Pride and Passion escrita por oicarool


Capítulo 13
Capítulo 13




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Elisabeta não estava na cama quando Darcy acordou no dia seguinte. Ele ainda podia sentir o cheiro dela, o travesseiro ainda tinha um pouco de umidade dos cabelos molhados da mulher que dormira a seu lado. O corpo dele ainda estava sensível pelo prazer vivido na noite anterior.

Darcy não a encontrou no café da manhã, e tampouco na redação. Sentia-se inquieto e desconfortável, temeroso até, de que aquela barreira houvesse sido grande demais, de que Elisabeta estivesse ressentida pelo que viveram. Porque não havia dúvidas em Darcy. Fora a noite mais intensa de sua vida, e esperava que fosse a dela também.

Mas seu incomodo aumentou durante o dia, quando Elisabeta nunca apareceu no jornal, e ficou mais claro que não era apenas um atraso. E foi desolador quando Darcy chegou à mansão naquela noite, e finalmente a viu. Mas o olhar dela nunca encontrou o dele, as palavras dela nunca foram direcionadas à Darcy, e um peso desconhecido se abrigou no peito dele.

Elisabeta respirou aliviada quando, após o jantar, Darcy despediu-se desejando boa noite à todos. Evitara aquele encontro durante todo o dia, e não olhar para Darcy fora a coisa mais difícil que fizera, mas não sabia mais lidar com seus sentimentos, e não havia outra forma além de tentar ignorar sua presença.

Sentia-se intoxicada por ele. E nunca sentira-se tão viva quanto na noite anterior, quando sentira-se preenchida por ele, fisicamente e emocionalmente. Não era paixão. Era amor. Amava Darcy Williamson. Amava o filho de seu protetor, o filho do homem que dera a ela todas as oportunidades. E agora dava a maior delas, o maior desafio que já vivera.

Mas não saberia lidar com a rejeição. E se algo estava ainda mais claro do que seus sentimentos, era o fato de que ela e Darcy não estavam prontos para falar sobre aquilo. A noite anterior só começara pela dificuldade que tinham. Pelas brigas ou beijos que escapavam de seu controle.

E era intenso demais para ela. Não se via capaz de estar perto de Darcy naquele dia, não sem poder tocá-lo, sem poder aninhar-se em seus braços. E na noite anterior as palavras estiveram muito perto de escapar, e não haveria volta depois disso. Estava completamente perdida.

Elisabeta não contava apenas com a madrugada. Não contava que ao colocar a cabeça no travesseiro fosse ser perseguida ainda mais pelas lembranças da noite anterior. Não pensava ser possível que seu corpo ficasse tão quente de maneira tão rápida, que sua boca pedisse a dele, seu corpo necessitasse o toque de Darcy.

Foi um impulso, como sempre era. Antes que pudesse perceber estava em frente ao quarto de Darcy, e segundos depois seus olhos encontraram os confusos dele. Darcy tinha um livro nas mãos, mas não protestou quando a porta de seu quarto se fechou, quando Elisabeta girou a chave.

Respirou aliviado quando ela veio em sua direção, não questionou o olhar perturbado dela, e ela não questionou o seu. Elisabeta retirou o livro das mãos de Darcy e desligou o abajur, deixando que a lua fosse a única fonte de luz. A penumbra afastou as sombras que estavam em seus olhos, as incertezas e inseguranças.

Elisabeta sentou-se por cima dele, uma perna de cada lado do corpo de Darcy, o frio do dia amenizado rapidamente. Darcy ajeitou suas posições, mantendo-a firme contra ele. Sentiu as mãos de Elisabeta encontrarem seu rosto em um carinho trêmulo, contornando suas feições, antes de invadirem seus cabelos. Darcy a mantinha segura, as mãos em sua cintura, e colou a testa na dela.

Mas Elisabeta beijou seu rosto, uma e outra vez, com uma delicadeza não habitual para os dois. Costumavam ser fogo, intensidade, beijos apressados e mãos inquietas. Mas tudo parecia diferente agora. Respirações aceleradas, coração galopante, e cada toque parecia deixa-los ainda mais perturbados.

Darcy subiu suas mãos lentamente pelas costas dela. Firme, porém devagar. Uma delas acariciou o rosto dela ao chegar a seu destino, a outra mimetizando as dela, segurando o cabelo de Elisabeta. E quando seus lábios finalmente se tocaram, um arrepio percorreu os dois.

Foi um encostar de lábios, apenas. A respiração quente de Elisabeta atingindo a pele de Darcy, e os dois pararam no lugar. Suas bocas coladas, entreabertas, naqueles segundos de pausa, antes que a mão de Darcy se fechasse ainda mais em torno dos cachos. E então deixaram-se levar, a língua dela sendo a primeira a pedir passagem.

Não havia pressa, porém. E foi lento, intenso. Sentiam seus corpos ardendo, pedindo um pelo outro, mas não mudaram de posição, recusaram-se a ceder a mais aquele impulso. Beijaram-se com calma, com um toque suave de suas línguas, de seus lábios. Por tanto tempo que separaram-se ao sentir os lábios inchados, ardidos.

Mas o frio tomou conta deles ao se separarem, e logo estavam grudados novamente, como se um beijo fosse capaz de apagar as dúvidas, ou confessar seus sentimentos. Foi mais descuidado dessa vez, mais acelerado e urgente. Não demorou para que as mãos de Elisabeta buscassem a barra da camiseta de Darcy.

Uma peça seguiu outra, suas mãos ficaram mais ousadas, as bocas fugindo para qualquer pedaço de pele que pudessem alcançar. Lançaram-se um ao outro, seus movimentos descontrolados, a respiração sem qualquer padrão, e quando pensaram que não poderiam tolerar mais, Darcy deslizou para Elisabeta sem intenção.

E ali estava novamente aquela sensação de que ele tomava conta de tudo, de seu corpo e de seu coração, e nada poderia ser mais prazeroso do que aquele momento. Ao menos pensava, antes que a mão de Darcy segurasse com firmeza em sua coxa, antes que a boca dele buscasse seu pescoço, e seu próprio corpo se movimentasse instintivamente.

A calma havia ido embora, a delicadeza da noite anterior esquecida, e Elisabeta viu-se cravando as unhas nas costas de Darcy, e recebendo apertões fortes. Puxou o cabelo dele sem querer, fazendo-o rir e morder seu seio com falsa delicadeza, antes de suga-lo com força. E estando no mesmo terreno, Elisabeta mordeu o lábio de Darcy, enquanto ele a apertava cada vez mais contra ele.

Entre mordidas, puxões e apertões, aumentaram seus movimentos, deixando escapar gemidos e palavras desconexas, pedidos de urgência, até aquela conhecida explosão chegar e leva-los momentaneamente para outro lugar, muito longe daquele espaço. E foi ali em que os dois morderam os lábios, impedindo que as palavras que desejavam dizer escapassem.

##

Elisabeta não estava novamente no quarto quando Darcy acordou. Mas ao contrário do dia anterior, ele a encontrou tomando café da manhã com Charlotte e Lorde Williamson, um sorriso cúmplice nos lábios dela ao vê-lo.

— Meu irmão, que bom vê-lo mais disposto. – Charlotte comemorou. – Estava com uma aparência péssima ontem à noite.

— Estive preocupado, Charlotte. Mas nada como um dia após o outro. – ele piscou para a irmã.

— Teve uma boa noite de sono, meu filho? – o Lorde sorriu, despreocupado.

— Não pude dormir muito, meu pai. Mas minha leitura noturna foi muito estimulante. – Darcy lançou um olhar para Elisabeta, que quase engasgou-se com o pedaço de fruta que comia.

— Fico satisfeito. – o Lorde disse, alheio à troca de olhares.

— Eu também. – a troca não passou despercebida por Charlotte. – Nada como uma boa leitura para colocar os pensamentos em ordem, não acha Elisabeta?

— Ó, sim. – sorriu para Charlotte. – Embora eu prefira leituras mais relaxantes antes de dormir.

— Uma leitura estimulante pode ser surpreendemente relaxante. – Darcy não perdeu a oportunidade, fazendo Elisabeta corar.

— Tenho certeza que sim, meu irmão. – Charlotte conteve o riso. – Pelo visto foi uma leitura inspiradora.

— Sem dúvidas. – Darcy sorriu. – Mal posso esperar para continua-la hoje a noite.

Charlotte dessa vez não conseguiu se conter, rindo alto e chamando a atenção de Lorde Williamson, que parecia alheio à conversa.

— O que foi, minha filha? – o senhor perguntou.

— Darcy, papai. Meu irmão as vezes pode ser sutil como um rinoceronte.

— Charlotte! – Darcy ralhou.

— Bom, vou deixa-los com as discussões familiares. – Elisabeta riu, constrangida. – Preciso ir para o jornal.

— Espere, eu a levo. Também já estou de saída. – Darcy apressou-se.

— Esperem, os dois. – o Lorde disse, de repente. – Precisamos discutir um assunto importante.

— O que foi, papai? – Charlotte interessou-se.

— Preciso ir ao Vale do Café avaliar alguns negócios e pretendo fazê-lo em dois dias. Quero que Darcy e Charlotte me acompanhem, afinal precisam estar cientes e conhecer nossos parceiros.

— Ótimo, já estava mesmo planejando uma ida ao interior. – Darcy disse.

— E gostaria que fosse também, minha querida, se for do seu interesse. Faz tempo que não visita sua família. – o Lorde se dirigiu à Elisabeta.

— Eu adoraria, Archiebald. – Elisabeta sorriu. – Sinto falta de minhas irmãs e de meus pais. Mas precisaria organizar tudo na redação, não sei se haverá tempo.

— Bobagem. – Darcy quase interrompeu Elisabeta. – É claro que irá.

— Darcy, preciso organizar as colunas, não posso sair assim.

— Eu sou seu chefe. – respondeu, de forma arrogante. – Está dispensada de suas atividades.

Elisabeta arqueou a sobrancelha, desafiante.

— Ótimo. – Charlotte acalmou os ânimos. – Então está decidido. Em alguns dias partimos para o Vale do Café.

##

Elisabeta entrou no carro de Darcy à contragosto. Não queria causar uma cena, mas também não estava feliz pelo que Darcy fizera. Estava claro que Charlotte sabia sobre os dois, graças à pouca discrição do irmão. E depois disso, ainda tomara uma decisão por ela.

— Pode começar a brigar comigo. – ele disse, em tom divertido.

— Eu não vou... – Elisabeta começou.

— É claro que vai. Eu a conheço. – riu.

— Você precisava mesmo deixar tão claro que passou a noite comigo? – perguntou, aborrecida.

— Elisabeta, eu não fiz nada disso. – defendeu-se.

— É claro que fez. Sua irmã não poderia ter deixado mais óbvio que sabe sobre nós dois.

— E qual é o problema? Charlotte nota os sinais há muito tempo. Eu conheço minha irmã.

— Você poderia tentar desmentir e não deixar mais claro que as suspeitas são verdade. – bufou.

— Eu não me importo que Charlotte saiba. – Darcy disse, simplesmente, acelerando o carro.

— Mas eu me importo, Darcy. Não quero nem imaginar o que Charlotte deve estar pensando sobre mim. – passou a mão pelos cabelos.

— Charlotte não está pensando nada, Elisabeta. E você não me respondeu, qual seria o problema de minha irmã saber? – Darcy conteve a irritação.

— E o que há para Charlotte saber, Darcy? – ela virou-se para ele, que mantinha os olhos nas ruas. – Você quer mesmo contar para sua irmã que dormimos juntos?

Darcy ficou em silêncio por alguns minutos.

— Não estou falando sobre isso. Estou falando sobre nós dois. – disse, de repente.

— Nós dois? – Elisabeta perguntou, em voz baixa.

— Nós dois. Eu e você. – ele desviou o olhar da rua para encará-la rapidamente.

Foi a vez de Elisabeta ficar em silêncio, o coração acelerado, uma angústia tomando conta de seu ser.

— Não complique as coisas. – ela disse, angustiada.

Darcy engoliu em seco, sentindo um peso no peito. Não estava tentando complicar nada. Estava tentando falar sobre eles. Falar sobre o que os dominava, entender o que estava acontecendo. Mas Elisabeta parecia fugir dele a todo momento.

Antes que pudesse falar alguma coisa, virou a esquina da rua do jornal. E em silêncio estacionou o carro. Virou-se para ela, buscando algo naquele olhar, mas Elisabeta desviou novamente, fazendo Darcy respirar fundo.

— As coisas já estão complicadas. – ele disse, com delicadeza.

— Eu sei. – o olhar angustiado dela encontrou o confuso dele. – Mas eu ainda não...

— Tudo bem, tudo bem. – ele a interrompeu. – Eu também não.

— Então não vamos complicar ainda mais as coisas. – ela tentou sorrir.

Darcy levou a mão ao rosto dela, sem se preocupar com quem poderia vê-los, ignorando o fato de estarem em frente à redação. Acariciou a bochecha e os lábios de Elisabeta, os olhos dele nos dela.

Foi a intensidade daquele olhar que fez Elisabeta desviar os olhos para a boca de Darcy, em seguida voltando à seus olhos. E então ele sorriu tranquilo, não dando outra alternativa para ela. Elisabeta se aproximou e colou seus lábios aos dele em um beijo rápido.

Depois disso se afastou, com um sorriso nos lábios, e desceu do carro tranquilamente, entrando na redação. Darcy ainda levou alguns minutos para fazer o mesmo, piscando para Elisabeta assim que entrou no jornal.


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