Pride and Passion escrita por oicarool


Capítulo 10
Capítulo 10




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Elisabeta não gostava de grandes bailes. Não frequentara tantos em sua vida, ao menos não como os bailes de São Paulo. No Vale do Café todos os eventos eram menores, com pessoas conhecidas, e Elisabeta nunca sentia que estava exposta. Em São Paulo era diferente.

Seria, é claro, o primeiro evento com Darcy e Charlotte. Nos anteriores estava acompanhada apenas de Lorde Williamson, o que costumava gerar alguns comentários desconfortáveis à respeito da natureza da relação. É claro que Archiebald sempre explicava a todos e ofendia-se inclusive quando alguém ousava maldar sua proteção com Elisabeta.

Ainda assim, era essa a impressão que tinha dos bailes em São Paulo. Lembrava-se do desconforto, da sensação de julgamento, dos olhares e comentários maldosos. Por isso agora, enquanto arrumava-se, com o vestido escolhido por Charlotte, não conseguia deixar a ansiedade de lado.

Fora uma semana bastante atípica. Levara alguns dias para recuperar-se, e então Darcy começara a se sentir mal, para o divertimento de Charlotte. Por isso não passara muito tempo com ele durante a semana, viram-se pouco no jornal e, após Darcy quase ser descoberto em seu quarto naquela noite, não ousaram mais nenhum momento roubado.

Elisabeta fez os últimos retoques em sua maquiagem, desprendeu os grampos do cabelo, deixando que caíssem cachos em suas costas. Viu mais uma vez seu reflexo no espelho, admirando-se. Precisava dar o crédito à Charlotte, que escolhera aquele vestido belíssimo, em um tom de vermelho escuro, com pedrarias que traziam seus olhos ao destaque.

Desceu as escadas, notando que os três Williamson já a aguardavam lá embaixo. Lorde Williamson e Charlotte exclamaram seus elogios, mas Darcy apenas engoliu em seco, sem tirar os olhos dela. E como sempre acontecia, os olhos dela foram atraídos pelos dele, e como uma carícia muda, Darcy passou o olhar por seu corpo.

Surpreendeu-se quando ele tomou a frente, segurando sua mão e a beijando de leve. Sentiu o calor dos lábios dele, mas ao notar os olhos de Charlotte e Archiebald sobre eles, abriu um sorriso irônico, fazendo um comentário jocoso a respeito da educação inglesa de Darcy. O inglês respondeu com igual ironia, sugerindo que Elisabeta não soubesse aproveitar dias festivos.

Ainda assim, quando Charlotte e Archiebald passaram primeiro pela porta, em direção ao carro que os levaria, Darcy a segurou levemente pelo braço, retardando-a em alguns segundos. Seus olhos se encontraram de novo, e Darcy levou sua mão com leveza até o rosto de Elisabeta.

— Você está deslumbrante. Eu ficaria quase enciumado com os planos do meu pai, se não soubesse que você voltara comigo para casa. – sorriu malicioso.

— Darcy! – ela ralhou, em tom de brincadeira. – Você também não está nada mal. Mas venha cá, sua gravata está um pouco torta.

Elisabeta começou a arrumar o tecido, sorrindo quando as mãos de Darcy cobriram as dela. A respiração dele batia perto de seu rosto, e não fosse a certeza de que não poderiam demorar, seria impossível resistir a um beijo. Mas os olhos de Darcy eram cheios de promessa, e por isso Elisabeta viu sua ansiedade sendo substituída por uma enorme expectativa.

##

Charlotte propositalmente deu o braço para o pai, fazendo com que Elisabeta e Darcy entrassem juntos no baile. Cumprimentaram seus anfitriões com alegria, à exceção de Susana, que lançou um olhar desconfiado para os braços entrelaçados dos colegas de jornal.

Mas após a entrada, Darcy e Elisabeta se separaram. Lorde Williamson estava convencido de sua necessidade de apresentar Charlotte e Elisabeta para todos os homens solteiros da região, e Darcy não pretendia ser parte disso. Ainda assim mantinha os olhos em Elisabeta, bufando à cada olhar interessado que ela arrancava.

Quando as danças finalmente começaram, seu desconforto aumentou. Apesar da constante presença de Susana e suas tentativas de distraído, seu olhar era puxado para Elisabeta e seu desfile de pares. Ela sorria educadamente para todos eles, trocava algumas palavras, tentando não demonstrar qualquer abertura para um cortejo.

Seu foco era Darcy, e apenas ele. Aquele sorriso inconfundível e provocante que ele lançava em sua direção, uma ou outra piscada com apenas um dos olhos. E ela notava a tensão que ele sentia a cada homem que se aproximava dela. Seus ombros ficavam mais firmes, a linha arrogante entre os olhos mais pronunciada. E assim que a dança terminava, lá estava a provocação.

Susana estava a seu lado, e Elisabeta precisava conter o riso ao ver o quão desesperada pela atenção de Darcy a sócia de Julieta parecia. O inglês fazia algum esforço para prestar atenção na conversa, mas Elisabeta sabia que o olhar dele recaia sobre ela sempre que possível.

Naquele dia sentia-se aquecida pela atenção de Darcy. Seu corpo pedia pelo dele, uma vontade enlouquecedora de jogar-se em seus braços e esquecer do mundo a dominava. E gostava da ideia de que ele sentisse o mesmo, de que também não conseguisse parar de pensar nela, neles.

Por isso as expectativas a inundaram quando seu último parceiro de dança se despediu, e Darcy se aproximou em passos largos, entregando-lhe uma bebida. Elisabeta agradeceu com um sorriso, observando atentamente a expressão convencida de seu chefe.

— É a minha vez de dançar com você. – disse, decidido.

— E por acaso você dança? – Elisabeta ergueu a sobrancelha.

— Há poucas coisas que me causem tanto desconforto. – Darcy sorriu, pegando o copo de Elisabeta e o seu, e colocando na bandeja de um garçom. – Mas me parece a melhor chance de ficar perto de você neste baile.

Darcy passou a mão pela cintura de Elisabeta, trazendo-a para perto de seu corpo. Mais perto do que qualquer outro parceiro daquela noite, mas ainda assim de uma forma respeitosa para todos que os vissem. Ela revirou os olhos com a fala de Darcy, mas logo um sorriso se formou em seu rosto.

— Você esteve me observando. – ela comentou, em voz baixa, quando a música começou.

— Estive pensando na ironia de ninguém saber sobre nossa ligação. – Darcy também disse em voz baixa, causando um arrepio em Elisabeta.

— Charlotte sabe. – Elisabeta riu.

— Não. Charlotte acha que podemos ser amigos, que eu posso cortejá-la. Ninguém aqui sabe como eu toco você, como você me toca. – ele a puxou um pouco mais para perto.

— Meu Deus. – ela sentiu o ar faltar. – Estamos em público, Darcy.

— Eu sei, Elisabeta. – Darcy seguiu os passos de dança. – Mas eu não paro de pensar no seu beijo.

— É mesmo? – Elisabeta arqueou a sobrancelha, provocando-o. – E o que mais?

— Nas suas mãos no meu corpo. No seu gosto. – ele lançou um olhar maldoso. – No que eu não deixei você fazer naquela noite. – arrancou uma risada dela.

— Estou acompanhando essa linha de raciocínio, senhor Williamson. – brincou.

— Que bom, porque mal posso esperar para colocar em prática. – a mão dele deslizou um pouco mais para baixo na cintura dela.

— Você está me fazendo querer que esse baile acabe. – Elisabeta revirou os olhos.

— Fique a vontade para recusar... – um sorriso travesso passou pelo rosto de Darcy. – Mas acontece que os Bittencourt tem algumas acomodações escondidas nessa casa.

— É mesmo? Me conte mais sobre a casa dos Bittencourt. – Elisabeta sentiu um frio na barriga.

— Seguindo por aquele corredor... – Darcy apontou discretamente para o interior da casa. – Você encontrará uma escada, e se subir por ela e entrar na segunda porta à direita, pode ser que tenha uma surpresa.

A música terminou e Darcy beijou a mão de Elisabeta, o rosto sério e os olhos queimando. Elisabeta respirou fundo. Estava ao ponto de cometer uma loucura.

##

Desde pequena Elisabeta era impulsiva. Impulsiva e muito, muito curiosa. Por isso, apesar de sua razão dizer que era uma loucura esgueirar-se como uma adolescente pela casa de Julieta Bittencourt, não resistiu à aventura. E ao chegar à segunda porta à direita, Elisabeta conteve o riso ao ver que era um pequeno lavabo.

Estava prestes a ir embora quando Darcy apareceu. Na penumbra os olhos dele eram ainda mais escuros, e ele a abraçou por trás, dando dois passos para dentro do pequeno cômodo. Fechou a porta discretamente atrás deles, com duas voltas na chave. O coração de Elisabeta bateu mais forte com a adrenalina daquele momento.

Darcy afastou os cabelos dela, colando sua boca ao pescoço de Elisabeta, segurando-a firme quando suas pernas falharam. A língua quente contrastava com o ambiente frio, e as mãos de Darcy subiram lentamente, segurando os seios de Elisabeta e a puxando ainda mais de encontro à seu corpo.

Elisabeta puxou os quadris de Darcy contra os seus, tentando manter a respiração controlada mesmo com os beijos dele em seu pescoço. Sem resistir mais, virou-se para ele, sua boca já procurando a dele. Darcy sorriu, capturando os lábios de Elisabeta, com a mesma fome que demonstrava segundos antes.

As mãos dela bagunçaram os cabelos de Darcy, que desceu a mão até as nádegas de Elisabeta, enquanto a outra invadia os cabelos dela, quase desfazendo o penteado. Ela o empurrou um pouco, fazendo Darcy encostar-se na parede, puxando-a com ele. O beijo ficava mais acelerado, mais desajeitado, enquanto respirar tornava-se mais difícil.

Darcy inverteu as posições deles, fazendo Elisabeta rir baixinho. A perda do contato com a boca dele fez com que ela descesse seus beijos, afrouxando a gravata de Darcy pelo caminho, procurando espaço. As mãos dele discretamente puxavam o vestido de Elisabeta para cima, com dificuldade pelo número de camadas.

Impaciente, Darcy procurou os botões do vestido de Elisabeta, mas antes que pudesse desabotoar, ela o empurrou.

— Você não vai bagunçar as minhas roupas. – Elisabeta disse, como se fosse óbvio.

— Por que não?

— Porque eu demorei muito tempo para me arrumar, senhor Williamson. – ela sorriu maliciosa. – E eu não vou voltar para aquela festa toda desalinhada.

— Você já está desalinhada. – ele mordeu o lábio, dando um passo na direção de Elisabeta.

— Bobagem, coisas que posso retocar facilmente. – Elisabeta colocou as mãos no peito de Darcy. – Já as suas roupas são facilmente recolocadas.

Darcy riu baixo quando Elisabeta rapidamente começou a desabotoar o colete dele, e logo depois a camisa. Quando seu peito estava exposto, Elisabeta depositou beijos na pele, fazendo Darcy prender o ar. Então ela o segurou pela gravata, o puxando até que conseguisse estar sentada em frente a ele.

— Elisabeta... – ele arqueou a sobrancelha quando Elisabeta desabotoou sua calça. – Você tem certeza?

— Não era você quem estava pensando nisso? – ela sorriu, mordendo o abdome de Darcy.

— Mas você não precisa... – ele começou a falar.

— Eu quero, Darcy. Pare de estragar o momento. – ela riu, arranhando-o.

E então Darcy não protestou mais, não quando suas calças desceram por suas pernas, ou quando suas roupas de baixo seguiram o mesmo caminho. Cerrou os punhos quando Elisabeta o segurou com firmeza, observando-o tão de perto. Ela já havia sentido a textura daquela pele, a firmeza, mas não conseguia parar de pensar no gosto que Darcy teria.

Deixou as inibições de lado, passando a língua levemente pela ponta, o que fez com que Darcy soltasse um gemido baixo. Com o estímulo dele, envolveu-o com seus lábios, testando, procurando a forma correta. Mas Darcy não tinha nenhuma reclamação. A mera visão de Elisabeta com os lábios em volta dele era excitante o suficiente.

Mas a medida que ela explorava, Darcy era jogado mais para o limite. Nunca pensaria em pedir aquilo para Elisabeta, a maioria das moças que conhecia ficaria horrorizada. Elisabeta não. Não parava de surpreendê-lo, de conquistá-lo pelos mais diversos motivos, por sua mente e por seu corpo.

Tentou conter o impulso de se movimentar, mas suas mãos buscaram os cabelos dela, e a medida que seu corpo ficava mais tenso, era quase impossível manter-se parado. Elisabeta nunca sentira-se tão poderosa em sua vida. Sequer sabia que era capaz de dar prazer a um homem daquela maneira, mas à contar pela forma como Darcy respirava, era planetamente capaz.

O corpo dele a estimulava, o que estava fazendo a deixava também no limite. Mas já aprendera a libertação do prazer, e aprendera com ele. Darcy mostrara a ela aquela explosão, aquele momento em que tudo parecia sair do controle, em que parecia sair de seu corpo. E sabia que havia dado prazer a ele também, mas naquele momento era só o que importava para ela.

E Darcy tentou escapar daquele feitiço quando seu clímax se aproximou. Tentou se afastar de Elisabeta, sair dos lábios dela. Mas ela o manteve no lugar, e mesmo com seu aviso, com seu pedido, ela não o deixou ir. E foi aquela visão, aquela disposição, que o jogou do abismo.

Ela o encarava com um sorriso quando Darcy retomou a consciência. Não pode fazer nada além de puxá-la para seus braços, beijá-la com paixão, agradecido e surpreso pela experiência mais excitante de sua vida. E ele queria retribuir, queria despi-la ali mesmo, beijá-la em todos os lugares, fazê-la gritar.

Mas Elisabeta começou a abotoar sua camisa novamente, arrumar sua gravata. Passou a mão por seus cabelos, tentando arrumá-los, e depois foi para frente do espelho, pegando alguns objetos na bolsa e começando a retocar sua pele e cabelos.

Darcy a abraçou por trás quando estava completamente vestido, e a visão dos dois abraçados no espelho quase tirou o ar. Sussurrou sua promessa no ouvido dela, de que a veria em casa, de que ela se preparasse para a vingança que ele planejava, arrancando uma risada sincera de Elisabeta.

Voltaram para o baile sem levantar suspeitas, exceto de Charlotte e Susana. E foi o sorriso de reconhecimento que Charlotte demonstrou que fez com que Elisabeta e Darcy perdessem a coragem de se encontrar naquela noite, mesmo sabendo que seria uma despedida. Mas, na manhã seguinte, Darcy embarcou para o Rio de Janeiro apenas com um beijo roubado e um peito repleto de sentimentos embaralhados.


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