Piloto Automático escrita por Pinguim Maligno


Capítulo 2
Yuuto


Notas iniciais do capítulo

Hey hey hey, voltei depois de uns 3 meses sem postar, aaah ;-;

Gostaria de avisar a você leitor, que essa história pode conter alguns gatilhos, como homofobia e descaso ao se tratar de suicídio, então se você sente que não está pronto emocionalmente pra ler sobre, por favor, não o faça.

E pra quem vai continuar, boa leitura : )



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Yuuto acordou completamente atordoado.

Ele ouvia vozes totalmente desconhecidas dizendo coisas que ao seu ver eram desconexas.

Depois de um tempo desperto, começou a ter flashes de memória, pequenos lapsos de seu passado, como se fossem resquícios de uma doença, que no caso era ele mesmo.

Lembrou-se de seus pais.

De como tudo era perfeito na presença deles. Até a chegada daquele trágico dia.

Dor, morte e gritos ensurdecedores.

Era algo monstruoso, que mexia com Yuuto, fazendo-o acreditar em sua inutilidade.

Sua mente ainda não estava ativa até o exato momento.

Quando despertou, o garoto olhava em sua volta. Por onde seus olhos passavam apenas o branco era visível e o cheiro característico de hospital era presente. Perguntava-se o porquê de estar ali. Ou melhor, há quanto tempo estava preso em uma maca?

Seus pensamentos se confundiam com as tais vozes presentes . Depois de um tempo, ele finalmente conseguiu entender as frases que estavam sendo ditas. Era Leonardo aparentemente brigando com um dos enfermeiros. Ele tentava entrar no quarto, enquanto era impedido pelos funcionários do local.

Leonardo, ou tio Léo, era o diretor do orfanato em que Yuuto e mais dez crianças residiam.

Sendo o único adulto em que o garoto podia confiar, apenas Léo capaz de acalmar e conversar com ele. E era assim desde sempre. Quer dizer, desde que começou sua vida no lar para crianças.

Apesar de considerar o diretor um pai — ou até uma mãe, talvez os dois — o garoto não se sentia completamente seguro para se abrir, tinha medo de fazer seu responsável perder tempo, ou até mesmo fazer com que ele o julgasse negativamente.

A porta se abriu depois de alguns minutos, quem fez isso foi um homem, provavelmente era enfermeiro ou  médico. Ele estava sozinho, o que incomodou Yuuto, afinal, não era o Léo que estava gritando no hospital alguns minutos atrás?

 — Oh! Eu o acordei? — Yuuto negou.—  Que bom! Sabia que se isso tivesse acontecido eu iria estar encrencado… —  Ele sorriu debochado. Sem obter nada além de um olhar triste como resposta, o profissional se calou e aplicou alguns remédios nos tubos que se ligavam ao corpo do garoto.

Um terrível silêncio se fez presente no cômodo, até que:

— Então, quando vou poder sair daqui?

— Sinceramente…—  Na realidade, ele não sabia até onde podia ser sincero. — Não faço a mínima ideia, mas aquele senhor e sua amiga logo poderão vir o visitar, não é incrível? —Tentou fazer seu melhor sorriso, que dessa vez foi correspondido com uma leve curvatura dos lábios do garoto mais jovem.

Mas espera, amiga?

Uma pequena lista de garotas importantes na vida de Yuuto passou pela mente dele, no fim, acabou chegando na conclusão de que metade delas estava em outros países, as outras ele nunca nem chegou a conversar, apenas admirava-as de longe.

— Quem estava com o tio Léo?

— Hã, não a conhece? Ela é uma garotinha alta, cabelo curtinho, olhos verdes, seu nome é Danta… ou algo assim.

Ninguém que fosse conhecido se encaixava no perfil, então Yuuto começou a se preocupar. Talvez ele estivesse alucinando ou até se esquecendo da pobre menina.

— Hey — o enfermeiro chamou a atenção do garoto, após notar sua pequena expressão de medo —  Vai ficar tudo bem, talvez seja apenas uma admiradora secreta. — Após isso, acariciou de leve os cabelos do garoto, ajeitou seu travesseiro e se retirou do quarto.

Yuuto congelou por um momento. Depois processou tudo da maneira mais insana possível.

Sua cabeça começou a latejar e seus olhos ardiam por causa das lágrimas que decidiram tentar cair. Um sentimento que ele odiava começou a se apossar de seu coração e não queria ceder ao mesmo, nem um pouco.

Se sentia sujo por cogitar aquelas coisas, no entanto, era inevitável… achar o cara — vulgo enfermeiro/médico — um puta gato.

Não que o garoto nunca tivesse sentido atração por outros antes, só que sua repulsa por estes desejos era maior.

Começou a se revirar em sua cama, segurando o choro, não queria demonstrar o que sentia em um lugar onde ficaria tão exposto. Tentou pensar na tal Danta como meio de distração.

Depois de muito pensar, lembrou-se de Danna, uma garota que estudava com ele no fundamental, no entanto, ela era o menor ser que conhecia com a idade que tinham na época. De qualquer forma, provavelmente era ela.

Viajando por devaneios e pensamentos, tentou ter uma ideia da causa de estar no hospital, suas últimas memórias se resumiam em um dia comum de sua vida.

Era simples, com horários para tudo, ele acordava, ia para a escola, ajudava as a cuidar das crianças do orfanato e dormia, mas a chave para o problema estava em uma dessas atividades.

Não achava a anormalidade, por mais que tentasse, tudo parecia estar normal, na medida do possível. Não se sentia doente, nem nada do gênero, até decidir checar o seu corpo.

Ao tocar sua garganta sentiu uma enorme dor.

Então, as lembranças chegaram como um raio, a vontade de chorar ficou maior, sendo impossível a segurar.

Yuuto não parava de verbalizar o quanto era fraco e covarde, o quanto era errado, pecaminoso e imoral. Nada daquilo estava certo, ele era contra a ética e tudo de harmonioso que o cercava, não era natural, segundo seus pensamentos. Outra vez foi interrompido por uma batida na porta.

— Yuuto, posso entrar? — Era outra vez o enfermeiro. Céus, o garoto começou a pensar que toda a vez que ele começasse a pensar demais nos seus problemas esse cara ia bater na porta. Riu com este pensamento, que no final o ajudou a se reconfortar.

— S-sim —  disse com a voz nasalada, devido ao choro.

—  Eu trouxe comida! —  Ao notar a situação em que o garoto estava, deixou a comida posta em cima de um balcão. — Oh, meu anjo… o que houve?

Yuu corou da cabeça aos pés em questão de segundos. Sua boca fez um perfeito “o” e a expressão de tristeza mudou para uma face totalmente envergonhada. O “meu anjo”, pegou ele totalmente de surpresa.

— B-bem. —  Limpou com as costas das mãos suas lágrimas.  — Quer dizer, não aconteceu nada. O-obrigado por se preocupar, senhor. — Ao dizer isso, tentou fazer sua voz voltar ao tom normal. Ele falhou miseravelmente.

 

—  Não precisa de tanta formalidade assim, carinha, me chame de Kauan. —  Ele estendeu a mão para seu mais novo paciente.

 

— Prazer. —  Kauan estava muito perto. Perto demais. Yuuto não parava de pensar em como o homem que estava parado em sua frente era lindo e atencioso. Sim, não lhe ocorreu por um momento que o outro apenas estava fazendo seu trabalho.

Yuuto só não notou o quanto era iludido.

(...)

Depois deste dia, o quadro de Yuuto parecia melhorar. Ele ria mais e se já se abria minimamente para o enfermeiro.

Até que finalmente o dia de visitas chegou.

Estava animado e ao mesmo tempo temeroso. Não sabia se Leonardo ficaria com raiva da sua atitude, mas sentia saudades extremas daquele velho barraqueiro. Não só dele, mas de todas as crianças com quem morava.

E assim, com todas estas incertezas, ele tentou dormir, na espera de que seu amanhã viesse com alguma coisa que o fizesse bem, para variar


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Notas finais do capítulo

~Hey
Obrigada por chegar até aqui! Se você teve a paciência de não desistir de mim e da minha história, peço que favorite e comente, iria ajudar muito meu ego, ahah ♥



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