Desafios do Destino III - Desastres e Desfechos escrita por Vale dos Contos Oficial


Capítulo 8
Os Sinais do Arauto: Tesouro Precioso




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Colidi com o solo, era apenas isso que eu tinha a dizer. Não senti dor, era um sentimento totalmente diferente, uma intensa aura que me tornava muito mais forte e explosivo do que antes, eu me sentia mais, apenas isso, mais do que eu era antes, mais do que qualquer coisa que eu poderia fazer. Ainda intacto, comecei a me recompor e a me levantar, parecia mais pesado o meu corpo.

Foi, assim, que eu reparei que havia meu corpo estava protegido por uma espécie de armadura, uma espécie de roupa antiga no estilo indiano, com uma mistura de cavaleira da idade média de ficção científica. Mesmo com uma massa enorme, eu não sentia que aquilo tudo me atrapalharia, ainda mais eu com uma confiança gigantesca que estava me tomando por uma coragem de encerrar tudo aquilo.

Destino estava em minha frente, as aves sobrevoavam todo o lugar, suas sombras criava um ar tenso e tenebroso, mais do que realmente era. As cicatrizes no olhar daquele homem me lembravam de passados distantes que eu não queria me recordar, com um todo complexo de memórias gravíssimas. A apreensão cobria seu rosto, eu podia ver as veias saltando mais furiosamente, o semblante preocupado tomava conta de seu ser, as vibrações de suas mãos com a foice em mãos eram aquilo que me deixava com um passo atrás de uma verdade.

Nýchta, por que fizera isso? Por que me entregou um bem tão precioso, cuja crença era falsa de que minha responsabilidade era somente essa, encarar o meu destino e fazer parecer como um todo fim de história da humanidade. Eu, enfim, senti o que deveria fazer, ergui a arma que continha em minhas mãos... e corri.

Em segundos, ele levantou a sua e as lâminas colidiram, eram duas espadas batalhando para notar qual dono sairia vitorioso. Tudo terminava em faíscas e ecos esvoaçantes e intensos do som dos metais colidindo, nosso suor era forte e fétido, uma luta de gerações percorria nossas veias, tudo terminaria ali, naquele embate, naquela troca de farpas afiadas e feridas mal curadas.

—Você é fraco, ainda não tem força para me derrotar!

—Posso perder, mas você vai também! – Chutei sua barriga, bem em cima do estômago, isso o fez tremer as pernas e pender um pouco para o lado, me dando tempo suficiente para chutar sua perna mais fraca e fazendo seu corpo declinar. Com o punhal da espada, colidi em sua cabeça. Repentinamente, uma fumaça se tornou, arroxeada como um hematoma antigo. Tornou-se matéria, novamente, diante de mim, entretanto, com o formato de uma fera alada, parecia uma quimera, mas tinha carapaça reptiliana e asas draconianas.

Um rugido tremulou todo o lugar, todo o terreno, a besta era maior que meu miúdo corpo, eu me via desesperado, meus membros tremiam intensamente, um suor gelado escorria pelas minhas costas, seria esse meu fim?

—Ás aéreo! – Pude ouvir os crocitos das aves sob minha cabeça. Eu via suas asas reluzindo como ouro, pude notar elas atacando a enorme fera com tanta feracidade e penitencia que eu me sentia mais encorajado do que nunca. Pulei em cima do lombo de uma, cuja travessia era próxima de onde estava, e fui arremessado. Cai bem cima da cabeça da criatura, enfincando a espada certamente no meio de sua fronte.

Um urro grave e atormentador apenas nos jogou para longe, com toda o furor que contínhamos em nossos seres, nada poderia nos impedir. Contudo, uma fumaça densa, esbranquiçada, com odor podre e antracitoso caiu sobre o campo de batalha, era uma armadilha e uma jogatina dele, fiquei com a audição mais aguçada, ainda mais com os olhos cerrados a fim de evitar que aquilo afetasse minha visão.

—Que tal um joguinho? Você vai gostar? Vamos testar o quão humano você é.

Nisso, um forte tremor me pegou de surpresa. As aves tentaram me salvar, porém, a Ave da Pérola começava a passar mal, caiu no chão sem vida e sem respiração, estava pálida, quase um tom azulado, assim como um corpo humano com a vida nos últimos segundos. Sim, sem Rosália, a cidade de Pérola encontrou o último suspiro, pereceu diante dos olhares das criaturas que aproveitam aquela imensidão oceânica sem um rei para recorrer.

Caí, era longa e inconstante, apanhava por qualquer coisa, uma espécie intensa e inconstante de badaladas, sinos fortes ecoavam pelos meus ouvidos, eu me sentia atordoado, como se nada mais fizesse sentido. Não, eu me sentia seguro, uma pequena armadura me fazia pensar dessa forma, Nýchta, o que está tramando?

Não pereci, mas o impacto certamente me lesionara. Minhas pernas ficaram cor fortes e intensas marcas redondas, pareciam moedas, um enorme rio de forte correnteza amarelada percorria sob meus pés, era assim que ele me testaria, até onde a minha ganância me levaria. Havia esse sentimento em mim? Eu era um ganancioso amador? Tudo o que eu fiz foi em busca de um tesouro.

Nunca houve um, era ilusão de minha mente.

—Você poderá sair daqui ileso, sem ressentimento ou remorsos, deixarei você em paz, você e sua família!

Dois quadros saíram do chão, imagens conhecidas, todos da minha família estavam contidos naquelas imagens, eu podia sentir a presença delas, o poder deles sobre aquilo. Eu era mais forte do que pensava, não nos prenderiam naqueles porta-retratos fracos e sem vida. Com a espada ainda em mãos, cortei-os, fazendo areia virarem, um pó fraco, ralo e amarelado, parecia ouro.

—Você trocou sua família por riqueza, decidiu destruir seu bem maior para ficar com o dinheiro.

—Não, não se troca amor, não se vende amor, eu me pertenço, eu sei o que e quem sou, você e seus jogos, isso é uma mera e doce ilusão de um ponto perdido na imensidão da escuridão, você é um delinquente sem causa, somente com um olhar rebelde sobre mim, acha que me engana, sou mais forte e mais poderoso que você. – A visão sumiu, comecei a escorrer junto das moedas.

—Você é inteligente, soube da minha artimanha. Por outro lado, não sabe nada do que sou capaz de fazer?

—Já fui seu assassino, sua oferenda, seu anjo caído, sua marionete, fui tudo o que poderia ter feito comigo, nada resolveu, sei te derrotar, sei o que mais teme.

Estava em um quarto escuro, isso notava, sem luz, sem visão, sem vida nem esperança. Eu deixava ele caminhar, conseguia escutar seus passos, pesados com as botas metálicas que usava, permitia seu andar, reconhecia cada gesto que fazia com o rosto, com as mãos, sabia que não o mais temeria. A espada parecia esquentar, então a joguei no exato instante em que me atacou. Mais uma vez, colisão de lâminas, tudo alumiou com fortes chamas, a faísca dos metais, o enxofre do ar, tudo parecia ter vida.

—O fogo é vida, sabe disso.

—Sei, e é destruição, é fluido e leve, é facilmente manipulável, quem o domar, comanda a sobrevivência da espécie humano.

—A história reconhece isso, mas você não, seu verme.

—Não contexto a história, pois eu a deixo ir, deixo tudo seguir seu caminho, permito que a morte e o tempo sejam destinos que saibamos usar, para nossos e somente bem. Você deixou a ganância subir à cabeça, por isso me testou, sabia que, caso seguisse seus passos, eu seria seu herdeiro, aquele que usaria da ampulheta e da foice para ser um mero tirano das cicatrizes falsas.

—Você reconhece o que fala, sabe das palavras que profere.

—Quando você sabe o que pode fazer, sabe o que está a sua frente.

O calor começou a dissipar e meus olhos permitiram serem abertos mais uma vez, ainda no campo de batalha estávamos, tudo da mesma forma, somente a Ave das Pérolas que não tinha mais respiração, era um corpo falecido. As demais faziam uma roda ao seu entorno, caminhei até elas enquanto deixava Destino ali, atordoado. Como eu o fiz parar, não entendi.

Elas choravam, não saia lágrimas, pude sentir a dor, principalmente a de Marfim, perdia a irmã novamente, era tristonho, com parcas forças eles se recompunham.

—Não guarde do tesouro moeda alguma. – Olhei para uma voz que surgiu do céu, um pouco mais claro do que antes. – A primeira parte do último trecho da profecia, você passou por ela quase toda.

—Ainda há muito o que acontecer.

—Relembre dela, relembre de tudo pelo o que já passou:

 

Num mar de relatos

O filho do Destino buscará a forma

Das aves decaídas num túmulo de vidro

Feito no campo dos traidores

Almas boas manipuladas

Presas nas garras da discórdia

Na cor celeste da mágoa guardada

Na história sem falas na oração

Restaure o fim pelo começo

Num duelo entre gerações

Não despreze as dores do passado

Para distrair as ondas do futuro

Não guarde do tesouro moeda alguma

Desenha na lápide a sua vida

Tão bem batalhada e desafiada

Para no final beber da água vitoriosa

 

—Restaure o fim pelo começo/ Num duelo entre gerações... – Gerações? Mais uma vez?

E um intenso rugido nos jogou para longe, o pobre e miserável corpo de Pérola se desfez, terminou em pó brilhante. A fera, o enorme leão arroxeado retornara, eu o enfrentaria, sozinho ou não. Todavia, um intenso raio caiu de uma nuvem passageira bem em minha frente. Um corpo apareceu, forte, musculoso, com ferida amostras, armado por um tacape dourado, ornado com joias, talvez pérolas e rubis, esmeraldas e diamantes. Não tinha armadura, entretanto, lembrava uma roupagem asteca.

—Efiáltis. – Resmungou Platina. As aves ficaram atrás de mim. – O conflito entre gerações.

—Fique fora disso, criança! Deixe que nós, seres celestiais, pai e filho, resolvam isso.

—Não pode ser, Pesadelo e Destino não podem se enfrentar, ainda mais com o poder total da Tríade em um único filho.

—O último sinal, o Arauto está próximo.

 


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