Alice & Jasper encontro de almas escrita por Janieyre


Capítulo 2
Capitulo 2 ---fugir da visa




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Capitulo -2 fugir da vida

—_. Já tentou fugir do presente?

—_. Já tentou fugir da vida? É isso que eu faço agora. Fugir é a melhor solução para o que sinto dentro de mim.
Eu sou solitário. Sou aquele que vaga pelo mundo, sem rumo e sem razão, vivendo apenas por viver. Não há um motivo sólido para que eu exista e isso me faz ser apenas mera cobaia dos planos de outros além de mim. Se há uma escolha, a mim não foi dada.
Nada é certo numa vida sozinha. Nada é certo num mundo solitário. Nada tem razão, nada tem vida. É tudo tão... vazio. Eu estava acostumado a sentir sentimentos alheios, mas agora que não mais sinto, será que ficarei, por assim dizer, melhor?
A resposta é não. Apesar de não enxergar, os sentimentos que me rodeavam era uma bênção para mim. Os sentimentos de Peter eram os de que gostava mais. Eram apenas os sentimentos normais, mas de um jeito diferente. Peter É diferente...
Se há sempre uma razão para a vida, por que existo? Por que piso a terra molhada sabendo que nada demais sou além de mais um monstro no mundo? Por que insisto em viver se não há uma razão? Por que eu PRECISO viver se não há uma razão? Nada é certo na selva que é a minha vida.
Mas como contornar os erros? Como contornar o que já foi feito? Poderia eu voltar? Poderia concertar o meu pecado? Um pecado pelo qual nem fui consultado, um do qual não posso me desfazer apenas me confessando na Igreja.
O meu pecado é diferente do pecado pelo qual os humanos vis pagam para se libertar. O meu pecado é muito pior e muito atordoante para quem não sabe como é ser eu.
Ser uma... Aberração. Não somente entre os humanos. Entre a minha raça, sou diferente também. Sou aquele que tornam os outros... normais entre os anormais. Eu sou um vampiro, sim. Mas eu sou um vampiro diferente.
Se vivesses o que vivi, saberias o que ei de sentir dentro de meu coração morto. Nada. Somente o vazio. E é isso que predomina. Eu não teria ninguém destinado a mim? A resposta era a mesma que tamborilava em minha mente a cada instante, como uma torneira pingando a qual você não pode fechar, de modo algum.
Isso se chama aberração. EU sou uma aberração. Nada poderia iluminar meu caminho.
Eu estive perto de Peter e Charlotte, eu os achei, depois de fugir de Maria. Nenhum dos dois soube dar a resposta à minha dúvida.
Será que para mim há vida?
Ainda era clara a lembrança da minha fuga de Maria. O modo enfurecido com o qual ela gritou meu nome no momento em que deixei para trás meu passado sombrio, acreditando tolamente que encontraria a paz eterna algum dia.


A poça na qual pisou o viajante espirrou água para os lados, enquanto a chuva demoníaca da tempestade entornava sobre sua cabeça e os urros incessantes do vento que açoitavam-lhe a estrutura ecoavam ao horizonte.


Sim, Maria não havia nem por um momento me considerado como algum tipo de amigo... Era apenas um peão em seu tabuleiro. Um peão muito útil, por sinal.
Se houvesse escolha, eu teria escolhido morrer durante aquela transformação. Morrer ao invés de matar. Era uma escolha muito sensata. A pena era que eu não fui capaz de seguir tal caminho. Eu TIVE que sobreviver à dor.
No começo, acreditava cegamente que teria um motivo para viver. Acreditava que teria um momento na minha vida no qual eu provaria a mim mesmo que eu realmente DEVERIA viver eternamente. Esse momento nunca chegou.


As trovoadas mais fortes a cada passo do estranho de casaco entre os ramos dos pinheiros altos de um bosque ficavam. As poças levantavam mais água do que já caia do céu a cada passada lenta que ele dava. O vento insistia em atingir sua imponente figura na sombra. A chuva aumentava mais a cada instante, molhando mais e mais seu casaco puído e bege, comprido.

Cada vida tirada parecia querer a minha mente conforme eu atravessava o enlameado emaranhado que as plantas formavam em meu caminho. Cada segundo, uma eternidade para a alma gasta e velha que ocupava meu corpo jovem.
Lembrava bem cada momento que passara com Charlotte e Peter. Ambos apaixonados e felizes, com sua vida inteira pela frente. Era eu exatamente o que eles não desejariam em seu caminho. Um angustiado velho, sozinho e ranzinza.
A iniciativa para partir veio inteiramente de minha parte, porém. Eles não queriam que eu me fosse para longe, apesar do óbvio incômodo que eu era para sua relação. Não gosto de ser estorvo para ninguém. Por isso, parti.
Cada detalhe da partida incrustado em minha mente. Cada sorriso triste que deram e o último aceno trocado entre nós. Eu os deixei para trás, assim como a meu passado. Mas, assim como este, eles nunca me abandonariam. Faziam parte de minha história.


Levantando o olhar, rosto coberto pelo capuz largo do casaco cor de sujeira, o viajante solitário castigado pelas gotas e pelo vento avistou um pequeno povoado ao fim do bosque.
Abaixando seu capuz e deixando à mostra os olhos vermelhos sangue, deu uma leve corrida humana em direção à civilização, mesmo que não a sua.


Entrei embaixo da cobertura de um pequenino mercado de especiarias, enquanto o odor que provavelmente era normal aos humanos dessa região era por mim absorvido. Cheiros que antes talvez fossem até agradáveis, como o de um bife bem temperado ou mesmo um frango assado, que saíam do açougue ao lado, agora eram cheiros desagradáveis de gororobas nojentas que os seres humanos tinham coragem suficiente para engolir.



As pessoas andavam entre o comércio da cidade, aparentando calma quanto ao clima chuvoso que fazia. Ninguém tinha idéia de que um assassino parecendo com viajante espreitava nos cantos de um simples mercado, tão capaz de matar quanto de se torturar.


Minhas mãos estão manchadas das mortes de que sou causador durante anos seguidos. Minha alma está impregnada com o sangue que derramei. Meu ser está ocultado pela máscara agradável de humano pacato da pequena cidadela cujo clima sempre frio era provado não somente naquele instante, mas em muitos outros no passado.
Respirei fundo, sentindo a constante queimação descendo garganta abaixo enquanto o cheiro humano era registrado por todo o meu organismo. Veneno na boca e vontade, pronto para ser o causador de mais uma morte.
Um homem passando perante mim, saindo do mercado, foi o bastante para atiçar o desejo de sangue. Meus olhos, já rubi brilhante, ansiavam por estar o mais próximo possível do pescoço, de onde vinha a maior fonte do molhado e pulsante objeto de meu desejo.
Observei o movimento das árvores sob o efeito do forte vento. A chuva estava tão grossa que provavelmente nenhum cidadão da viela perceberia meu ataque a um simples homem que saia do mercado. Ele seria somente um azarado atacado por algum animal da floresta.
Animal? Essa palavra ficou ecoando na minha cabeça pior que o barulho da chuva que quebrava vasos e outras coisas de barro do lado de fora da pequena construção ao lado da qual me encontrava. Eu era realmente um animal? Eu me rebaixaria a tal nível?
Por um lado, a sede. Eterna e queimante tornava o sangue uma necessidade vital. Por outro, a honra. Interior e dada somente aos seres mais importantes da natureza, os humanos e a nós, vampiros. Tanto uma quanto a outra travavam uma batalha interior incapaz de ser acabada. Os dois lados da moeda, cujo somente um pode ser escolhido. A moeda pode cair, talvez, entre ambos?

 

Decisão difícil, mas qual lado a moeda cairá? O lado que definirá o caráter do pobre e solitário viajante...


Respirei fundo e coloquei-me em posição ereta. Eu não ia atacar aquele homem, não importa quanta sede eu sentisse. Talvez eu agüente mais um pouco...
Ajeitei o casaco em meus ombros, pus o capuz e saí para a tempestade novamente. Para mim, não passava de apenas a proveniência de um barulho infernal à minha sensível audição, mas para os humanos devia ser algo bem mais parecido com algum desastre natural.
Porém, as pessoas agiam com normalidade em meio ao tal “desastre”.
Passei por entre o aguaceiro, em direção a um bar do outro lado da rua. Parecia estar levemente lotado, a julgar pelo embaçado da vidraça que lhe servia de parede. Vozes masculinas eram perceptíveis do lado de dentro do aposento, todas falando a alto e bom som.


Entrando, pôde perceber o aspecto rústico do local. As paredes de blocos de pedra maciços pareciam impenetráveis, até mesmo para ele, vampiro sendo. As lamparinas fracas no teto iluminavam pouco o ambiente cálido no qual os homens se embebedavam e conversavam, pondo o papo em dia.
O chão de ébano rangia aos pés dos muitos trabalhadores que dele abusavam com seus corpanzis, envoltos na alegria da bebedeira, por assim dizer. Todos contentes em poder aproveitar o lugar quente com lareira ao invés de ficar na chuva fria.
O eco nesse aposento era menor que no mercado de especiarias, pois havia barulho constante e alto para abafar o som forte dos pingos batendo no telhado como lanças arremessadas do céu escurecido de nuvens.
O bar, mais à direita, era de madeira leve e clara, com poucos detalhes no ornamento, simples como algo que não seria realmente apreciado por qualquer dos bêbados que freqüentavam o local.


Foi naquele momento, entre muitos homens corados e consumidos pela loucura, sentada num pequeno banco, que eu vi uma jovem garota.
Seus cabelos, negros como petróleo, eram curtos e espetados de


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Notas finais do capítulo

Sabado tem mais, boa leitura....



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