My Sugar Daddy escrita por Regina Ciccone


Capítulo 2
Minha Casa Aos Avessos




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Perdi as contas de quantas vezes na minha infância eu suplicava para Deus para que Ele salvasse o casamento dos meus pais.
Passava o dia inteiro mentalizando "Quando o pai chegar do trabalho, ele e minha mãe serão o casal mais apaixonado do mundo", mas foram poucas as vezes que isso aconteceu.
Gostaria muito de negar que o casamento dos meus pais estava acabando aos pouquinhos.
Durante a minha infância mamãe descobriu uma traição do meu pai, e como a maioria dos casais os dois acabaram tendo uma gigantesca briga. A discussão tomou uma proporção tão grande que eles só pararam de berrar e de se agredirem quando eu corri para o banheiro para vomitar, tamanho era o medo e o nervoso que circulava solto dentro de mim.
Mamãe perdoou meu pai -pelo menos era isso que eu achava- depois de uma semana de silêncio por parte dele e choros escondidos no banheiro por parte dela, mas só agora que sou grande entendo que a poeira que minha mãe deixou assentar dessa traição tinha um significado: que nada mais era que "um dia te darei o troco" Esse dia demorou, mas chegou.
E então você me pergunta "Anna Letícia, depois da traição do seu pai tudo ficou bem?", e eu te respondo: "Para quem passava na rua e olhava minha casa estava tudo bem, para mim que vivia lá dentro e para os insetos que passavam só para me lembrar que moravamos numa cidade grande, não. Nada estava bem. Com quinze anos reconheci -contra a minha vontade- que minha casa estava às avessas.
Enquanto papai traia minha mãe no trabalho com uma funcionária do setor de recursos humanos, mamãe se aliava com a tecnologia para marcar encontros com vários caras por bate-papo. Quando papai se deu conta de que o "troco" que mamãe estava lhe dando custava caro demais, ele se desesperou. Realmente não sei o que me revoltava mais: se era o fato de os dois terem um adultério explícito, ou o egoísmo -digamos assim- que o "macho alfa" do meu pai sentia em relação a minha mãe. Então quer dizer que na cabeça dele mamãe tinha que aguentar uma traição dolorosa porque ele achava que somente ele tinha o direito de fazer tal ato? Porque minha mãe não poderia se vingar? Porque ela tinha que ser submissa? De qualquer jeito aquela situação toda era dolorosa demais para a minha pessoa ter que suportar.
Pouco antes que eu fizesse dezoito anos, meu pai descobriu um câncer, e em questão de meses -não sei se foi pela infelicidade matrimonial ou pela genética- pela primeira vez eu perdi alguém na minha vida.
Obviamente que mamãe não desejava a morte do marido, porém, rapidamente ela saiu de seu luto se juntando com outra pessoa. Eu por outro lado só piorava. Não comia. Não dormia. Não vivia. Eu só existia no mundo.


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