Tell Me You Love Me escrita por WeekendWarrior


Capítulo 7
Emerald and Onyx




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09 de Março de 2011

Os anos seguiram-se, estávamos firmados em nossas carreiras, alcançamos o ápice ganhando Grammys e Globos de Ouro. O que mais desejaríamos? Tínhamos mansões e carros importados na garagem. Poderíamos viajar para qualquer lugar do mundo e ter qualquer joia. Era uma bela vida, mas se você não fosse pé no chão, a fama poderia te desmoronar em segundos.

Nunca mantive minha cabeça nas nuvens por causa da fama e notoriedade. Sabia que era efêmero e um tanto perigoso se em dose duplicada. Então tomava cuidado, vivia uma vida calma, normal, sempre fugindo de fotógrafos e manchetes. Apenas amava o que fazia. Amava a arte da música, compor canções, fazer as pessoas sentirem o que sinto, fazê-las pensarem a meu modo.

Contudo, mais uma vez estava eu ali, escrevendo uma música e ao final, o resultado era similar a tantas outras, parecia sempre falar da mesma coisa, do mesmo sentimento, de perda, de solidão, de um amor que se foi…

Perguntava-me sobre Demi às vezes. Estaria bem? Namorando? Casada? Nos Estados Unidos? Pensando em mim? Ao final meneava a cabeça tentando tirá-la da memória.

Porém naquela noite estava conturbado, era a solidão me pegando de jeito. Liguei para mamãe e num vai e vem de perguntas indaguei dela.

— Soube de Demi, mãe? Já faz tanto tempo.

— Nunca mais a vi, querido. Porém encontrei a mãe dela a alguns meses atrás no mercado, disse que ainda estava na Austrália, que a carreira ia muito bem.

Eu ficava feliz por isso, por saber que ela ia bem no que amava fazer.

— Isso é bom.

— Ainda pensa nela? – perguntou.

— Às vezes, mãe.

— Juro que no começo achei que fosse uma paixão adolescente e passageira, então vocês se firmaram por um ano e depois continuaram o namoro mesmo sob distância. Eu fiquei muito feliz com isso. Mas entenda querido, como mulher, ela sentia-se presa, também um pouco sob pressão. Agora vocês são adultos, maduros, totalmente centrados, quem sabe, não é?

Suspirei sentando-me.

— Creio que nunca mais a verei em minha vida.

— Não duvide da força do amor.

— Ela não me ama mais, mãe. Ela me deixou, lembra?

— Só porque ela o deixou não significa que não o ame. Mas vamos mudar de assunto, certo? Conte-me as novidades, conte-me coisas felizes!

Mudamos de assunto e colocamos o papo em dia, sentia saudade de minha família, em breve os visitaria. Quando desliguei o celular ouvi a porta de entrada da casa ser aberta.

— Logan?

— Aqui – exclamei da sala.

Os passos se aproximaram até que eu pudesse avistá-la.

— Deduzi que estivesse entediado e com fome. Trouxe comida tailandesa.

Deu-me um beijo suave nos lábios e mostrou a sacola em mãos.

— Acertou em cheio, Sandy.

Ela riu e foi até a cozinha, a segui.

— Poderíamos ver um filme, o que acha? – perguntou.

Sandy mexia nas gavetas à procura de garfos.

— Acho uma ótima ideia.

— Tem cerveja? Esqueci de comprar.

Fui até a geladeira de porta dupla.

— Tem sim.

Peguei duas long necks.

— Jantar pronto!

Sorria com os dois potes em mãos. Fomos até a sala, deixei que ela escolhesse o filme, provavelmente seria uma ficção científica mirabolante. Logo voltou para meu lado no sofá, o pote de comida em mãos.

— Você está bem? – indagou encostando-se em mim.

— Sim e você?

— Estou bem. Nossa, foi tão corrido na imobiliária hoje. Alguns clientes são simplesmente insuportáveis.

Eu ri tomando um gole da cerveja.

— Passei o dia compondo, enviando algumas canções pra gravadora.

— Estou tão feliz de estar aqui. Senti sua falta.

Apenas sorri a abraçando com o braço esquerdo. Sandra era uma mulher incrível, forte e decidida. Nunca a vi dar chilique ou depender de alguém, sempre focada nos negócios e ótima conselheira. A conheci há cinco anos através de um amigo em comum, mas apenas nos envolvemos de dois anos pra cá.

Era uma relação sem nome, sem compromisso, mas muito afeto. Foi a única mulher quem eu deixei adentrar meu mundo depois de Demetria. Amava Sandy, a amava sim. Não do jeito que amei Demi, porém a amava. A queria bem, sentia uma extrema atração, contudo, não me via dando um passo a mais nisso.

E em como todas as vezes que ela aparecia, terminávamos a noite com sexo. Não que nossa relação se resumisse a isso, pois saíamos… às vezes. Não era como se eu quisesse assumi-la pro mundo, porém não a negava.

Sandy estava adormecida em minha cama, a cabeça em meu peito, o corpo nu colado ao meu. Acariciava suas costas, fitava o teto, o sono teimava em chegar pra mim, estava sendo uma noite difícil, uma noite de lembranças indesejáveis.

Haviam dias que eu não lembrava de Demi, passava despercebido, porém em outros, a saudade e memórias dela me abatiam com força. Sete anos se passaram, eu contabilizava meus vinte e oito anos. Como ela estaria? Mudou os cabelos? A voz ainda tinha o mesmo som harmonioso? E seu aroma? Ainda de erva-doce? Eram essas pequenas coisas que me atormentavam.

Não saber exatamente onde Demi estava me atormentava.

 

Sandy partiu cedo na manhã seguinte e segui minha rotina normalmente ao decorrer dos meses. Estávamos há algum tempo sem lançar nenhum trabalho, trabalhávamos em algo novo, inovador, que nos tirasse de nossa zona de conforto, um tanto mais íntimo e pessoal.

Passava muito tempo no estúdio com os rapazes e os olhando agora, pareciam diferentes, na verdade, estávamos diferentes, não eramos mais os meninos inconsequentes de anos atrás.

Larry casou-se há mais de um ano, River engravidou a ex-namorada e Alex dizia-se apaixonado pela primeira vez na vida. Era engraçado, eramos homens agora, nossas atitudes tinham peso, ainda mais por sermos famosos, andávamos sempre em cascas de ovos.

E mais um dia findava para que outro começasse, eram quase sempre semelhantes os meus dias. Passava muito tempo sozinho quando não estava com os rapazes ou com Sandy. Sim, tinha outros amigos, mas levava uma vida pacata ultimamente. Tudo que pude usufruir em dose dupla fiz no começo da carreira. Não poupei em bebidas, noitadas, sexo e algumas drogas. Contudo, não era eu, não estava contente, apenas queria tapar um buraco, cicatrizar a ferida, tentar esquecer o quanto doía ser deixado pelo amor de sua vida.

Procurei por outras mulheres, elas procuraram por mim, eu as amei, elas me amaram, mas no final, nenhuma delas realmente tocou-me ou conheceu-me. Mesmo inconscientemente eu as comparava com Demi e isso era ridículo, mulher alguma deveria ser comparada, mas isto não era culpa minha, infelizmente.

Foi quando Sandra apareceu em seu cabelo castanho e enormes sorrisos, os olhos castanhos me captaram e primeiramente eu não me interessei, mas ela não deixou-me, conquistou-me de maneira lenta, uma amizade boa nos rodeou e quando vi, ela já era minha melhor amiga e amante.

Sandy era tudo que eu precisava e uma hora, eu sei, teria de seguir em frente seriamente ou apenas deixar pra lá.

— Ronald nos convidou pra tocar no bar dele amanhã à noite. Não esqueceram, certo? – indagou River arrumando os cabos das guitarras – Devemos ao menos isso depois daquele enorme favor que ele nos fez.

— Centro de Los Angeles, não é?

Perguntei me levantando e indo até Alex para ajudá-lo com a caixa de som.

— Sim, perto daquele restaurante onde Larry teve uma desinteria.

Gargalhamos sonoramente por longos minutos.

— Ei, parem! Não riam às minhas custas, foi uma contaminação grave – exclamou balançando as baquetas de maneira raivosa.

— Desculpe, Larry. Mas que foi engraçado foi!

Ria Alex entre as palavras.

E eram nesses momentos que me sentia adolescente de novo. Por que eramos um bocós ao redor de nossos amigos?

— Enfim brothers, quero vocês amanhã às 20hrs no bar. O cara contou pra metade da cidade que iríamos tocar lá.

E saímos de lá compromissados. Era engraçado, depois de anos, de shows milionários, fazer um simples show num local sem ser pago. Lembro-me das vezes que tocávamos por uma mera pizza ou gorjeta de pena. O mundo realmente dava voltas.

 

Eram dez da noite quando começamos a sacudir o estabelecimento, que para a surpresa de ninguém, estava cheio, praticamente entupido. Tudo corria bem, tocávamos nossos maiores sucessos, fazíamos alguns covers famosos.

Tomava goles do copo de cerveja que deixei sobre a caixa de som ao meu lado, meus dedos corriam pelas cordas, eu nem mesmo precisava mais olhar pro instrumento, simplesmente fluía. Dava um passo a frente e cantava no microfone alguma parte da canção fazendo coro com River.

Estava abafado, um suor teimava largar minha nuca, a barba rala em meu rosto pedia para ser coçada, mas meus dedos não poderiam deixar do contrabaixo pelos próximos três minutos. Num reflexo encarei o instrumento e voltei meu olhar para as pessoas aglomeradas ao redor do palco baixo e quase não acreditei em meus próprios olhos quando a vi…

Demi?

Era realmente ela a alguns metros de mim? Sua feição era neutra, um tanto séria, fitava-me diretamente, os olhos não desviavam. Pisquei um milhão de vezes não tirando o olhar daquela mulher. Tinha de ter certeza, pois não era a primeira vez que tinha a ilusão de vê-la em um show. Isso acontecia com muita frequência.

Porém não, era ela mesma. Quase me embananei nos acordes quando ela sorriu pra mim, meu coração palpitou e um choque correu por todo meu corpo. Era ela! Sorri de volta escondendo o nervosismo e tremor de dedos.

Deus do Céu, era ela ali! Estava sonhando? Alucinando? Será que bebi demais? E se quando eu me aproximasse ela desaparecesse no ar como fumaça? Assombração talvez?

Quando encerramos a canção não dei tempo para River e os rapazes, fui logo tirando a correia do baixo de meu ombro, apoiei o instrumento na caixa de som e pulei do palco não me importando com mais nada.

Fui empurrando e depois pedindo licença, queria encontrá-la logo. Meus dedos formigavam, minha garganta e boca seca, o coração perdido em batidas frenéticas. Quanto tempo não sentia essa sensação, era revigorante.

E lá estava ela, no meio do aglomerado, um tanto desfocada. Um vestido branco de mangas longas, os cabelos ainda em tons cobre agora um tanto ondulados. Demi fitava-me fortemente, sorria encabulada, receosa.

Não sabia direito o que fazer e se ela me negasse? E se estivesse com alguém? Mas isto dissipou-se quando deu passos até mim e abraçou-me lentamente. Soltei um suspiro aliviado sentindo seu cheiro de erva-doce, encostei meus lábios no topo de sua cabeça, o cabelo ainda sedoso e cheiroso. Contornei sua figura com meus braços, trazendo-a rente ao peito, não dando a miníma para meu suor ou as pessoas embasbacadas ao nosso redor.

Apenas ficamos ali, abraçados, sentindo um ao outro. Ela estava no mesmo estado, agarrada a mim, os dedos pressionados contra minhas costas, o peito pressionado contra o meu, o coração pulsante que eu podia sentir.

Será que ela ainda me amava?

Devagarinho ela se afastou, mas fiz questão de não soltar de sua mão. E se ela sumisse? Poderia muito bem estar tendo uma alucinação.

— Não queria atrapalhar o show – disse ela rindo.

Meus ouvidos foram abençoados com o som harmonioso de sua voz. Limpei minha garganta embargada antes de falar:

— Você nunca atrapalha nada. Olha lá, continuaram sem mim.

Olhamos rapidamente para o palco, onde os rapazes tocavam normalmente, como se nada tivesse acontecido, como se um louco afobado não tivesse pulado do palco.

Ela sorriu minimamente e soltou sua mão da minha.

— Que tal sairmos daqui? – perguntei perto do ouvido dela, o som era muito alto.

Demi assentiu arrumando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

Logo estávamos lá fora, onde a brisa era fresca, o abafado e aglomerado havia ficado para trás. Demi caminhava na minha frente, seguia rumo pela calçada, a alcancei em passos largos.

— Está tudo bem? – indaguei ao seu lado.

— Não acreditei que eram vocês que tocariam aqui hoje. Alguns amigos comentaram, eu fiz de conta que não liguei, estava prestes a deitar, assistir um filme, quando vi já estava aqui.

— Isso é bom ou ruim?

Ela suspirou meneando a cabeça, por fim deu de ombros.

— Não sei, Logan.

Ficamos em silêncio, ainda caminhando. Não falávamos nada, mas nossas mentes estavam a mil.

— Aonde estamos indo?

Perguntei olhando pra trás e vendo que já estávamos um tanto longe do bar.

— Não sei também.

E mais silêncio nos pegou, ela estava estranha, mas não desisti de tentar conversar.

— O que está fazendo em Los Angeles?

— Estou a trabalho. A praia é por aqui, não é?

Ela parou na esquina e observou os dois lados da rua.

— É por aqui –falei segurando em seu braço e atravessamos no sinal vermelho – O que quer fazer na praia?

— Nunca estive nas praias da Califórnia antes.

— É noite, talvez devesse voltar quando estiver sol.

Ela riu cruzando os braços.

— Estamos aqui, conversando como se não fizesse anos que nos vimos pela última vez. Qual a possibilidade disso? Me diga.

Dei de ombros.

— Destino, eu acho…

— Achei que não acreditasse nessas coisas.

— Depois de você, comecei a acreditar em tudo.

Demi me olhou de relance, durou tão pouco que não pude decifrar sua feição. Ela andava rápido, os saltos batiam com força no chão, parecia correr, querer se afastar. Se afastar de que? De mim?

Parei onde estava, mas ela continuou seu trajeto.

— Está fugindo do que, Demi? – exclamei de braços abertos, ela parou onde estava – Foge de mim? Do inevitável?

Virou-se, os braços ainda cruzados, o vento balançando seus cabelos.

— Não fujo de nada, muito menos de você. Só não sei se foi certo estar aqui e reavivar o sentimento. Talvez estivesse bom do jeito que estava.

Me aproximei em passos largos e decididos.

— Bom do jeito que estava? Que jeito? Me diga. Porque pra mim estava uma merda.

— Não fale assim.

— Sinto sua falta.

Ela meneou a cabeça desviando o olhar.

— Faz tanto tempo… – murmurou.

— Por isso mesmo.

— As coisas mudaram, nós mudamos.

Aproximei-me um passo dela, meu rosto a centímetros do seu.

— Os meus sentimentos, Demi, eles não mudaram exatamente nada.

Demi agora me fitava diretamente nos olhos, esmeraldas contra ônix. Foram segundos que pareceram durar horas, como se ela digerisse minhas palavras, como se a realidade fosse dura demais para aguentar. Apenas sei que não a deixaria dar-me as costas sem ao menos explicar-me o porquê de ter-me deixado.

— As coisas são diferentes agora, não somos mais aqueles adolescentes inconsequentes – proferiu erguendo o queixo.

— Então quer dizer que aquilo não foi real? Que foi tudo uma mera ilusão?

Ela bufou dando um passo pra trás.

— Não! Foi real, Logan, mas é tão difícil…

— O que é difícil?

Indaguei já sem paciência, porém ela não me respondeu, virou-se indo em direção a praia. Estávamos próximo do mar, já sentia a brisa mais forte, logo as palmeiras apareceriam. E o que fiz foi segui-la em silêncio.

Atravessamos a avenida e alcançamos o calçadão, logo Demi tirou os saltos e adentrou a areia da praia, sem tirar minhas botas a segui no trajeto. A praia era escura, não havia nenhuma iluminação a não ser pela lua.

As ondas estavam enfurecidas, judiavam da beira da praia, a luz do lar, pálida, contrastava perfeitamente com a cena; Demi em seus cabelos esvoaçantes observando a imensidão do oceano. Esta cena foi tudo que pedi em anos, o simples ato de poder fitá-la era mais que achei que poderia ter.

Em passos lentos me aproximei, parei ao seu lado, as mãos nos bolsos da calça jeans.

— Me desculpe – balbuciou – Revê-lo depois de todo esse tempo é tão… estranho. Estranho de um jeito bom, se é que você me entende.

— Quase não acreditei quando a vi lá, pensei que estivesse tendo uma alucinação.

Ela riu impulsionando o corpo pra frente. O som de sua risada… Maravilhosa. Suave e calma.

— Por que veio? Diga a verdade – perguntei.

Demi demorou em responder. Virou o rosto para olhar-me.

— Precisava vê-lo. Necessitava.

— E agora que já me viu? O que vai fazer? Pensou no que faria depois disso? Depois que me visse?

Mordeu os lábios e fechou os olhos, virou o rosto para o mar.

— Eu partiria – revelou baixo.

Não deixei transparecer o quanto aquilo me machucava.

— Por que partiria? Eu fiz algo?

— Não, você não fez nada.

Tomei respiração por um tempo, deixando que a dor se dissipasse. E num impulso chamei-a suavemente.

— Demi… – segurei em seu braço direito trazendo-a para mim – Não fuja. Por favor, não fuja de mim, não se afaste… Não dessa vez.

Lentamente ela apoiou sua cabeça em meu peito e um tanto resistente pousou as mãos ali também. Suspirei aliviado passando meus braços por sobre seus ombros, apoiando meu queixo em sua cabeça.

Nunca deveria ter saído de meus braços. Nunca. Mas ela voltou pra mim, como disse que ocorreria um dia e eu esperei por isto mais que tudo.

— Você me odeia? – indagou.

— Nunca seria capaz de odiá-la.

— Eu te machuquei, te magoei.

Afastei-a pelos ombros para encará-la nos olhos.

— Mas você voltou pra mim.

Ela sorriu meneando a cabeça.

— Você não muda, não é? Sempre tão certo das coisas. E se eu não voltei pra você?

— Então farei qualquer coisa para fazê-la ficar, para que volte pra mim.

Demi tentou se afastar mas segurei-a no lugar, apertando-a forte em meus braços.

— Não deveria ter vindo… Droga, eu sabia!

Batia com a mão em forma de punho na testa.

— Sabia o quê?

— Sabia que quando o visse, não saberia lidar com tudo isso. Agiria como uma adolescente idiota, como estou fazendo agora.

Ri feliz ao saber que ela sentia-se assim também.

— Então somos dois adolescentes idiotas de novo.

Ela riu apoiando a cabeça em meu peito num ato de rendimento.

— Admita que desejava mais que tudo estar aqui, comigo, nos meus braços. Não minta, Demi.

— E se eu admitir, o que vai acontecer?

A encarei demoradamente tentando encontrar qualquer resquício de blefe. Semicerrei meus olhos sorrindo de canto.

— Você sabe o que vai acontecer.

Senti o corpo dela retesar um pouco, encostou lentamente seu tronco no meu.

— Diga.

— Terei de levá-la comigo e amá-la até fazer com que esqueça dessa história de partir.

Ficou a encarar-me por longos minutos, nada disse e devagarinho ela subiu as mãos por meus ombros, aconchegando-as em minha nuca.

— Não pode me querer tanto assim, não depois de tanto tempo. Não faz sentido.

Proferiu acariciando meu cabelo, a voz tão suave, o hálito quente batendo contra em minha boca, praticamente pedia para que eu a beijasse.

— Acredite, mulher, eu a desejo na mesma medida que desejei a oito anos atrás – falei descendo uma mão pelas suas costas e a outra subindo em direção sua nuca pousando os dedos frios na pele quente, fazendo-a arrepiar-se – Posso ver que também me deseja, que ainda reage a mim.

Nada falou, apenas fitou-me diretamente. Ainda tinha a mão em sua nuca e bastava um leve movimento para trazê-la rente a meus lábios, porém não foi preciso, pois ela quem o fez.

Fechei meus olhos e aproveitei da sensação sentindo seu tão conhecido gosto; cerejas e coca-cola. A língua áspera e macia, os lábios cheios, o jeito que beijava, que me tocava, que se agarrava a mim. Aquela pequena descarga que nos abatia todas vez que beijávamos, era isso de que eu sentia falta, sentia falta de tudo nela.

Tê-la nesse momento era mais que palavras poderiam explicar.

Lentamente nos apartamos, os corpos quentes e próximos, as testas coladas.

— Conexão – sussurrou ela acariciando meu rosto.

— Conexão – respondi beijando-a mais uma vez.

Sim, haviam um milhão de coisas a serem feitas e perguntadas. Porém ela estava aqui, agora, em meus braços, em meus lábios e não a deixaria partir nunca mais. Não tão facilmente, como fez da última vez, simplesmente deslizando pelos meus dedos como água.

— Venha comigo – balbuciei.

Segurei seu rosto com amba as mãos.

— Não sei se deveria.

— É o certo.

— Estou tão confusa. Estava tudo tão certo em minha mente e agora você está aqui, me confundindo…

— Não estou te confundindo, estou colocando as coisas no lugar.

Fitou-me por severos segundos, podia quase ouvir seus pensamentos, travava uma luta interna, mas não havia escapatória, ela sabia que seu lugar era comigo. Talvez não hoje, não agora, mas em breve.

Ela deixou-me uma vez, machucou-me, feriu-me e ainda não entendo direito a razão, mas ela voltará, eu sei que voltará e sim, farei o máximo para tê-la, contudo, não me arrastarei como um rato para Demi. Não podia obrigá-la a nada e se partir, mais uma vez, era sua opção, eu deixaria… Mesmo que doesse.

Por fim relaxou os ombros pousando as mãos na gola de minha camiseta.

— Tenho de ir embora, Logan.

— Tudo bem, você quem sabe.

Afastou-se do abraço e imediatamente senti sua falta.

— Agora não é o momento para isso, minha cabeça está a mil.

— Eu entendo.

Passou por mim tomando rumo de volta ao bar. Caminhávamos calmamente desta vez, em silêncio, tentei não pressioná-la, poderia afastá-la ainda mais.

Paramos na frente de um carro branco, Demi destrancou a porta e jogou os saltos no chão do banco traseiro. Virou-se dizendo:

— Foi bom te ver.

— Tem mesmo de ir?

Levei minha mão até a sua e num movimento lento afastou seus dedos dos meus.

— Tenho.

Assenti devagar com os lábios comprimidos.

— Posso ao menos ter seu número? – perguntei.

— Eu te ligo, ok?

Dito isso pegou o celular que estava no banco do motorista, deu-me e ali marquei meu número.

— É sério isso?

Indaguei devolvendo seu celular.

— Não me leve a mal, Logan. Dê-me tempo pra pensar.

— Só não demore, pois minha vida não gira em torno de você.

Ela retesou franzindo o cenho minimamente. Assentiu e foi logo entrando no carro.

— Até breve – disse suavemente.

Apoiei-me na janela do automóvel.

— Se for ligar-me para me machucar. Não ligue, ok?

Demi engoliu em seco comprimindo os lábios. Assentiu e subiu a janela num ato de afastamento.

— Até breve.

Sussurrei enquanto a via partir. Sorri de canto com os braços cruzados, sim, não havia outra saída, ela voltaria pra mim de um jeito ou de outro. Vi em seu olhar, poderia estar enganado, mas os sentimentos não se foram, o que me aflige, também a aflige.

Entretanto, poderia estar errado e Demi não seja mais aquela mulher que amei com toda minha alma.

 


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