviou para aquele acidente, que ele é quem deveria morrer. De repente, ele caiu de joelhos chorando muito, implorando para trocar de lugar com você. Os meninos chegavam naquele momento e me ajudaram a sentá-lo em um banco, não conseguíamos acalmá-lo.

Sara enxugou novas lágrimas, sentindo uma dor aguda atravessar seu coração.

—Quando fomos avisados de que Emma estava bem, mas que você estava em coma, novamente vimos Grissom perder o chão. O que o salvou foi a filha de vocês, sem ela, ele teria desistido.

~♥~

Sara e Cath haviam se juntado a eles novamente, precisaram de um tempo a mais para se recuperarem da conversa. O que fez toda a diferença, pois ninguém havia notado absolutamente nada, nenhum indício de choro, nenhuma tristeza.

A casa estava cheia, o clima leve e divertido com todos querendo falar ao mesmo tempo. Muita comida e boas risadas, sentados à mesa, degustavam de um generoso lanche da tarde preparado por Tânia.

Sara quis saber de cada um, como estavam suas vidas. Foi com um sorrisinho quase sarcástico que se inteirou de que Nick e Greg estavam namorando. Os garotos pareciam realmente bastante envolvidos em seus relacionamentos, ouviram algumas gracinhas e entraram na brincadeira.

Warrick havia se mudado para um apartamento maior e continuava com sua solteirice. Mas segundo informações de Greg, ele parecia bastante interessado em uma morena do esquadrão antibombas. A revelação lhe rendeu um safanão em sua cabeleira clara e muitas risadas.

Catherine, que chegara de viagem recentemente com a filha e a mãe, contou sobre a visita que fizeram à universidade que a garota ingressaria no próximo verão. Lindsey estava radiante, diferentemente dela que parecia bastante preocupada com a filha morando em outro estado. Todos riam de seu exagero ao narrar alguns acontecimentos que presenciou durante a visita aos dormitórios estudantis.

Jim contou que vinha pensando com mais frequência em sua aposentadoria. Seu relacionamento com sua filha havia melhorado nos últimos tempos e era nítido o quanto ele parecia feliz com aquilo.

No meio de tanto falatório, uma pergunta em questão feita por Greg, deixou a todos em silêncio com os olhos voltados para Grissom.

—Agora que a Sara está aqui, quando pretende retornar para o laboratório ?

—Ainda é cedo para pensar em um retorno! - Ele fez uma pausa, seus olhos buscaram por Sara e só então completou. _Tenho que primeiro, me concentrar em minha família!


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