Reborn escrita por ninoka


Capítulo 4
Capítulo III - O herói imperfeito


Notas iniciais do capítulo

Capítulo mofando aqui há muito tempo porém minha crise de perfeccionismo não me deixava postá-lo.......... bom, as coisas não precisam ser perfeitas, não é?



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Se um dia atrás Hyrule estava repleta de sossego e fé, aquela energia tinha se rompido  completamente, em questão de um único acontecimento.

O castelo amanheceu cheio de intrigas e em clima de estresse. Os mais sensíveis choravam, sem esperança; os mais impulsivos batiam o pé para a vingança. Ninguém sabia o que fazer, por onde começar. Houve uma reunião entre os oficiais da cavalaria e o general das tropas Sheikah: Decretaram estado de emergência. Ninguém deveria contar a população o que estava acontecendo, caso contrário Hyrule mergulharia no caos, de novo.

No quarto miúdo estava Link, posto em repouso sobre a cama, peito desnudo. Tudo ali era silêncio e escuro, com exceção de um minúsculo risco dourado, um minúsculo feixe de luz clara que burlava uma fresta da cortina e brilhava sobre uma fracção do rosto do rapaz.

Paya estava ali, observando-o, estudando-o.

Ela se ergueu duma banqueta posta ao lado da cama e esticou o braço para unir o cortinado e tapar a fresta. Voltou a se sentar.

“Hylia...”, sussurrou, bem baixinho, como em prece, “Por favor, cuide da Rainha, onde quer que ela esteja. Por favor.”

Há pouco menos de dois anos Paya decidiu que já era hora de dar um rumo profissional à sua vida. E foi o que fez: seguiu a medicina. Paya se inspirava nas histórias da grande Champion Mipha, detendora de poderes de cura e regeneração e que, por coincidência, conhecia Link desde um mero pirralho. Ela também tinha conhecimento de outras fofocas relacionadas à Mipha, mas desses preferia não comentar muito alto -- seria falta de respeito.

“Mm…”

Paya ouviu Link gemer dolorosamente sobre o leito e se levantou com pressa, “Mestre Link?!”, disse,
com a voz suspirada de sempre, “O senhor está bem?”.

“Aonde ele foi?”, Link dificultosamente tentou movimentar o dorso para fora do colchão, apoiando-se nos antebraços.

“Acalme-se. O senhor não pode se levantar ainda”, depressa, Paya inclinou-se para segurar a costa do rapaz e ajudá-lo a se manter sentado. Sentou-se ali, ao lado, e esfregou a mão em suas
costas, “Por favor, se acalme”

Link percorreu o cômodo com o olhar e, de repente, deprimiu-se, enquanto sustentava o peso do corpo com um braço apoiado na cama. Ficou mudo por um tempo, como que hipnotizado; pensando, refletindo, amaldiçoando.

“Não entendo o que aconteceu.”, relatou.

Paya desviou o olhar.

“Você teve um pico de estresse”, esclareceu, “Se submeter há períodos ininterruptos de
trabalho físico ou mental pode desencadear um ápice do seu estresse”, apoiou o queixo sobre a mão, perdurando pensativamente, “Pensando sobre a quantidade de tarefas que você costuma realizar diariamente, junto aos últimos preparativos da Grande Festa, não me impressiona que tenha tido uma crise”.    

Link suspirou. Exausto, infeliz.   

“Mas não se preocupe, seus hematomas foram bem leves”, ela sorriu -- mas sua simpatia não era suficiente para suspender o silêncio áspero do rapaz.

“Preciso resgatá-la”, murmurou ele, convicto.

“Você não pode, Mestre Link. Não nessas condições”

“E como eu fico? Parado...?!”

“O exército dará um jeito”, Paya quis soar em tom claro, interrompendo-o antes que prosseguisse, “Houve uma reunião entre cavaleiros e guerreiros Sheikah. Eles pretendem contatar as tropas Gerudo pra fazer uma varredura no deserto e descobrir onde é o novo esconderijo Yiga. Também ouvi dizer que pretendem pedir para que Robbie e Purah montem uma rede de vigilância criada a partir de imagens adquiridas por Guardians”, pô-lhe a mão sobre o ombro nu, “Zelda está em boas mãos, Mestre Link. Nós logo a encontraremos. Não há motivos para se afligir”

Link fez outro suspiro. Largou o corpo de volta ao colchão.  

“Aquele ninja”, prosseguiu, e Paya entregou sua atenção minuciosa para o menino, “Seu poder era enorme. Ele… Ele conseguiu aprisioná-la sem nenhum esforço”

“Talvez não tenha sido ‘sem nenhum esforço’. Disseram que houveram alguns bons minutos de confusão dentro do quarto. Princesa Zelda não se entregaria assim, de mãos dadas. Você a conhece melhor que eu, Mestre Link! Sabe que ela aguenta as pontas o quanto for preciso!”

“Esse é o grande problema”

“Hm?”

“Se ela foi capaz de segurar Ganon durante um século, que tipo de poder poderia ser tão devastador a ponto de aprisioná-la?”

“Heróis também baixam a guarda, Mestre Link”, Paya sorriu. “Provavelmente o senhor sabe disso melhor que qualquer um, mas me deixe te recordar: Heróis são humanos, também. E, bem… humanos são imperfeitos. Princesa Zelda pode possuir todo o poder que tem, mas ela também tem fraquezas, emocionais ou físicas”

Link refletiu. Ele sempre reconheceu e apreciou a capacidade de Zelda de se esquivar de seus próprios problemas; mas, isso não o apartava de suas preocupações. Talvez, proteger Zelda não soasse mais como um dever de cavaleiro, principalmente pois todas as tropas estavam se movimentando e ele poderia simplesmente não meter o nariz em toda aquela sujeira. Algo em seu âmago -- algo muito além de conquistas honoríficas ou sua honra de soldado -- o chamava para a batalha. Foi quando se deu por entendido: Resgatar Zelda era algo que ele, não como Herói de Hyrule, nem como escolhido das Deusas, mas apenas como menino Link, desejava.

“Por quanto tempo dormi?”, indagou.  

“Seis ou sete horas”

Link ficou visivelmente agitado -- ele apoiou o tronco nos antebraços e acionou a pouca força que tinha à disposição para se impulsionar para frente. Paya franziu as sobrancelhas grisalhas, “Para onde pretende ir?”

Ele arrastou os quadris até a borda da cama e pisou para fora, caminhando esforçadamente até a cômoda. Remexeu as gavetas. Chegou a avistar a antiga túnica Champion, de mangas curtas e tecido já esfarrapado; mas preferiu distância. Ao invés, catou uma peça qualquer -- uma blusa simples -- e se enroupou.  

“Hateno Village”, respondeu, enquanto ajustava a alça da bainha contra o peito.

Paya pensou em protestar; mas no final não disse nada. Não serviria de nada. “Mm...”

Link vestiu luvas, botas, escudo, capa e capuz, e encerrou seu ritual como sempre: encaixando a Master Sword sobre suas costas.

Tudo pronto.      


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