Recomeços escrita por LohRo


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

O que dizer aqui nas notas inciais ? Apenas o meu muito obrigada por todo o carinho! Cada review, cada opinião é importante para saber se estou no caminho certo. Podem puxar a minha orelha tbm se não tiverem gostando de algo, mas puxem com carinho viu! kkkk
Obrigada às minhas leitoras queridas, vocês me fazem feliz!
Segue mais um capítulo, espero que gostem.



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De volta ao trabalho, não demorou muito para que Sara percebesse o quanto seria difícil se acostumar com o seu novo horário. Sentia falta de sua antiga equipe, eram uma família, totalmente o oposto que encontrou no turno do dia. Pelo que pôde notar, eram pessoas mais individualistas e de certa forma arrogantes. Ela simplesmente fazia o seu trabalho e ia para casa.

No começo, Joseph, seu novo supervisor a limitou ao laboratório e ela desconfiou que fosse a pedido de Grissom. Mas quando uma onda de homicídios se abateu sobre Vegas, ela fora escalada para ir a campo e desde então, não parou mais. Sempre muito atenta para não se colocar em perigo.

Ela havia topado algumas vezes com seus amigos durante as trocas de turnos, e quanto ao pai do seu filho, percebeu que ele estava fazendo do laboratório sua moradia.

O que ela não sabia, era que Grissom fazia aquilo apenas para poder estar perto dela. Com vidas separadas e horários diferentes, aquela fora a única maneira que ele encontrara para acompanhar sua gravidez de perto.

Na verdade, era um bom plano, se colocasse em uma balança a frequência com que agora a via, era infinitamente superior comparado a quando ela estava de licença. Mesmo que quase nunca se falassem, ainda assim era melhor que nada, só de vê-la já lhe bastava.

E assim se passaram mais algumas semanas, sua barriga havia tomado novas proporções e ela estava mais linda do que nunca!

~♥~

O turno estava bastante agitado naquela noite, um ônibus havia saído da pista e caído em um barranco. Suspeitas levantadas e fortes indícios dos freios terem sido sabotados. Quem teria o interesse em matar várias pessoas ou uma pessoa em especial ? E por quê? Perguntas sem respostas, havia muito trabalho e um enorme número de corpos que precisavam ser processados. Todos haviam sido convocados.

Grissom conversava com Jim, sem deixar de observar a movimentação que acontecia ao seu redor, quando notou a aproximação de Sara com a câmera pendurada em seu pescoço e sua maleta de campo em mãos.

A barriga pesada havia mudado um pouco o seu jeito de caminhar.

—Oi Jim! - Ela cumprimentou o capitão e então se virou para Grissom. _O turno do dia foi chamado para ajudar.

—Eu sei, mas achei que tinham poupado você, não era a sua folga ?

—E desde quando respeitam isso ? - Ela suspirou, também não parecia muito contente, havia planejado dormir horas a fio, vinha se cansando com facilidade. _O que quer que eu faça ?

Ele não havia gostado nenhum pouco dela estar ali, mas o que poderia fazer ?

—Os legistas ainda não liberaram os corpos. São muitos! O perímetro é extenso, nós do noturno já começamos a processá-lo, você pode se juntar a nós!

—Tudo bem!

Enquanto se distanciava, Sara sentia os olhos dos dois homens sobre ela.

—Algo me diz que você vai grudar nela feito um parasita!

—Se ela não exagerar, prometo manter a distância!

Jim o encarou e viu que ele ainda olhava na direção de Sara, o capitão quis rir de sua expressão.

—Você tinha que ver essa sua cara de babão! Sempre quis que fosse uma menina, não é?

Grissom sorriu sem se preocupar em esconder o seu orgulho, seria pai de uma menina tão linda quanto a mãe!

Enquanto isso, Sara se juntara aos demais, sentia falta de trabalhar com eles.

Ela olhou rapidamente para o ônibus com as rodas para cima há quase cem metros deles.

—Oi pessoal!

—Hey! Se não é a grávida mais linda! - Nick sorriu.

—Quando vão se decidir pelo nome da nossa princesa ? - Greg quis saber.

—Em breve, eu acho ... nunca imaginei que isso pudesse ser tão difícil!

—Eu também não consegui me decidir com facilidade! - Catherine comentou. _Mas olha, acredito que todos nós percebemos o quanto Grissom está radiante! Eu acho que ele tinha preferência por menina!

~♥~

Horas depois, puderam retornar ao laboratório. Enquanto aguardavam o processamento de algumas evidências, a equipe havia se dispersado por um breve momento, apenas Sara havia permanecido na sala de descanso.

De olhos fechados, inclinada no sofá com as pernas esticadas sobre o estofado macio, ela sentiu a aproximação de alguém.

—Você está bem ? - Grissom perguntou preocupado.

Ela ajeitou sua postura, colocando os pés no chão.

—Sim, apenas um pouco cansada.

—Hum ... -  Ele balançou uma embalagem com a logo da lanchonete bastante conhecida entre os peritos e colocou sobre a mesa. _Trouxe o seu favorito, sente-se aqui.

—Oh ... não precisava se preocupar.  - Ela disse já se sentando em frente ao sanduíche vegetariano, na verdade estava faminta. Assim que deu um bom gole no suco refrescante, o ouviu rebater.

—Precisava sim, tenho certeza que minha filha já estava reclamando!

Seu sorriso de menino tocou o seu coração, mas o que realmente chamou a sua atenção foi o brilho em seus olhos ao dizer “minha filha”. Naquele momento, ela deu razão à Cath, ele realmente tinha preferência por menina!

 

~Fim do flashback~

~♥~

Olhos arregalados, boca semiaberta e um coração com batidas atropeladas. Deus, ele realmente ouvira aquilo ou sua audição apenas resolvera lhe pregar uma peça ?

Precisava estar seguro de que realmente aconteceu, quanta falta sentia de ouvi-la declarar o seu amor por ele. Por muitas vezes achou que já não o tinha mais, mas teriam que fazer parte da vida um do outro por compartilharem uma filha.

Sempre que se questionava a respeito e se via sem uma resposta, o seu chão desmoronava. Era uma morte lenta e dolorosa, pensar que havia perdido a mulher da sua vida, que teria que conviver com ela sem poder tocá-la, sem poder amá-la. E o pior, havendo a possibilidade de vê-la refazer sua vida com uma outra pessoa, amá-lo com a mesma intensidade com que um dia foi amado.

Ele queria gritar, fazê-la entender que jamais a enganaria como ela acreditava, que jamais trairia o amor deles! Precisou de muito autocontrole para não sucumbir à tais vontades, ele não podia arriscar sua saúde e colocar sua própria filha em perigo, jamais se perdoaria!

E então, o acidente.

Ele pediu fervorosamente ao seu Deus que não a levasse, que não levasse a filha deles. Perdê-las, seria perder sua própria vontade de viver!

—Você me ama ? - Perguntou por fim, a respiração suspensa indicando que aguardava ansiosamente ser respondido, seus olhos brilhavam tanto que talvez não fosse capaz de conter a pequena lágrima prestes a cair.

—Eu nunca deixei de te amar, Gil! - Ela admitiu em meio a um soluço.

Grissom passou o braço livre em sua cintura e a trouxe para mais perto de seu corpo. De olhos fechados, beijou o topo da cabeça castanha e encostou sua bochecha nela.

—Eu te amo, Sara ... te amo muito!

Ela podia jurar que seus braços reagiram à aproximação de seu corpo e ganharam vida própria lhe abraçando, ele e a filha em seu colo. Estar nos braços dele novamente era uma sensação estranha que não conseguia explicar, um misto de saudade, dor e incertezas. Deus, ela não podia mais conviver com aquela dúvida de que jamais o teria por completo. Em meio àqueles conflitos, conseguiu sorrir quando sentiu uma mãozinha pequena agarrar uma mecha de seu cabelo. Ela olhou para a filha com olhos amorosos e desfez o contato de seus corpos, abrindo com cuidado os dedinhos delicados.

—Podemos conversar depois que ela dormir ?

—Você tem certeza ? Quero dizer, está bem para isso ? - Era fato que ele queria muito que aquela conversa acontecesse, mas não sob as circunstâncias de prejudicá-la. Já não havia sido uma manhã fácil.

Sara apenas assentiu, em um acordo silencioso acharam por bem que a filha dormisse em segurança em seu próprio quarto.

Sentada, ela podia sentir os olhos dele a observando enquanto pacientemente embalava sua garotinha. Um discreto zumbido ressoava de seus lábios, havia aprendido aquela canção quando ainda era criança.

Em poucos minutos, os olhinhos coloridos ficaram pesados e Emma dormiu profundamente.

Assim que colocou a filha no berço, Sara sentiu sua mão segurar a dela.

—Venha comigo.

Ela assentiu achando que retornariam ao seu quarto, mas se viu surpresa quando eles pararam diante da porta do quarto dele.

Grissom abriu e deu passagem para que ela entrasse.

Em silêncio, eles se viram no meio do cômodo. Este quarto era ainda maior que os demais, as paredes em tons suaves de dourado, traziam dois quadros com pinturas abstratas, pendurados. Uma poltrona branca, uma enorme cortina também clara, um guarda-roupa embutido bastante espaçoso tomava toda uma parede, uma cama king size gigantesca com duas pequenas mesas de cabeceira. Sobre uma delas estavam um relógio digital, um livro e seus óculos de leitura. Na outra haviam dois porta-retratos - ela com a barriga enorme à mostra, e Emma sorrindo com o rostinho todo sujo de comida. Seus lábios se curvaram em um sorriso para a foto da filha. Havia uma porta branca fechada que ela deduziu ser o banheiro da suíte. Era um quarto muito bonito e aconchegante.

Finalmente seus olhos se encontraram, castanhos profundos e azuis brilhantes.

Ele a pegou novamente pela mão e se sentaram na cama.

—Por que nunca acreditou em mim ?

Havia um ressentimento tão explícito naquela pergunta que foi impossível de Sara não notar. Ela olhou para as suas mãos unidas e de volta para ele, era a hora de enfrentar tudo aquilo, ela apenas tinha que fazer.

—Sempre soube que o laboratório e sua carreira, eram suas prioridades e ...

—Não, Sara! Você era a minha prioridade, nada era mais importante que você! - Ele a interrompeu, mas aqueles olhos castanhos lhe diziam que não acreditavam nele.

Sara continuou.

—Eu aceitava que sua vida era o seu trabalho, Grissom! Sim, me incomodava um pouco, não vou mentir, mas estávamos juntos e isso era o bastante para mim, eu estava feliz .  - Ela tomou fôlego e continuou, tendo total atenção dele mesmo visivelmente discordando de suas palavras. _Mas então aquela noite me trouxe uma verdade, uma verdade que sempre esteve zombando de mim, eu me dei conta que aquela mulher ... que Heather tinha vantagem sobre mim ...

—Como é ? - Grissom desfez o contato de suas mãos e se levantou, visivelmente chocado! _Você não pode estar falando sério! - Ele passou a mão no cabelo em sinal de nervosismo e incredulidade.

Sara também se levantou, queria ficar no nível de seus olhos sabendo que seria uma conversa difícil. Não foi por acaso que não fizeram aquilo quando ainda estava grávida, seria arriscar demais a vida preciosa que carregava no ventre.

Embora tenha ocorrido uma primeira conversa em que pôs fiz no relacionamento deles quando ainda estava hospitalizada se recuperando do susto com a quase perda do bebê, ela sabia que desta vez seria diferente, cutucaria uma ferida muito mais profunda. Na época havia questionado sua traição, quando na verdade deveria ter questionado seu amor por Heather.

—Não era a frequência dos encontros, Grissom ... nunca foi e sim, o poder que aquela mulher tinha sobre você. - Sempre achou que bastava Heather querer, que ela o teria. A prova estava ali, ele sempre se fazendo disponível para ela, bastava um toque, uma chamada. _Nunca se importou de serem vistos juntos e o quanto isso me afetaria, sabendo que vocês tiveram uma história no passado! Enquanto eu planejava a melhor maneira de te contar que seria pai, você estava com Heather. E então aquele beijo, o beijo que quase provocara o meu aborto. Naquele momento, eu tive certeza que você nutria algo por ela e que talvez lutasse contra esse sentimento. Não era só uma traição física que acontecia ali, era muito mais doloroso que isso! Você a amava Grissom, estava sempre aposto para socorrê-la e eu não tinha armas para lutar contra isso. Não queria o meu bebê envolvido naquela coisa sórdida, jamais permitiria!

—Sara ... - Grissom começou, ela passou esse tempo todo acreditando que ele amava Heather ?

—Agora você sabe os meus motivos. - Quando terminou, estava exausta e pequenas pontadas voltaram a atingir sua têmpora esquerda.

—Eu nunca declararia o meu amor por você enquanto mantinha outra em meus pensamentos, que espécie de homem acha que eu sou ?

Grissom a encarava esperando por sua resposta, estava nervoso sim, mas tentava se controlar. Talvez não fosse o melhor momento para aquele tipo de conversa. Não que tivesse medo de perder o controle ou mesmo machucá-la, jamais faria algo semelhante, estava apenas pensando nela que já havia tido emoções suficientes por um dia. Sabia que precisavam ser cautelosos, sua médica fora enfática, haviam sido muito bem instruídos por ela. Os próximos dias seriam cruciais para a sua recuperação, a saúde da mulher que amava se tornara uma responsabilidade dele.

Lágrimas começaram a deslizar pelo rosto magro e bastante pálido, a expressão abatida. Foi então que ele percebeu o quanto ela sofreu em silêncio esse tempo todo por realmente acreditar em seu amor por Heather, por mais absurdo e ilógico que aquilo lhe parecesse.

Após inspirar profundamente, ele se aproximou mais dela segurando em seus ombros, obrigando-a a encará-lo.

—Você é a única mulher que eu já amei na vida, Sara ... a única! - Poucos segundos depois, ele balançou a cabeça um tanto ressentido e decepcionado, se afastou virando as costas para ela. De cabeça baixa, olhava para o chão com aquela sensação de derrota. _Sem confiança, não existe relacionamento, eu vejo a dúvida em seus olhos, é o que mais me dói, não deveria ser tão difícil assim para você acreditar em mim.

Nenhum único movimento, nenhuma única palavra mais, durante um bom tempo se mantiveram em silêncio, praticamente inertes, até Grissom sentir sua aproximação e então sua voz se fazer ser ouvida.

—Estou com medo.

Diante de sua confissão, bastante surpreso ele se virou de frente para ela novamente.

—Medo do quê ?

—De me machucar de novo.

E então, sem esperar por sua resposta, Sara retornou para o seu quarto.

Em sua solidão, Grissom se sentou em sua cama, os cotovelos sobre as coxas, as mãos apoiando sua cabeça.

Naquela noite nenhum dos dois conseguiu dormir.


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