Yo Quisiera escrita por wldorfgilmore


Capítulo 4
Capítulo 4




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— Eu ainda não consigo assimilar isso, Ema. Eu estava voltando para buscar minha bolsa - gesticulava Elisabeta -, só buscar minha bolsa e ele estava lá parado, no mesmo lugar que o vi pela última vez. Isso é muito doido.

Elisabeta sentou-se na cama de Ema, depois de andar por todo o quarto da moça enquanto contava do seu encontro com Darcy.

— Não entendo toda essa euforia, Elisabeta. – alfinetou a amiga. - Não era você que dizia o tempo inteiro que não lembrava-se mais de Darcy e que não tínhamos porque falar sobre ele? – Ema mordeu os lábios para esconder um sorriso.

— Eu não estou eufórica, Ema. - franziu a testa, em uma expressão que tentava inutilmente não demonstrar interesse. - Mas se vai ficar me julgando a respeito disso eu...

— Não - Ema a interrompeu -, pode falar, amiga. Ouço tudinho sem mais nenhum comentário. Eu juro! - fingiu uma cara inocente, fazendo Elisabeta rir e revirar os olhos.

Ema continuou:

— Mas me conte logo, Elisabeta. O que vocês conversaram?

— Nada.

— Como assim nada? Você o vê anos depois e não fala absolutamente nada? – indignou-se.

— Ema, não havia o que falar. Quer dizer... Ele... – Elisabeta encarou as mãos.

— Ele? – incentivou Ema. – Pare de mistério, Elisa. Estou ficando impaciente!

— Ele chegou e comentou sobre o local. Aquele que nós íamos, lembra? – Ema concordou. – Bom, e ele queria conversar. Mas – pausou -, eu sai.

— Como você saiu?

— Sai, Ema – respondeu Elisabeta, sem paciência -, eu não quero conversar com ele. Ele simplesmente parou de falar comigo. Esqueceu. Nunca mais respondeu e... – respondeu.

— Bingo! – Ema levantou-se da cama, pulando em cima de Elisabeta. - Eu sempre soube que você sentia.

— O que? Ema! – reclamou da amiga e a jogou pro lado.

— Você está admitindo que sentira falta de Darcy. – bateu palmas como uma criança. - Elisabeta, você sempre desconversou.

Elisabeta respirou fundo e encarou a moça.

— Eu nunca gostei de falar sobre isso.

— Elisa – Ema segurou as mãos de Elisabeta -, eu sei que sou meio avoada e tudo mais, mas eu sempre entendi você. Está bem, muitas vezes eu forçava e queria arrancar a qualquer custo mas, eu sempre quis te ajudar. Sei bem que você nunca superou o Darcy.

— Que horror! – começou Elisabeta. - Você falando assim parece que tínhamos um relacionamento amoroso ou algo do tipo.

— Bom, quase.

Elisa abriu a boca em indignação, conseguindo gargalhadas da amiga.

— Ah, Elisabeta! Não seja sonsa! Você nunca sentiu nadinha? Você e Darcy ficavam 24 horas por dia juntos e já eram adolescentes quando ele saiu daqui.

— Ema! – repreendeu. – Mas é claro que não! Eu e Darcy éramos só amigos! Que ideia! Nunca. – balançava a cabeça em forma negativa sem parar.

— Nunca? Nem agora?

— Muito menos agora. Nunca falarei com ele.

— O que? Você não pensa em conversar?

— Não.

— Elisabeta, não seja infantil. Sempre foi a mais sensata de todas nós. O mínimo que vocês precisam ter é uma conversa como adultos.

— Mas ele...

Ema prontamente a interrompeu.

— Vocês eram meninos, Elisabeta. Tinham pouca idade e sempre foram bem próximos. Eu te aconselharia a conversar com ele, mas sem essas palavras que solta feito ferro quando está brava.

Elisabeta calou-se e ema continuou:

— Pense, amiga. E, antes que eu me esqueça, eu queria te fazer uma pergunta.

— Qual?

— Ele continua... – pausou, sorrindo travessa pra amiga. – Bonito?

— Ema! – Elisabeta revirou os olhos.

— Ora, não me diga que não reparou!

Elisabeta olhou cúmplice pra ela.

— Bom, Darcy está mais forte.

— Mais forte... – incentivou.

— Grande.

— Grande...

— E... – Elisabeta balançou a cabeça. – Ai, Ema Cavalcante. – bateu no braço da amiga.

— Gostou, né? – jogou uma almofada no rosto da amiga.

#

Já passavam das 11 da manhã quando Darcy despertou. Assustou-se ao olhar no relógio, há muitos meses não acordava tão tarde quanto aquele dia. Imaginara que sua primeira noite no Vale do Café seria reconfortante e agradável, afinal de contas, suas primeiras horas no local haviam sido dessa forma. Mas o episódio do final da tarde o havia tirado de órbita. Fora dormir depois das 4 horas da manhã pensando no seu encontro com Elisabeta. A menina que deixara no Vale do Café transformara-se em uma mulher. Quando Darcy viu Elisabeta pela última vez, a menina ainda apresentava um olhar infantil, os cabelos eram levemente mais claros, sua estatura mais baixa, assim como modos de adolescente. Contudo, pelo pouco que pode observar, crescera em todos os aspectos, mostrava-se madura e em seu olhar, brilhava certa imponência. Sorrira, sua amiga já era bonita há sete anos, mas transformara-se em uma mulher extremamente atraente.

Afastou os pensamentos quando ouviu uma batida na porta. Charlotte adentrou o quarto quando Darcy respondeu em permissão.

— Bom dia, meu irmão. Vim lhe trazer seu café. – a moça vinha com uma bandeja na mão.

— Olha só! Aqui temos até café na cama da minha irmã favorita.

— Não levarei em consideração que você só tem a mim. – comentou, torcendo o nariz para Darcy. – O que são essas olheiras? – observou.

— Não dormi tão bem.

— Como não, meu irmão? Há algo te incomodando?

— Encontrei Elisabeta ontem.

— Como? Onde? – franziu a testa em interrogação.

— Fui ao monte que íamos.

— Aquele que vocês nunca me deixavam ir porque diziam que era só de vocês? – lembrou, apertando os olhos, mas logo esboçando um sorriso, fazendo Darcy sorrir também.

— Este mesmo! – olhou pra baixo. – E não foi muito agradável.

— Imagino que não tenha sido.

— Como?

— Elisabeta me contou sobre as cartas. – começou. – Bom, não exatamente. Mas nós, eu e Ema, no caso, percebíamos que ela ficava chateada quando você não respondia ou demorava certo tempo. Uma vez ela comentou, há muito tempo, que você nunca mais respondera e, bom, na época ela parecia chateada.

Darcy olhou pra baixo em concordância e estreitou os olhos. Ele não sabia o que falar para irmã, tampouco havia uma justificativa para isso. Sabia que havia seguido a sua vida e que houvera consequências, também tinha ciência do principal motivo para que tenha se esforçado a esquecê-la, mas também sabia que fora egoísta de sua parte. Não queria justificar com a pouca idade que tinha, com o deslumbre da nova cidade ou com o sentimento que nutria. Seus motivos eram seus e pertencia ao momento em que vivia na época, assim como Elisabeta tinha todos os motivos do mundo para vê-lo e tratá-lo como um estranho agora. O tratamento que ele recebera era fruto de suas próprias decisões.

Charlotte percebera o olhar distante do irmão.

— E como foi revê-la?

— Estava com saudade. Apesar de tudo, foi...

— Foi?

— Diferente. Mas um diferente bom.

— E o que seria um diferente bom?

— Quando vi Elisabeta foi como... – Darcy olhou para o vazio, procurando palavras para expressar o que seu interior lhe dizia – como se o tempo nunca tivesse passado. Eu senti tudo que eu sentia com a sua presença, pareceu o mesmo laço. Não consigo explicar, Charlotte. Eu tive vontade de convidá-la para a cabana que fizemos aqui nos fundos de casa para jogarmos a noite inteira de novo, mesmo que ela ganhasse em tudo, como sempre. Quando a olhei, parecíamos os mesmos. Apesar de... – abriu um sorriso desconcertado. – Ela ter ficado absolutamente linda.

Gargalhou da cara de pamonha do irmão.

— Elisabeta é maravilhosa mesmo. 

Sorriu. E Darcy continuou:

— Ainda estou surpreso, Elisa se tornou uma mulher bastante atraente.

— Quem é Elisabeta, Darcy?

Susana adentrou a sala, havia ouvido parte do relato sobre de Darcy sobre a mulher.

— Como? – perguntou aa Darcy.

— Você estava falando de uma Elisabeta, a extremamente atraente Elisabeta. Quem é?

— Uma amiga.

— Uma amiga que é extremamente atraente?

— Susana, não seja ridícula, nunca foi dada a ciúmes.

— Claro, eu não tinha conhecimento sobre você considerar suas amigas extremamente atraentes. – ironizou.

Charlotte, percebendo o clima tenso que se estabeleceu no quarto de Darcy, intrometeu-se:

— Elisabeta é apenas uma amiga de infância minha e de Darcy, Susana. Crescemos juntos, fomos sempre como irmãos. Vai adorar conhecê-la!

Darcy franziu o cenho para Charlotte.

— Inclusive, hoje teremos uma festa na cidade. Será uma grande quermesse. Vamos? Darcy adorava esse tipo de festa quando morava conosco.

— Quermesse? Como pessoas comuns, ficar em pé e comidas típicas? – exclamou Susana, torcendo o nariz.

— Sim.

— Não sei se soa muito deselegante, mas irei recusar. Não é de meu gosto.

— Não há problemas, Susana. E você, meu irmão?

— Mas é claro que irei, Charlotte. Uma das coisas que mais sinto falta no Vale do Café é das festas típicas da cidade. – sorriu.

— E você poderá rever todos os nossos amigos.

— Elisabeta estará lá? – Susana questionou.

— Suponho que sim.

— Bom – sentou-se na cama de Darcy e sorriu de maneira forçada para Charlotte -, pensando melhor, acho que vai ser bom conhecer os gostos de meu namorado.


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