Tell Me You Love Me escrita por WeekendWarrior


Capítulo 6
Wicked Game




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Era final de outubro e havia ouvido a voz de Demi apenas cinco vezes no mês inteiro. Ela estava estranha, sempre queixando-se de cansaço, dizia que a faculdade estava dificultando cada vez mais e temia por ficar em pendências nas férias de fim de ano.

A ligava, mas não atendia na maioria das vezes e nem um retorno recebia. Simplesmente nada. Estava começando a estranhar, mas deixei este pensamento de lado tentando ligá-la mais uma vez e no quarto toque atendeu.

— Oi — falou num tom baixo.

— Oi, amor. Pensei que não atenderia. Te liguei várias vezes.

— Desculpe, estava ocupada. Sabe como está corrido.

— Está bem corrido pra mim também, mas sempre a ligo – ela não disse nada, então decidi me apressar em puxar assunto – Nos vemos no Natal, certo?

Demi demorou em responder.

— Certo.

— Tudo bem mesmo? Aconteceu algo?

 Não, nada aconteceu. Estou bem, é que acabei pegando um resfriado, sabe como Nova York é fria.

— Entendi. Melhoras, então. Sinto saudades sua.

— Também sinto.

— Te amo muito, não esqueça.

— Te amo também. Mas Logan, eu preciso desligar, de verdade, me desculpe. Não é um bom momento…

— Tudo bem, ligo depois. Vê se atende!

— Certo. Tchau.

— Até mais.

Tirei o telefone do ouvido e franzi o cenho ao encarar a tela. Ela estava realmente muito estranha. Nos últimos meses ela estava assim, sempre evasiva, não falando muito e suas perguntas desconcertantes haviam parado, sentia falta delas. Meneei a cabeça espantando pra lá qualquer besteira e fui para o estúdio espairecer.

 

— Logan, chegou isso pra você – falou Larry me entregando um envelope.

Franzi o cenho ao perceber que era uma carta.

— Uma carta? – indaguei.

Ele apenas deu de ombros e se afastou dando um tapinha em meu ombro.

Virei o envelope para ver o remetente e me surpreendi ao ver o nome de Demi escrito. De cenho franzido segui em direção ao meu quarto no apartamento que dividia com os rapazes. Fechei a porta atrás de mim e rasguei a parte de cima puxando a carta de dentro.

O papel era rosa claro e tinha a linda caligrafia dela ali. Comecei a ler:

 

Olá, Logan.

Não sei nem como começar a escrever esta carta pois está sendo muito difícil, dói em mim, meus dedos tremem e sinto meu coração bater descompassado. Apenas quero que saiba e entenda que te amo mais que tudo, você é e sempre será o amor de minha vida, mas infelizmente tem de ser assim, desse jeito, tenho de partir.

Não me odeie nem me julgue, também não espero que me entenda, porém aceite. É difícil, mas tenho de fazê-lo, tenho de deixá-lo seguir caminho livremente, não posso mais te segurar no lugar, não posso mais prendê-lo. Nem você pode mais me fazer sentir culpa por ter meus próprios sonhos, por seguir em frente.

Estarei indo pra Austrália no final da faculdade, consegui aquele vaga dos sonhos, alcancei meu sonho também e infelizmente estarei longe, mas não se preocupe, estarei bem. Juro que estarei bem, sempre pensando em você, desejando o melhor para o melhor homem deste mundo. Agradeço a Deus todo dia por ter te colocado em mina vida, por me fazer feliz, por me amar. Entretanto, as coisas estão difíceis e romper é a única saída.

Por favor, não me ligue, não me procure, não se desespere. Desculpe ter de ser assim, mas tenho de seguir meu caminho. Não posso me prender aos seus sonhos e ambições, pense em mim um pouco.

Lembre-me com carinho e amor. Sinto muito orgulho de você, espero que cresça e que alcance todas suas metas. Nos veremos um dia novamente, estaremos juntos mais uma vez. No fim, acabaremos juntos, lembra? Não importa o que aconteça.

Te amo pra sempre.

Demetria Lovato.

Obs: A aliança está no envelope.

 

Meus dedos tremiam, minhas pernas amoleceram, sentei-me na cama sentindo o coração bater de forma rápida, quase perdida, sentia-o pulsar em minha garganta. A voz embargou e senti as lágrimas escorrerem sem permissão. A carta ainda em mãos, não estava acreditando, não queria acreditar naquilo.

Então era assim que acabava? Por uma carta? Meras linhas? Não!

Peguei o envelope tirando a aliança de dentro. Lembrei-me do dia que a pedi em namoro, dançávamos felizes na sala de minha casa, pensei que era pra sempre, mas não, ela acabou com tudo.

— Por quê, Demi? Por quê? O que fiz de errado?

Amassei o papel com uma das mãos e joguei para longe, apertei a aliança forte entre meus dedos. Sentia uma raiva mista de dor e culpa. Não era possível, não era real, ela não estava me deixando, não desta maneira.

Peguei o celular de meu bolso e com dedos trêmulos disquei seu número. Ela não atendeu, tentei inúmeras vezes, caía sempre na caixa postal, sempre caindo no mudo da linha. Foi aí que tomei consciência, era real, ela havia acabado com tudo. A maldita aliança estava em meus dedos para provar o rompimento.

— Não! – gritei com raiva jogando o celular longe – Você não tem este direito! Por que não falou na minha cara?! Por quê?

Tapei meu rosto com as mãos, chorava compulsivamente como nunca fiz. A dor se alastrava pelo peito, enfraquecia minhas pernas, minha garganta estava travada, só queria gritar, chorar, ir até ela, sacudir seus ombros e fazê-la esquecer esta história esfarrapada de término.

— Não pode ser… Não, não, não… Por favor, não… Não me deixe, Demi.

Peguei a carta amassada do chão e a reli um trilhão de vezes, até encharcá-la com minhas lágrimas.

— Hey, Logan, o que foi? – irrompeu Alex no quarto, estava preocupado.

Não fiz nem questão de esconder meu rosto molhado pelas lágrimas. Sentei-me na beirada da cama, a carta e aliança em mãos.

— Isso aconteceu.

O entreguei a carta, ele leu e suspirou sem saber o que dizer.

— Tudo bem aqui? – perguntou River chegando atrás de Alex.

— Demi terminou com ele – Alex respondeu passando-o a carta.

Ele leu e ficou com a mesma expressão, não falou nada.

— Quem ainda manda carta hoje em dia? – indagou.

Alex deu de ombros.

Saí de meu estupor e puxei a carta da mão de River.

— Agora que já sabem, quero ficar sozinho. Por favor, saiam.

Ambos franziram os cenhos em preocupação, hesitaram mas por fim aceitaram meu pedido.

— Eu sinto muito, cara – proferiu River segurando meu ombro.

Logo estava sozinho no quarto novamente. A noite caiu, a tristeza chegou, a dor não deixava meu peito e ligar pra ela era inútil. Tentar procurá-la seria inútil dali pra frente.

Demi estaria indo pra Austrália, muito, muito longe daqui. Longe de mim, longe de nossos sonhos, de nossos planos. Como ela pôde depois de tudo? Não entendia… Não queria entender! Não entrava em minha cabeça, não haviam motivos para isso. Tudo que ela precisava fazer era aguentar mais um pouco, segurar por mais um tempo.

Será que ela encontrou outra pessoa? Estava com outro alguém? Estivemos separados por um bom tempo e se… Não, não, não. Ela não seria capaz. Eu fui fiel, não tive olhos pra outras mulheres, era como se elas não existissem. Demi não faria isso comigo, não me trocaria… Ou sim? Meneei a cabeça em desgosto e impotência.

Deitei cansado na cama, li a carta mais uma vez. Era como se ouvisse sua voz em minha mente, dizendo todas aquelas palavras, deixando-me pra trás depois de tudo, depois de todas provas de amor e promessas.

— Por quê? – sussurrei segurando o papel contra meu peito – No que eu errei, Demi?

Ela não podia estar fazendo isso… Era real? Por que doía tanto? Meus olhos fecharam, parecia que não acordaria amanhã, um peso tomava meu corpo, sentiria a falta dela. Não sentiria mais seu cheiro, não ouviria suas risadas e nem a amaria torridamente. Simplesmente acabou. Ela acabou.

Dolorosamente, a semana se seguiu e tentava entrar com contato com Demi todos os dias. Liguei na faculdade, procurei por ela, mas falhou também. Estava desesperado, quase ao ponto de ligar para seus pais ou ir à Nova York, arrombar aquela faculdade e pedir que ela dissesse olhando em meus olhos que estava acabado.

Contudo, não aconteceu. Os rapazes me seguraram no lugar, estávamos próximos de uma turnê mundial, deveria estar focado em nosso trabalho, mas focar-me como? Se tinha o coração em mil pedaços espalhados. Nunca pensei que estaria assim um dia.

— Ela quem pediu que não a procurasse – falou Larry enquanto girava as baquetas nos dedos – Deveria acatar a esse pedido. Sei que dói, mas siga em frente.

— Estou tentando – balbuciei.

Encostei-me de maneira cansada no sofá.

— Pense pelo lado dela, Logan. Ela tem a vida dela, a carreira dela, vai pra Austrália… Não sei não, talvez tenha sido melhor assim – comentou River.

— Olhe, há coisas que apenas o tempo pode responder e curar. Então, se for pra ser, apenas o tempo dirá – disse Alex de maneira séria.

Assenti tentando ver por todos esses ângulos, porém era recente e difícil de pensar. Entretanto, teria de seguir em frente, a vida não pararia por causa de minha decepção amorosa.

— Vou ficar bem, não se preocupem. Tudo vai se resolver.

Logo entramos em turnê e tentava não pensar em Demi nem na dor que me abatia, na saudade que sentia, nas memórias que vinham de maneira incontrolável. Não era fácil assim esquecê-la, nem parar de amá-la… Na verdade, nunca parei de amar Demetria. Nem por todas as semanas, meses e anos. Sim, estive com outras mulheres, amei outras mulheres, porém ela ainda estava lá, me assombrando, me lembrando o que era o verdadeiro amor.

Era Natal, havíamos dado uma pausa nos shows. Estava de volta à minha antiga cidade, de volta à minha casa. Estava na janela que dava para a residência vizinha, estava tudo silencioso lá, não tinha visto ninguém. Não nego, a vontade de correr até lá era enorme.

— Elá não está lá.

Virei-me para avistar minha irmã, agora com quinze anos.

— Como sabe? – indaguei.

— Estudo com a irmã dela; Dallas. Ela me disse que passariam o Natal com a avó que está um tanto doente.

Assenti tristemente, voltei a observar a enorme casa vizinha.

— Sinto muito, Logan— murmurou e depois se afastou.

Sim, eu também sentia muito. Mas seguir em frente era a única solução, pois sentia que nunca mais a veria em minha vida, que teria de aprender a lidar com a dor, com a saudade. Demi era uma memória, que às vezes me confortava, outras machucava.

Haviam dias que abria meus olhos ao acordar e naqueles primeiros segundos, ela quem vinha em minha mente, como se ainda a tivesse comigo, porém, a realidade caía em mim e percebia o quão sozinho e deprimido estava.

De maneira pesarosa afastei-me da janela e também da lembrança de Demi.


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