Sorry escrita por hokuto ritsuka


Capítulo 5
Por trás do seu sorriso


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas lindas!

Obrigada a todos que estão lendo, acompanhando e favoritando! ♥

Até que este capítulo ficou grande se comparado aos outros (mas pequeno ainda se comparar com as minhas outras fics ^^")

Espero que gostem!
Boa leitura!



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Estava tão frio quanto o dia anterior, então ainda era possível que o ar que deixava sua boca formasse uma frágil nuvem branca que logo era desfeita pelo vento.

Makoto olhou para o ar que ele expirava, se concentrando no ritmo constante. Então olhou para Haru ao seu lado, sua respiração estava mais rápida, ele parecia ofegante apesar de estarem apenas caminhando.

Queria perguntar se ele estava bem, mas seria a quarta, quinta vez no dia? Haru já estava ficando irritadiço, pois por mais que continuasse negando que estivesse se sentindo mal, Makoto continuava pressionando-o com sua expressão preocupada, cercando-o como se ele fosse algo muito frágil. Makoto tinha certeza de que Haru estava com febre, suas maçãs estavam rosadas sob o cachecol que ele havia checado duas vezes se estava protegendo direito o pescoço de Haru. Provavelmente não conseguiria aferir se a pele dele estava quente demais se o tocasse com sua mão gelada do vento, queria encostar seu rosto no dele, para assim saber, mas não se atreveria a tanto.

Caminhavam em um ritmo lento que Haru não percebia, concentrado demais em apenas continuar nadando, mas ainda precisavam subir a longa escadaria de pedra para que chegassem às suas casas. Makoto permanecia alerta o tempo todo, para o mais leve oscilar da postura de Haru, se ele se desiquilibrasse e caísse, Makoto o seguraria.

Se eles tivessem ido para a escola juntos, Makoto nunca teria permitido que Haru fosse estando doente, mesmo que fosse apenas um resfriado, ele tinha febre e estavam no meio do inverno. De manhã, Haru apenas parecia um pouco sonolento e seu rosto estava levemente ruborizado, poderia ser por causa do vento gelado, Makoto pensou. Mas enquanto o dia passava, Haru parecia fazer mais esforço para se manter concentrado, forçando seus olhos a se manterem focados no quadro e seu rosto ficando mais rosado. Ele não queria que as pessoas percebessem que não estava se sentindo bem, não queria chamar atenção, não queria que ficassem preocupadas.

Haru era sempre assim, autossuficiente a todo custo, alguém que não pedia ajuda e odiava depender dos outros ou demonstrar fraqueza. Mas mesmo que Haru não pedisse, Makoto estaria lá por ele. Afinal, isso era tudo o que ele poderia fazer.

Quando viu Haru entrando em casa, Makoto suspirou aliviado. Ficou parado perto do torii, vendo a porta se fechar atrás de Haru. Agora Haru poderia descansar e ficar bom.

Makoto voltou pelo seu caminho, descendo alguns degraus até chegar à entrada da sua casa. A primeira coisa que fez ao entrar foi ir até seu aquário. Havia dois kingyos de aparência desanimada ali dentro, as caldas baixas, pareciam não ter forças nem para nadar. Makoto abaixou o rosto até a altura do aquário para olhá-los atentamente.

— Olá! Como vocês estão? — disse Makoto, tentando parecer animado. — Será que vocês estão com frio? — Ele pegou o termômetro que boiava no canto do aquário e olhou a marca de mercúrio, a temperatura estava adequada. — Parece que está bom. Eu já vou dar o remédio de vocês. Logo vocês vão ficar bons e cheios de energia para nadar como tanto gostam!

Makoto levou algum tempo para cuidar dos peixes, atento a cada pequeno detalhe. O veterinário havia dito que aquele tratamento era a última alternativa, e que mesmo assim as chances dos dois kingyos não eram muito boas. Makoto tentava não pensar nisso, se concentrando em fazer tudo direito, dar o seu melhor por eles.

Depois, Makoto subiu para o seu quarto e se trocou para ir à escola de natação. Antes de sair, deu uma última olhada no aquário, tentando se convencer de que os peixes pareciam um pouquinho mais animados.

Quando Makoto saiu para as escadas de pedra, não pôde evitar em olhar em direção à casa de Haru. Será que ele já estava se sentindo melhor? Queria passar na casa dele para vê-lo, mas não fazia nem uma hora que haviam se separado, talvez ele estivesse dormindo, então deixaria para passar depois do treino. O que Makoto realmente queria era ir à casa de Haru e ficar com ele, mas sabia que o outro acabaria lhe dando uma bronca, e o melhor que poderia fazer por ele agora era deixá-lo descansar e ir ao SC e avisar que Haru estava doente.

Quando chegou ao pé da escada ficou aliviado de ver a bicicleta de Haru encostada no lugar de sempre, pois um mau pressentimento estava afundando sobre ele a cada degrau que ele descia, mas agora achava que era só paranoia da sua cabeça.

O vento continuava frio e cortante como estava de manhã e Makoto não via a hora da primavera chegar, não que ele estivesse se queixando, mas a primavera certamente era uma estação mais alegre do que o inverno. E hoje, especialmente, parecia que aquele clima lúgubre oprimia o coração de Makoto.

O vento ia ficando mais forte enquanto se aproximava da ponte, como se aquele fosse seu lugar preferido, onde poderia rodopiar e brincar com aqueles que passavam amuados, soprar seus cabelos e levar seus pensamentos pelo ar. E em meio ao vento brincalhão, Makoto avistou a figura de Rin, que como era seu costume, fazia sua corrida da sua casa até o SC.

— Oi, Matsuoka! — Makoto o chamou, diminuindo a velocidade da bicicleta para acompanhá-lo.

— Ah, oi, Tachibana! Ufa, achei que o Nanase ia vir com você para o SC de qualquer jeito! Minha nossa, como ele é teimoso!

Makoto apenas sorriu sem graça para as palavras de Rin. Ele também havia ficado preocupado com Haru, havia tentado, sem sucesso, convencê-lo a ir descansar na enfermaria e parecia que já estava se habituado ao jeito dele.

— Por um momento eu também pensei que ele viria, mas a bicicleta dele estava no lugar de sempre. Então... — Makoto não conseguiu terminar o que estava prestes a dizer.

Quando estavam entrando na ponte, ouviram um grito terrível, assustando os dois. Eles se entreolharam, antes de ver uma bicicleta caída do outro lado da ponte. Os dois dispararam ao mesmo tempo, mas Makoto chegou primeiro. Ele pulou da bicicleta, deixando-a cair de qualquer jeito no chão, e começou a descer o barranco quando viu Aki tentando descer o terreno íngreme no meio da grama e das ervas daninhas.

— Nanase-kun! — ela chamou.

Foi só então que Makoto viu que havia um corpo caído à beira do rio, metade dele dentro da água. E aquela pessoa caída naquele lugar era Haru.

Makoto desceu rapidamente, deslizando pela grama. Uma forte onde de adrenalina varrendo seu corpo. Ele não hesitou nem por um átimo.

— Zaki-chan, volte e chame uma ambulância! Eu vou tirar o Haru do rio!

Quando Aki olhou para ele, seu rosto assustado parecia uma máscara de medo. Seus lábios entreabertos não emitiram som algum, como se toda a sua voz tivesse sido gasta naquele grito horrível. Mas ela assentiu com um movimento firme de cabeça e deu uma última olhada em Haru antes de começar a subir o barranco.

— Haru, Haru! — Makoto chamou enquanto descia na esperança de que Haru olhasse para ele, que desse algum sinal de que estava bem.

Makoto ouviu vagamente que Rin também estava se aproximando quando enfim chegou perto de Haru. Suas pernas estavam dentro da água, mas ele segurava firmemente a erva daninha na beira do rio com uma das mãos e a outra agarrava um pedaço de pano sujo de lama, embora seus olhos estivessem quase fechados.

O que havia acontecido com ele?

Makoto não conseguia pensar em nada além da necessidade urgente de tirar Haru de dentro da água. Tinha que ser rápido. Parecia que o rio queria levar Haru, que a água estava tomando Haru para si.

Makoto agarrou o braço de Haru que segurava o mato e o puxou para si sem muito esforço, mas a terra do barranco sedia sob o peso dos dois. O rio não queria deixá-los escapar, e eles afundavam em direção a água.

— Tachibana, eu te ajudo! — Rin chamou atrás dele. De pé onde a terra não estava encharcada, ele estava em um lugar seguro. Makoto levantou Haru o suficiente para que Rin conseguisse segurá-lo e puxá-lo para cima, caindo com ele sobre a grama.

— Obrigado, Matsuoka! — Makoto disse enquanto lutava para escapar da terra molhada na qual seus pés afundavam, até conseguir ir para longe da água, indo para junto dos dois. — Nós temos que sair daqui!

— Sim!

Makoto puxou o braço de Haru sobre seu ombro e segurou firme sua cintura para colocá-lo de pé, e Rin fez a mesma coisa do outro lado de Haru, embora Makoto pudesse carregar Haru sozinho, o terreno inclinado e a grama escorregadia poderiam ser traiçoeiros. Juntos, os dois conseguiram subir o barranco, tirando Haru de lá.

Quando chegaram à beira da estrada, deitaram Haru cuidadosamente no chão e Makoto começou a procurar por ferimentos na cabeça dele, nos braços e nas pernas, sem encontrar nada. A respiração de Haru estava fraca e áspera, mas nem seu rosto ou seu tronco estavam molhados, então ele não havia se afogado. O que havia acontecido com ele? Por que havia caído no rio? Por que não acordava?

— Haru! — Makoto continuava chamando-o.

Haru entreabriu os olhos por um instante e olhou para o rosto preocupado de Makoto.

— Ma... koto... — ele sussurrou com a voz rouca pouco antes de ficar inconsciente de novo.

— Haru...

Makoto tirou a blusa que usava e cobriu Haru com ela, ele precisava ficar aquecido. Depois, enquanto esperavam socorro, segurou o canto da roupa de Haru como sempre fazia quando tinha medo, mas dessa vez não era o medo que fazia com que ele se agarrasse as roupas de Haru, ele queria segurá-lo como se isso fosse capaz de impedir que ele fosse para qualquer lugar, que ele o deixasse.

Ajoelhado ao lado do corpo inconsciente de Haru, Makoto engolia suas lágrimas enquanto Rin permanecia de pé ao lado deles, sem saber o que fazer. Rin imaginava o que havia acontecido com Haru, o que ele não entendia era a reação de Makoto, de onde vinha tamanho medo?

Parecia que havia passado horas desde que os dois ouviram o grito desesperado de Aki, mas não foram mais do que alguns minutos e Aki estava de volta em sua bicicleta.

— A ambulância está vindo! — gritou ela de longe.

— Obrigado, — respondeu Makoto quando ela se aproximou, virando o rosto corajosamente para ela.

— Foi culpa minha, — ela disse com os olhos cheios de lágrimas. — Eu vi o Nanase-kun correndo de longe, eu o alcancei quando ele estava saindo da ponte, começando a descer o barranco, então ele me disse que tinha visto meu cachecol na beira do rio e que ia buscá-lo. — Aki olhou para o pano na mão de Haru. — É tudo minha culpa!

— Não, Zaki-chan. Foi o jeito do Haru de te pedir desculpas pelo o que ele disse ontem. Ele não quis ser grosso com você, — Makoto respondeu sem tirar seus olhos de Haru.

— Eu sei... — ela disse antes de começar a chorar. — Eu sei...

— Está tudo bem, Yazaki-san, — disse Rin. — Não fica assim, o Nanase vai ficar bem. Deve ser a febre, por isso ele não acorda.

Embora Rin estivesse se dirigindo a Aki, era Makoto quem ele estava tentando tranquilizar.

A ambulância não demorou a chegar para levar Haru.

— Matsuoka, você pode levar minha bicicleta? Eu vou com o Haru na ambulância.

— Não, eu vou com vocês.

— Eu levo a bicicleta, — disse Aki. — E vou avisar no SC o que aconteceu para eles ligarem para a mãe do Nanase-kun.

Os dois agradeceram antes de entrarem na ambulância. Makoto respondia a todas as perguntas que o médio fazia enquanto examinava Haru, e Rin não disse uma palavra até estarem sozinhos no quarto do hospital, com Haru já diagnosticado e medicado.

Rin havia vindo ao hospital com os dois, pois estava preocupado em como Makoto ficaria depois que a adrenalina do incidente passasse. Ele ficaria bem com Haru ainda desacordado?

— Ele vai ficar bem, — Rin repetia para Makoto, que apenas assentia.

— Obrigado, Matsuoka. Obrigado por salvar o Haru, — disse por fim.

— Eu não salvei ele. Eu só... ajudei. Foi você quem o salvou. O tempo todo você sabia o que fazer.

Quando Makoto se virou para olhar para Rin, ele estava calmo como se nada daquilo tivesse acontecido. Foi então que Rin percebeu a máscara que Makoto usava.

— Não, você tirou ele do barranco quando estávamos afundando, — Makoto respondeu com o sorriso que sempre tinha no rosto.

Rin ficou sem jeito, então resolveu perguntar algo em que estava pensando no silêncio do quarto de hospital.

— Tachibana, posso perguntar uma coisa?

— Sim?

— Você e o Nanase são soulmates? — Era a única coisa que explicava para Rin a reação de Makoto ao incidente que Haru havia sofrido.

Makoto ergueu as sobrancelhas surpreso e seus olhos brilharam por um breve instante, mas logo aquele brilho se foi e ele respondeu com um sorriso.

— Não, nós não somos.


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Notas finais do capítulo

Essa cena do Haru caindo no rio também aconteceu na novel, mas foi narrada do ponto de vista do Haru, e depois pelo ponto de vista do Rin. A parte do Makoto foi só no fim, uma cena que não mostrei aqui. Com este capítulo eu queria mostrar um pouco mais sobre a personalidade do Haru e do Makoto. Não estou falando tanto de soulmate, mas eu queria que ficasse bem claro o tipo de relacionamento que eles têm para quando chegar o momento certo de agitar as coisas ;')

Obrigada aos sobreviventes!



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