Com as cores do vento escrita por kagomechan


Capítulo 1
1607: O fim do inverno


Notas iniciais do capítulo

oiii!! gente, descobri com essa história que fazer fic histórica é muito divertido!! Aprendo tanto!! socorro!!!
pois bem, eis uma história gender bend de Pocahontas. A história não segue o curso original do filme nem da história verdadeira (ainda bem né? tanta pedofilia e tristeza na verdadeira). Sigo minha própria história aproveitando de elementos de ambas as histórias só que retrabalhadas.
Tento também manter a maior fidelidade que consigo com base nas informações encontradas sobre a colonização da Virginia e o povo Powhatan.



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A imensidão branca, que por tanto tempo cobriu as matas e as árvores da floresta de Tsenacommacah, finalmente derretia fazendo com que o verde voltasse e o rio seguisse seu curso. O fim do inverno anunciava que a alimentação dos índios Powhatan de Werowocomoco ficaria mais variada novamente. A cidade de Werowocomoco era o centro da vida Powhatan e onde o líder de mesmo nome liderava seu povo. Cada aldeia do povo Powhatan tinha seu líder, verdade, mas Powhatan liderava até sobre os líderes, por isso, ficou conhecido como o mesmo nome de seu povo.

O povo Powhatan tinha as tarefas bem divididas entre homens e mulheres. Eles eram caçadores, elas eram colhedoras. Mas, isso não impediu que o líder Powhatan fosse uma mulher. Contudo, também não impediu que muitos ficassem ansiosos para que a atual Powhatan passasse o título para o filho ou o irmão. O filho de Powhatan, Pocahon, era um homem alto, esguio, de pele cor de canela e indiscutivelmente bonito. Seus longos cabelos negros, tão negros como as asas dos corvos que voavam para longe, se mexiam vagarosa e preguiçosamente graças ao vento que batia neles.

Certo dia, a concentração estava marcada no olhar do homem de olhos levemente puxados enquanto ele preparava seu longo arco para abater a presa, um veado, que inocentemente se alimentava. Pocahon aproximou sua mão direita, que segurava a flecha, de sua bochecha direita. Seus cabelos, na parte direita, eram raspados justamente pensando na praticidade do arco e flecha.

Um pássaro piou não muito longe dali e Pocahon deixou a flecha escapar de suas mãos cortando o ar em sua frente até atingir o flanco do veado que caiu no chão com um grito de dor. O homem se levantou e caminhou até a presa abatida que, embora caída, ainda sofria. Sem esperar mais para poupar a criatura de mais sofrimento, o índio pegou sua faca feita de pedra e enfiou no animal deixando com que a vida escapasse dele. O valoroso sacrifício do veado foi reconhecido quando ele colocou o animal sobre seu ombro direito. Segurou-o firmemente enquanto ainda levava em sua mão dois coelhos. Achados valiosos. O terreno praticamente pantanoso da região que viria um dia à se chamar Virgínia não facilitava a caça e o sustento de um povo, mas os Powhatan já tinham os segredos e o conhecimento de como viver na região.

Ao seguir seu curso de volta para Werowocomoco, o forte homem parou e olhou para o rio onde havia deixado sua canoa feito de um tronco de madeira. Antes de se aproximar da canoa, no entanto, deixou que a escuridão das árvores o escondesse enquanto olhava para a figura que estava ajoelhada do outro lado do rio. Já era o terceiro dia que notava aquela estranha pessoa ali. Aquela estranha pessoa de pele clara, cabelos dourados como o milho. Parecia ser baixa vista a distância e era esguia. A essa altura, Pocahon já sabia que se tratava de um ser humano, mais um daqueles que chegavam nas terras de Tsenacommacah. Estavam vindo em maior quantidade recentemente, o que Powhatan não estava gostando nem um pouco. Contudo, Pocahon ainda não tinha entendido se era homem ou mulher.

Outra coisa que não entendia era o que aquele ser fazia todos os dias. Sentava na beirada oposta do rio, cada vez se distanciando mais do mar, com algo estranho nas mãos que, para Pocahon, lembrava o tecido das vestes que usava, só que mais fino e duro.

Naquele dia, aquele ser branco estava de novo com os mesmos apetrechos mas, dessa vez, havia algo novo. Pocahon podia ver a dificuldade com que a criatura de pele quase tão clara como as nuvens carregava uma canoa parecida com a dele mas ao mesmo tempo diferente. Com a mesma dificuldade, a pessoa colocava a canoa na água. Quando a canoa escapou brevemente de suas mãos, espirrando água em seu rosto, Pocahon não pode deixar de dar uma leve risada. Contudo, isso não impediu que a pessoa entrasse na canoa e soltasse um suspiro de alívio. Com um pedaço de madeira remexendo a água, o ser branco tentava se aproximar da margem do rio na qual estava Pocahon.

Com a proximidade da criatura branca, o guerreiro nativo notou que ele tinha olhos azuis como o mar, notou que não foi impressão quando, momentos antes, observou que praticamente cada centímetro de seu corpo estava coberto por roupas. Outra coisa que notou, foi o olhar de preocupação que cruzou o rosto do ser branco, estranhamente delicado demais para um homem, quando notou que havia uma canoa Powhatan, a canoa de Pocahon, na margem para a qual se dirigia.

Foi com um olhar muito parecido ao de quando Pocahon caçava o veado, que o estranho colocou o pedaço de madeira que usava de volta na canoa e então trocou para um estranho objeto reto com a ponta levemente curvada. Uma parte do objeto era claramente feita de madeira, mas a maior parte, que terminava com uma extremidade no formato de dois círculos, era feita de um material cinza escuro que o nativo não conhecia. A estranha pessoa apontou seu objeto mais estranho ainda na direção da floresta fechando um de seus olhos.

Entretanto, a concentração do estranho ser branco foi interrompida quando sua canoa, que continuava seguindo o curso da correnteza, foi parada por um pedaço grande de pedra preso ao fundo do rio junto de um aglomerado de galhos e gravetos.

— Merda - sussurrou o ser branco.

Embora Pocahon não entendesse a palavra que saiu da boca do ser, ele entendeu o que aconteceu quando, com a canoa presa, o ser branco tentou se soltar usando o pedaço de madeira que tinha. Ele tentou empurrar a pedra, mas o barulho de pedra e madeira se encontrando, raspando, arranhando, só provava que havia outra pedra embaixo da canoa. O rosto se avermelhando mostrava que a criatura fazia esforço tentando soltar a própria canoa. Intrigado por aquele ser e a situação em que estava, o guerreiro indígena saiu da proteção da floresta lentamente indo para sua própria canoa à passos lentos.

Pocahon foi notado pelo ser branco que começou à freneticamente tentar se soltar.

— Não tenho interesse em lhe fazer mal - disse Pocahon.

O ser branco não mostrou ter entendido, pois o mesmo desespero em se soltar continuou. Pocahon revirou os olhos, entrou em sua canoa e arrumou o curso de volta para Werowocomoco lançando para a pessoa um último olhar. Já estava duvidando das habilidades daquele ser quando a canoa do ser branco virou e este caiu na água.

Já era previsível, tinha que admitir, mas não soube dizer que força o guiou quando manejou a canoa em direção ao estranho e, quando estava à cerca de dois metros, pulou na água. Pocahon conhecia bem aquele rio e não o temia. Sabia que em outras partes dele um desavisado não iria durar muito tempo em suas águas, por isso, e também por algum motivo que não pode explicar, ele agarrou o ser na água. Desajeitado como parecia ser, duvidava que a criatura soubesse nadar. Passou um de seus braços, estranhamente finos, ao redor de suas costas e se aproximou de sua própria canoa, bem mais confiável do que aquela estranha canoa do estranho.

O medo de ficar na água provavelmente afastou da mente do ser o medo que sentia pelo Índio, mesmo quando Pocahon ajudava-o a subir na canoa. Com o ser de cabelos dourados em sua canoa, Pocahon subiu em seguida e ficou olhando para a criatura que tossia tentando recuperar o ar. Um olhar rápido tirou uma dúvida que Pocahon tinha até então. Com a roupa branca molhada ficando transparente e grudada ao corpo, Pocahon pode identificar que o estranho na verdade era uma estranha.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado! comentem! estou aberta à críticas e sugestões ♥



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