Desafios do Destino III - Desastres e Desfechos escrita por Vale dos Contos Oficial


Capítulo 5
Desenhos no Futuro




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Por que não existem respostas? O que eu fiz para elas deixarem de existir? Assim que meus olhos se abriram, mais uma vez presenciei um circo de ruínas que rondavam a minha vida mais confusa que qualquer pessoa poderia suportar. Rosália, ainda mais velho do que eu me lembrara, estava parada ao meu lado, com um tecido em mãos. Não reconheci o lugar, aquele templo, aquele terreno muito bem destruído.

—Ainda não bem que não se foi.

—Foi por pouco. – Uma voz ecoava em minha cabeça. Por mais estranho que fosse aquilo, mais eu me acalmava. – Você sabe o que fazer, siga os seus instintos.

—Meu bem, o que essa estátua fazia naquele lugar?

—Eu não sei... Ela começou a falar comigo... Apenas segui o que ela disse... Siga os seus instintos... – Eu não sabia quais eu deveria seguir, viver de forma feliz, ficar perdido, sem pensar de forma correta. Minha voz não saía, minha voz estava acarretada em pequenas parcelas da vida que não tinham mais sentido para continuar ereto. – O que eu devo fazer? – Eu não via mais as ruínas do templo que caíram sobre mim, eu vi apenas o imenso pasto acinzentado.

—Você precisa se concentrar. Claro que você não viu a construção se desfazendo, se tornando pó, mas eu sei que você viu alguma coisa nas pinturas. O que você se lembra delas?

—Eu vi morte, sofrimento e dor. Vi as chamas queimando tudo, sem parar. Eu não vi vida, nem esperança.

—Mas você acredita que ainda há esperança?

Confirmei com a cabeça, mesmo não acreditando no que eu falava. Eu conversava comigo mesmo, dentro de mim, apenas para eu me escutar, mas era tão vazio, tão inexperiente, eu me via só, sem lugar para ir, eu me via não solitário, tão perdido.

—Você está bem? – Ela me encarava, e eu tinha os olhos mareados, como se fosse chorar sem parar. O aperto em meu coração não desviava de mais nada, eu tinha a respiração pesada, mesmo com as vozes musicais em minha mente. – Bom, eu acho que não.

Ainda deitado, um leve tremor nos pegou de surpresa e uma enorme caverna começou a aparecer perto de onde estávamos. As aves se assustaram e correram para atrás da gente. Marfim se aproximou para averiguar o lugar, nos deixando para traz. Rosália, com suas mãos ásperas e enrugadas em mim, começou a cantigar um coro antigo e sem muito nexo em minha mente. Uma forte aura começou a circundar meu corpo e me fez ficar relaxado, eu sentia tudo mais calmo, sem a tempestade que me forçava a cair no esquecimento.

—Rosália, acho que nós a achamos. – Ela, levemente alegre, começou a descer as escadas que davam para a caverna subterrânea. Segundos depois, ela retornou.

—Você precisa descer. Aqui está a sua resposta.

Eu, totalmente despreparado, ainda com o corpo dolorido e as pernas bambas, fui descendo calmamente pelos degraus de terra batida, mas que jogavam poeira para cima de nosso corpo e de quem vinha atrás da gente. Mesmo com a escuridão, eu podia sentir uma vibração diferente naquele lugar, onde nada de ruim ainda não tinha atingido aquela solenidade em forma de estrutura.

—Rosália, onde estamos? – Eu estava mais calmo, sem nada me prendendo na solidão que eu acreditava que tinha em meu interior.

—Aqui é a Caverna da História. – Ao dizer seu nome, tochas começaram a se acender nas paredes rochosas pálidas e a iluminar tudo. Minha visão se assustou um pouco e ficou totalmente clara por algum tempo. Depois, conseguia ver tudo com nitidez e sensatez. As paredes eram totalmente pintadas, com desenhos claros e sem nenhuma abstração.

—E por que aqui estão as respostas de que preciso?

—Não posso dizer, você que precisa desvendar. – E seus dedos longos e magros apontaram para o final do corredor. – Siga tudo, veja e interprete os desenhos. Com calma, a clareza será restaurada a sua mente perturbada.

Meus passos eram leves, nem poeira subiam por onde eu passava. As minhas mãos passavam por tudo o que era desenhado naquele lugar. Os desenhos não mudavam, eram intactos, diferentes do tempo anterior, em que eu via tudo se movendo, queimando e sentindo o que eles sentiam. Eu me guiava pelo único e estreito caminho. O enorme corredor tinha cheiro de mofo e coisa antiga, apenas musgos não tinham subindo pelas paredes.

Quase terminando o lugar, exatamente onde uma parede de erguia e impedia minha continuação, eu vi que nada estava desenhado e tudo se movia como pedaços de quebra-cabeça até o instante de se encaixarem e não moverem mais de onde estavam. Eu encarava tudo com tanto afinco, com tanta emoção. O aperto em meu coração estava bem mais forte do que antes, mas não pelo desespero e, sim, pelo amor que eu sentia fluindo dentro de mim.

Era animação o que eu sentia? O que seria isso tudo? Tudo tem um fim, e eu não sabia como agir, ninguém sabe.

Novamente, um tremor veio no início do lugar. Com muito receio, eu corri para a escada, todos gritavam para mim e eu me esforçava, morrendo de cansaço e de dores pelo corpo todo. Não é todo o dia que temos um prédio inteiro caindo em cima do nosso corpo. A gritaria me dava combustível para me ver livre, não estava pronto para ser preso, não estava pronto para ficar preso nas linhas da história.

Assim que me prostrei em cima do último degrau, a caverna se fechou, para a nossa satisfação. Contudo, para o infortúnio nosso. Destino estava em nossa frente, nervoso, revoltado, com a ira pura navegando em seu sangue, ebulindo cada vida que pudesse haver naquele corpo lotado de fel e trevas.

—Acho que alguém está interferindo demais nos assuntos, os quais não teve a sua convocação. – Eu me vi sozinho nesse momento, Rosália desaparecera, junto das aves. De quem eram as vozes que eu ouvia? Eu estava solitário mais uma vez nesse mundo?

Como uma ilusão, uma lança se enfincou dentro do meu coração, mas eu não a via, sentia a dor e o sangue saindo. Olhei para Destino que, com um sorriso no rosto, me ergueu sem pousar as mãos em meu pescoço.


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