Pride and Passion escrita por oicarool


Capítulo 17
Capítulo 17




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A recuperação de Felisberto foi mais rápida do que o Rômulo esperava. Com o passar dos dias o patriarca dos Benedito já estava em pé, e um hematoma na face era tudo o que restava de seu pequeno acidente. O susto prolongara um pouco a estadia dos Williamson no Vale do Café, mas com a melhora de Felisberto, os planos de retornar à São Paulo voltaram a ganhar fôlego.

Darcy estivera na casa dos Benedito todos os dias. Eram quase sempre visitas breves, mas em alguns dias o assunto com Felisberto fluía, e Elisabeta via-se admirando aquela interação. Com o fim da comoção por seu pai, seu contato com Darcy também voltara a ser contido. Fora difícil explicar para Ofélia e principalmente para Felisberto que eram apenas amigos, que não havia nada acontecendo.

Mas Darcy aparecia todos os dias, sempre com uma cesta de pães, algum quitute de Dona Àgatha, jornais para seu pai, e por fim, com uma flor para ela. Seus olhares eram longos e desejosos, mas nunca estavam sozinhos, e suas conversas eram sempre em um tom formal, geralmente sobre o jornal.

Com seu pai fora de perigo Elisabeta passara a pensar sobre as atitudes de Darcy. Nunca em sua vida havia sentido tanta dependência emocional de alguém, e ao mesmo tempo em que isso a assustava, fazia admirá-lo ainda mais. Porque Darcy estivera ali quando ela mais precisava, e este era um fato que precisava valorizar.

Por isso naquela tarde estava decidida a procura-lo e agradecer pelo apoio. Existia, é claro, uma vontade de estar sozinha com ele. Mas de fato precisava agradecer o que fizera por sua família, pelo cuidado com seu pai, com ela. Se, ao conhecer Darcy, alguém dissesse que estaria naquela situação um dia, apenas riria, sem acreditar ser possível.

Mesmo assim viu-se escolhendo um de seus melhores vestidos, perfumando-se mais do que o normal, prendendo os cabelos de uma forma diferente. E sentiu seu coração acelerado, as mãos tremendo, e um arrepio passar por seu corpo ao sair de casa e rumar para a fazenda dos Williamson.

Foi recebida por uma das empregadas, que informou sem que ela perguntasse que Lorde Williamson e Charlotte estavam na cidade, e quando questinou sobre Darcy, recebeu a informação de que estava no escritório. Também foi informada de que o filho do Lorde estava impaciente e irritado naquele dia.

Com uma risada baixa Elisabeta rumou para o escritório, mas a voz exaltada de Darcy fez com que parasse na soleira da porta, que permanecia aberta. Elisabeta não soube exatamente o que a dominou naquele momento. Darcy estava com sua costumeira camisa branca, as mangas dobradas. O colete que ele costumava usar estava jogado em uma cadeira, e o inglês tinha apenas os suspensórios e a gravata preta frouxa.

Falava ao telefone em inglês, de forma rápida e agitada, fazendo com que Elisabeta compreendesse apenas uma pequena parte do que ele dizia. Mas mesmo que quisesse seria impossível prestar atenção. Seus olhos passeavam pelo corpo de Darcy, a boca já ressecada, um desejo poderoso a dominando.

É claro que sentia atração por Darcy, mas costumava ser algo mais contido, não tão instintivo. Naquele momento precisou controlar a vontade de invadir o escritório, interromper aquela ligação, exigir a atenção dele, seu toque, seu beijo. Mas havia algo poderoso na forma como ele estava irritado, como as palavras saiam de sua boca.

Foi nesse momento que Darcy notou a presença de Elisabeta. Sua mente girava com todos os problemas que vinham da Inglaterra. Estava furioso com a incompetência de seus sócios, com os gastos excessivos, o fracasso de alguns negócios. Mas tudo ficou em segundo plano ao ver o olhar de Elisabeta.

Ela parecia hipnotizada por ele. Os olhos verdes estavam escurecidos, passeando pelo corpo dele, a boca entreaberta, e de longe Darcy podia notar a respiração acelerada. E Elisabeta pareceu quase constrangida quando voltou a olhar para o rosto de Darcy, apenas para encontrar um sorriso de lado, de quem havia visto o que precisava.

Desejá-la foi instantâneo, como sempre era. Principalmente quando já fazia quase uma semana desde a última vez que a beijara de verdade, que fizera amor com ela. Darcy encostou-se na escrivaninha, mantendo sua conversa no telefone. E sorriu surpreso ao ver Elisabeta fechar a porta do escritório sem qualquer dúvida.

Elisabeta caminhou até ele, incapaz de controlar seus movimentos. Seus olhos desviaram para o corpo dele, e Darcy estava mais bonito do que o normal naquele dia. As curvas de seus braços, os músculos marcados, e Elisabeta prendeu a respiração ao notar a evidência de sua excitação.

Ao chegar perto, moldou seu corpo ao dele. A mão livre de Darcy passou por sua cintura, colando-a ao corpo dele. O perfume de Darcy era mais um elemento para enlouquece-la, enquanto ele continuava falando em inglês ao telefone, agora perto dela, causando arrepios por seu corpo.

Seus seios tocaram a frente da camisa fina, e o vestido de Elisabeta de repente pareceu barreira demais. Darcy abriu as pernas para recebe-la entre elas, sua ereção em contato com o ventre de Elisabeta, causando um suspiro pesado nos dois. Elisabeta sorriu ao ouvir Darcy aumentar o tom de voz novamente.

E então não resistiu a depositar um beijo em seu pescoço. Pretendia que fosse apenas uma provocação leve, mas o perfume de Darcy era ainda mais forte ali. E por causa disso Elisabeta não resistiu a abrir os lábios, deixando sua língua tocar a pele. Ouviu Darcy xingar baixo, a mão descendo das costas para a bunda de Elisabeta, puxando-a contra ele.

Se afastou um pouco para dar um beijo rápido nos lábios de Darcy, mas ele capturou seu lábio com os dentes, mantendo-a no lugar. Abriu a boca rapidamente, beijando-a intensamente, enquanto os dois podiam ouvir alguém continuar falando no telefone. Darcy interrompeu o beijo para responder em tom grave, com a respiração falhada.

Com a boca agora livre, Elisabeta voltou sua atenção ao pescoço de Darcy, enquanto uma de suas mãos começou a brincar os botões da camisa, expondo um pouco mais de pele, que logo foi explorada por sua língua. Darcy sentia que ia enlouquecer com aqueles toques, principalmente porque não havia como encerrar aquele telefonema.

Suspirou quando Elisabeta riu contra seu peito ao ouvi-lo novamente xingar baixo, causando um estranhamento em seu funcionário do outro lado da linha. Mas ela não parecia ter piedade, e suas mãos rapidamente desabotoaram toda a camisa de Darcy, enquanto seus beijos desciam pela pele exposta.

Elisabeta não sabia o que a dominava, que força ou desejo eram aqueles. Mas quando a ideia passou por sua mente, quando viu-se tão próxima dele, não teve dúvidas de que era o certo a fazer. E Darcy precisou morder o lábio quando notou a intenção de Elisabeta, sabendo o quanto aquilo tudo seria errado.

Mas não impediu que ela mordesse seu abdome, que desprendesse os suspensórios. Não protestou quando Elisabeta abriu os botões de sua calça com destreza, e apenas conteve a respiração quando a mão dela o envolveu, antes que os lábios dela se fechassem ao redor dele.

Embora os problemas continuassem chegando do outro lado da linha, Darcy não teve certeza de que ouviu alguma coisa. Em partes porque precisou afastar o telefone toda vez que um gemido insistia em escapar. E em partes porque era incapaz de prestar atenção em outra coisa que não em Elisabeta.

E era o momento mais poderoso da vida dela. O olhar angustiado de Darcy, os xingamentos baixos, a forma como ele tentava manter uma conversa ao telefone enquanto ela tentava tirá-lo do ar. E estava vencendo a batalha, sabia disso pela forma como os quadris dele se moviam sem querer, como a mão de Darcy se fechava em torno de seus cabelos.

Precisou conter uma risada quando Darcy finalmente desistiu, quando desligou o telefone sem nenhuma despedida, concentrando-se apenas nela. E Darcy não queria nada mais do que se perder nos lábios dela, mas tão logo desligou o telefone, fez com que Elisabeta ficasse de pé.

Não deu tempo a ela quando tomou seus lábios com fúria, as mãos rapidamente procurando qualquer botão, laço, qualquer barreira. E não se importou quando sua pressa fez com que um ou dois botões se soltassem, dando-se por satisfeito apenas quando ela já estava completamente nua em seus braços.

Inverteu as posições dos dois sem dificuldade, mordendo o ombro de Elisabeta, a mão buscando o centro dela, iniciando os movimentos que ele já sabia que a faziam perder o ar. E Darcy não percebeu quando começou a sussurrar no ouvido dela palavras em inglês, que Elisabeta mal compreendia.

Mas não importava o significado, e sim a forma como ele dizia. Perguntaria depois, embora pudesse adivinhar o contexto. O que importava naquele momento era o prazer que os lábios dele davam a ela, sua mãos em movimentos certeiros, a certeza de que logo seriam um só.

— You are so hot. – ele sussurrou novamente, fazendo-a rir. – What?

— Você está falando em inglês comigo, Darcy. – Elisabeta disse em um sussurro, com a voz falhada.

— Me desculpe. – Darcy a beijou novamente.

— Eu gosto. – ela confessou. – É estimulante.

— É mesmo? – o sorriso dele aumentou, antes de beijá-la novamente. – Eu posso estar falando coisas horríveis.

— Eu vou torcer que esteja. – Elisabeta piscou.

E nenhum dos dois preocupou-se mais com nada. A respiração de Elisabeta se perdeu em movimentos certeiros, e antes que ela pudesse recuperar totalmente os sentidos, Darcy a fez dele novamente. O ritmo era acelerado, sentiam falta um do outro, sentiam necessidade de estar juntos.

Logo Darcy viu-se perdendo-se em Elisabeta novamente, o coração acelerado, os sentimentos tão bagunçados quanto os papeis e objetos que foram ao chão com a intensidade dos dois. Mas dessa vez tomou os lábios de Elisabeta em um beijo que acalmava os dois.

Tentaram recuperar-se juntos de mais aquele encontro, mas as carícias lentas dos dois e os beijos calmos não duraram muito. Logo Darcy estava sentado na cadeira do escritório com Elisabeta em seu colo, as mãos dos dois ficando mais ousadas, ainda insatisfeitos.

Seus corpos estavam sensíveis, e a vontade crescente fez com que se perdessem no tempo. As bocas ficaram doloridas com o beijo interminável, os toques ficaram um pouco mais violentos, os apertões e arranhões se tornaram mais comuns. Mal entenderam como foi possível, mas logo Elisabeta tinha uma perna em cada lado de Darcy.

Ele viu-se surpreso pelo tamanho de seu desejo quando seu corpo volto a estar pronto em tempo surpreendente. E Darcy não perdeu mais tempo, afundando-se em Elisabeta novamente. Mas dessa vez desacelerou todos os ritmos, olhando-a nos olhos, acariciando seu rosto.

E embora fosse tudo mais cuidadoso dessa vez, no interior deles era como se fosse ainda mais intenso. Seus corpos se movimentavam devagar, mas estavam aprisionados no olhar um do outro, cientes de cada reação, de cada falha da respiração, de cada momento em que o desejo aumentava, em que encontravam o caminho certo.

Era assustador para ambos, mas nenhum deles desviou o olhar. Nenhum deles se afastou quando as mãos insistiram em carícias, quando um beijo lento era seguido novamente por uma troca de olhares que dizia mais do que eram capazes. Foi sem aviso que o prazer os dominou, e fizeram um esforço grande para não quebrarem aquele contato.

Quando foi demais, quando seus olhos precisaram se fechar, suas bocas se encontraram. Entreabertas, em um beijo mal encaixado, com um gemido contido. E naquela mesma posição Darcy a puxou novamente para seu peito, beijando o topo da cabeça de Elisabeta, acariciando suas costas.

— Eu não perguntei o que você veio fazer aqui. – ele disse, um tempo depois.

— Eu vim agradecer. – ela se afastou para encará-lo, a posição dos dois já se tornando pouco confortável. – Por tudo o que você fez por meu pai, por mim.

— Foi uma boa forma de agradecer. – Darcy riu, com a sobrancelha arqueada.

— Não foi um agradecimento. – Elisabeta deu um tapa leve em seu braço. – Como você é bobo.

— Eu disse a você aquele dia, você não está sozinha. – Darcy acariciou o rosto dela. – Não precisa me agradecer por estar onde eu deveria estar.

— Não era sua obrigação. – ela deu de ombros. – Obrigada.

— Eu não quero ouvir esse agradecimento. – Darcy sorriu. – Você não faria o mesmo por mim?

O peso daquelas palavras só o atingiu quando elas já estavam no ar. Elisabeta ficou séria, de repente, quase assustada pela rapidez com que respondeu.

— Sem pensar duas vezes. – e respirando fundo, tomou coragem. – Você também não está sozinho.

Darcy soltou uma respiração que nem sabia que estava segurando. E naquela noite, a penúltima que passavam no Vale do Café, viu-se grato por uma afirmação tão singela. Não queria estar sozinho. Não queria estar sem Elisabeta Benedito.


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