Tell Me You Love Me escrita por WeekendWarrior


Capítulo 8
True Answer




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O violão estava em meu colo, o papel na mesa de centro a minha frente e o lápis entre meus dedos. Girava o objeto incessantemente, batucava os dedos na superfície do violão, tentava a todo custo colocar minha angústia para fora em forma de canção, contudo, estava difícil.

Eram pensamentos demais passando pela minha mente, sensações em demasia para explicar. Apenas pensava no aroma suave dela, na boca macia que tive o completo prazer de experimentar depois de anos de saudade. Não era fácil assim lidar com todas essas sensações.

Não foi simples deixá-la ir, escapulir pelos meus dedos novamente, porém ela era uma mulher livre, tinha o direito de fazer o que quisesse, até mesmo de me machucar.

Desta vez seria diferente, não a seguraria, não a pressionaria. Sim, eu sei, precisava de respostas e as teria, assim que me reencontrasse com ela, mas se viesse para mim desta vez seria por livre e espontânea vontade, e mesmo que eu tentasse não conseguia tirar esta expectativa que crescia dentro de meu ser.

E se ela ligasse? Seria para dizer o quê? Que voltaria pra mim? Estava disposta a tentar? Ou faria questão de me machucar mais uma vez? Faria que nem daquela vez também? Não olharia em meus olhos e simplesmente sumiria no mundo?

Aquilo me machucou mais que a própria navalha na carne. Aquela carta… Como ela pôde? Depois de tudo? Demi teria de dizer-me o motivo, pois ainda era insensato para mim, sem sentido.

Coloquei o violão sobre a mesinha desistindo de compôr, minha mente estava cheia demais para focar em algo específico.

Faziam três dias desde aquele fatídico encontro, qual não saía da minha cabeça. Qual era a probabilidade daquilo? Destino? Predestinação? Havia uma força maior nos guiando juntos? A tão dita conexão? Só podia ser isso… Soava tão estúpido quando verbalizado, mas para mim, era o certo.

Levantei-me suspirando. “Ela não vai ligar. Já se foram três dias.” Meu lado sóbrio falou. “São apenas três dias. Quanto tempo uma mulher precisa pra pensar? Ela ligará.” Já meu lado levado por Demi tentava a todo custo fazer-me crer que ela ligaria.

Meneei a cabeça e fui até a cozinha pegar um copo d’água quando meu celular tocou, peguei-o apressadamente do bolso da calça mas ao ver quem era uma pontada de tristeza abateu-me. Atendi no tom mais amigável possível.

— Oi Sandy.

— Oi Logan. Como está?

— Bem e você?

— Vou muito bem. Não tive notícias suas nas últimas semanas. Pensei em lhe fazer uma visita surpresa, mas você me falou algo sobre gravadora e decidi não fazê-lo.

— Está mais calmo do que achei que estaria.

 Hum, entendi. Podemos sair hoje. O que acha? Ou ficarmos por aí mesmo, como você sempre prefere.

Pressionei minhas têmporas com dedos.

— Hoje não é um bom dia… Estou com a cabeça meio cheia.

— Aconteceu algo?

— Nada demais. Nada que deva se preocupar.

— Ok. Mas e amanhã? Estou com saudades.

Dito isso riu.

— Que tal me ligar amanhã? Ou eu te ligo. Daí poderemos ver…

Sandra demorou em responder.

— Está bem… Até qualquer hora então.

— Até mais.

E sem mais delongas interrompi a ligação. Coloquei o celular sobre o balcão de mármore da cozinha, suspirei cansado. Será que fui muito rude com Sandy? Bom, poderia resolver isto depois. Quando prestes a abrir a geladeira ouço som de motor e pneus.

De cenho franzido fui até a ampla janela que dava para a frente do sobrado. Avisto um Chevrolet branco, o mesmo que Demi partiu aquela noite. Meu coração falhou uma batida e a adrenalina correu pelas minhas veias.

Em passos largos alcancei a porta de entrada, parei no meio do caminho observando o carro, quem quer que fosse ainda estava lá dentro, o motor desligado, talvez pensando se descia ou não. E devagar a porta foi aberta e os raios de sol encontraram os fios em tom cobre de Demi fazendo-a ficar ruiva.

Fitou-me por severos segundos antes de mover-se fechando a porta atrás de si. De maneira ereta ela se aproximava, um vestido verde-escuro até os joelhos, saltos pretos, o olhar ainda fixo no meu.

Parou a minha frente.

— Olá… É uma boa hora?

Perguntou num tom neutro. Saí de meu estupor dizendo:

— Sim. Pensei que fosse me ligar.

— Queria olhar em seus olhos dessa vez.

Fiquei sem palavras, simplesmente assenti desconcertado.

— Certo. Bom, venha, entre.

A guiei casa adentro, atravessamos o curto hall chegando a ampla sala de estar.

— Gostaria de beber algo?

Ela virou-se para me olhar.

— Água, por favor.

Fui rapidamente até a cozinha pegar a água percebendo que meus dedos tremiam e meu coração pularia da garganta a qualquer momento. Deus do Céu, Demi estava realmente aqui, debaixo do mesmo teto que eu.

Puxei e soltei o ar me acalmando. Peguei a garrafa d’água da geladeira despejando num copo. Segui em passos calmos até onde deixei Demi, porém ela não estava no mesmo lugar. Havia atravessado o aposento, movia-se lentamente na direção da varanda, apoiou as mãos no deck observando a imensidão esverdeada a sua frente.

Me aproximei calmamente.

— Sua água – falei baixo.

Demorou um pouco para virar e quando o fez encontrei os olhos levemente lacrimejados.

— A casa… – disse num fio de voz – Não acredito…

Movi meu rosto em direção ao enorme lago que rodeava a residência. A margem de gramado verde, as árvores e vegetação local. Era tudo do jeito que ela um dia me falou que gostaria. Inconscientemente, sozinho, eu cumpria nossos sonhos e promessas.

Comprei a casa num ato de loucura, o dono praticamente a vendeu por preço de banana, disse estar caindo aos pedaços e numa reforma, qual não poupei dinheiro, agora, era minha residência fixa.

Voltei meu olhar para Demi, quem havia pego o copo de água de minha mão, bebia como se não ingerisse água por dias.

— Era uma de nossas metas. Seu sonho – proferi.

— Você não precisava fazer isso, não tinha de fazer.

Dei de ombros.

— Gostei do lugar, gostei da casa.

Ela riu meneando a cabeça negativamente, encarou o copo em mãos depois a mim.

— Por que você é assim? – perguntou num tom acusatório.

Franzi o cenho não entendendo.

— Assim como?

— Assim… – apontou pra mim de cima a baixo – Tão bom. Tão bom comigo, tão… irresistível. Por que não me odeia? Não me repulsa depois do que fiz?

Soltei o ar de meus pulmões rindo incrédulo.

— É isso que quer? Que a odeie?

— Não! Mas seria tão mais fácil se isso acontecesse. Mas não, você sempre me perdoa, me deixa passar, continua deixando as coisas irem.

Meneei a cabeça não entendendo porra nenhuma.

— Em que ponto quer chegar?

Demi colocou o copo no deck e tapou o rosto com as mãos.

— Por que me amava? Me diga.

Falou respondendo minha pergunta com outra.

— O que está querendo com isso, Demi? Aonde quer chegar? O que veio fazer aqui.

— Me responda. Diga o motivo de ter me amado.

E como se um filme passasse por minha mente falei:

— Você foi a melhor coisa que aconteceu na droga da minha vida fodida, entendeu? A melhor coisa. Desde que eramos crianças, eu sabia que você era uma garota especial pra mim, porém eu negava, sabe o motivo? Porque eu tinha inveja de você. Tive inveja de você no primeiro instante que a vi. Você e sua perfeita família. Sabe muito bem o que tive de lidar com meu pai, um alcoólatra drogado e mesmo que ele fosse um bastardo idiota, eu o amava e foi difícil lidar com a morte dele, pois estávamos brigados e a culpa me corroeu. Porém prometi a mim mesmo que não seria nada que nem meu pai, que faria as coisas diferentes e certas.

“Continuei guardando esses sentimentos que nutria por você porque odiava que você fosse tão linda, inteligente e extrovertida. Todos te adoravam e pensava que quando me queria por perto era por pena. Nunca achei que fosse me notar de maneira diferente. Demetria Lovato interessada em mim? Pena talvez? Mas quando deixei esse pensamento de lado, vi o seu ‘verdadeiro eu’ e a compreendi.”

“Me mostrou o lado bom da vida, me amou e cuidou de mim. Me apaixonei pela Demi que não ligava para opinião alheia, pela Demi medrosa, pelo jeito que lidava com as coisas sempre visando o lado bom. Pelo seu lindo sorriso, os olhos verdes, o som de sua voz, o aroma de erva-doce… Tudo era convidativo. E mesmo em nossas discussões eu a amava e sempre cedia para fazê-la feliz.”

“Vi em você a chance de fazer diferente. Prometi que a cuidaria, a amaria, nunca a deixaria. Não seria como meu pai, que a daria as costas no primeiro empecilho. Lutaria todo dia para mantê-la próxima. E sim, há algo ao redor de nós; me diga qual a probabilidade de estarmos aqui depois de tudo?”

“Te amei com toda minha alma, te dei a droga da minha alma, te dei minha vida, meu respirar e o que ganhei ao fim? É, uma maldita carta! Nem olhar na minha cara você pôde, nem pra dizer olhando em meus olhos que não me queria mais foi capaz… Mas quer saber? Nem mesmo assim consegui odiá-la… Acho que nunca serei capaz disso… Apenas serei capaz de te amar, pois você me completa.”

— Logan… – sussurrou enquanto duas lágrimas corriam de seus olhos.

— Eu não te amei, Demi. Eu te amo. É, isso mesmo. Sou um estúpido completo, mas estou aqui mostrando todo meu amor novamente. Por favor, não pise em meus sentimentos mais uma vez.

Ela tomou ar antes de falar:

— O motivo…

— O motivo? Você quer um motivo? – eu ri meneando a cabeça – Há mais de um milhão de motivos para que eu a ame. Talvez eu leve uma vida inteira dizendo, então se quer saber o motivo de eu te amar tanto assim, fique comigo, lhe mostrarei todos os dias até o fim de nossas vidas.

Demi engoliu em seco me fitando profundamente nos olhos e nesse momento eu fazia toda a força do mundo para não derrubar lágrimas. Algo dentro de mim dizia que ela não estava ali para uma reconciliação, sua linguagem corporal dizia.

— Me perdoe, Logan… Me perdoe, por favor. Eu não queria feri-lo assim, eu não sabia…

— Me deixar foi fácil, não foi?

Perguntei tocando na ferida. Ela desviou o olhar afastando-se de mim, adentrou a sala de estar, a segui.

— Você não sabe nada sobre isso. Não foi nada fácil.

— Não foi o que pareceu.

Virou-se para me olhar.

— Nunca quis aquilo, mas foi o único modo.

— Ah, claro! Ótima tática! Ao menos tivesse tido a coragem de olhar na minha cara. Por que não ligou? Por quê? Será que eu não tinha ao menos esse direito?

Demi fechou os olhos.

— Por quê? – indaguei novamente.

— Se eu tivesse te ligado não teria conseguido, ao ouvir sua voz eu falharia, não daria certo. Você tem noção do quão difícil foi tomar essa decisão? Não! Eu não queria isso para nós. Mas estava com medo, sozinha, me sentindo inferior e oprimida. E se eu ouvisse apenas sua voz nunca seria capaz de romper nada.

Fiquei sem reação por alguns segundos, apenas ingerindo as palavras.

— Aquilo me machucou muito, Demi. Nunca fui bom com partidas. Sempre me indagava porquê as pessoas saíam de minha vida… Cresci com meu pai partindo. Ele vinha, passava uma temporada e sumia… Sempre nisso. Sempre vendo-o partir, vendo as pessoas que amo ir embora. E lidar com sua partida foi a coisa mais difícil em minha vida, ainda mais porque eu não entendia o motivo.

Ela umedeceu os lábios antes de proferir:

— Você sabe o motivo!

— Sei?

Apontou em minha direção ao dizer:

— Você e seu egoísmo; sempre com a certeza de tudo! Não percebia, mas você me colocava em situações difíceis. A faculdade sempre foi minha prioridade e estar na Kyke Arquitetura na Austrália sempre esteve como meu ápice de sonho. E queria que eu deixasse isso pra lá? Vivesse na sua sombra famosa? Com as pessoas me julgando, me criticando, me perseguindo? Sim, eu era jovem e tola, deixei que estas coisas me afetassem até o momento que não aguentei mais. Pois sentia que lhe segurava no lugar, parecia que estava preocupado demais comigo, mas não era uma preocupação qualquer, era um egoísmo, sempre querendo escolher as coisas por mim.

— Apenas queria protegê-la.

Falei me defendendo.

— Às vezes me sentia protegida, outras, sufocada.

E um silêncio tomou o aposento. Nada falei, Demi silenciou. Ingeria as palavras por ela proferidas, tentava enxergar por seu lado, tentava entendê-la e conseguia ver seu lado. Eramos jovens, estávamos no ápice da vida, vivendo rápido demais, amando rápido demais, sem pensar em nenhuma consequência quando o mundo real desabou em nossas cabeças.

Me aproximei um passo dela, de maneira calma.

— Eramos tão jovens e experienciamos de um amor que poucos teriam a chance de conhecer. Sim, foi demais para entendermos e lidarmos. Então passamos todo aquele tempo longe um do outro sem verbalizar o que sentíamos, simplesmente guardando sentimentos, medos, mágoas…

Falei num tom suave, movia-me na direção dela, quem relaxou os ombros olhando-me tristemente.

— Eu estava tão assustada… – disse se aproximando – Não queria colocar preocupações em você, te incomodar. Você sempre falava do quão corrido e complicado estava. Não merecia uma namorada chata e chorona cheia de baboseiras na cabeça.

A abracei pelos ombros, trazendo-a para meu peito.

— Deveria ter falado.

Apoiou a cabeça em meu peito.

— Deixei todos aqueles sentimentos crescerem em mim até ver-me sem saída. Me sentia como um fardo em sua vida, um tanto insignificante por assim dizer. Minha única solução foi o término… Doeu tanto fazer aquilo. Chorei por meses a fio, pensava todo instante em te ligar, correr até você. Estava sempre procurando saber de você em revistas e matérias online. Fiquei louca.

Segurei em seu queixo fazendo-a fitar-me.

— Me perdoe por ter sido egoísta e tê-la feito sentir-se assim.

— Me perdoe por tê-lo magoado tanto… Eu não queria. Não sabia que seu pai ainda te afetava assim.

Assenti lentamente.

— Ainda dói às vezes.

— Sinto muito.

Me abraçou e ficamos assim por algum tempo, que pareceu durar horas. Acariciei seu rosto, procurei pelo seu olhar, passei meu polegar em seu lábio inferior.

— Por que veio? – indaguei.

Ela levou suas mãos até minha nuca e sem desviar de meus olhos falou:

— Porque te amo. Eu te amo, Logan. Nunca deixei de amá-lo.

Pisquei aturdido com a resposta repentina, qual não esperava. Sorri trazendo-a para meus lábios, desejando sentir seu gosto, sua essência, sua maciez. A língua enrolada a minha, os arfares que ela soltava e o modo que me segurava.

Desta vez era diferente, não haviam barreiras nem receios.

Afastei-me lentamente, meu cérebro ainda processando tudo ao meu redor.

— Não foi fácil, Logan. Não foi fácil sem você – segurou meu rosto com as ambas as mãos fazendo-me encará-la – Eu sei que errei, que te machuquei, mas me perdoe… Não ache que parei de te amar, que simplesmente joguei todos meus sentimentos no lixo porque não é verdade. Eu só não sabia direito o que estava fazendo… Era a única solução.

Trouxe-a para perto pela cintura.

— Está tudo bem. Fique comigo e nada te machucará. Amo você, Demi.

Ela sorriu minimamente e retribuí o sorriso guiando-a até o sofá que ficava de frente para a enorme varanda, qual tinha uma bela vista do lago e árvores logo atrás. Aconchegou-se a mim e passei meu braço ao redor de seu corpo, mantendo-a junto.

E o que desejei por anos finalmente concretizava-se. Eu e Demi nessa varanda vendo o sol se pôr.

— Do jeito que um dia sonhei – balbuciou.

Procurou minha mão livre com a sua.

— Ver o sol se pôr sem você não era completo.

Riu entrelaçando nossos dedos, então fitou-me.

— Obrigada por tudo.

— Como vai ser de agora em diante?

Demi desviou o olhar e lentamente tirou sua mão da minha.

— Vamos ter paciência… Que tal vivermos o agora? Sem perguntas do futuro?

Semicerrei os olhos perscrutando a bela face da mulher que amo.

— Ardilosa! Sabe que morrerei até o final da noite se não me disser o que quer de mim.

Ela riu aberta e sonoramente.

— Eu quero você. Acho que é o bastante, certo?

Tudo bem, admito que sou um fraco derretido por esta mulher. A abraço fortemente, beijo sua boca.

— Parece justo.

Riu novamente acariciando meu rosto.

— Gostei da barba – falou passando os dedos por minha barba rala – Segui todas suas fases. O que era aquele moicano que fez uma vez? Horrível.

Gargalhei lembrando-me do quão feio aquilo ficou em mim.

— Foi uma aposta, qual evidentemente perdi.

— Sem apostas de agora em diante, por favor.

Sorri beijando-a e ao observar que o Sol havia partido e o céu tomado uma coloração um tanto lilás perguntei:

— Está com fome?

— Faminta.

— Podemos pedir algo.

Demi ajeitou-se colocando as mãos em meus ombros.

— Me deixa cozinhar pra você.

Sorri minimamente.

— Mas é claro.

Levantei guiando-a para a ampla cozinha, onde depois de uma pesquisa nos armários e geladeira decidimos por bife com tomates, macarrão e purê de batata.

— Pode descascar as batatas, por favor?

Pedia Demi enquanto temperava a carne. Sentei-me à mesa e fiquei a observá-la movendo-se do fogão para a pia e da pia para o balcão de mármore. Havia tirado os saltos altos, parecia em casa, movimentos leves e decididos.

Voltei meu foco para as batatas que descascava.

— O que faz na Califórnia? – perguntei.

— Trabalho.

Respondeu jogando o macarrão na panela de água fervente.

— Trabalho? Pensei que estivesse na Kyke na Austrália.

— E estou. Há uma filial aqui em L.A, fundada há cerca de sete anos.

Franzi o cenho fitando suas costas, mexia o conteúdo dentro da panela. 

Filial em Los Angeles? Como assim? Tentei não demonstrar como aquilo me atingia e plantava uma esperança em meu peito.

— Interessante – murmurei.

Levantei-me com as batatas já prontas, joguei-as na outra panela de água fervente. Fiquei ao seu lado, olhando-a embasbacado. Ainda não havia caído a ficha, Demi estava aqui, no mesmo ambiente que eu, em minha casa, preparando o jantar comigo.

Ela sorriu encabulada.

— O que foi? – indagou.

— Como foi todo esse tempo na Austrália?

A mulher pensou um pouco antes de responder-me:

— Foi bom. Sydney é maravilhosa, é enorme – virou-se pra mim apontando a colher – E não, não vi nenhuma aranha de dois metros se é o que quer saber.

Rimos juntos.

— Que pena. Pensei que fosse ter um testemunho de sobrevivência.

Ela riu colocando os bifes na frigideira.

— Nem diga isso. Você sabe o pavor que tenho de aranhas. Eu morreria se visse uma de dois metros. Mas e você? Como foi o tempo na quente Califórnia?

Troquei o peso de uma perna pra outra enquanto um flashback corria pela minha mente.

— Corrido.

Defini tudo em uma única palavra.

— Imagino.

— Talvez você tenha visto. Escutou nossas músicas? – perguntei.

Ela sorriu pra mim desviando a atenção do que fazia.

— Todos os álbuns, Logan. Ouvi todos. Minha irmã tinha o estranho hábito de em meus aniversários me dar um álbum da banda.

Eu ri feliz. Bom saber que ela tinha ouvido as canções, que de certo modo, escrevi pra ela. Claro que não eram apenas as minhas canções que entravam para os álbuns, as demos passavam por uma peneiragem e o que não ficaria conosco seria vendido a outro artista ou simplesmente descartado. Muitas músicas eu vazava surdinamente na internet.

— Qual sua preferida?

Demi demorou um pouco em responder. Me olhou docemente.

— “Nada irá te machucar”. É a canção mais lenta de vocês, por isso minha preferida.

— Compus sozinho essa música, não há modificação alguma.

— Eu sei. Por isso é minha preferida.

A fitei por longos segundos… Como não amar esta mulher? Segurei seu queixo e a beijei.

— Não tem ideia de como senti sua falta – murmurei.

Sorriu beijando-me.

— Tenho ideia sim. Porém vamos focar nesse jantar, estou faminta.

Logo nos servíamos, estava muito bom, havia quase me esquecido do quão bom era a comida de Demi. Me perguntava se havia algo em que ela não se sobressaía, desde criança ela parecia se dar bem com qualquer coisa.

Eu era um homem de sorte, talvez não merecesse uma mulher como Demi.

— No que está pensando?

Perguntou ela limpando os lábios com o guardanapo.

— Se você passará a noite.

Sorriu e abaixou a cabeça, pude ver o quão encabulada ficou. Levantou o rosto fitando-me, as sobrancelhas arqueadas.

— Deveria?

— Me faria o homem mais feliz do mundo.

Levou sua mão até a minha.

— Bom, então ficarei.

Levei seus dedos até meus lábios beijando-os.

— Obrigado.

Depois dali lavamos a louça em conjunto e migramos para a sala onde conversamos mais um pouco e nos beijamos muito mais. Era como se a saudade não fosse embora, beijá-la era pouco, ter seu corpo junto ao meu não seria suficiente, teria de ter isso diariamente.

Desci meus beijos para seu queixo e dali para o pescoço, onde passei minha língua sentindo seu gosto, chupando e mordendo. Demi segurou em meus ombros soltando um leve gemido. Puxei-a para mim pela cintura, desci meus beijos ainda mais, seu busto era meu destino.

— Logan… – sussurrou num chamado.

— Hum?

— Gostaria de tomar uma ducha. Estou um tanto cansada.

Levantei meu rosto encarando-a, percebi que era sério.

— Tudo bem.

A guiei escada acima, Demi em minha frente enquanto tentava arrumar o volume em minha calça. Atravessamos o amplo cômodo do andar de cima virando à esquerda em meu quarto, adentramos a suíte.

— Fique à vontade, tem shampoo e condicionador.

Beijou-me e sorriu.

— Obrigada.

Saí em busca de toalhas, fui até o guarda-roupa pegando-as e voltando ao banheiro. Demi já estava embaixo do chuveiro, via sua figura curvilínea através do box de espelhagem turva.

— Aqui estão as tolhas.

As coloquei sobre a pia ampla de mármore bege.

— Venha aqui comigo.

Pediu num tom tão angelical que quase perdi meus sentidos. Estaquei no primeiro instante para depois começar a tirar minhas roupas como se estivessem banhadas em urtiga. Me embananei ao tirar a camisa pela cabeça, desafivelei o cinto numa pressa descomunal e joguei as botas para um canto qualquer, por último meias e cueca.

Me juntei e ela embaixo do chuveiro, trouxe seu corpo para o meu e aproveitamos o momento sensual, a áurea ao redor era pesada, cheia de luxúria, porém não passamos disso mesmo com minha ereção roçando no corpo de Demi.

A amei do modo mais fraternal possível lavando seu cabelo lentamente depois a ensaboei tocando em tudo, descendo minhas mãos sedentas pela sua pele sedosa e macia. A toquei do pescoço para os seios, da barriga para seu ventre, adentrei minha mão o encaixe perfeito entre suas coxas, ela sorriu mordendo os lábios.

Me retribuiu do mesmo modo, acariciando meu coro cabeludo e descendo as mãos pelo meu corpo enquanto eu ainda a tocava. Seus dedos desceram traçando um caminho de meu pescoço para minha barriga onde me tomou em sua mão.

A pressionei na parede fria levantando sua perna dando-me livre acesso, a estimulei por algum tempo fazendo-a pender a cabeça e gemer. Sentia falta de seus gemidos, do jeito baixinho que os sons escapavam de sua garganta, que sussurrava meu nome.

Não parei até sentir que seu prazer escorria por meus dedos como prova do orgasmo. E num impulso a trouxe para meu colo, segurei em sua coxa direita mantendo-a rente a mim e com ajuda da mão livre deslizei para dentro de seu corpo quente.

Gememos juntos com a sensação arrebatadora e transcendental. Juntei forças e não deixei que meus joelhos falhassem, investi contra seu quadril colado ao meu enquanto ela mantinha-se no lugar segurando forte em meus ombros.

Beijei sua boca de maneira fervorosa, muita língua e mordida. Tudo acontecia muito rápido, sentia que iria explodir, minhas bochechas pareciam pegar fogo, movimentos mais rápidos, os gemidos de Demi em meu ouvido, o prazer que parecia subir por todo corpo e enlouquecer minha cabeça.

Segurei-a forte quando finalmente alcancei meu ápice, ela gemeu por último descendo as pernas por meu corpo, apoiou-se contra mim cansada, a respiração descompassada.

— Deus do céu… Não acredito que desperdicei isso – sussurrou rindo fracamente.

A beijei levemente também rindo.

— Apenas o começo, meu anjo.

A envolvi trazendo-a para debaixo d’água quente. Abraçou-me travando ambas as mãos em minha nuca, pesou seu corpo de maneira cansada.

— Oh, por favor, me leve a loucura – falou rindo.

— Essa é minha intenção.

Rimos e nos beijamos retomando o que havíamos começado.


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