Pride and Passion escrita por oicarool


Capítulo 12
Capítulo 12




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/764920/chapter/12

A manhã do dia anterior trouxe de volta a confusão de sentimentos que se tornara habitual para eles. Após tantos dias separados e um reencontro intenso demais, foi quase natural que se afastassem, tentando entender o que sentiam, tentando proteger seus pensamentos.

Darcy e Elisabeta andavam em terreno desconhecido. Nenhum dos dois reconhecia aquele sentimento, aquela dependência, a vontade de ter apenas uma pessoa e a experiência de pensar naquela pessoa todo o tempo. Se havia algo em que eram parecidos, era na necessidade de controle que precisavam ter sobre suas vidas.

E não havia controle nenhum quando estavam juntos. Era apenas emoção, e cada vez parecia mais provável que seus sentimentos escapassem em um momento de loucura. Precisavam pensar sobre suas palavras e gestos, porque parecia sair por seus poros a paixão que estavam vivendo.

Elisabeta reconhecia sua dificuldade em lidar com aquele sentimento. Estava apaixonada por Darcy Williamson, e pelo menos para si mesma ela admitia e nomeava o que sentia. Mas havia uma série de implicações naquela paixão, e a principal delas, a que Elisabeta mais temia, era não ser correspondida.

Darcy vivia um dilema muito semelhante. Em partes sua natureza desconfiada ainda insistia em um pingo de desconfiança. Pequeno, era verdade, mas Darcy estava acostumado à decepções com as pessoas, e tinha uma enorme dificuldade em acreditar que alguém pudesse não ter qualquer interesse financeiro nele ou em sua família.

Por outro lado, quanto mais conhecia Elisabeta Benedito, mais improvável parecia que ela escondesse alguma coisa. Elisabeta era expansiva, direta, honesta em suas palavras e ações. Mas havia um grande risco em se apaixonar por ela, e Darcy quase duvidava de sua capacidade de se recuperar caso ela o decepcionasse um dia.

E se fossem correspondidos? Ainda assim haveria a dificuldade com tudo a sua volta. Darcy estava iniciando nos negócios do pai, Elisabeta ainda não tinha seus planos de carreira traçados. Se os dois sentissem o mesmo e decidissem viver aquela paixão, ainda assim os obstáculos seriam grandes.

Como nenhum dos dois sabia lidar com sentimentos, especialmente com aqueles sentimentos, tentaram lidar com eles da melhor forma que conseguiam. E então começaram a repelir um ao outro, as discussões voltaram a se tornar frequentes, as implicâncias de dois corações que não sabiam o que fazer.

Magoavam um ao outro com indiferenças e ironias, tentando proteger e dominar seus sentimentos. Escondiam em veneno o desejo, transformavam a vontade de beijos e toques em comentários sarcásticos. Mas agora já sabiam o poder do desejo que tinham um pelo outro, a capacidade que tinham de dar prazer um ao outro, e por isso tudo parecia ainda mais intenso.

A semana que se seguiu à volta de Darcy foi de uma batalha diária. O campo de guerra iniciava no jornal, e se intensificava em casa, quando pareciam querer garantir a si mesmos que não cairiam em tentação. E no silêncio de seus quartos sofriam por aquela situação incontrolável.

Foi o elemento Susana quem jogou o fósforo em meio a gasolina. Era para ser um jantar quase normal, mas a sócia de Julieta estava com a língua afiada, e por isso passou a implicar com seu alvo preferido. Susana iniciou um assunto sobre negócios, perguntando à todo momento a opinião de Elisabeta, apenas para apontar ironicamente pouco tempo depois o quanto ela estava informada.

E é claro que estaria informada, afinal Archiebald já não tinha saúde para ler a maioria de seus documentos. Antes de Charlotte e Darcy chegarem, cabia a ela tomar algumas decisões, se inteirar em assuntos que pouco compreendia, mas era o necessário a fazer por quem já fizera tanto por ela.

Estava acostumada a lidar com Susana, mas foram os sorrisos irônicos e comentários de surpresa de Darcy que a tiraram do sério. Porque era capaz de lidar com alfinetadas sobre seu trabalho, sobre sua desatenção, sobre um atraso inexistente, sua forma de se expressar. Mas não toleraria alfinetadas sobre seu caráter.

Tentou manter sua compostura pela maior parte do tempo. Archiebald e Charlotte a defendiam como podiam, mas era claro para todos que Elisabeta estava chegando a um limite perigoso. E foi em meio a uma risada debochada de Susana, seguida por uma pergunta quase simples de Darcy, que sua paciência se esgotou.

— Susana tem razão, você parece realmente muito informada sobre os negócios de meu pai. Pretende investir em ferrovias, Elisabeta?

O barulho de seus talheres sendo soltos na mesa, e da cadeira que empurrou para trás foram um pouco mais altos do que Elisabeta pretendia. Mas seu olhar de fúria foi de Darcy para Susana, de Susana para Darcy.

— Eu não sei que tipo de prazer vocês sentem com tantas ironias. – Elisabeta mordeu o canto do lábio, tentando manter a educação. – Mas eu não admito que haja qualquer dúvida a respeito de minha índole.

— Ora, minha querida, não estávamos... – Susana iniciou, sendo interrompida.

— Estavam. A senhora estava. Eu a conheço de outros tempos, Susana. O seu sorriso falso não me engana. E nem passam despercebidas a mim suas tentativas de jogar Darcy e Charlotte contra mim.

— Você está sendo paranoica. – Susana revirou os olhos.

— Não estou, eu sei muito bem o tipo de pessoa que você é. Só lamento que Darcy dê ouvidos para suas insinuações maldosas. – ela virou-se para ele, o olhar cheio de desprezo. – Eu realmente pensei que essa fase havia passado.

E sem aviso, sem despedidas, Elisabeta deixou os quatro na sala de jantar. Ouviu Archiebald chamar por ela, mas estava exausta de Susana. Exausta das provocações, da forma como Susana tentava maldizer e distorcer todas as suas palavras. E exausta de Darcy, do que sentia por ele, e da incapacidade que ele parecia ter em retribuir seus sentimentos.

Bateu a porta de seu quarto mais forte do que o normal, seu rosto vermelho pela raiva, o coração acelerado pela adrenalina. E havia uma enorme vontade de chorar, mas ela não daria aquele gostinho para Susana.

##

Darcy entrou em seu quarto sem bater na porta, mais uma vez. O olhar dele também era irritado, seu rosto continha uma expressão séria. Elisabeta ainda estava sentada ao pé da cama, na mesma posição desde que subira quase uma hora antes.

— Você precisa começar a bater na porta. – ela cuspiu as palavras. – Retire-se, por favor.

— Essa casa é do meu pai. – Darcy revirou os olhos, cruzando os braços.

— E esse quarto é meu. Enquanto o seu pai permitir, ele é minha propriedade. – levantou-se.

— Você quer me explicar o que está acontecendo com você? Me ataca a todo momento, e depois não aguenta uma brincadeira? – disse, sério.

— Brincadeira? É mesmo uma brincadeira, Darcy? Porque se bem me lembro, você uma vez me disse que se dependesse de você eu estaria fora dessa casa, do jornal e da vida de Archiebald.

— Isso foi antes, Elisabeta. – ele bufou, já perdendo a paciência.

— Antes do que? De você me seduzir? – perguntou, irônica.

— Você sabe que não foi nada disso. Eu vou ignorar as suas palavras. – escondeu a mágoa daquelas palavras. – Eu vim apenas avisar você que não pode tratar Susana assim.

— Você veio o que? – Elisabeta quase gritou ao ouvir Darcy.

— Susana é uma sócia de nossa família. Os nossos negócios vão mal, ela tem o poder de nos salvar. Não me importa quais são as suas diferenças com ela, engula seus comentários.

Elisabeta pensou que iria explodir naquele momento. Por sorte não havia qualquer objeto por perto, pois seria capaz de arremessa-lo em Darcy. Seu corpo tremia pela raiva, mas sustentou o olhar arrogante dele.

— Já disse o que queria. – tentou falar da forma mais controlada possível. – Agora saia daqui.

Darcy manteve o olhar no dela por alguns segundos. Sabia que a provocaria ao falar de Susana, e não sabia o motivo de querer tanto tirar Elisabeta do sério. Estava irritado com ela, estava frustrado por não poder tocá-la, sentia-se engolido por seus sentimentos e a única forma que tinha de ficar por perto sem confessá-los era provocando-a.

Por fim, saiu do quarto sem dizer uma palavra. Precisava de um banho gelado, precisava acalmar seus pensamentos.

##

Elisabeta andou de um lado para o outro do quarto. Se andasse um pouco mais era capaz de criar um buraco no chão. Estava furiosa. Irritada como há tempos não ficava, principalmente com Darcy. Como ele ousava ir até seu quarto pedir que controlasse o que falava perto de Susana?

Não havia dito nada a Susana. Nada do que pensava. Poderia dizer coisas muito piores, muito mais grosseiras, e ainda assim seriam todas verdade. E poderia dizer muito mais à Darcy também. Se ele não queria que Susana ouvisse, então os ouvidos dele é que fariam o trabalho.

Entrou no quarto de Darcy sem bater, como ele fazia com ela. Mas viu-se impactada pela visão de Darcy com uma cintura enrolada na cintura, o torso desnudo, as gotas de água caindo de seu cabelo por seu corpo. E esqueceu-se momentaneamente do que fora fazer naquele aposento.

— Perdeu alguma coisa? – Darcy arqueou a sobrancelha, com um sorriso irônico.

— Sim! – Elisabeta recuperou-se da visão, se aproximando dele. – Perdi a chance de dizer o quanto você é arrogante, grosseiro e louco.

— É mesmo? – Darcy respirou fundo, o olhar de desejo dela segundos antes nublando seus pensamentos.

— Você não foi mesmo ao meu quarto dizer que eu preciso me controlar perto de Susana, não é? Eu quase não consigo acreditar em tamanha cara de pau da sua parte.

— Eu não falei mentiras. – soltou uma risada.

— Não é porque você adora a companhia daquela cobra dissimulada, acredita em tudo que aquele crocodilo fala, que eu preciso fazer o mesmo, Darcy. – Elisabeta bufou. – Eu moro aqui. Se você insiste em trazer essa mulherzinha asquerosa para a minha casa, não espere que eu fique calada quando ela me ofende.

— E quando você me ofende? – ele cruzou os braços, os músculos ficando mais em evidência e diminuindo a concentração de Elisabeta.

— Eu não ofendo você. Nós brigamos, nós discutimos. Eu não dúvido do seu caráter, por mais motivos que tenha para isso. E você duvida do meu.

— Elisabeta, eu apenas concordei com Susana sobre o seu interesse nos negócios. – Darcy revirou os olhos, já irritado.

— Não há interesse. Será que você precisa sempre ver o lado ruim de todo mundo? Eu estava ajudando seu pai, Darcy.

— A maioria das pessoas teria interesse financeiro, Elisabeta.

— Sim, pessoas como Susana. Pessoas talvez como você, que não tem capacidade de ter algum sentimento.

Darcy engoliu em seco, quase deixando escapar seus sentimentos por ela.

— Onde ficou aquela história de não me ofender? – foi o máximo que conseguiu dizer.

— Me desculpe, Darcy. Eu só posso imaginar que alguém que viva todos aqueles momentos com alguém por quem não tem sequer confiança ou admiração não tenha capacidade de sentir.

Darcy se aproximou dela, os olhos nos de Elisabeta. Procurava pistas de que ela realmente pensasse daquele jeito, que acreditasse que ele não sentia nada por ela. Mas só encontrava mágoa e decepção, e foi o que fez seu peito pesar.

— É isso que você acha? Que tudo aquilo não significou nada? – Darcy levou a mão ao rosto dela, como um instinto.

— Eu não sei mais de nada. – Elisabeta respondeu angustiada, ao mesmo tempo em que inclinou a cabeça em direção à mão dele.

— Você sabe. – ele colou a testa na dela. – Você tem que saber. – disse, em um sussurro.

— Eu sei que as vezes parece estar tudo bem e de repente voltamos a brigar. – ela também sussurrou.

— Porque não sabemos mais o que fazer. – o nariz dele tocou no dela. – Mas não diga que é falta de sentimento.

— O que é que nós estamos fazendo? – Elisabeta perguntou, as mãos encontrando o rosto dele.

— Eu não sei explicar. Não me peça para explicar. – ele suspirou. – Mas não é falta de sentimento, não repita isso.

— Você segue duvidando de mim... – disse, magoada.

— Me desculpe, por favor. Eu não sei lidar com nada disso.

Darcy se afastou dela, de repente. As mãos nos cabelos, numa tentativa de controlar sua emoção. Não queria perde-la, mas não queria mentir para ela. Não queria fingir que uma parte sua não insistia em duvidar.

— É esse o nosso problema, Darcy. – ela sorriu, triste. – Nós não sabemos lidar com tudo isso.

Elisabeta virou-se em direção a porta, dando alguns passos. Sentia-se derrotada, sem saber o que fazer, sem saber como controlar o que insistia em martelar em seu peito.

— Elisabeta? – ela ouviu a voz dele, e parou no mesmo instante. – Talvez você esteja de cabeça quente. Talvez você precise de um banho também.

Voltou-se para ele com uma expressão de incredulidade, pronta para perguntar se estava louco. Mas logo viu a angústia nos olhos dele, que refletia a sua. Darcy não queria que ela fosse embora, e ela não queria ir. Porém nenhum deles queria falar sobre aqueles sentimentos, não naquele momento, não quando não estavam preparados para as consequências daquela conversa.

Darcy oferecia uma trégua, uma forma de lidar com tudo do jeito deles. Só conseguiam dar vazão às emoções em brigas ou beijos. E ele oferecia a segunda opção. Foi uma decisão fácil, quando o pedido dele foi feito quase nu, em um convite quase irrecusável.

Ela abriu um pequeno sorriso, e foi o suficiente para Darcy. Cruzou o quarto em passos largos, e a puxou contra sua boca. A língua dele pediu passagem, o corpo de Darcy quente, ainda úmido, em contato com sua roupa. Ele a tirou do chão, e sem perder tempo a levou até o banheiro.

Encostou Elisabeta na parede úmida, o vapor ainda no ambiente. A beijava com paixão, com domínio completo da situação. Darcy fez seu melhor trabalho para retirar as camadas de roupa, mas quando abriu o chuveiro em cima deles, ela ainda estava de combinação, ele de toalha.

O toque dele era demandante. Na água morna, tirou as roupas de Elisabeta com maestria, jogando-a em qualquer lugar junto com a toalha que ele usava. E a beijou novamente, a excitação dele já evidente, suas mãos urgentes em todo o corpo dela. Elisabeta deixou-se levar pelo toque, pelos beijos, pela água.

Foi a loucura quando a mão de Darcy encontrou seu centro, a outra mão impedindo que ele a tocasse. Foi rápido, urgente, e ao mesmo tempo certeiro. Como se ele quisesse dizer que sabia como tocá-la, que era por ela, que lembrava-se de todos os momentos que viveram juntos.

Quando Elisabeta mordeu seu ombro, tomada pelo prazer, Darcy a puxou para seu colo. Uma perna dela de cada lado de seu corpo, as mãos firmes nas coxas de Elisabeta, a boca em seu pescoço. Sem dificuldade nenhuma ele caminhou até a cama dele, deitando-se com ela, mantendo suas posições.

Espero que ela recuperasse a respiração, os batimentos de seu coração mais calmos, e fez uma pergunta silenciosa, que Elisabeta sequer achava necessária. Mas a respondeu com um beijo, e então Darcy pressionou a si mesmo contra sua entrada. Tentou manter-se relaxada, mas o toque dele era constante, cuidadoso. O beijo lento, a medida que ele avançava pelo novo território.

Elisabeta esperava sentir desconforto, mas a cada novo movimento de Darcy, sentia-se mais completa. E surpreendeu-se quando Darcy começou com um ritmo tranquilo, dando tempo para que ela se adaptasse, pois seu próprio corpo parecia ganhar vida própria e exigir um maior contato.

Darcy deixou que ela comandasse aquele momento, moveu-se conforme ela exigia, ao menos até Elisabeta dar sinais de que precisava de mais. Estava segurando-se a ela, mas ao pequeno sinal, deixou-se levar. E então bastaram alguns movimentos mais rápidos, sua mão entre os dois, para que Elisabeta gemesse alto em seu ouvido, e isso fosse o suficiente para que ele atingisse um prazer que ainda não conhecia.

Porque foi só naquele momento que entendeu a expressão que julgava ser apenas um eufemismo. Naquele momento entendeu que havia sim diferença entre um ato sexual e fazer amor. Quando Elisabeta adormeceu em seus braços, refletiu sobre as palavras dela. Estava entregue de corpo e alma, e só esperava que ela também estivesse.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!