Pov Bella

Eu era totalmente diferente quando ia para a cafeteria e quando ia para os rachas. Quando apostava, me sentia em liberdade, a emoção de sentir o vento bater cada vez mais rápido em mim, essa sensação era inexplicável.

Enquanto que na cafeteria, me sentia prisioneira, afinal, se eu não fizesse tudo do jeito que James, meu patrão, queria, era capaz de ouvir sermões e corria o risco de perder o emprego, e infelizmente, isso não poderia acontecer.

Jake me ajudou muito quando precisei, ele foi um grande amigo. Mas não poderia deixar com que ele nos sustentasse, isso estava fora de questão. A única pessoa que sabia o que tinha acontecido comigo, e o porquê de eu sair de casa é ele, na verdade ele praticamente me tirou a força daquele inferno na terra, se eu tivesse ficado lá era bem capaz de nesse momento eu estar morando no cemitério.

O problema é que até hoje Jake quer que eu denuncie meu pai, mas mesmo eu ter sofrido tudo aquilo nas mãos dele, ele ainda continua sendo meu pai, querendo ou não, é a única pessoa que me resta. Eu só o tenho e ele só tem a mim. Apesar de ele ser um sádico. Eu sei que tenho o Jake também, que é como um irmão mais velho que sempre me ajudou e protegeu, mas não é a mesma coisa.

Uma coisa que meu grande amigo não pode saber é que acho que merecia cada surra que levei, eu fui a responsável pela morte de minha mãe, eu daria minha vida para poder trazê-la de volta e ver a felicidade estampada nos olhos do meu pai. Muitas vezes pensei em me matar e acabar com todo o sofrimento que sentia, mas eu era tão fraca que nem isso conseguia fazer, sempre que ia tentar fazer algo do tipo me acovardava e desistia.

Estou agora no balcão de atendimento desse fim de mundo e me lembro de quando Jake descobriu o que acontecia comigo e sua iniciativa de me tirar daquele inferno.

FlashBack On

Desde meus 11 anos meu pai sempre me dava uma surra quando lhe interessasse. Eu nunca poderia ser e me vestir como uma criança normal graças a meu querido pai, sim, eu não podia me vestir como todas as meninas da minha idade, o motivo, bem, meu pai batia em mim com o cinto e enquanto não ficasse marcas ele não sossegava, e por isso, jamais posso deixar minhas costas a mostra, tenho medo de que se alguém descobrisse o que me ocorria, Charlie me bateria mais.

Sempre fui considerada a esquisitona do colégio. A única pessoa que teve coragem de se aproximar foi Jacob Black, um garoto que tinha 2 anos a mais que eu. Agora eu estava para completar meus 16 anos e tinha medo do que me aconteceria no próximo ano, afinal, Jake, que se tornou meu melhor amigo e fazia companhia para mim, iria sair do colégio e iria para a faculdade, ele estava com 18 anos e repetiu 2 anos no 1º ano por se mudar muito de uma cidade para outra com sua família. Mas apesar disso ele era um cara legal, inteligente e estudioso. O problema era que ele é muito observador e sabia que tinha algo de errado comigo, não somente por eu usar roupas de manga até mesmo no verão, mas também porque de vez em quando eu aparecia com umas manchas vermelhas em lugares que não dava para esconder.

Nunca comemorei meus aniversários, afinal, era o mesmo dia de aniversário de morte de minha mãe, e meu querido pai nunca me deixava esquecer, em cada ano ele fazia uma coisa dolorosa demais para me lembrar, e eu estava com medo do que aconteceria esse ano. Ele começou a ter essa ideia a partir de meus 11 anos.

Eu tinha um corte pequeno, mas profundo em minhas costas, pelos meus 11 anos. Tive uma costela fraturada pelos meus 12 anos (fui no hospital no dia seguinte, falando que havia caído dos últimos degraus da escada, o médico não acreditou muito, mas ninguém desconfiaria do querido xerife Charlie Swan).

Completei 13 e ganhei um corte de tamanho considerável em minha barriga.

Nos meus aniversários de 14 e 15, consegui escapar, não estava em casa quando ele chegou, esperei um pouco e pulei na janela do meu quarto escalando uma árvore e tranquei a porta. Pretendia fazer isso esse ano também, mas quando estava trancando a porta, Charlie chutou a porta e me pegou com força pelo braço, me levando até a cozinha que ficava no 1º andar, me desesperei quando vi que tinha uma colher no fogo, ele iria me marcar que nem vaca.

Antes que eu pudesse gritar ele tapou minha boca com sua mão, meu anjo da guarda, Jake, bateu à porta bem no instante em que Charlie chegava perto de mim com a colher. Ele tirou a mão de minha boca e fez sinal para que eu não abrisse o bico, mas se esqueceu de abaixar minha blusa, eu estava de costas para o hall tentando abaixa-la quando o Jake apareceu no batente da cozinha e vendo as marcas da cinta que estavam quase sumindo e o corte em minhas costas ele montou o quebra-cabeça e virou na direção de meu pai e sem deixa-lo ter reação alguma deu-lhe um soco no rosto que o deixou desacordado, pelo menos momentaneamente.

Jake aproveitou e subiu me arrastando até meu quarto e pegando duas mochilas de viagem minhas e enchendo-as com minhas roupas e pertences.

Sai de meu transe e perguntei-lhe:

— Jake o que você está fazendo? Não adianta fazer minhas malas, não tenho para onde ir.

— É claro que você tem para onde ir, você virá morar comigo no apartamento que meus pais me deram e conversaremos sobre o que acontecia e aconteceu aqui. Sem discussões, você virá comigo e pronto, nem que eu tenha que te arrastar.

Vendo que não teria alternativa ajudei-o a colocar o máximo possível de minhas coisas nas malas e sair dali antes que Charlie acordasse.

Assim que chegamos no apartamento de Jake ele me fez contar-lhe tudo que passei nas mãos de meu pai e com cara de raiva falou que iria me levar para depor contra o Charlie.

Dei-lhe a desculpa de que meu pai tinha muita influência na delegacia e na cidade, ninguém iria confiar em mim. Iriam me levar pra casa e eu ia apanhar mais do que já apanhava. Mas eu na verdade não tinha coragem de fazer isso, afinal, por mais ruim que o Charlie fosse ele ainda era meu pai. Jake concordou mesmo que relutante.

Eu tinha medo de Charlie vir atrás de mim e trazer complicações para Jake, mas acho que eu não valia a pena para ele ou ele estava muito ocupado no serviço.

Desde esse dia Jake prometeu que ficaria responsável por mim e minha segurança.

Fim do FlashBack

Continua...