Avatar:A Lenda dos Gêmeos/Livro 1-avatares escrita por Barilinho


Capítulo 9
Capítulo 9- Prove-se capaz


Notas iniciais do capítulo

Depois de muito tempo sem escrever acabei arranjador tempo para voltar para a fic. Me dói ficar sem escrever, mas tinha que parar um pouco para organizar a minha vida afinal a vida de um estrangeiro no brasil não é fácil.
enfim estou de volta e pretendo manter a constância de postagem mesmo estando em período de provas
Alguém tem que estudar nessa vida...



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Tínhamos que bolar um plano. E rápido, pois a invasão deles à caverna estava ficando cada vez mais óbvia.
— Em nome do senhor do fogo, abram já o paredão de terra erguido! Todo dominador de outro elemento da nação do fogo deve estar cadastrado no sistema da polícia, por isso saiam! Caso contrário, entraremos à força!
Lena é a primeira a entrar em desespero:
— E agora? O que vamos fazer? Se eles entrarem por conta própria, nos levarão para julgamento, e possivelmente seremos presos!
BUUUM! Se escuta a primeira tentativa da polícia de derrubar nosso paredão. Eles estavam botando tanta força que toda a caverna tremia. As estalactites do teto caíram bem ao nosso lado, assustando a todos nós. Porém, quem mais se assustou foi Paki. O bicho enlouqueceu. Começou a grunhir, a se mexer muito, causando mais barulho, que atiçava os guardas a baterem mais na parede e derrubar mais coisas e assustar mais ainda o bisão.
Tínhamos todos sensações parecidas. Lena, morria de medo de ser pega. Sozin já não voltaria pro castelo por nada, e estava disposto a lutar por isso, e se sentia aflito por ter que fazer isso. Eu, tinha já perdido a paciência e estava por me entregar ao desespero, e me juntar a Paki nos seus gritos ensurdecedores. O único que manteve a calma por todo esse tempo, foi Nox. Ele esteve pensando esse tipo todo. Não sei como, o que ou qualquer outra informação, mas ele foi capaz de desenvolver um super plano de fuga em meio a tudo aquilo. Ele nos sussurrou seu plano com medo que os guardas ouvissem.
— Galera, tive um plano. Eu tenho certeza que vai dar certo, só preciso que todos confiem em mim.
— Confiamos, só nos tire daqui ilesos e limpos de crimes! - respondemos todos, cada um com sua linguagem.
— Beleza. Agora é o seguinte. Lena, preciso que você me maquie como um guarda do ar. Faça as setas nos meus membros. Enquanto você prepara a tinta, Luan vai abrindo uma fresta pequena, mas pequena mesmo, lá em cima, no topo do paredão, mais pro canto. Sozin, essa chama foi ótima. Mas assim que Lena terminar a tinta, você terá que apagá-la. Suba na cela de Paki, pegar uma espécie de guarda-chuva amarelo que tem lá e vai abrir na frente dele. Você vai acalmar Paki. ABRA O PAREDÃO! JÁ FALEI!
— Você é maluco?- eu lhe pergunto.- Por que você gritou que nem um doente mental? Quer se entregar?
— Cala a boca e faz o que eu te disse. Lena, como vai a tinta?
— Abram, em nome do senhor do fogo! Chamaremos reforços! Derrubem essa parede, pois o príncipe pode estar lá!- o guarda lá de fora grita pra nós pôr um pouco de pressão.
— Eles estão atrás de mim, cara, que incoveniente! Eles não vão me levar! - Sozin fixa cheio de convicção.
— JÁ MANDEI VOCÊ ABRIR! VOCÊ OUVIU O GUARDA, ABRA! Cala a boca e acalma o bisão Sozin. Escuta o que eu estou te falando.
A tinta de Lena finalmente ficou pronta. Ela ajudou Nox a pintar as setas no seu corpo, para simular que fossem tatuagens dos mestres do ar. Ele deu um jato de ar para secar a tinta, e ele estava a caráter.
Sozin acalmou o bisão, eu abri a fresta, Lena fez a tinta e ele foi pintado. Cada um cumpriu com sua parte, e ainda estávamos presos. Só pra lembrar, os guardas ali fora não pararam de esmurrar a parede nem por um segundo.
Noxer resolve seguir a explicação do plano:
— Beleza. Luan e Sozin, vocês vão entrar na cintura de Paki, nas tiras de couro que prendem a cela ao seu corpo. É pra ninguém ver vocês em momento nenhum. Lena, você será a minha criminosa. Com todo o respeito.... - Ele empurra Lena pra cima de uma poça de lama que havia ali, sujando-a por completa. Ele ainda deu um jato nela para secar a lama e parecer que eram marcas de sujeiras mais antigas.
Pegando um pouco de areia molhada, ele esfregou na própria cara um pouco para serem grãos de brilho, fazê-lo parecer suado e sujo, e dar-lhe uma aparência um pouco mais velha. Não hesitamos em entrar debaixo da cinta fedida e suja do bisão suado. Ele subiu rápido na cela de Paki e procurava com bastante empenho por algo lá em cima. E os guardas lá quase derrubando a parede.
Quando Noxer desceu, ele algemou Lena e disse:
— Lena, precisamos agora da sua maior atuação. Tudo depende desse momento. Aja como uma criminosa, uma delinquente. Você vai abrir o paredão e vai ficar rosnando e fazendo caras feias. Pronta? Ótimo. ABRA JÁ A PAREDE!
Lena engoliu em seco. Aquele momento definiria nossas vidas. Pelo menos pelos próximos anos. Ela não poderia falhar. Respira fundo, baixa o paredão e abaixa a cabeça.
Do outro lado estavam quase vinte guardas da nação do fogo,dos mais variados batalhões. Todos estavam a postos e preparados para um ataque. Eles se espantaram ao ver Lena e Noxer, que levantaram as mãos em sinal de rendição. Nox toma a palavra e diz:
— Wow wow, colegas. Sei que invadimos a área de vocês, e isso é contra as regras, mas essa criminosa está fugindo de mim faz algum tempo.
— Identifique-se, guarda do ar.
— Acólito Len, batalhão central. Animal Paki. Código de reconhecimento....
— Ok Ok, não precisa disso. Você sabia que está proibida a entrada de qualquer oficial do ar em territórios da nação do fogo? Bom, por isso, você será levado ao castelo, junto de seu animal para uma análise de situação.
— Opa amigão. Então, era justamente sobre isso que eu gostaria de conversar contigo. Sabe, eu e meu parceiro fomos designados a buscar essa meliante faz quase uma semana. Nós a vimos lá por Omashu, e ela escapou de nós. Fomos notificados que ela estaria vindo para a nação do fogo para se misturar por aqui. Nosso departamento de inteligência fez os cálculos e descobriram que ela deveria parar (caso estivesse realmente marchando pro norte) aos redores da cidade, pois teria que descansar e repor energias para seguir viagem.
— E qual o nome da prisioneira?
— Seu nome é mantido em sigilo por segurança. Mas, aqui entre nós- ele chegou mais perto do guarda que estava no comando- ela é uma das principais responsáveis pelo sumiço dos três dobradores de areia de dois meses atrás. Enfim, vocês fizeram o trabalho de vocês muito bem, mas sinto informar-lhes que era alarme falso. Eu não sou procurado nem nada, e ela acaba de ser capturada. Então senhores, se não se importam, tenho uma detenta para levar a Gaoling com uma parada em Laogai, pois esse é o bisão mais velho de toda a frota.
— Espere, guarda Len. Isso não funciona assim. Se a detenta foi encontrada em solo do fogo, ela é uma prisioneira do fogo. Fora que, vocês sempre andam em duplas, e onde está a sua?
Eu e Sozin estávamos apertadíssimos ali embaixo do bisão. Estava quente, mas suávamos mais pelo medo do que pelo calor. Lena, estava parecendo bem convincente, ao que me constava. Devemos uma a ela.
— Ah, imaginei que chegaríamos a esse ponto. Vejam- Noxer começa a explicar e passa a mão no cabelo- meu parceiro ficou em Laogai para procurá-la com um outro bisão por lá. Como tínhamos uma informação duvidosa, tínhamos que nos dividir para conferir. Vocês guardas devem me entender.- Todos ali assentem como grandes entendidos do assunto.
"E quanto a ela, olha, sem objeções, mas eu ouvi que o príncipe louco de vocês fugiu, e o senhor do fogo está muito nervoso quanto a isso. Então, eu não sei se ele ficará contente em saber que foram necessários vinte guardas, que em vez de procurar pelo príncipe, ficaram lutando para conter uma criminosa de vinte anos e sem nenhum poder especial. Achei que seria melhor pra vocês se eu levasse e ninguém ficasse sabendo do ocorrido, e vocês até poderiam dizer que procuraram na caverna da colina sul,e que não havia ninguém."
Todos os guardas estavam contentes com o trato do Nox. Eles realmente pareciam ter medo do pai do Sozin. Iroh II era realmente alguém para se temer? Fico pensando como Aang na minha idade encarou o malvado Ozai...
Mas, sempre tem um que além de do contra, gosta de ser o certinho. Esse tomou a frente e se pronunciou:
— Apreciamos sua preocupação e compreensão, mas regras são regras, e levaremos a prisioneira. Passe-nos as chaves das algemas e nos entregue a moça.
Noxer gelou. Ele estava convencido que todos consentiriam pois o senhor do fogo não seria tão compreensivo. Ele começou a tatear os bolsos, como se quem procurasse as chaves. Não sem antes tentar ganhar todo o tempo possível, fazendo uma enrolada e tals. Na verdade nenhum dos guardas queria levá-la, mas o certinho era de patente alta, e comandava alguns poucos por ali. Eles apenas aceitaram. Enquanto Noxer buscava a chave e não encontrava (pois tudo era uma grande simulação) os outros guardas tentaram convencê-lo a deixar o "Len" levar a moça. Mas, o cara ficou na dele. Guarda fiel e teimoso . Os piores.
Então foi a vez de Lena salvar o dia. Ela foi se aproximando devagarinho dos oficiais do fogo, pois ela seria "transferida" para eles em alguns instantes, era só questão de encontrarem a chave. A genialidade da menina me surpreendeu. Não havia com o que se preocupar.
Mas aí, do nada, ela começa a transformar todo o chão em lava. O chão dos policiais, inclusive o próprio Nox. Eles demoraram um pouco até entenderem o que estava realmente acontecendo. Afinal, eles quase não tem dobradores de lava por aqui, e a temperatura de seus corpos é mais elevada que de um outro dominador, então demora pra cair a ficha que seu pé está queimando, e todos esses detalhes.
Quando se deram conta, mais da metade pulou fora da lava fugindo pra fora da caverna. Outros começaram a jogar rajadas de fogo na direção de Lena, mas ela usou uns gêiseres de lava para parar seus ataques. A lava se alastrava, e os "guerreiros" se distanciavam.
Era a deixa perfeita pro Nox. Ele só tinha que fazer dar certo. Ele poderia se livrar desse guarda chato e sua exigência com uma rajada de vento. E ele não decepcionou. Pulando com sua dominação, ele atingiu uma altura boa o suficiente para soprar uma enorme quantidade de ar pra cima da lava e secá-la de uma vez, prendendo os pés de Lena na lava. Ele deixou um pouquinho de lava fervente atrás de Lena para fazer um granfinale. Descendo bem em frente a criminosa, ele a derrubar pra trás, mete suas mãos na lava e seca aquela lava também. Lena estava presa e controlada.
Os guardas do fogo ficou aterrorizados. Não sabiam se agradeciam, se fugiam, se fingiam que nada tinha acontecido.... estatelados com o que acabara de passar.
— Pronto, agora ela está bem presa, e provavelmente cansada também. Se realmente insistem, podem levá-la para seus generais.- Noxer pôs a situação como se ela estivesse sob o controle deles, e não de si mesmo. O que era mentira.
— Emmm, bom, guarda Len, acredito que vamos aceitar sua proposta de levar a prisioneira. Leve-a aos seus superiores e diga a eles que ela tentou atacar quase vinte guardas da nação do fogo e quase os feriu. Obrigado por nos salvar, guarda Len.
— Ahá! Imaginei que minha proposta lhes seria conveniente. Era só uma questão de tempo. Bom senhores, se não se importam, tenho uma prisioneira bem nervosinha pra levar.
Ele subiu no bisão, pegou uma estaca e recortou a pedra de enxofre dos braços e pernas da Lena, deixando-a algemada e sem movimento. Ele a levita para a cela de Paki, cela que, só pra não esquecermos, Sozin e eu estivemos escondidos em suas cintas por mais de quinze minutos, e levanta voo com o bicho.
Passados quase quinze minutos de vôo em direção a Laogai, ele pousa para podermos sair da cinta do bicho. Ao sair, Lena me pediu ajuda para se livrar das pedras e das algemas que a prendiam. Sozin não parava de agradecer
— Muito obrigado Noxer. Você salvou minha pele, não sei o que faria sem você, foi genial você ter pensado nesse plano, e em tempo recorde, e como você consegue e como eu te devo essa e....
— Wow wow! Relaxa aí monarca, não foi nada de mais. Eu vi a situação, pensei no plano e usei minhas aulas de teatro pra alguma coisa. Agradeçam a Lena, que quando a coisa complicou soube agir como uma verdadeira criminosa. Excelente atuação.- Noxer se pôs humilde, menosprezando seu próprio plano.
— Ora gente, que é isso. Eu só fiz a minha parte... Não foi nada de mais, até porque aqueles guardas estavam me tirando do sério do jeito que eles se referiam a frota do ar. Falando de desdenho, fiquei com pena do Sozin na maneira que eles se referiam a ele. Quando Nox falou de você (Lena deu uma empurrada no ombro do ruivo, como se desaprovasse os adjetivos usados para Sozin) eles estremeceram. Mas não fique assim Sozin- a menina ficou afetuosa e começou a abraçar o príncipe- nós somos sua família agora.
— E-eu agradeço a compreensão, mas não precisa ficar tão pegajosa assim Lena! Não gosto muito de demonstrações de afeto e carinho físicas. Quanto a maneira dos guardas me tratarem, é assim que eu fui tratado a vida toda, já me acostumei.
— Beleza então. Noxer, parabéns pelo plano, Lena maninha, valeu por colaborar. Serião Nox, nós agora estaríamos muito presos. Você salvou nossa pele. Acho que te devo um voto de confiança, esse que você acaba de ganhar. Sozin, essa noite dormiremos aqui, e amanhã ao pôr do sol vamos embora. Durante o dia, treinaremos nossa dobra de fogo, morou?
Todos concordamos, chegamos a um único consenso, armamos nossas coisas e vamos dormir. Me voluntariei para ficar de guarda durante o resto da noite, caso mais alguma surpresa aparecesse.
E não é que apareceu?
Pedi que Sozin deixasse a fogueira acesa, para aquecer-nos e para eu ter um pouco de luz. Lena dormiu bem ao lado das patas de Paki (mal sabe ela quanto aquilo fede), enquanto Nox e Sozin dormiram na cela do bicho. Eu fiquei no chão plantando guarda, e como a noite estava bem calma, sentei ao lado da fogueira com o mapa que compramos na Capital do fogo, o do Azulon. Fico analisando o mapa por completo, tentando entender aonde estávamos ao certo, e para onde iríamos.
Do nada, assim dá mais aleatória maneira, me aparece um espírito. Eu pulo de susto, porque não é legal ver assim uma alma penada aparecendo assim pra você sem mais nem menos. Enfim, descubro que não é assombração, e sim uma projeção astral, aquela parada que os dobradores de ar sabem fazer, meditando na pessoa com quem deseja falar. A imagem começa a se formar, e vejo que é um homem. Melhorando a qualidade, percebo que se trata de Rohan, o mesmo Rohan que minha mãe quer morto. Toda essa imagem se desturveando me lembrou a tevê lá do quarto das nossas empregadas, que tínhamos que ficar mexendo na antena pra pegar bem o sinal. Ai ai. Falando assim, parece que foi em outra vida, mas foi a menos de uma semana que Jinora deu o aviso do avatar.
Rohan repara que eu 1- não quero prestar atenção, 2- estou em algum devaneio distante, então ele me chama pelo nome. Quando eu lhe dou atenção, fito-o com uma cara de pouca conversa, mas ele pouco se importa. Ele começou a falar:
— E agora, por problemas que eu tive com a sua mãe, você vai ficar emburrado comigo e deixar de pedir ajuda ao chefe da polícia mais vasta e controlada do mundo? Pense bem antes de agir, leve isso em conta como um conselho meu. Não vale a pena você queimar sua fita comigo, cortar os laços com alguém importante como eu por uma história que você apenas ouviu da Jinora. De qualquer forma, estou entrando em contato com você por alguns motivos. Não lhe vou perguntar quais são seus planos, nem me interessar em saber que cagadas vocês andam fazendo, pois tenho medo de querer impedí-los e acabar atrapalhando vocês. Mas preciso saber de algumas coisas.
— Com todo o respeito Rohan, estarei a sua disposição para responder qualquer pergunta. Mas se você me assustar assim mais uma vez, eu não terei tanta paciência para responder. E quanto as nossas "cagadas", bom, mesmo sendo uma cambada de adolescentes inconsequentes, não fizemos nada de grandes coisas.
— Agora sim estou falando com alguém racional. Enfim, diga-me Luan. Seus amigos e professores em Gaoling estão querendo saber aonde você está, estão preocupados contigo. Tem uma tal de Flamber que está louca com você, pois você não apareceu na luta de dois dias atrás e eles foram eliminados por W.O. ... Enfim, a coisa em Gaoling está ficando complicada, e queríamos saber de você se contamos pras pessoas que você é o avatar ou não.
— Não! Vocês não podem contar, isso nos comprometeria por completo. O simples fato de eu ser campeão de pró dobra mirim já me atrai fãs e pessoas que me reconhecem, não preciso atrair mais atenção. Queremos manter o sigilo. Mas, deixar a minha equipe me esperando foi vacilo... Enfim. Peça pra Flamber encontrar outro dobrador de terra, porque eu não poderei estar em nenhuma das competições. Diz que eu me mudei pra Cidade República pra competir profissionalmente, sei lá. Inventa algo criativo.
— Achei que você fosse dizer isso.- diz Rohan contemplando-me com um sorriso maroto. - Sabe, Luan, eu nunca consegui falar com meu avô Aang em nenhum momento da minha vida. Meu avô não conheceu todos seus netos, naturalmente, mas todos eles, independente de quem são, já puderam se contactar com ele, de alguma forma. Mesmo meus primos que não dobram o ar, Ikki lhes fez o favor de conduzí-los por uma projeção astral igual a que eu estou fazendo agora. Ikki sempre me disse que vovô Aang não queria me ver. Você poderia...?- visivelmente emocionado, Rohan acaba de me pedir um favor. E pensar que faz nem um minuto ele disse que eu poderia pedir-lhe ajuda.
— Cara, sinto muito pelo seu caso, e gostaria de ajudar se pudesse, mas não posso. Como você bem sabe, Korra perdeu o contato com todas as encarnações antecedentes a ela, e é mais ou menos essa a nossa missão. Sabe, os duplos dominadores são na verdade avatares em corpos de dominadores comuns. Ao descer para esse mundo, o avatar acabou limitando-se a seu elemento apenas, tendo em vista que o espírito de Raava, o espírito que permite mais de um elemento por corpo, está conosco...
Ele me fita por um tempo, como se digerisse o que acabei de dizer. Pondo a mão no cavanhaque, ele pensa por mais alguns instantes, se despede e vai embora. Agora sim, finalmente eu estou sozinho. Sem ninguém pra conversar. A noite seria comprida.
Vamos recapitular os fatos. Primeiro, eu descobri que sou o avatar, e que tenho uma irmã gêmea, (cuja existência me era desconhecida até bem pouco tempo atrás) que também é avatar tanto quanto eu. Depois, descubro da pior maneira que já temos inimigos, e que nossa função não é descer a surra neles, e sim transformá-los em coisas boas. E pra deixar as coisas ainda mais apimentadas, temos que confiar em um príncipe piromaníaco que é procurado pelos quatro reinos pelo seu pai todo poderoso. Ah, quase me esqueço do totalmente esquisito dobrador de ar que nos acompanha, que nos leva pra onde quer que precisemos ir com um bisão super velho que me ama. Super normal essa vida.
Me vem a cabeça um pensamento. Por que o Rohan resolveu desabafar esse contato falho com seu avô logo pra mim? Digo, quem sou eu pra resolver os assuntos familiares de um cara mais velho que meu pai...
E foi só aí que a minha ficha caiu.
Era sabido que Jinora frequentava o mundo espiritual demais. Só não mais que sua irmã Ikki, que passava lá praticamente todos os dias de sua vida, sabe-se lá porquê. De qualquer modo, Jinora deve ter sentido alguma movimentação grande no mundo espiritual quando Lena e eu chegamos lá. E imagino que Jinora deve ter avisado ou comentado com alguém, e Rohan, por ser sempre alguém tão mercenário, ele deve ter aproveitado a situação para checar seus probleminhas comigo. Mano, quanto mais eu penso nas atrocidades dele, mais eu odeio esse delinquente. Não sei como a pura Jinora confia nele.
Meditei um pouco sobre o fogo, tentei entender um pouco mais sobre esse elemento, sem obviamente grandes avanços, mas devo dizer que foi positivo pra mim. De qualquer modo, o sol já nascia e um certo dominador de fogo acordou.
— Você com certeza já ouviu que a força dos dominadores de fogo provém do sol. É por isso que assim que amanhece nós já nos sentimos mais cheios de força. Como os medicamentos ainda surtem efeito em mim, não consigo sentir toda a força do sol entrando em mim, mas sei que estou quase lá. Posso sentir que essa recarga me vem mais forte a cada dia. - Sozin acorda inspirado com palavras filosóficas pra mim, que escuto cada palavra atenciosamente fitando-o de baixo para cima.
Sozin realiza o que aconteceu, e se senta ao meu lado.
— Cara, eu entendo que você não confia em mim. Afinal, eu também não confiaria em mim mesmo. Um louco de atestado com super poderes de fogo, não é alguém pra se discutir, e eu entendo isso. Respeito sua decisão, e tentarei adquirir sua confiança com o tempo. Mas eu lhe peço um pequeno favor. Não mine minha relação com as outras pessoas. Não tente pôr dúvidas nas cabeças de Noxer ou de Lena. Eles tem todo o direito de desconfiar de mim, mas que façam isso por conta própria, e não por sua causa. Eu já tenho gente o suficiente que me odeie, ou que queira minha cabeça. Não estou precisando que preguem isso.
— Sozin, não vou mentir pra você. Eu não confio em você, mas isso é uma questão de tempo. Sabe, eu não confio completamente em ninguém aqui ainda. Não sei se sabe, mas eu conheci minha irmã gêmea faz menos de uma semana. Digo, como posso já confiar nela? Eu venho de um lugar e posição onde todos que me eram próximos eu conhecia e confiava. E agora, tenho três pessoas que com elas eu já cometi um par de crimes e provavelmente posso ser punido por isso, e eu nem ao menos sei sobre o passado delas!
— se te serve de conselho, durante toda a minha vida eu só me lembro de poder confiar completamente em uma única pessoa, que não fosse minha mãe. E as pessoas dizem que eu a matei.
— Sua irmã?
— Sim. Por ter apenas cinco anos, confiança era algo muito abstrato a esse tempo. Mas eu sei, e sinto até hoje que Hoora era a única pessoa em que eu confiava cegamente. E aqui vai o segredo da vida: não existe confiar 100% em alguém. No máximo alguém da tua família e tal, mas mesmo isso é limitado. Somos humanos cara. 100% não existe. Você pode confiar parcialmente nas pessoas, e ir compartilhando coisas a partir disso, e modelando sua personalidade com base nessas relações confidentes. Posso te afirmar que você , por exemplo, já confia em mim para desabafar questões de relacionamentos com pessoas. E sou grato por esse voto de confiança seu. Espero poder adquirir mais pontos contigo, mas até lá, vá adaptando sua confiança.
— Cara, a Lena tem razão. Você fala muito repuscado.... Hahahahah, enfim. Valeu pela moral, pensarei mais sobre isso.
— Moral nada companheiro! Essa foi minha maneira de limpar sua mente para a aula de fogo, o único elemento que as emoções mais atrapalham do que ajudam. Fazemos o café da manhã e depois acordamos eles, ou acordamos eles e botamos todo mundo pra trabalhar?
Dei boas risadas com ele bolando a melhor maneira de acordar o Nox. Acordamos ele e deixamos Lena dormir um pouco mais. Afinal de contas, se esses serão meus amigos e meu círculo próximo de pessoas, espero me dar bem com cada um deles.
Quando tudo estava pronto pra começar o dia com aquele café da manhã, acordamos a Lena. Ela estava muito cansada, parecia indisposta. Ela disse que estava assim pela dor de cabeça que teve ontem pelo disfarce e tal, mas eu acho que tem mais coisa aí. Enfim, depois do café vamos começar a treinar de verdade o fogo. Estamos ansiosos para entendermos esse elemento e dominá-lo de uma vez.

......

— Ai Bran, eu fico preocupada! - dizia a mulher que caminhava de um lado para o outro nervosamente. - Ela nunca havia saído da cidade antes, e agora ela sai com pessoas estranhas? E se ela estiver em problemas? E se a comida tiver acabado? Jane acabou de descobrir tanta coisa, ela não deve ter absorvido tudo direito, pode ser que o psicológico dela esteja abalado e...
— Calma Izumi! Já te disse mil vezes, a menina é poderosa, é difícil de abalar. E mesmo que aconteça algo com ela, ela tem o irmão gêmeo dela e aquele acólito do ar pra protegê-la de qualquer coisa. Confio no ruivo.
— Mas como você confia nele? Você nem sabe quem ele é!
— Não sei, é verdade. Mas posso lhe dizer uma coisa. O que ele sentiu, que fez com que ele viesse a Omashu, que foi o que deu o pontapé inicial dessa tal missão avatar, foi exatamente a mesma coisa que nós sentimos quando encontramos a pequena Jane nos bancos do restaurante. Uma sensação que precisávamos estar lá, de que alguém precisava de nós. Se ele teve essa sensação, é claro na minha cabeça que ele é um menino bem intencionado.
— Mas e esse tal gêmeo dela? Não consigo dormir direito a noite! Estou muito preocupada. Ela não poderia pelo menos ligar a cada tanto?
BUM.BUM.BUM
Alguém estava esmurrando a porta. A mulher se dirige a porta e a abre um tanto receosa. Izumi é uma mulher de sentimentos. E ela pôde sentir que quem estava atrás da porta não estava trazendo boas notícias, muito menos um cartão postal mandado por Lena.
— Boa tarde, somos da guarda internacional de dominadores. Procuramos Bran, dobrador de areia N° de registro 2034. No sistema consta que aqui é sua residência. Ele está?
— pois não senhores, sou eu. Em que lhes posso ajudar?
Os caras entram sem a menor cerimônia empurrando Izumi pro lado. Vão direto ao Bran, e algemam com as algemas de dobra.
— Bran, você está preso pelo acobertamento de um dominador de areia. Temos informações sólidas que você vem ocultando do governo a existência de uma dobradora de areia, e que não a registrou ainda. Você será levado para a delegacia regional do reino da terra, onde ficará sob custódia da polícia até o caso ser analisado direitinho.
— Ai, ai, ai! Você está me machucando com essas algemas! Oficial, deve haver algum engano, com certeza. Eu sou o único dobrador de areia dessa casa, não sei de quem você está falando! Ai cara, afrouxa esse negócio! Em toda Omashu, somos eu e mais duas senhoras de idade que somos dobradores de areia. Não sei do que o senhor está falando!
— Talvez eu possa lhe refrescar a memória. Senhora Izumi, diga-me. A senhora é casada com esse homem há quanto tempo?
— Vi-vinte anos, senhor.- Izumi respondeu trêmula. Nenhum dos aparentava saber o que o oficial queria com essa pergunta.
— Muito bem. Durante todo esse tempo, nunca se perguntou como ele é o único dobrador de areia da cidade, fazendo companhia a outras duas senhorinhas, que ao tempo de seu casamento já eram velhas?
— Já me perguntei, e já obtive resposta! Ele era de um clã no deserto de Si Wong e se mudou para Omashu depois de uma guerra civil que quase acabou com a aldeia dele. Todos os outros habitantes se espalharam pelo mundo.
— E diga-me, senhora Izumi. A senhora acredita genuinamente que ele nunca foi procurar seus antigos companheiros? O que lhe garante que seu marido não tinha uma vida antes de te conhecer?
— Eu, tomei sua palavra como verdadeira, e me baseio nela desde então. - Izumi vai reparando que tudo em que ela acreditou durante tantos anos pode ser uma grande farsa, e ela vai se dando conta do ridículo da frase a cada palavra que diz.
— Bem, então terei de lhe mostrar algumas provas que contradizem a palavra de seu marido.
— Izumi! - o padeiro grita.- Não acredite no que ele diz. Eu nunca mentiria pra você, eu nunca tive nenhuma outra vida! Seja lá o que ele te mostrar, é falso!
O policial tira da bolsa um CD, e pergunta se poderia colocá-lo na televisão da casa para mostrar-lhe as provas. Izumi ajuda o oficial, e começa o show.
Bran se debatia e gritava com todo seu âmago que o vídeo era falso, e que nada daquilo era verdade. Izumi lhe pediu silêncio para assistir com concentração. Feito isso, o guarda acusador ordena a seu subordinado que vale o detento. O mesmo se senta na frente da TV e vai guiando Izumi pelo vídeo.
— Aqui, senhora Izumi, como pode ver, é a entrada da cidade. Todas as imagens são de câmeras de segurança. Como pode ver, nesta data seu marido saiu da cidade, só retornando dez dias depois.
— Sim, foi uma competição de doces em Cidade República!
— Emmmm, não foi só isso, senhora. Permita-me mostrar-lhe.
Ele vai passando o vídeo um pouco acelerado, e se vê que quando Bran se distanciou consideravelmente da cidade, armou acampamento lá, e ficou a esperar por um tempo. Bem tarde da noite, sai do meio da terra uma menina, aparentava ter pouca idade e estava bem suja. Ele a beija, fala com ela um pouco e por fim entram na terra. Porém, quando eles saem, saem Bran, a menina misteriosa, e mais uma mulher grávida, que estava realmente muito abatida. Ele acaricia sua barriga lhe fala alguma coisa, da um beijo de despedida nas duas, que afundam na terra outra vez.
O silêncio reina na sala. Estão todos pasmos. Incrédulos, indignados, inconformados ou qualquer outra palavra de inexpressividade que possa existir. Mas antes que alguém saia desse transe, o guarda segue o vídeo.
Ele mostra na segunda gravação câmeras perto da arena central, em Cidade República. Lá, aparece a mesma menina, que surge outra vez da terra. Ele outra vez a beija, só que dessa vez lhe dá alguma espécie de brinca. Enfim, dado o recado, eles começam a praticar a dobra de AREIA. Os dois juntos, como pai e filha se dando muito bem com o treinamento.
— Senhora Izumi, acreditamos que seu marido seja o pai e cúmplice de uma criminosa há muito procurada, uma torturadora de dominadores de areia. Nós a chamamos de topeira, porque ela sempre surge mascarada e não temos registro de ninguém assim. Por isso, nos parece que ela é uma anônima, mas como acabamos de pegar o seu cúmplice, acredito que poderemos solucionar esse crime com mais facilidade.
Izumi está cheia de lágrimas nos olhos. Ela não consegue acreditar. O homem em quem ela confiou por anos, o pai de sua filha, era um traidor, torturador, cúmplice de crimes hediondos, além de ter tido relações com outras mulheres. Ecoou por sua cabeça que não era Lena que estaria com problemas pelo "excesso de emoção". Era ela.
— Como pôde? Braaaaaan!!! Como pôde trair sua família, como por trair a MIIIIIIM!!! Seu cretino, apodreça na mão da polícia, seu verme. Você merece o mesmo que um criminoso qualquer.
— Izumi, eu juro, não é nada do que você está pensando! Esses policiais deturparam toda a história! Essas imagens não são nada disso, eu juro!
— Mais mentiras, Bran? Não basta as que você me contou por VINTE ANOS?? Eu nem sei lhe dizer se você realmente se chama Bran! Oficiais, levem esse rato daqui. Não quero ele aqui na minha casa mais.
Sendo arrastado pra fora da casa, Bran gritava e chorava, se esperneava como uma criancinha. Chamava a esposa repetidas vezes, em vão. Ela nem pra trás olhou. Se desfez dele por completo.

De longe, duas pessoas observavam. A mulher vira para seu amigo e diz:
— Primeira parte do plano está completa. Agora é fase dois.


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Notas finais do capítulo

Suspense!!!!



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