Desafios do Destino III - Desastres e Desfechos escrita por Vale dos Contos Oficial


Capítulo 6
Ilusões manipuladas




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Tudo parecia uma ilusão... Na verdade, nós vivemos em uma ilusão. Seríamos de outro planeta se achássemos que tudo o que fazemos tem um sinal próprio, com o único intuito de fazermos nossa alegria ser nada mais do que mera raça para sermos um pouco mais humanos do que jamais seremos, até que a empatia passe a ser uma prática da nossa teoria nada bem rasa.

Como a dor que me afundava no oceano, ou me tirava do buraco para o céu aberto nas asas de uma águia, eu me via perdido com o coração apertado e vazio, sem nenhuma corrente mais para me prender a inexistência que eu chamava de vida. Para onde foi toda aquela clareza que eu senti? Para onde foi a razão que eu tinha? O que ele fez comigo?

Ele é cruel, vil e poderoso, usa nosso coração para fingir que possui um, que não passa de uma inverdade. Fofocas que usamos para sermos o que não somos, para traspassarmos do ponto em que estamos para um nível mais abaixo ao invés de sermos o nível acima que devemos procurar e promover. Sozinho eu estava, naquela prisão de grades rudes, com o tétano percorrendo as vísceras perdidas do mundo terreno.

—Levante, seu verme, ele quer te ver! – O grito do guerreiro que o servia me fez sentir mais raiva daquilo desenhado para mim. Entretanto, eu dançava pelos pontos que ele queria na minha visão.

Eu me sentia muito perdido, totalmente desamparado. O fato do cavaleiro me empurrar sem parar, além de gritar incessantemente comigo como se eu fosse um mero pedaço de areia que não tem importância nenhuma. Meus passos, mesmo que rápidos, não pareciam agradá-lo, eu era apenas um prisioneiro de mim mesmo. Ele era eu, eu sou ele, sou seu filho, filho do Destino. Não era apenas eu, mas um monte de pessoas, todos somos filhos dele, todos subjugados ao seu poder, e não há ninguém que consegue escapar do seu poder.

Conforme eu vagava pelos corredores lúgubres, eu me sentia um tolo solitário. Fugi dele, batalhei sem parar, apenas para me tornar um preso do seu seio nada grato. E meus amigos, companheiros? Para onde foram? O que ocorreu com eles? Não me abandonariam, eu sentia aquilo, mesmo com a amizades atuais como meros utensílios para charme e para uma atenção que jamais saberemos o quão inútil ela para nosso ser, nossa alma.

No salão principal, como enormes tempestades de marfim, numa coalisão com pérolas e platina, se erguia o enorme trono em que se sentava o mais tenebroso das verdades e nada ilusionarias dos nossos pensamentos. Ele, o destino, estava alta, solene, como um poderoso soberano que não queremos ajoelhar, sem sucumbir. Conhecemos a tolice que isso é e a consequência que isso traz: torturas, famílias separadas, desespero e angustia gratuita, sentimentos de ira e ódio por uma pessoa que nunca soube o que é amor.

No finalmente, sabemos que deitar a cabeça no sono mais profundo é a nossa missão, sabemos qual é a única verdade da nossa vida. O olhar sereno dele era uma surpresa para mim, nunca o vi dessa fora, calmo como a brisa da primavera, a mesma que antecede as chuvas que molham o solo depois do inverno, cuja matança pelo manto branco e gélido

—Meu senhor, aqui está o prisioneiro. O senhor precisa de mais alguma coisa?

—Por enquanto, nada, mas fiquem a postos. Essa pequena criatura é muito peculiar. – Ele se levantou e veio até mim, com as mãos enormes e gélidas erguidas, somente para me tocar. – Você, pequena e nada inutilidade, está em meu caminho de ser o todo poderoso.

—Então, acredita mesmo que que você será o todo o poderoso? Acha mesmo que é corajoso, bondoso e honesto para comandar o mundo? – Senti uma forte vibração de suas mãos e me impregnou como ganchos em minha fina pele.

—O que mais me impressiona em sua espécie é a crença de que é necessário ser bondoso para ser um rei, ou um presidente. O medo é o que mantém no poder, o receio de ser morto é o que me fortalece. – Ele esticou as mãos e começou a me movimentar como se eu fosse uma marionete. Não era eu me comandando, eu não me sentia mais, eu era manipulado por fios invisíveis e que não me largariam por mais força eu fizesse. – Você é fraco, sem forças, um mero mortal que não sabe o que te espera. Não sobreviverá aos meus desafios, você será um inútil, cuja função é ser peso de porta e adubo para o solo. – Com muita raiva, com a resplandecência sem noção que caía em cima de mim, eu o encarava com olhos de fúria, eu me via nele, com esse ar de manipulação. – Você sabe quem você é, sabe o que se tornou, você é uma miséria, você será como os meus irmãos, sem força e desesperados. Tentou me matar, mas não pode sucumbir o seu próprio futuro.

Uma intensa força começou a crescer dentro de mim. Eu me sentia mais vil, mais insolente, uma crueldade começou a florescer dentro de mim. Não queria que o inverno carregasse as ondas de infrutescência de uma vida desolada, queria que houvesse mais uma primavera em minha vida, queria... queria... queria...

Nada o que você quer é o que se pode ou se consegue, nada o que se deseja é uma verdade pela qual devemos lutar, mas pelo o que é certo e verdadeiro, honesto e sem abrasão. O poder que emana das pessoas não é bom, pois as manipuladoras ilusões as colocam como verdade única e inquestionável, matando com força aqueles que sabem ou não que a verdade absoluta é uma inquestionável inutilidade para aqueles que sabem quando nascem os diferentes. O exótico nada mais é do que uma integridade da unicidade falsa para desacreditarmos nesses desesperos sem virtudes.

Sem muitas forças, eu ainda servia de brinquedo para o Destino, me fazendo como um incrível boneco de ação, imóvel, sem vida e sem escolhas. Isso me fazia menos virtuoso, mais poderoso, mais malvado. Eu queria vingança, queria desavença, queria quebrar aqueles laços usados para me maltratar.

Uma pequena ilusão que não conheço e que explodiu em minha frente, me fazendo cair no chão. Eu sentia meu sangue ferver, ele borbulhava como lava que me combustia de forma ardente e calorosa, eu estava totalmente vivo, com a força do mundo em minhas mãos, eu não sabia o que era, porém, usaria nele. Eu brilhava, achava que era uma mera visão, contudo, eu estava resplandecente, estava à vontade e com muito poder em mãos.

Eu o encarei, não vi desespero, nem surpresa, nem medo, só um semblante inquieto e inalterado. Como ele, estiquei as mãos e pulei em sua direção, não se moveu, deixou que eu o tocasse. Igualmente antes, ganchos pregavam a minha pele, mas era a dele que eu comandava. Ao esticar as mãos, comecei a move-lo sem parar, eu o comandava, eu o mataria ali mesmo, como antes.

—Você não quer isso. Você me quer vivo! – Eu parei com os movimentos, estava estagnado, não sabia se era isso mesmo que eu queria, ele ainda me comandava, mas eu o comandava. – Você se mostrou mais promissor do que eu esperava. Você não é nada inútil, foi mais habilidoso do que os anteriores.

Anteriores? A história se repetia?

Claro que ela se repete.

—Não, eu o quero morto, quero vê-lo abaixo da terra, quero ver os vermes devorarem o seu corpo.

—Você não quer isso, você me quer vivo!

—Eu quero morto, mas há falha em sua fala, você esconde um segredo. – Deu um click em minha mente. – Se você morre, eu morro, sabe disso, sou seu filho. Não, sou a sua linha que o mantém intacto. – Isso ainda o manteve de forma quieta, sem expressões ou mudanças.

—Acredita mesmo nisso? – Ele sabia que eu duvidaria, sabia que haveria mudanças.

—Acredito, porque é verdade! Você sabe que é! – Meus gritos ecoaram pelo salão todo, ainda mais que restava apenas nós dois naquela enorme construção. O teto, todo de marfim, estava resplandecente, brilhante como a platina que usaram na fundição. Pude ouvir passos, pesados passos guerreiros, todos com armas em mãos, afiadas e perfeitas para meu plano. – Se eu morro, você morre, você perde. – A entrada já sabida dos homens apenas pegou de surpresa meu adversário. Com um pulo, acertei o primeiro guerreiro e tomei a adaga de suas mãos. – Sabe se ela me ferir, você se ferirá, você morrerá.

Ele assustou, reconheci pelos olhos esbugalhados. Sem força e com muito medo, posicionei a adaga em minhas mãos, em frente da minha barriga. Sem esperança, a levantei, todos gritaram, mas somente senti a minha vida escorrendo por todos os poros do meu corpo. Não vi mais nada, apenas um rio vermelho. Contudo, ele estava em pé, desesperado. Na verdade, eu errei, mas o que era?

 


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