Pride and Passion escrita por oicarool


Capítulo 11
Capítulo 11




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/764920/chapter/11

Os dias eram estranhos sem ele. Faltava sua presença no jornal ou em casa. Seu olhar irônico, o sorriso de lado, as pequenas discussões sobre qualquer motivo. Sentia falta de sua implicância, de suas conversas com Archiebald ou Charlotte durante as refeições. Sentia falta de seus beijos e carinhos, da forma como Darcy fazia sentir-se viva.

Imaginou que com o passar dos dias, essa sensação diminuiria. Mas viu-se pensando ainda mais em Darcy Williamson, ansiando por encontra-lo ao chegar em casa, alerta à qualquer som de carros ou batidas na porta. Sabia que Charlotte notava sua ansiedade. A mais nova dos Williamson lhe lançava olhares de reconhecimento sempre que Elisabeta não conseguia controlar seus impulsos.

Vez ou outra Charlotte comentava sobre a falta que sentia do irmão, quase como para consolar Elisabeta. E sorria sem dizer nada quando era respondida com algum comentário desdenhoso, como se dizer que a vida era melhor sem ele fosse tornar sua realidade menos angustiante.

Darcy mandava notícias para eles, as vezes ligava, mas a informalidade de sua relação com ele parecia ainda mais visível. Não era para ela que ele ligava, e geralmente o fazia quando ela estava na redação. E aos poucos Elisabeta notava o quanto seu coração estava entregue para aquele homem.

Já fazia mais de vinte dias desde a viagem de Darcy, quando seu coração sobressaltou ao vê-lo entrar pela porta do jornal. Os cabelos um pouco mais curtos, uma expressão cansada, as roupas alinhadas como sempre. Chegara sem aviso, sem preparo, e Elisabeta viu-se travada no mesmo lugar, capturada pelo olhar dele.

Um sorriso de lado se abriu ao vê-la. Darcy pareceu parar no lugar por alguns segundos, antes que seus colegas de redação começassem a cumprimenta-lo. Mas Elisabeta não sabia o que fazer. Não podia jogar-se nos braços de Darcy como gostaria, não podia demonstrar mais intimidade do que todos achavam que tinham.

E por isso permaneceu no mesmo lugar, sem notar que sua expressão era mais séria do que o de costume. Perdida em pensamentos, em sentimentos, e em uma profunda dificuldade de entender como deveria agir. Quando Darcy se aproximou dela, com um sorriso sincero, estranhou sua seriedade.

— Elisabeta. – ele suspirou.

— Como vai, senhor Williamson? – Elisabeta disse, sem saber de onde saiu tanta formalidade.

— Muito bem, e a senhorita? – a expressão de Darcy mudou, se tornando um pouco mais séria.

— Ótima... ótima. – viu-se desviando do olhar dele.

Ele a aguardou em silêncio, por alguns segundos, e ao notar que Elisabeta não lhe dirigiria mais o olhar ou a palavra, deu meia volta para sua sala. Elisabeta não notou a expressão desapontada no rosto dele, incapaz de compreender seu comportamento.

Darcy teve a intenção de falar com Elisabeta durante o dia. Mas havia sempre alguém no ambiente, e ela parecia contida. Por outro lado, Elisabeta esperou que ele falasse com ela, que demonstrasse qualquer abertura. Viu-se magoada sem saber o motivo, quando, com o passar das horas, não trocaram mais do que alguns olhares confusos.

Havia muito o que resolver após a viagem, e por isso Darcy foi embora muito mais cedo do que o normal. Elisabeta estivera sentindo a falta dele, mas de repente percebeu que tudo sempre poderia piorar. Agora não entendia as reações de Darcy, e nem as suas, e continuava ansiando por um contato que não parecia vir.

Seu humor piorou ainda mais em suas últimas horas de trabalho do dia. Estava cansada, irritada, e sentia uma tristeza que não reconhecia. Era como se a chegada de Darcy tivesse roubado sua energia, tornando aquele peso que levava no peito com a ausência dele ainda maior.

Ficou um pouco mais de tempo do que o necessário na redação. Não sabia como agir com Darcy, e ele não parecia saber como agir com ela, e aos poucos sua mente começou a criar histórias. Talvez ele estivesse agindo de forma estranha porque conhecera alguém no Rio de Janeiro. Talvez até mesmo Susana, que se juntara a ele nos últimos dias, para resolver negócios da Rainha do Café.

Provavelmente Darcy apenas não queria magoá-la. Não tinham nenhum compromisso formal, ela sequer sabia se Darcy deixara de lado suas suspeitas iniciais sobre ela ser uma interesseira. Um homem como ele não ficaria muito tempo sozinho. Talvez ela fosse apenas alguém conveniente.

Mas esse tipo de pensamento sequer combinava com Elisabeta. Era uma mulher forte, independente, segura. E talvez fosse o que mais a assustava. Perceber a vulnerabilidade que apresentava com Darcy. Como se tornara importante para ela a admiração dele, o olhar cuidadoso.

Quando chegou em casa, seus pensamentos que começavam a clarear foram tomados pela irritação novamente. Susana estava sentada ao lado de Darcy no sofá, muito mais perto do que o necessário, e Charlotte e Archiebald ouviam com atenção os relatos da viagem.

Viu-se sendo quase grosseira ao cumprimentar Susana de forma seca e irritadiça. Após alguns minutos de fingimento, alegou dor de cabeça e foi para o seu quarto. Sentia a vontade de quebrar alguma coisa, mas viu-se secando uma ou duas lágrimas que insistiram em cair.

##

Um par de horas, um bom pedaço de um livro, o início de um texto e um banho depois, Elisabeta penteava seus cabelos tranquilamente, quando a porta de seu quarto se abriu subitamente. Darcy Williamson entrou no quarto sem nenhum convite, fechando a porta atrás de si com mais delicadeza do que a abertura.

Elisabeta arqueou a sobrancelha, surpresa ao vê-lo. Darcy usava a mesma camisa branca, sem o colete ou a gravata, as mangas dobradas. Sua expressão permanecia cansada, e ele a encarava sério, como se esperasse alguma palavra. Elisabeta ficou parada, aguardando.

— O que aconteceu? – ele perguntou em voz baixa.

— Que? – Elisabeta não entendeu.

— Por que você está me evitando? – Darcy passou a mão pelos cabelos. – Eu fiz alguma coisa? Você conheceu alguém?

— Darcy, você não está fazendo sentido. – ela riu nervosa, levantando-se.

— Você me evitou o dia todo. – Darcy suspirou.

— Eu achei que você não queria me ver. – Elisabeta disse, simplesmente.

— O que? De onde você tirou isso? Você é quem foi fria comigo. – ele reclamou.

— Eu não fui. Nós estávamos no meio do jornal. – revirou os olhos. – E então você e Susana estavam aqui contando sobre suas aventuras.

— Você queria que eu contasse minhas aventuras com você? – Darcy riu, um pouco aliviado.

— Você está sugerindo que suas aventuras com Susana foram da mesma categoria que as nossas? – Elisabeta arqueou a sobrancelha.

Darcy se aproximou rapidamente, sem dizer nada. A puxou para seus braços, em um abraço forte, levantando-a do chão. Elisabeta passou seus braços pelo pescoço dele, afundando seu rosto naquela curva, sentindo seu cheiro. Nenhum dos dois fez qualquer movimento para sair daquele abraço. Darcy manteve seu aperto, e quando deixou Elisabeta tocar ao chão novamente, manteve os braços em volta dela.

Foi Elisabeta quem primeiro beijou a bochecha de Darcy, e se afastou um pouco, olhando em seus olhos. Aquele dia estranho, angustiante, depois de tanto tempo sem vê-lo, rapidamente se dissipando naquele olhar, nas mãos dele em seu rosto. Quando Darcy aproximou seus lábios dos dela, foi tão lentamente que Elisabeta pensou que iria derreter.

Darcy passou a língua pelos lábios de Elisabeta, e em seguida suas mãos estavam nos cabelos dela. Ele iniciou um beijo intenso, mas tão lento e provocante que Elisabeta não parecia capaz de raciocinar. Sentia falta dele, daquela boca, do gosto dele. E Darcy queria morrer naquele momento.

Sentira tanta falta de Elisabeta que seu peito doía. Começara algumas cartas, pensara em ligar para a redação, em pedir para falar com ela em casa. Mas a perspectiva de ter um pouco era assustadora. Ele queria tudo. Sua mente, seu corpo, seus sentimentos. E depois de um dia tão estranho, finalmente a tinha.

Elisabeta partiu o beijo e o abraçou novamente. Precisava senti-lo. Queria dizer a ele o quanto seria sua falta, o quanto seus dias se tornaram sem graça, como fazia falta sua voz, seus beijos. Ao mesmo tempo não queria dizer nada, não queria estragar aquele momento.

Darcy a beijou novamente, um leve encostar de lábios.

— Eu preciso tomar banho. – ele fez uma careta. – Eu posso voltar depois?

— Você deve voltar depois. – Elisabeta acariciou o rosto dele.

Darcy se despediu com mais um beijo, dessa vez um pouco mais intenso, tirando o ar dos dois, fazendo com que fosse difícil a separação. Elisabeta sorriu quando ele saiu do quarto. Seu mundo finalmente entrando nos eixos.

##

Ele não demorou tanto assim para voltar. Entrou no quarto com os pés descalços, uma camiseta branca e a calça de seu pijama. Elisabeta lia mais um pedaço de seu livro, encostada nos travesseiros, e sorriu ao vê-lo chegar. Darcy dessa vez trancou a porta, e colocou em cima da cômoda a chave do quarto dela, e o que provavelmente era a chave do quarto dele.

Elisabeta levantou as cobertas para que ele deitasse com ela, e tão logo se acomodou, Darcy tirou o livro de sua mão. Acariciou o rosto de Elisabeta sem dizer nada, roubando alguns beijos enquanto isso. Ela passou a mão pelos cabelos ainda úmidos dele, o cheiro de sabonete, colônia e Darcy bagunçando seus sentidos.

— Você parece exausto. – ela sorriu, acariciando o rosto dele.

— Eu estou. – ele confessou. – As coisas estão piores do que eu pensei. Meu pai tem deixado passar muitas coisas...

— Ele não é mais o mesmo, Darcy. – a mão de Elisabeta caiu no peito dele. – O raciocínio está piorando, esquece muitas coisas. Fico mais tranquila que vocês estejam aqui.

— Tenho muito trabalho a fazer. Em breve precisarei ir ao Vale do Café. – ele beijou o topo da cabeça de Elisabeta.

— É mesmo? – Elisabeta aninhou-se no peito dele. – Você vai se surpreender.

— Se me surpreender da mesma forma como você faz, serão boas surpresas.

Elisabeta inclinou a cabeça para ele, encontrando seus olhos. O beijou com suavidade, deitando-se novamente em seu peito. Mantiveram seus carinhos inocentes, e Darcy realmente estava bastante cansado. Não demorou muito para que Elisabeta apagasse a luz e os dois adormecessem.

Foram poucas horas de sono, até que Elisabeta acordasse com Darcy acariciando seus cabelos. O corpo quente dele colado no dela, a mão de Darcy traçando um carinho em seu braço. Quando Elisabeta mexeu um pouco o corpo, ele a pressionou ainda mais contra o seu.

Logo a boca de Darcy estava no pescoço dela, e as mãos de Elisabeta já avançavam por baixo da camiseta dele. A camisola dela saiu rapidamente de seu corpo, e suas bocas se encontraram com urgência. Se deixaram levar pelo momento, pelos beijos e pelas mãos, a respiração cada vez mais acelerada, e antes que pudessem perceber estavam os dois nus.

Darcy estava por cima dela, suas mãos em exploração pelo corpo de Elisabeta, os movimentos dos dois tornando o contato entre seus corpos cada vez mais perigoso. Elisabeta via seu desejo aumentar cada vez mais, queria ser dele, queria mais do que nunca ser dele.

E ele precisou procurar forças e controle, quando seu membro deslizava tão perigosamente próximo a entrada dela. Mas estava desesperado, sentia a falta dela, e não sabia se Elisabeta estava pronta. Era um caminho sem volta para uma mulher, e não queria ser um arrependimento para ela.

Por isso não se entregou a loucura do momento. Se movimentou com ela, por ela, sem penetrá-la. Usou suas mãos e sua boca para dar prazer a ela, controlando o seu próprio desespero. Elisabeta o queria, sabia que era inevitável, e que Darcy estava pensando demais. Ainda assim, deixou-se se tocada por ele, e depois fez o mesmo por ele.

Quando ele a abraçou mais tarde, os dois cansados, um pouco mais satisfeitos do que antes, a respiração ainda acelerada, Elisabeta o beijou. Não sabia quanto tempo mais eles aguentariam aquela brincadeira, quanto tempo mais bastaria para eles rodear a necessidade que sentiam.

Mas, por aquela noite, estavam felizes. Na saudade não dita, na falta não confessada, deixavam que seus corpos dissessem o que as bocas não conseguiam. A verdade é que a paixão estava ali, tão profunda quanto o desejo, transformando suas almas. Não era hora ainda, e por isso apenas adormeceram.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pride and Passion" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.